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Unidade 01 - Introdução Termodinâmica × Transferência de Calor • Energia é transferida pelas interações do sistema com sua vizinhança em forma de trabalho e calor; • Trata dos estados de equilíbrio (inicial e final) dos processos e não aborda a natureza e a velocidade das interações. ♦ Trata da natureza das interações entre o sistema e sua vizinhança, definindo modos de transferência de calor, e deduzindo equações para calcular as taxas de transferência. O que é transferência de calor ? É o trânsito de energia provocado por uma diferença de temperatura. Isto significa que toda vez que houver diferença de temperatura num meio, ou entre vários meios, ocorre obrigatoriamente transferência de calor. Como o calor se transfere ? Os tipos de processos de TRC normalmente são referidos como modos de TRC, que são: condução, convecção e radiação. Por que é importante estudar a TRC ? Para o engenheiro, é fundamental o entendimento dos mecanismos físicos dos modos de TRC para que ele seja capaz de identificá-los e usar corretamente as equações das taxas que quantificam a energia transferida por unidade de tempo. Condução Geralmente é conhecida como o modo de TRC característico dos sólidos; entretanto, ocorre também em fluidos parados (estacionários). Ocorre a nível molecular. Partículas com maior energia cedem-na para as com menor, devido às interações entre elas. Nos fluidos estacionários, essas interações decorrem dos movimentos de translação, rotação e vibração aleatórios das moléculas. Nos líquidos, são mais intensas do que nos gases. Essa transferência de energia é conhecida como difusão. Nos sólidos, segundo a teoria vigente, a transferência de energia é provocada por ondas na rede decorrentes do movimento atômico. Nos isolantes, essas ondas são as únicas responsáveis pela transferência de energia; nos condutores, recebem o auxílio do movimento de translação dos elétrons livres. Figura 1.2 - Condução de calor associada à difusão de energia provocada pela atividade molecular em gases e líquidos. Condução Exemplos de situações onde ocorre condução: ) O cabo de uma colherinha de metal imersa numa xícara de café quente se aquece em virtude da condução de energia através do metal; ) Grande parte do calor retirado dos ambientes condicionados pelos equipamento de refrigeração deve-se à condução de calor através da estrutura da edificação; ) Na superfície que separa dois fluidos nos trocadores de calor também ocorre condução. Equação do fluxo de calor (Lei de Fourier) em regime permanente para uma parede plana unidimensional: Figura 1.3 - Condução unidimensional ]W/m[ 221 L Tk L TTk dx dTkqx ∆=−=−=′′ k- condutividade térmica [ W/m.K] Fluxo de calor = taxa por unidade de área ]W[" Aqq xx ⋅=Taxa de condução de calor: Convecção A transferência de calor por convecção envolve a superposição de dois mecanismos: movimento molecular aleatório (difusão) + movimento de massa (macroscópico) do fluido. O movimento de massa do fluido ocorre devido ao movimento coletivo (em agregados) de um grande número de moléculas, que juntamente com os gradientes de temperatura causam a transferência de calor. Convecção = designa o transporte acumulado. Advecção = designa o transporte do movimento de massa. Transferência de calor entre um fluido em movimento e uma superfície limitante em temperaturas diferentes. Figura 1.4 - Camadas limites hidrodinâmica e térmica na TRC por convecção. Convecção De acordo com a natureza do escoamento, tem-se: Convecção forçada = o escoamento é provocado por meios externos (uma bomba, um ventilador ou ventos na atmosfera). Convecção livre (ou natural) = o escoamento é provocado pelas forças de empuxo decorrentes das diferenças de densidade devidas às variações de temperatura. Ebulição = bolhas de vapor que se formam no fundo de uma panela com água fervente. Condensação = gotículas (ou película) de água que se formam na superfície externa de um tubo de água fria, devido a condensação de vapor d’água. Figura 1.5 - Processos de TRC por convecção. (a)Forçada, (b)Natural, (c)Ebulição e (d)Condensação. Convecção Para qualquer processo de transferência de calor por convecção, a equação da taxa (lei de Newton do resfriamento) tem a forma: onde h é coeficiente de TRC por convecção [W/m2.K], TS a temperatura da superfície [K ou oC] e T ∞ temperatura do fluido fora da camada limite [K ou oC]. Qualquer investigação sobre TRC por convecção reduz- se, essencialmente, aos métodos de determinação deste coeficiente, que está fortemente ligado às condições existentes na camada limite. As condições na camada limite (hidrodinâmica e térmica) são influenciadas pela geometria da superfície, natureza do movimento do fluido e suas propriedades termodinâmicas e de transporte. Se Ts>T∞ o fluxo de calor é positivo e a TRC ocorre da superfície para o fluido; caso contrário, é negativo e a TRC ocorre do fluido para a superfície. A tabela abaixo mostra valores típicos de coeficientes de TRC por convecção. ( ) ]W/m[" 2∞−= TThq s PROCESSO h [W/m2.K] Convecção Livre Gases Líquidos 2 – 25 50 – 1.000 Convecção Forçada Gases Líquidos 25 – 250 50 – 20.000 Convecção com mudança de fase Ebulição e Condensação 2.500 – 100.000 Radiação A radiação térmica é a energia emitida pela matéria que está numa temperatura finita. Esta emissão é atribuída às modificações das configurações eletrônicas dos seus átomos e moléculas. A energia é transportada pelas ondas eletromagnéticas (ou pelos fótons). Embora nosso foco esteja na radiação de superfícies sólidas, a emissão também ocorre em líquidos e gases. A TRC pela radiação ocorre com mais eficiência no vácuo, ou seja, ao contrário da condução e da convecção não há necessidade de um meio material. A lei de Stefan-Boltzmann estabelece o fluxo máximo que pode ser emitido por uma superfície irradiadora ideal (corpo negro): onde σ é a constante de Stefan-Boltzmann [5,67 × 10-8 W/m2.K4] e Ts é a temperatura absoluta da superfície [K]. Uma superfície real emite menos do que um corpo negro à mesma temperatura, ou seja: onde ε é a emissividade da superfície [0 ≤ ε ≤ 1], e indica a eficiência de emissão da superfície em relação ao corpo negro. ]W/m[" 24sTq σ= ]W/m[" 24sTq σε= Radiação Quando a radiação incide sobre uma superfície, uma parcela é absorvida, ou seja: onde α é a absortividade da superfície [0 ≤ α ≤ 1]. Quando α = ε diz- se que a superfície é cinzenta. Emissão e absorção de radiação estão relacionadas com a energia térmica da matéria: emissão diminui sua energia térmica enquanto a absorção aumenta. Taxa líquida de TRC por radiação entre duas superfícies: caso particular de uma superfície pequena envolvida por outra muito maior. ]W/m["" 2incabs qq α= Figura 1.6 - TRC por radiação entre uma superfície e sua vizinhança. Radiação Entre a superfície e a vizinhança existe um gás que não influencia a TRC por radiação. Admitindo que a superfície é cinzenta, a taxa líquida de TRC com a vizinhança é dada por: onde A é a área da superfície e ε sua emissividade. Nesse caso particular, a área e a emissividade da vizinhança não afetam a taxa líquida de TRC por radiação. Em certas aplicações, é conveniente expressar a taxa líquida de TRC por radiação na forma: onde o coeficiente linearizado de TRC por radiação hr é dado por: Embora linearizado, a dependência de hr com a temperatura é forte; no caso do coeficiente de TRC por convecção essa dependência é, em geral, fraca. ( ) ]W/m[" 244 vizs TTAqq −σε== ( ) ]W/m[ 2vizsrrad TTAhq −= ( )( ) ].KW/m[ 222 vizsvizsr TTTTh ++σε= Radiação Se a superfície troca calor com a vizinhança, simultaneamente por radiaçãoe por convecção, então o total de TRC da superfície é a soma dos correspondentes aos dois modos, ou seja: ( ) ( ) ]W[44 vizsvizsradconv TTATThAqqq −σε+−=+= O Volume e a Superfície de Controle O volume de controle é uma região do espaço limitada pela superfície de controle através da qual pode passar energia e matéria. Nas aplicações deste curso, esta região será fixa, ou seja, corresponde a um volume estacionário e constante. Balanço de energia num instante de tempo (t): Balanço de energia num intervalo de tempo (∆t): acumulada acumulada saigeradaentra Edt dEEEE &&&& ==−+ acumuladasaigeradaentra EEEE ∆=−+ Metodologia de Aplicação das Leis de Conservação Para solucionar problemas de TRC, muitas vezes é necessária a utilização das leis de conservação de massa e de energia. Para aplicação desses balanços, algumas regras básicas devem ser observadas: 1. Um volume de controle apropriado deve estar definido, e sua superfície de controle é representada por uma linha tracejada; 2. A base de tempo apropriada deve ser explicitada (num instante de tempo ou num intervalo de tempo); 3. Os processos que causam modificações relevantes de energia devem ser identificados, e, cada um deve estar simbolizado no volume de controle por uma seta convenientemente denominada; 4. As equações de conservação são escritas e as expressões apropriadas das taxas são inseridas nas parcelas correspondentes dessas equações. Metodologia de Análise dos Problemas de Transferência de Calor O uso de um procedimento sistemático, caracterizado por um formato definido, é preferível, em contraste às abordagens aleatórias, para resolução dos problemas de TRC. Esse procedimento, cujo uso será exigido, é constituído das seguintes etapas: 1. Dados: ler cuidadosamente o enunciado do problema e depois indicar resumida e concisamente o que é conhecido. Não repetir o enunciado ! 2. Incógnita: enunciar resumida e concisamente o que se quer determinar; 3. Esquema: desenhar um esquema do sistema físico. Representar as superfícies de controle na figura por curvas tracejadas. Identificar os processos de TRC por setas nomeadas; 4. Hipóteses: listar todas as hipóteses simplificadoras pertinentes; 5. Propriedades: compilar os valores das propriedades necessárias aos cálculos e identificar as fontes; 6. Análise: iniciar pela aplicação das leis de conservação apropriadas e introduzir, conforme as necessidades, as equações das taxas de TRC. Simplificar as equações o máximo possível antes de substituir os valores numéricos. Realizar os cálculos para obter os resultados; 7. Comentários: discussão dos resultados. Isto pode incluir um resumo das conclusões principais, uma apreciação das tendências e uma crítica das hipóteses adotadas. NOTA: Procure não subestimar a importância de nenhuma dessas etapas ! Unidade 01 - Introdução Condução
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