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* * Intestino II Professora: Rafaella de Andrade * * Doenças inflamatórias intestinais * * Principais formas: Doença de Crohn Retocolite ulcerativa São doenças relativamente raras O início ocorre mais frequentemente em indivíduos de 15 a 30 anos Ambos os sexos são igualmente afetados * * As causas não são completamente compreendidas, mas envolvem a interação do sistema imunológico GI e de fatores genéticos e ambientais Os principais fatores ambientais incluem microorganismos e componentes alimentares A diversidade das alterações genéticas entre os indivíduos pode explicar as diferenças no início, agressividade, complicações, localização e resposta aos diferentes tratamentos * * Ativação anormal da resposta imune da mucosa. Resposta sistêmica secundária Predisposição genética “Irritante” desconhecido Viral? Bacteriano? Autoimune? * * Doença de Crohn: Pode envolver qualquer parte do TGI 50 a 60% dos casos envolvem o íleo distal e o cólon Distribuição segmentar e envolvimento transmural Abcessos, fístulas, fibrose, espessamento da submucosa, estreitamentos e obstruções * * Sinais e sintomas: Inicialmente observa-se dor abdominal episódica, e geralmente pós-prandial e periumbilical, febre baixa, diarréia discreta e, posteriormente, dor abdominal com maior predomínio no quadrante inferior direito, perda de peso, diarréia alteranando com evacuações normais e constipação, flatulência, anorexia, fatigabilidade fácil. * * Colite ulcerativa: Confinada à mucosa colônica Curável pela colectomia Distribuição contínua Sangramento * * Sinais e sintomas: Diarréia mucossanguinolenta, às vezes com pus, dor em cólica, mal estar, fraqueza e fatigabilidade, febre, perda de peso, anemia, leucocitose, diminuição de proteínas, alterações hidroeletrolíticas e desnutrição. * * * * Diferenciação entre a RC e a DC: * * Consequências: - Intolerâncias alimentares; - Obstruções GI parciais; - Má absorção (esteatorréia; vit B12) DC; - Perdas entéricas (proteínas, sangue, minerais, eletrólitos e elementos traço); - Trânsito GI alterado; - Secreções aumentadas; - Aversões e associações alimentares; - Desnutrição; - Deficiências de nutrientes específicos; - Risco de doença maligna. * * As DIIs são frequentemente associadas à desnutrição Até 75% dos pacientes na fase aguda de perda de peso e hipoalbuminemia Anemia, deficiências vitamínicas (vit D e B12) e de oligoelementos Desnutrição é mais frequente no Crohn, sendo incomum na fase de remissão e se restringe a pacientes com intestino curto, fístulas de alto débito ou estenose grave, com redução da ingestão alimentar * * Causas da desnutrição: Anorexia (associação da alimentação com os sintomas) Perdas intestinais aumentadas (albumina e sangue) * * Na fase aguda da doença... Quadro misto de reação inflamatória e desnutrição, com leve aumento no gasto energético e relativo aumento na oxidação da gordura e diminuição da oxidação dos carboidratos Deve haver aumento na ingestão energética * * Tratamento clínico: Objetivos indução e manutenção da remissão e melhora do estado nutricional O tratamento das manifestações primárias parece corrigir também a maioria das características extraintestinais Corticoesteróides, agentes anti-inflamatórios, imunossupressores, antibióticos e fator monoclonal antinecrose tumoral * * Tratamento cirúrgico: Pode ser necessário para o reparo de estruturas e remoção de porções do intestino, quando ocorre falha no tratamento clínico 50 a 70% dos indivíduos com Crohn necessitam de cirurgia Tratamento cirúgico - sem sucesso Reincidência dentro de 1 a 3 anos doença segmentar * * Ressecções intestinais má absorção de líquidos e nutrientes Síndrome do intestino curto (SIC) Retocolite colectomia cura * * Tratamento nutricional: Recuperar e/ou manter o estado nutricional Manter o crescimento em crianças Fornecer aporte adequado de nutrientes Contribuir para alívio dos sintomas Manter a fase de remissão Tratar a fase ativa da doença pré-operatória * * - Perda de peso (corticosteróides retenção hídrica mascarar o baixo peso); - hipoalbuminemia; - anemia; - falta de vitaminas e minerais (ferro, ác fólico, vitamina B12, cálcio); - deficiência de crescimento em crianças. Avaliação nutricional: * * Deficiências de macronutrientes: - alteração da imunidade celular maior risco de infecção - prolongamento da renovação celular dos tecidos inflamados - cicatrização demorada - da atividade muscular esquelética - retardo do crescimento (crianças) * * Recomendações: Fase aguda: Calorias: normo a hipercalórica (GEB x FA x 1,75 ou 35 a 40Kcal/Kg/dia) Proteínas: 1,0 a 1,5 (até 2,0g para desnutridos)/Kg de peso ideal/dia Lipídios: 20 a 25% das calorias totais, uma vez que podem piorar a diarreia/esteatorreia * * Carboidratos Fase aguda: Isenta de lactose Controle de mono e dissacarídeos para evitar soluções hiperosmolares Rica em fibras solúveis e pobre em insolúveis * * Fase de remissão: Evoluir progressivamente o teor de fibras insolúveis Evitar alimentos relacionados com a formação de gases: brócolis, couve, repolho, nabo, cebola crua, pimenta verde, rabanete, pepino, batata-doce, leguminosas, frutos do mar (especialmente marisos e ostras), melão, abacate, melancia, ovo, sementes oleaginosas, bebidas gasosas, excesso de açúcar, doces concentrados * * Vitaminas e minerais: Vitaminas C, A, D, E, K, folato, B6 e B12 Ferro, zinco, cobre, cálcio, potássio e magnésio * * Via de administração: Oral fase de remissão Enteral e parenteral fase aguda * * ENTERAL X PARENTERAL: O suporte nutricional pode levar à remissão clínica O repouso intestinal completo com a NPT não é necessário para atingir a remissão A NE pode ser preferível devido a seu potencial de alimentar o epitélio intestinal e alterar a flora GI A NE pode reduzir elementos do processo inflamatório Dieta oligomérica, se necessário * * Nutrientes específicos: Glutamina - Importante fonte de energia para células de rápida proliferação (células intestinais, linfócitos, fibroblastos) - Mantém a estrutura, o metabolismo e as funções intestinais durante estados em que pode haver comprometimento da barreira da mucosa - Recomendação: 30g/dia ou 0,5g/Kg * * Arginina e Glutamina -Ativadores potentes de células polimorfonucleares e células T (melhora da resposta imunológica) AG 3 -Contribui p/ a resposta inflamatória (3-5g/dia) * * Probióticos e prebióticos: Atuam na prevenção do crescimento excessivo de bactérias no intestino Prebióticos podem alterar a mistura de microorganismos na flora colônica, suprimindo a microflora patogênica e oportunista Probióticos modificam a flora microbiana * * Outras doenças do intestino grosso * * Síndrome do intestino irritável: Também conhecida como colite espástica, é um dos distúrbios mais comuns do intestino grosso e responsável por até 40% das consultas com o gastroenterologista Os primeiros sintomas ocorrem entre a adolescência e a quarta década de vida * * É caracterizada por sintomas crônicos recorrentes, incluindo desconforto abdominal, alteração da motilidade intestinal, distensão, sensação de evacuação incompleta, presença de muco nas fezes, esforço ou urgência para defecar e aumento do desconforto GI associado ao desconforto psicossocial Cólicas, dores abdominais e episódios alternados de constipação intestinal e diarréia ou apenas uma delas * * Etiologia: Desconhecida Pacientes respondem exageradamente a alguns estímulos que desencadeiam apenas respostas leves ou nenhum efeito nos indivíduos sem a doença * * Diagnóstico: Presença de sintomas clínicos ≥ 3 meses + ausência de anormalidades nos exames complementares (diagnóstico de exclusão) Desconforto aliviado por defecação, alteração de frequência das fezes e na forma das fezes Subtipos: padrões predominantes de diarréia, constipação ou a alternância destes * * Fisiopatologia: Motilidade intestinal alterada Sensibilidade aumentada do TGI Resposta aumentada das vísceras aos estímulos enterais e externos Os indivíduos reagem mais significativamente à distensão intestinal, indiscrições alimentares e fatores psicossociais * * Patologia crônica e benigna Não existe dano tecidual óbvio, inflamação ou envolvimento imunológico Prejuízo substancial na qualidade de vida dos seus portadores * * Fatores que podem agravar os sintomas: Estresse e padrões alimentares Uso excessivo de laxantes e medicamentos Antibióticos Cafeína Doença GI prévia Falta de regularidade do sono * * Tratamento clínico: Abordagens para lidar com os sintomas e fatores que podem dispará-los Tratamento centrado na dieta e no estilo de vida Medicamentos motilidade GI, hipersensibilidade visceral ou sintomas psicológicos * * Tratamento nutricional: Objetivos: Assegurar a ingestão adequada de nutrientes Ajustar a dieta para o padrão específico da SCI * * Ingestão de refeições leves e frequentes Aumento gradativo da ingestão de fibras (20 a 30g/dia) Ingestão de quantidades adequadas de líquidos Abstenção de quaisquer alimentos que possam causar problemas Quantidades excessivas de gordura, cafeína, álcool e açúcar não são bem toleradas * * Recomendações nutricionais: Alguns pacientes com síndrome aguda podem necessitar de uma dieta elementar Passar para dieta leve à medida que comecem a tolerar Passar lentamente para uma dieta rica em fibras Evitar: álcool, pimenta, cafeína, condimentos, frutose, lactose, refrigerantes à base de cola Evitar gordura em excesso e alimentos flatulentos Utilizar probióticos * * Doença diverticular: Diverticulose situação de herniações saculares da parede do cólon, que se acredita resultar de constipação prolongada e aumento das pressões no cólon Mais comum no cólon sigmóide Maioria dos indivíduos assintomática 15 a 20% cólicas 5% diverticulite * * Etiologia: Elevação da pressão dentro do intestino grosso e enfraquecimento da musculatura do órgão * * Estrutura colônica, motilidade, genética e dieta pobre em fibras * * Sintomas: Assintomática Dor abdominal localizada que é aliviada com a evacuação Constipação * * Tratamento clínico e cirúrgico: Diverticulite antibióticos, dieta modificada ou repouso intestinal Inflamação, formação de abscesso, perfuração aguda, sangramento agudo, obstrução e sepse Cirurgia * * Tratamento nutricional: Diverticulose fibras fezes macias e volumosas eliminadas + rapidamente menos esforços com a defecação pressões intracolônicas menores Ingestão de fibras (25 a 38g/dia) aumentada gradualmente pode causar inchaço ou gases Líquidos (2 a 3L/dia) * * Diverticulite Dieta de resíduo, elementar (dieta oligomérica) ou NPT retorno gradual p/ dieta fibra Refeições gordura contrações colônicas da musculatura lisa desconforto Dietas teor de gordura inicialmente * * Doença hemorroidária: Incide em ambos os sexos, em todas as raças e idades, com maior incidência na quarta década de vida, ocorrendo raramente na infância e adolescência Vascularização da região anorretal rica rede de arteríolas e vênulas, que se comunicam diretamente, formando os corpos cavernosos do canal anal * * Doença hemorroidária ocorre quando há congestão, dilatação e aumento dos corpos cavernosos, formando grandes emaranhados vasculares, submucosos ou subcutâneos, flexíveis que se enchem de sangue, constituindo os mamilos hemorroidários (internos, externos ou mistos) * * A etiologia não é ainda completamente conhecida e vários fatores são importantes na sua etiopatogenia: Veia varicosa: dificuldade do esvaziamento sanguíneo do canal anal no ato defecatório, com congestão e dilatação dos corpos cavernosos Degenerativa: prolapso anormal do plexo hemorroidal Mecânica: pelo excessivo esforço defecatório * * Hiperplasia vascular: presença de hiperplasia e metaplasia dos corpos cavernosos Hemodinâmica: presença de comunicações arteriovenosas muito calibrosas do canal anal Disfunção do esfíncter anal interno: hiperatividade do esfíncter interno do ânus com hipertonia * * Fatores agravantes: relacionados a hábitos defecatórios errôneos insistência em evacuar todos os dias, esforço para defecar num determinado horário por conveniência ou forçar o esvaziamento do conteúdo retal de uma só vez Fatores desencadeantes: constipações intestinais, abuso de laxantes, diarreia crônica, gravidez * * Quadro clínico: Pode ser assintomática e só diagnosticada ao exame físico Sangramento: principal é a mais frequente queixa Prolapso: exteriorização do mamilo hemorroidário interno, para fora do canal anal, durante o ato evacuatório ou durante as atividades físicas. Pode retornar espontaneamente ou necessitar ser colocado digitalmente * * Exsudação perianal: corresponde à umidade da pele na região perianal causada pela presença de muco nessa região, decorrente da irritação da mucosa dos mamilos hemorroidários internos. Acompanha-se em geral, pela dermatite e prurido anal Desconforto anal: durante ou após a evacuação pode haver uma pressão anal, definida pelo paciente como um desconforto, porém sem dor anal, porque a simples presença de doença hemorroidária não dói * * Diagnóstico: Anamnese dos sinais e sintomas, além da avaliação dos hábitos evacuatórios e alimentares, uso de laxativos, doenças anteriores ou cirurgias no TGI * * Tratamento: Medidas higiênico-dietéticas Orientar hábitos evacuatórios do paciente Provocar o amolecimento das fezes e a diminuição do tempo de trânsito intestinal Proibir o uso de laxativos * * Orientar uma dieta rica em fibras (20 a 30g) Indicar a ingestão abundante de líquidos (2L/dia) Evitar bebidas alcoólicas, pimentas e condimentos ação irritante na mucosa * * Cuidados locais: Deve-se proibir a utilização de papel higiênico para limpeza anal, substituindo-o por banhos de assento com água morna Medicação tópica: Aliviar o desconforto local * * Drogas vasoativas: Objetiva melhorar o sangramento hemorroidário; edema e inflamação em mamilos internos e/ou externos; endoflebite local causadora de dor anal * * O tratamento curativo da doença hemorroidária sintomática é cirúrgico Para obtenção de bons resultados, é necessária a combinação de uma indicação cirúrgica criteriosa, de técnica operatória apurada e de cuidados pós-operatórios adequados * * Revisando... 1) O que são doenças inflamatórias intestinais? 2) Diferencie DC e RU 3) Qual a conduta nutricional nas DII? 4) Qual o tratamento clínico nutricional na síndrome do intestino irritável? 5) O que é a doença diverticular? * * 6) Qual a diferença entre diverticulite e diverticulose? 7) Qual a conduta nutricional em cada um desses casos? 8) Qual a conduta nutricional na doença hemorroidária?
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