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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 1. Diferencie inadimplemento absoluto de inadimplemento relativo na obrigação (Conceito). INADIMPLEMENTO ABSOLUTO - CONCEITO: Impossibilidade de adimplemento; quando não interessa mais para o credor. INADIMPLEMENTO RELATIVO OU MORA – CONCEITO - A mora é o inadimplemento relativo. A mora é o cumprimento imperfeito da obrigação e não o atrasado. ABSOLUTO ou RELATIVO: leva-se em consideração possibilidade e utilidade da prestação – interessa para o credor que a obrigação seja cumprida depois – quando houver impossibilidade ou inutilidade da prestação haverá inadimplemento absoluto. Quando a prestação ainda pode ser cumprida o inadimplemento é relativo. O perecimento do objeto faz com que a relação obrigacional se resolva, não pelo pagamento ou meios indiretos de adimplemento, mas se resolve de uma maneira anormal, ou seja, pelo inadimplemento absoluto, assim haverá perdas e danos. Existem obrigações em que há o inadimplemento mas que ainda podem ser cumpridas. 2. Aponte o fundamento legal do inadimplemento absoluto e do inadimplemento relativo das obrigações. INADIMPLEMENTO ABSOLUTO Art. 390 – obrigações negativas: são as obrigações de não fazer. A partir do que momento em que faz o que não deveria ser feito há o inadimplemento da obrigação. Art. 391 – responsabilidade patrimonial do devedor: o patrimônio do devedor pode ser atacado desde que não haja proteção legal. Pelo inadimplemento respondem todos os bens do devedor, salvo aqueles que possuam proteção legal. Art. 392 – contratos benéficos: nos contratos benéficos só uma pessoa se beneficia. Beneficiado – responde por culpa e não beneficiado responde por dolo. Contratos onerosos (bilateral): todos possuem responsabilidade e respondem igualmente, tanto por culpa como por dolo. - Violação positiva do contrato é o descumprimento de um dever de boa-fé objetiva, um dever anexo. Dever anexo é aquele que vem de um dever principal. Mesmo que não esteja previsto no contrato, há o adimplemento contratual de um dever anexo, da boa-fé objetiva. A violação positiva do contrato pode trazer inadimplemento absoluto ou relativo. INADIMPLEMENTO RELATIVO OU MORA Art. 394 – Inadimplemento relativo ou mora: é o cumprimento imperfeito da obrigação em termos de tempo, lugar e forma, tanto pelo credor, como pelo devedor. Art. 396 – Requisito: para que um indivíduo seja considerado em mora é necessário haver fato ou omissão imputável a ele. Se não for de responsabilidade do devedor, este não responde pela imperfeição. 3. O inadimplemento da obrigação sempre gera o dever de indenizar? Justifique sua resposta. Resposta: Não, nem todo adimplemento é atribuível ao devedor, como nas situações do art. 393, que dizem sobre caso fortuito ou força maior, não respondendo o devedor pelos prejuízos se não tiver se responsabilidade por eles. Deverá ser analisado se o inadimplemento veio de uma conduta do devedor, ativa ou comissiva ou uma conduta omissiva. O caso fortuito ou força maior são excludentes de responsabilidade contratual porque afetam a causalidade. Esse adimplemento não pode, em principio, ser imputado ao devedor A questão da reparação ao credor é ressaltada por Maria Helena Diniz (2004, p. 398) nos seguintes termos: “Pelos prejuízos sujeitar-se-ão o inadimplente e o contratante moroso ao dever de reparar as perdas e danos sofridos pelo credor, inserindo o dano como pressuposto da responsabilidade civil contratual [...] A responsabilidade civil consiste na obrigação de indenizar, e só haverá indenização quando existir prejuízo a reparar.” 4. Diferencie “mora solvendi” de “mora credendi”. MORA: é o atraso no pagamento ou no recebimento, tanto por culpa do devedor (mora solvendi) como por culpa do credor (mora accipiendi). Se ambos tiverem culpa não haverá mora, pois as moras recíprocas se anulam. A mora credendi É a mora em que o credor se recusa a receber o pagamento no tempo, lugar e forma estipulada em contrato. Exemplo: O credor não ir receber o valor do aluguel no dia e local conforme tenha sido estipulado representa uma mora credendi. Conceito: mora é a impontualidade culposa do devedor no pagamento ou do credor no recebimento (394). Se o devedor atrasa sem culpa (ex: por causa de um acidente, uma greve, uma cheia, um caso fortuito ou de força maior) não haverá mora (396). Mas a mora do credor independe de culpa e o devedor nesse caso deve consignar o pagamento. Assim não importam os motivos da mora do credor, o devedor precisa exercer seu dever e seu direito de pagar através da consignação (335 , I – observem que tal inciso usa a expressão “se o credor não puder”, não importando assim os motivos pelos quais o credor não pôde ir buscar o pagamento, mesmo que sejam decorrentes de um caso fortuito). A mora do credor é mais rara. 5. Quais são os requisitos da mora do devedor Mora do Devedor - Conforme dispõe o artigo 394, do Código Civil, “considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer”. Sendo que para a mora do devedor pode ser utilizada as seguintes expressões: mora debendi, mora debitoris ou mora solvendi. Conforme ensina Clóvis Bevilaqua[28] sobre os requisitos da mora do devedor, esta pressupõe: “a existência de dívida certa e liquida; o vencimento da mesma; a inexistência culposa; e a interpelação judicial ou extrajudicial, quando a dívida não é a termo.” 6. Quais são os efeitos gerados pela mora do credor? Aponte o fundamento legal da sua resposta. Efeitos da mora do credor: o credor que não quiser ou não for receber o pagamento conforme acertado se sujeita a quatro efeitos: 1) o credor em mora libera o devedor da responsabilidade pela conservação da coisa (ex: A deve um cavalo a B que ficou de ir buscá-lo na fazenda de A; a mora de B não responsabiliza A caso o cavalo venha a morrer mordido por uma cobra após o vencimento; § 2º do 492); 2) o credor em mora deve ressarcir o devedor com as despesas pela conservação da coisa (no exemplo do cavalo, B deve pagar as despesas de A com ração e medicamento desde o vencimento); 3) obriga o credor a pagar um preço mais alto pela coisa se a cotação subir; este efeito se aplica a coisas que têm preço na bolsa de valores, como ações, açúcar, café, soja, etc. No art. 400 do CC vamos encontrar estes três efeitos; 4) último efeito: o credor em mora não pode cobrar juros do devedor desse período, afinal foi do credor a culpa pela atraso no pagamento. 7. A purgação da mora como direito do devedor pode gerar indenização? Sim. Em caso de inadimplemento do devedor não se purga mais a mora, resolvendo- se em perdas e danos. A mora do devedor pode também ser purgada se o credor perdoar/remir/dispensar as perdas e danos do 395. Purgação da mora: purgar significa emendar, reparar, remediar; purgar a mora é consertar/sanar as consequências da mora, tanto para o devedor como para o credor, conforme art. 401. 8. A prisão civil do devedor de alimentos diante do Pacto de San José da Costa Rica é legal? Jusitifique. Não. De acordo com O art. 7º (n.º 7) da Convenção Americana sobre Direitos Humanos 'Pacto de San José da Costa Rica, de 1969, dispõe desta forma: “Ninguém deve ser detido por dívidas.” O Pacto de San José da Costa Rica foi assinado pelo Brasil em 1992, e quanto à prisão civil conflita com a disposição expressa da Constituição do Brasil, pois somente a admite como meio de coerção ao devedor de alimentos, gerando controvérsia sobre qual o critério prevalente. O STF recentemente revogou a Súmula nº 619 entendendo que os tratadostêm status supralegais. A prisão civil do devedor de alimentos é discutida pela doutrina e pelos Tribunais, por ser, a princípio, permitida na nossa legislação pátria, inclusive pela Constituição Federal de 1988, e proibida pelo Pacto San José da Costa Rica. Uma corrente doutrinaria defende que a prisão do devedor de alimentos é inconstitucional, devido às falhas que acontecem no momento de sua execução, acreditando se tratar de uma pena, o que não merece prosperar, uma vez que restou mais que comprovado nos tribunais de primeira instancia que sem a prisão do devedor de alimentos os débitos jamais seriam cumpridos. 9. Diferencie arras confirmatórias e arras penitenciais? Também denominadas de sinal, tratam-se as arras de uma disposição convencional pela qual uma das partes entrega à outra bem móvel (geralmente dinheiro) em garantia de uma obrigação pactuada. É o bem móvel que uma parte entrega à outra em garantia. As arras confirmatórias são aquelas que, quando prestadas, marcam o início da execução do contrato, firmando a obrigação pactuada, de maneira a não permitir direito de arrependimento. Por não permitir o direito de arrependimento, cabe indenização suplementar, valendo as arras como taxa mínima. As arras penitenciais, quando estipuladas, garantem o direito de arrependimento e possuem um condão unicamente indenizatório. Nas arras penitenciais, exercido o direito de arrependimento, não haverá direito a indenização suplementar. 10. O que fazer diante da possibilidade de se cobrar clausula penal compensatória quando o prejuízo for muito maior do que o seu valor? Justifique. Entendimento mais recente, no entanto, vislumbra outro tipo de alternativa nos casos de descumprimento total do contrato, onde o credor teria direito de escolher entre receber do devedor a verba compensatória estimada na cláusula penal ou exigir- lhe a reparação integral pelos prejuízos efetivamente comprovados, desconsiderando a indenização convencionada. Nesse sentido, o STJ, ao julgar o REsp. 734.520/MG, decidiu que "ocorrendo o inadimplemento imputável e culposo, o credor tem a possibilidade de optar entre o procedimento ordinário, pleiteando perdas e danos nos termos dos arts. 395 e 402 (o que o sujeita à demora do procedimento judicial e ao ônus de provar o montante do prejuízo) ou, então, pedir diretamente a importância prefixada na cláusula penal, que corresponde às perdas e danos estipulados a forfait".
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