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Aula 04 – A Construção de Questionários
Introdução
Estaremos examinando nesta aula, especifica e sistematicamente, os desafios na construção de um questionário.
Um questionário é um instrumento de pesquisa que consiste em uma série de perguntas (itens) voltada para captar respostas dos sujeitos respondentes de um modo padronizado.
As perguntas de um questionário podem ser estruturadas e não estruturadas. Perguntas não estruturadas permitem que o sujeito responda com suas palavras; perguntas estruturadas pedem que o sujeito escolha entre algumas alternativas aquela que representa melhor sua posição.
A construção do questionário
A construção de um questionário é uma tarefa extremamente delicada. Você terá de tomar uma série de decisões quanto às perguntas que irá fazer, tanto no que diz respeito ao conteúdo, quanto às palavras escolhidas e construção das frases e finalmente quanto à sequência das perguntas. Você deverá manter-se em contato estreito com o tutor da disciplina quanto a este item do seu trabalho, no caso de optar por construir um questionário. Cada variável que mencionei acima e que será ainda mencionada abaixo pode afetar o resultado de sua pesquisa e, mesmo considerando que uma neutralidade absoluta é inalcançável, é necessário manter uma atitude crítica quanto a todos estes aspectos para não incorrer em tendenciosidade ingênua. A seguir veremos alguns pontos importantes.
Formato das respostas
Conforme já indicado acima, suas perguntas podem ser estruturadas ou não estruturadas. As respostas a questões estruturadas são obtidas através de alguns diferentes formatos, entre os quais os principais são:
- Resposta dicotômica – Quando se solicita aos sujeitos que selecionem uma de duas escolhas possíveis, tais como verdadeiro/falso, sim/não, concordo/discordo. Um exemplo de pergunta desse tipo seria: “Você é a favor da redução da menoridade penal?” Alternativas: Sim/não.  
- Resposta nominal – Quando os sujeitos têm mais do que duas opções não ordenadas, tais como: “qual é seu ramo de atividade profissional?” Alternativas: Manufaturas / consumidor / comércio / serviços / educação / saúde / turismo / esporte / outros.
- Resposta ordinal – Quando os sujeitos tem mais do que duas opções ordenadas, tais como: “Qual seu grau mais alto de educação?” Alternativas: Ensino fundamental / ensino médio / ensino superior.
Conteúdo das perguntas e escolha das palavras
As respostas obtidas em um questionário são muito sensíveis aos tipos de pergunta feitos e daí a montagem do questionário ser uma tarefa delicada e trabalhosa. Não recue diante disso. Primeiro procure montar um questionário de modo mais solto, embora sempre tendo o tema de seu trabalho, seu objetivo geral e objetivos específicos como um norte. Crie as perguntas e depois passe a corrigi-las, refiná-las, até chegar a um ponto que considere mais próximo do ideal.
Jamais parta do princípio de que você não sabe fazer, que está lhe faltando competência para montar o questionário. Não! Construir um questionário é sempre uma tarefa delicada e qualquer um tem de desempenhá-la em etapas até chegar ao ponto ótimo. Para isso, o caminho é apenas um: abrir o computador e pôr mãos à obra.
Dicas importantes
Vejamos alguns pontos a serem evitados ou dicas que podem ajudar você em sua tarefa. Perguntas fora do contexto ou ambíguas tenderão a receber respostas igualmente sem sentido e com muito pouco valor para sua pesquisa:
- A pergunta está clara e compreensível? 
As perguntas do questionário devem ser enunciadas em linguagem bastante simples, preferencialmente na voz ativa e sem palavras complicadas ou jargões que possam não ser entendidos por um sujeito respondente típico. Todas as perguntas de seu questionário devem ser escritas de maneira similar para que os sujeitos possam lê-las e compreendê-las facilmente. A única exceção acontece no caso de seu questionário estar dirigido a um grupo especializado, por exemplo, médicos, professores ou operários de certa área de produção, que utilizam tal vocabulário ou jargões por força de suas atividades.
- Perguntas feitas de modo negativo. 
Construa as perguntas sempre de modo direto. Veja um exemplo: “O governo não deveria aumentar o imposto sobre carros importados?” Perguntas feitas dessa maneira tendem a confundir e devem ser evitadas. O exemplo pode ser caricato, mas o fato é que podemos nos distrair e transpor para o questionário vícios que habitualmente carregamos no uso cotidiano da linguagem. Outro modo de construção de frase que deve (sempre) ser evitado é aquele em que se utiliza duas negativas como, por exemplo: “Não se deve.... Senão quando...”.
- Palavras de significado vago. 
Evite perguntas com termos como “raramente”, “frequentemente”, pois podem ser interpretados de modos diferentes pelos sujeitos respondentes.
- Ambiguidade. 
Cuidado com termos e expressões que possam ser diferentemente entendidos por diferentes sujeitos. Sabemos que as palavras podem adquirir múltiplos sentidos quando usadas em diferentes contextos e por isso mesmo devemos ter o cuidado de construir perguntas que evitem ao máximo esse tipo de deslizamento. Por exemplo: Quando se pergunta pelos rendimentos anuais de alguém, pode haver dúvida quanto a “salário” ou “aplicações”, “renda familiar” ou “da própria pessoa”. Ou quando, por exemplo, se pergunta se os funcionários de uma empresa acreditam no projeto da empresa, eles podem ficar em dúvida se isso diz respeito ao sucesso da empresa no mercado ou no modo como a empresa trata seus funcionários, o que pode estar perfeitamente em desacordo.
- Imparcialidade da pergunta. 
A maneira como algumas perguntas são construídas pode favorecer certas respostas. Vejamos alguns exemplos: “ajuda aos pobres” pode atrair mais respondentes do que “investimentos na área social”, ao passo em que essas duas expressões possam estar se referindo à mesma coisa. “Interromper o aumento do crime” pode atrair mais do que “reforçar o cumprimento da Lei”; o mesmo com “resolver os problemas das grandes cidades” e “assistência às grandes cidades”. Mesmo sem ficar obsessivamente tentando evitar qualquer influência nas respostas, é importante que cuide desse aspecto no momento de formular suas questões. Algumas investigações em serviço social envolvem aspectos ligados ao sofrimento da população estudada e se você não souber construir as perguntas de modo adequado poderá despertar passionalidades e levar a respostas tendenciosas.
- Perguntas referidas a mais de um item. 
Por exemplo, se você pergunta “se o professor está satisfeito com as condições do campus e acesso à tecnologia da escola”, o respondente pode estar satisfeito com o primeiro, mas não com o segundo e, assim, ficará na dúvida sobre o que responder. Outro exemplo: “Sua família está satisfeita com a programação da TV aberta?” Repare que alguns membros podem estar enquanto outros não, ou podem estar satisfeitos com a programação para adultos, mas não com a programação infantil. Separe essas perguntas em duas e evitará o problema. Se as mantiver assim, a pergunta admitirá múltiplas respostas para um mesmo respondente, o que não é exatamente o mesmo que “ambiguidade”. Quando temos ambiguidade, o respondente fica em dúvida sobre como interpretar o que está sendo perguntado. No tipo de pergunta que agora destacamos, ele entende a pergunta, mas não tem a opção certa para respondê-la, pois a resposta é, para ele, “sim e não”.
- Perguntas muito gerais. 
Se você pergunta o quanto uma pessoa gostou de tal livro e cria alternativas que incluem, por exemplo, “bastante agradável”, caso o respondente escolha essa opção, o que isso quer dizer exatamente? Você poderá tentar perguntas mais “comportamentais” como: “Pretende indicar o livro para outras pessoas?” ou “pretende ler outros livros do mesmo autor?”. Repare que “bastante agradável” é uma resposta subjetiva e não se sabe exatamente o que isso pode querer dizer. Outro exemplo: “Qual o tamanho de sua escola? (Grande, média, pequena)” Pode ser substituída por“Quantos funcionários trabalham em sua escola”. Repare que o que é geral demais aqui são os termos que parecem admitir muitas interpretações por parte do pesquisador que irá interpretar a resposta.
- Perguntas muito detalhadas. 
Evite perguntas com detalhes desnecessários. Por exemplo: Você acha que sua família tem poucas crianças ou acha que o número de crianças está adequado? O exemplo é caricato, mas serve para você perceber que pode muitas vezes cortar até metade da pergunta. Tome como lema que quanto menos palavras você puder utilizar para perguntar a mesma coisa, melhor.
- Perguntas que pressupõe avaliações. 
Se você pergunta sobre os benefícios do corte dos impostos, está pressupondo que tal corte é benéfico. Há pessoas que podem não considerá-lo benéfico de forma alguma, como por exemplo, aqueles que acham que os impostos são o que garante a possibilidade de investimentos na área social e que seu corte somente favorece os capitalistas gananciosos.
- Perguntas muito imaginárias. 
Uma pergunta muito popular em programas de auditório na televisão é: “O que você faria se ganhasse dez milhões de reais?” Muitas pessoas podem jamais ter se perguntado isso, pois mal podem fazer ideia do que significaria tal quantidade de dinheiro. Os respondentes podem então dar respostas bem gerais como “fazer uma volta ao mundo”, “abrir uma pousada”, “ajudar os parentes”, ou que tais. Perguntas imaginárias têm respostas imaginárias que usualmente não são ideais para os propósitos de um trabalho científico.
- Os respondentes têm a informação necessária para responder as perguntas feitas?
Por exemplo, estudantes de ensino médio em princípio não devem ser chamados a responder sobre a necessidade de uma reforma partidária. Note que, caso a pergunta lhes seja encaminhada, eles responderão, mas, suas respostas serão úteis para quê? Você pode até considerar que o que desejava com sua pergunta era uma resposta baseada em pré-conceitos e intuições e que era isso que desejava medir, mas é importante que isso esteja claro para você.
 Procure sempre oferecer alternativas de respostas que esgotem as possibilidades para o que foi perguntado. Mas você poderá eventualmente utilizar o recurso de usar uma alternativa como “outras respostas não incluídas acima”. Passemos agora a pensar a questão do sequenciamento das questões.
A sequência das questões
Em geral, as questões devem fluir logicamente de uma para outra. Para atingir o melhor índices de repostas, as questões devem fluir das menos delicadas para as mais delicadas, ou das mais simples para as mais complexas ou das mais gerais para as mais específicas, por exemplo. Você pode até optar entre um destes sequenciamentos, mas não deixe de tentar obter algum fluxo lógico no seu questionário. Vejamos algumas dicas:
 • Comece com perguntas simples e simpáticas, “não ameaçadoras”, que possam ser respondidas sem qualquer esforço. Boas alternativas são idade, sexo e grau de educação para questionários individuais e instituição, período e curso para um grupo de estudantes universitários, por exemplo.
• Jamais comece com uma pergunta aberta, ou seja, cujo assunto não esteja claramente definido e exija maior reflexão do respondente. 
• Caso siga uma sequência histórica de acontecimentos, utilize ordem cronológica, indo do mais antigo ao mais recente.
• Pergunte sobre um conjunto de assuntos de cada vez. Quando mudar de assunto, utilize recursos de transição como “Na próxima seção estaremos examinando suas opiniões sobre ...”. 
• Se considerar conveniente, utilize “filtros” para o prosseguimento do questionário, como por exemplo: “Caso tenha respondido ‘sim’ à última pergunta, vá para a seção 2. Caso tenha respondido ‘não’, vá para a seção 3”.
Lembre-se: aja com seus respondentes da maneira como gostaria que agissem com você. Seja atencioso com o tempo, a atenção, e a confiança que ele lhe dedica. O tempo das pessoas é valioso. Mantenha seu estudo tão sucinto quanto possível, limitando-o ao que seja estritamente necessário. Os respondentes costumam não gostar de dedicar mais de dez a quinze minutos a um questionário, não importa o quão importante ele seja. Questionários longos tendem a perder em quantidade e qualidade das respostas.
Sempre garanta confidencialidade aos respondentes e sempre explique como irá proceder com as informações que estão sendo colhidas – incluindo com os resultados de sua pesquisa serão divulgados. Para questionários aplicados a grupos em empresas ou instituições, garanta aos respondentes que você irá mandar para eles uma cópia com os resultados finais de sua pesquisa - e não deixe de cumprir com essa promessa. Jamais deixe de agradecer aos seus respondentes pela participação que tiveram em sua pesquisa.
Essas recomendações dizem respeito ao manejo da relação que você estabelece com a população que lhe interessa investigar. Esse aspecto é extremamente importante e tanto mais quando você estiver fazendo entrevistas ou interagindo diretamente com a população em um trabalho de campo. Os questionários, por sua natureza, podem ser aplicados de modo mais impessoal, já que suas perguntas são padronizadas e estabelecem antecipadamente certa distância entre pesquisador e respondente. Mas, como em qualquer contexto relacionado ao trabalho de campo, é importante que você tenha uma boa noção quanto ao lugar que vem ocupar em relação ao objeto que está sob foco de sua pesquisa.
É importante que esteja claro para você que as respostas obtidas em um questionário prestam-se tanto a um tratamento qualitativo quanto quantitativo. Você poderá estar interessado em uma ou outra perspectiva ou em ambas. Por exemplo: se você faz uma pesquisa sobre intenções de voto, uma resposta como 75% das pessoas responderam que irão votar em tal candidato traz uma informação relevante, dada em caráter numérico. Mas, você poderá também fazer considerações qualitativas sobre essa intenção de voto, a partir do mesmo resultado. Poderá sugerir que, tendo em vista esse resultado e outros dados qualitativos obtidos ao longo de sua pesquisa, parece haver uma maior consciência da população em relação a tais ou quais aspectos e que houve um amadurecimento da prática democrática a partir do momento em que certas políticas públicas foram postas em andamento. Estaremos examinando aspectos relacionados ao tratamento dos dados obtidos em questionários em aulas seguintes.

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