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SÓCRATES
(470 – 399 a.C.)
Oráculo de Delfos: conhece-te a ti mesmo (dissipando os preconceitos, as visões deturpadas e ligeiras, o homem há de chegar a verdade).
Fatos: relatos dão conta de que pessoas batiam nele. Ele dizia: se eu receber coices de um asno levá-lo ia por acaso aos tribunais? A mulher dele ficava brava: “morrerás injustamente”, e Sócrates dizia: “querias que eu morresse justamente?”
Textos de Platão ligados ao Direito: Eutífron, Críton, Fédon (momento da morte, reflexão sobre a morte e a alma) e A apologia de Sócrates.
Discussão entre Justiça e Piedade (ter compaixão com sentimentos alheios, ser afetivo com o próximo) no diálogo Eutífron:
“Sócrates: Era uma coisa semelhante a esta que eu queria dizer-te há um momento, foi por isto que perguntei se onde está a justiça, também está a piedade, ou o que dá na mesma, se tudo que é piedoso é justo, pode haver algo que sendo justo, não seja totalmente piedoso. Consideraríamos então a piedade como uma parte da justiça. Estamos de acordo quanto a isto ou desejarias manifestar-te de outra forma?
Eutífron – Não, uma vez que me parece estares dizendo coisas corretas.”
No livro A Apologia de Sócrates, ele discute até com seu acusador, Meleto, que disse ter Sócrates corrompido os jovens com novas ideias e de trazer novos deuses ao culto dos atenienses. Veja sua argumentação com relação aos juízes e as leis de Atenas:
“Mas excetuando, ó cidadãos, o bom nome da cidade, não me parece justo influir sobre os juízes e com súplicas escapar da condenação, mas sim instruí-los e persuadi-los. Uma vez que o juiz não está neste lugar para fazer graça ao justo, mas para julgar o justo, nem jurou que concederá graça a quem lhe paga, mas que fará justiça segundo as leis. E então não é preciso que vos habituemos a violar o juramento, nem que vos habitueis a isso, não faremos coisas boas e pias, nem vós, nem nós. Não desejais então, ó cidadãos de Atenas, que eu cometa diante de vós atos que julgo desonestos, injustos e ímpios e muito menos eu, eu que sou acusado por Meleto, aqui presente, de impiedade.”
Em todo o Críton, Platão narra a determinação socrática em fazer do cumprimento de sua sentença um dever moral, na medida de respeito à Pólis.
Sua proposta, ao não fugir da execução, não se encaminha pela justeza do Direito Positivo. Sua visão é muito mais moral e filosófica: acima do Direito Positivo há um justo, que pode ser compreendido pela razão, e aceitar o justo é um dever.
Vejamos um trecho de Críton:
“Sócrates: Continua, pois, atento: se ao seguir a opinião dos ignorantes destruíssemos aquilo que apenas por um regime saudável se conserva e que pelo mau regime se destrói, poderemos viver depois da destruição do primeiro? E, diga-me, não é este nosso corpo?
Críton: Sem dúvida, nosso corpo.
Sócrates: E podemos viver com um corpo corrompido ou destruído?
Críton: seguramente não.
Sócrates: E poderemos viver depois da corrupção daquilo que apenas pela justiça vive em nós e do que a injustiça destrói? Ou julgamos menos nobre que o corpo, essa parte de nós mesmos, qualquer que seja, a que se refere à justiça e à injustiça?
Críton: de modo algum.
Sócrates: E, não é a mais preciosa?
Críton: Muito mais.
Sócrates: portanto, querido Críton, não devemos nos preocupar com aquilo que o povo venha a dizer, mas sim pelo que venha a dizer o único que conhece o justo e o injusto e este único juiz é a verdade. Donde poderás concluir que estabeleceste princípios falsos quando disseste inicialmente que deveríamos fazer caso da opinião do povo acerca do justo, o bom, o digno e seus opostos.”
Ponto crucial da questão jurídica, ainda no texto do Críton, está o respeito às leis da cidade, na medida de uma honra necessária do cidadão à pólis. Nesta conversa, Sócrates dirá a Críton o que as normas (leis) diriam a ele, Sócrates, se ele fugisse da condenação:
“Sócrates: Vejamos se assim o entendes melhor. Se chegado o momento de nossa fuga, ou como o queres chamar, nossa saída, as leis da pólis, apresentando-se a nós, nos dissessem: “- Sócrates, o que vais fazer? Levar teu projeto a cabo não implica em destruir-nos completamente, uma vez que de ti dependem, para nós, as leis da pólis e a todo o Estado? Acreditas que um Estado pode subsistir quando as sentenças legais nele não tem força e, o que é mais grave, quando os indivíduos as desprezam e destroem? (...)”
Na época de Sócrates, haviam os sofistas, que discutiam a diferença entre o nomos e a physis. De um lado a norma, uma construção histórica, uma convenção humana, e de outro lado, a natureza, como âncora e medida de todas as coisas. A aristocracia ateniense dizia que justo é a physis, logo, continua tudo do jeito que está. Vem Sócrates e faz um processo de busca da verdade: só sei que nada sei.
Longe dos sofistas (verdade é volátil, convenção humana) e da religião (repetição da tradição dos deuses), Sócrates situa a virtude, a razão e a verdade como sendo critérios do justo.
Sócrates e o Direito: ele recusa a mitologia (Diké, Themis) e recusa o caráter meramente convencional (sofistas). Ele questiona não o revelado (religião) mas o conhecido. Sua inquirição é racional. Sócrates persiste em considerar que o justo não é uma imposição de alguns contra outros, nem da maioria, nem do mais forte. Extrair o justo pela razão, buscar o fundamento das ideias e dos conceitos. A atividade primeira do filósofo é a indagação sobre o que é, no sentido do esclarecimento e da iluminação em direção do verdadeiro. Ao contrário do sofista, que afasta a verdade porque a considera uma convenção, e, portanto, trabalha com as verdades, Sócrates busca a verdade.
O que configura o pensar socrático é justamente esses processo de busca. Ele possuía um método, o qual ficou denominado de Ironia e Maiêutica. Vejamos:
“A ironia socrática era, antes de tudo, o método de perguntar sobre uma coisa em discussão, de delimitar um conceito e, contradizendo-o, refutá-lo. O verbo que originou a palavra (eirein) significa mesmo perguntar. Logo, não era para constranger o seu interlocutor, mas antes para purificar seu pensamento, desfazendo ilusões. Não tinha o intuito de ridicularizar, mas de fazer irromper da aporia (isto é, do impasse sobre o conceito de alguma coisa) o entendimento.
Porém, sair do estado aporético exigia que o interlocutor abandonasse os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias que coordenavam um modo de ver e agir e passasse a pensar, a refletir por si mesmo. Esse exercício era o que ficou conhecido como maiêutica, que significa a arte de parturejar. Como sua mãe, que era parteira, Sócrates julgava ser destinado a não produzir um conhecimento, mas a parturejar as ideias provindas dos seus interlocutores, julgando de seu valor (a parteira grega era uma mulher que não podia procriar, era estéril, e por isso, dava a luz aos corpos de outra fonte, avaliando se eram belos ou não). Significa que ele, Sócrates, não tinha saber algum, apenas sabia perguntar mostrando as contradições de seus interlocutores, levando-os a produzirem um juízo segundo uma reflexão e não mais a tradição, os costumes, as opiniões alheias, etc. E quando o juízo era exprimido, cabia a Sócrates somente verificar se era um belo discurso ou se se tratava de uma ideia que deveria ser abortada (discurso falso, errôneo).
Assim, ironia e maiêutica, constituíam, por excelência, as principais formas de atuação do método dialético de Sócrates, desfazendo equívocos e deslindando nuances que permitiam a introspecção e a reflexão interna, proporcionando a criação de juízos cada vez mais fundamentados no lógos ou razão.” (in, http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/ironia-maieutica-socrates.htm Texto de João Francisco P. Cabral)

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