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PRESSÃO PLANTAR E ESTABILOMETRIA CORPORAL ESTÁTICAS EM PORTADORES DE PÉ DIABÉTICO

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 196
PRESSÃO PLANTAR E ESTABILOMETRIA CORPORAL ESTÁTICAS EM PORTADORES DE PÉ 
DIABÉTICO 
 
Alessandra  Madia  Mantovani,  Alessandra  Kelly  de  Oliveira,  Nathália  Ulices  Savian,  Andressa 
Carvalho Viscone, Mariana Bonfim Canholi, Bruna Gabriela Pires Pena, Elisa Bizetti Pelai, Priscila 
Pagotto, Edna Maria do Carmo, Cristina Elena Teles Fregonesi 
 
Fisioterapia, Departamento de Fisioterapia, Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT Universidade Estadual Paulista ‐ 
UNESP,  Campus  de  Presidente  Prudente  –  SP.  Apoio  financeiro:  Pró  Reitoria  de  Extensão  –  Proex,  Fundação  de 
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp. E‐mail de contato: leka_indy@hotmail.com 
 
 
RESUMO 
A neuropatia diabética periférica é considerada problema de saúde pública, devido à associação 
do comprometimento neural ao vascular nos membros inferiores (MMII), os pés são suscetíveis à 
descarga de peso  anormal. O presente estudo  teve por objetivo  analisar  a pressão plantar e o 
equilíbrio corporal de diabéticos neuropatas e vasculopatas. Para isso, a amostra foi composta por 
50 sujeitos divididos em dois grupos: GC – grupo controle  (n=33) constituído por  indivíduos não 
portadores de Diabetes Mellitus e GD: grupo diabético (n=17) da cidade de Presidente Prudente e 
região e a avaliação da pressão plantar e da estabilometria corporal foi realizada por meio de um 
baropodômetro  eletrônico.  Verificou‐se  aumento  da  pressão  plantar  e  dos  valores  de 
estabilometria  corporal  ântero‐posterior  e  médio‐lateral  no  GD  em  relação  ao  GC  indicando 
aumento dos picos de pressão e dos desequilíbrios nessa população. 
Palavras‐chave: Pé Diabético, Pressão Plantar, Estabilometria, Diabetes Mellitus, Neuropatia 
 
 
INTRODUÇÃO 
O  Diabetes  Mellitus  (DM)  é  caracterizado  por  uma  síndrome  de  múltipla  etiologia 
decorrente da  falta e/ou  incapacidade de a  insulina exercer  sua  função de  forma adequada no 
organismo, marcado por um quadro crônico de hiperglicemia, com distúrbios do metabolismo de 
carboidratos,  lipídios  e  proteínas¹.  Ela  representa  em  uma  das  principais  causas  clínicas  de 
hospitalização  no  Brasil  e  suas  manifestações  crônicas  são  causas  frequentes  de  invalidez 
precoce². 
Constatou‐se que até 2002 a DM atingiu cerda de 7,6% da população brasileira, com idade 
entre 30 e 69 anos, os dados  tornam‐se mais alarmantes quando avaliados quantos portadores 
desconheciam o  seu diagnóstico,  sendo estes 50% dos  casos e entre os  conhecedores, quantos 
não  realizavam nenhum  tipo de  tratamento para  controle e prevenção de  complicações,  sendo 
estes caracterizados por 24% desta população³. 
Entre as  complicações do diabetes destacam‐se as  lesões  crônicas nos  vasos  sanguíneos 
(vasculopatia) e nervos (neuropatia), que acometem principalmente rins, retina, artérias, cérebro 
e nervos periféricos.  Estas  complicações  crônicas  estão  relacionadas diretamente  à duração do 
Colloquium Vitae, vol. 4 n. Especial, jul–dez, 2012 
Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 197
diabetes,  à  presença  de  hipertensão  arterial,  ao  mau  controle  glicêmico,  ao  tabagismo,  entre 
outros fatores4. 
A  neuropatia  diabética  periférica  (NDP)  é  considerada  problema  de  saúde  pública4.  O 
Ministério  da  Saúde  constatou  que  50%  das  amputações  poderiam  ser  prevenidas  através  de 
ações  educativas  para  profissionais,  para  portadores  de  diabetes  mellitus  e  seus  familiares, 
concomitante ao rastreamento de fatores de risco¹. 
Devido  à  associação  do  comprometimento  neural  ao  vascular  nos  membros  inferiores 
(MMII), os pés são suscetíveis à descarga de peso anormal5, à alteração do  trofismo muscular e 
déficits  no  sistema  de  controle motor  podem  gerar  ocilações  do  centro  de  pressão,  que  estão 
relacionadas ao  surgimento de  instabilidade na deambulação, gerando desequilíbrios/alterações 
na postura na marcha4.  
 
OBJETIVOS 
Analisar a pressão plantar e o equilíbrio corporal de diabéticos neuropatas e vasculopatas 
na  posição  estática  e  relacionar  a  área  de  superfície  plantar  com  o  número  do  calçado  dos 
participantes. 
 
MÉTODOS 
Trata‐se de um estudo transversal observacional, desenvolvido no Laboratório de Estudos 
Clínicos em Fisioterapia da FCT/UNESP de Presidente Prudente, aprovado pelo comitê de ética em 
pesquisa  sob  número  de  protocolo  10/2011.  Todos  os  voluntários  assinaram  um  termo  de 
consentimento livre e esclarecido antes de iniciada as avaliações. 
A  amostra  foi  composta por 50  sujeitos, divididos em dois  grupos: GC –  grupo  controle 
(n=33)  constituído  por  indivíduos  não  portadores  de  Diabetes  Mellitus  e  GD:  grupo  diabético 
(n=17).  
Realizou‐se uma avaliação  inicial para obtenção de dados pessoais, antropométricos e da 
doença. Foi aplicada a Escala para Diagnóstico da Polineuropatia Distal Diabética para confirmação 
da  NDP.  E  para  confirmar  a  vasculopatia  periférica  realizou‐se  o  índice  tornozelo/braço  e  a 
oxímetria de pulso nos MMII e superiores6.  
A avaliação da pressão plantar e da estabilometria corporal foi realizada por meio de um 
baropodômetro eletrônico (FootWalk Pro, AM CUBE, França), com frequência de amostragem de 
200 Hz e a análise dos dados foram processadas pelo Software FootWork Pro versão 3.2.0.1 (IST, 
França). 
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Para a análise estática, os voluntários  foram orientados a  ficarem descalços, em posição 
ortostática,  sobre o baropodômetro,  com  apoio bipodal e base de  sustentação  livre, braços  ao 
longo do corpo, olhando para um ponto fixo localizado a sua frente, sem contato oclusal. O teste 
foi  realizado  três  vezes,  cada  qual  com  30  segundos  de  duração  ou,  interrupção  antecipada 
quando necessário em casos como o sujeito sair da posição  inicial antes do tempo previsto. Para 
análise dos dados foi utilizada a média desses valores. 
Esta  análise  avaliou  os  valores  referentes  á  pressão  plantar  média  e  máxima,  área  de 
superfície  plantar  e  deslocamento  do  centro  de  pressão  (ântero‐posterior  e  latero‐lateral).  Os 
diferentes  pontos  de  pressões  plantares  resultantes  do  peso  corporal  sobre  os  pés  foram 
expressos  em  Kgf/cm2.  Concomitantemente,  foram  visualizadas  áreas  coloridas  por  meio  do 
software,  variando  do  vermelho,  para  as  áreas  de  maior  pressão,  ao  azul,  para  as  de  menor 
pressão.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Software Footwork Pro demonstrando distribuição de pressão plantar na análise estática. 
Para a análise estatística, inicialmente, foi testada a distribuição quanto à normalidade dos 
dados  por  meio  do  teste  de  Shapiro‐Wilk  para  todas  as  variáveis  do  estudo.  A  seguir,  para 
comparação entre grupos foi utilizado o teste t de Student quando a distribuição era normal e o 
teste Mann‐Whitney  foi  utilizado  para  comparação  entre  grupos  nos  casos  de  distribuição  não 
normal dos dados. Por  fim  foram aplicados testes de Correlação de Sperman a  fim de  investigar 
possíveis relações entre número do calçado e a área de superfície 
 
 
 
 
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RESULTADOS 
A  tabela  1  traz  dados  referentes  à  idade,  índice  de  massa  corporal  (IMC),  relação 
cintura/quadril,  número  do  calçado,  comprimento  de  MMII  e  nível  glicêmico  no  momento  da 
avaliação  de  ambos  os  grupos  com  valores  estatisticamente  significantespara  relação 
cintura/quadril , número do calçado e nível glicêmico. 
 
 
Tabela 1. Caracterização da amostra por meio de média±desvio‐padrão GD e GC para as variáveis: 
idade,  Índice  de Massa  Corporal  (IMC)  em  kg/m2,  relação  cintura/quadril,  número  do  calçado, 
glicemia pós‐prandial (em mg/dl) e comprimento de membros  inferiores (MMII) em cm, seguido 
de seus respectivos níveis de significância (p‐valor). 
  GC   GD   p‐valor  
Idade   59,68±7,43   56,94±12,03   0,5311  
IMC   28,43±4,59   28,28±5,99   0,8218  
Cintura/quadril   0,86±0,07   0,96±0,08   <0,0001**  
Nº calçado   38,06±2,14   40,35±2,12   0,0010*  
Glicemia   121,40±24,35   207,60±80,13   <0,0001**  
Nota: *p<0,05 (diferença significante); **p<0,0001 (diferença extremamente significante).  
 
A  tabela  2  traz  dados  referentes  à  analise  da  pressão  máxima,  estabilometria  ântero‐
posterior (AP) e médio‐lateral (ML) de ambos os grupos, adquiridos através da análise dos dados 
retirados da baropodometria, demonstrando diferenças significantes entre os grupos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 2. Análise da baropodometria eletrônica estática por meio de média±desvio‐padrão do GC 
e GD no período T0 e no período T1 descalço e com palmilha para as variáveis: pressão máxima 
(em kgf/cm2), área de superfície (em cm2) e estabilometria ântero‐posterior (AP) e médio‐lateral 
(ML), em cm2. 
  GC   GD_T0   GD_T1d   GD_T1c  
Pressão máxima   0,85±0,20   1,11±0,26a**   1,12±0,37a*   0,99±0,18a*  
Estabilometria AP   2,61±0,73   3,32±1,15a*   3,42±1,16a*   3,52±1,57a*  
Estabilometria ML   1,98±0,93   2,79±0,96a*   2,45±1,00   3,04±1,50a*  
Nota: a=diferença significante em relação ao GC. *p<0,05 (diferença significante); **p<0,0001 
(diferença extremamente significante).  
Para o GC foram encontradas correlações positivas entre o número do calçado e a área de 
superfície  plantar  estática  (p=0,0010;  R=0,2975).  Para  o  GD  não  foi  evidenciada  diferença 
estatisticamente significante (p>0,05) na correlação das citadas variáveis. 
 
DISCUSSÃO 
O  presente  estudo  se  propôs  a  analisar  a  pressão  plantar  e  o  equilíbrio  corporal  de 
diabéticos neuropatas e vasculopatas na posição estática e relacionar a área de superfície plantar 
com o número do calçado dos participantes. 
 Em  relação  à  composição  corporal  o  GD  apresentou  maiores  valores  na  relação 
cintura/quadril  e  na  glicemia  capilar  pós‐prandial.  Estes  dados  já  eram  esperados  mesmos  os 
grupos  sendo  homogêneos  em  relação  ao  índice  de  massa  corporal  devidos  os  desarranjos 
glicêmicos  e  hormonais  (sobretudo,  insulínicos)  bem  como  os  risco  cardiovascular  eminente 
confirmado pela relação cintura/quadril7. 
Na  baropodometria  eletrônica  verificou‐se  aumento  da  pressão  plantar  estática 
concordando com os estudos de Sales, Souza e Cardoso8 o qual atribui esse achado à ocorrência 
de NDPe  que podem, eventualmente, representar a gênese de úlceras plantares e amputações de 
membros inferiores9. 
Em relação aos valores de estabilometria corporal ântero‐posterior e médio‐lateral nota‐se 
aumento  no  GD  em  relação  ao  GC  indicando  aumento  dos  desequilíbrios  nessa  população 
concordando com a literatura10,11. 
Na relação entre o número do calçado e a área de superfície plantar estática acredita‐se 
que só houve correlação positiva para o GC devido a presença de histórico de amputação no GD e, 
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dessa maneira, mesmo que o  sujeito  referisse um numero de  calçado maior este  fato não era 
representativo da sua real área de superfície plantar projetada na base de sustentação. 
 
CONCLUSÃO 
O presente estudou demonstrou que os  indivíduos que apresentam neuropatia diabética 
periférica possuem diferenças significantes nos valores de pressão e de estabilometria corporal, 
indo de encontro à  literatura e ressaltando à maiores chances de déficits no sistema de controle 
motor capazes de gerar oscilações do centro de pressão, causando então maior  instabilidade na 
deambulação  desses  pacientes    e  portanto,  aumentando  o  risco  de  desequilíbrios/alterações  e 
quedas dessa população. 
 
REFERÊNCIAS 
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da Saúde, 2006. n 16. 
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Ciênc. Saúde Unipar. 2009; 13 (1): 37‐43. 
3. Cordeiro RC et al. Factors associated with functional balance and mobility among elderly 
diabetic outpatients. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. 2009; 53 (7): 834‐843. 
4. Gross, J. L. et al. Diagnóstico e classificação do diabete melito e tratamento do diabete melito 
tipo 2: recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. v. 44, n. 
4, p. 28‐35, 2000. 
5. Sociedade Brasileira de Diabetes. Detecção e tratamento das complicações crônicas do 
Diabetes Mellitus, 2008. 
6. Parameswaran GI, Brand K, Dolan J. Pulse oximetry as a potential screening tool for lower 
extremity arterial disease in asymptomatic patients with diabetes mellitus. Archives of Internal 
Medicine. 2005; 165: 442‐446. 
7. Picon PX, Leitão CB, Gerchman F, Azevedo MJ, Silveiro SP, Gross JL, Canani LH. Medida da 
Cintura e Razão Cintura/Quadril e Identificação de Situações de Risco Cardiovasculas: Estudo 
Multicêntrico em Pacientes com Diabetes Melito Tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab 2007;51/3. 
8. Sales KLS, Souza LA, Cardoso VS. Equilíbrio estático de indivíduos com neuropatia periférica 
diabética. Fisioter  pesq. 2012;19(2):122‐7. 
Colloquium Vitae, vol. 4 n. Especial, jul–dez, 2012 
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202
9. Matins IS, Beraldo AA, Passeri SM, Freitas CF, Pace AE. Causas referidas para o desenvolvimento 
de úlceras em pés de pessoas com diabetes mellitus. Acta Paul Enferm. 2012;25(2):218‐24. 
10. Razuk M, Lopes AG, Barela JA. Controle postural e informação somatosensorial em idosos 
diabéticos praticantes e não praticantes de atividade física. R. Bras. Ci. e Mov 2010;18(1):26‐34. 
11. Camargo MR, Fregonesi CEPT. Parâmetros espaço temporais da marcha e inter‐relação com 
equilíbrio e força muscular isométrica de tornozelos em diabéticos com neuropatia periférica 
[tese]. Presidente Prudente: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista; 
2009. 
 
 
 
 
	Analisar a pressão plantar e o equilíbrio corporal de diabéticos neuropatas e vasculopatas na posição estática e relacionar a área de superfície plantar com o número do calçado dos participantes.

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