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4 - FICHAMENTO DA UNIDADE II

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Caderno de Direito Civil I
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Leonardo José Canaan Carvalho
1. INTRODUÇÃO: Conceitos básicos do direito das obrigações
Conceito: Obrigação: “relação jurídica transitória, estabelecendo vínculos jurídicos
entre duas diferentes partes (credor e devedor), cujo objeto é uma prestação
pessoal econômica, positiva ou negativa, garantindo o cumprimento, sob pena de
coerção judicial”.
Prestação economicamente apreciável. Obrigação gera para o
devedor o dever de prestar, sob pena de responsabilização
patrimonial.
Caráter transeunte; vínculo jurídico entre as partes; caráter
patrimonial; prestação positiva ou negativa.
O fato de a responsabilidade recair sobre os bens do devedor jamais
poderá implicar afirmar-se que se estabelecerá uma relação jurídica
entre patrimônios. As relações jurídicas se estabelecem entre
pessoas. 
Características essenciais: determinabilidade (determinado ou determinável) dos
sujeitos, o caráter patrimonial da prestação (economicamente apreciável) e a
transitoriedade do vínculo (a obrigação é temporária, tendo em vista que se
extingue com o adimplemento da prestação pelo devedor).
Objeto: prestação (imediata), consistente na coisa a ser entregue ou
no fato a ser prestado (ou não). Mediato: o objeto material que está
na ação a ser feita pelo devedor.
Vínculo jurídico: liame que envolve o objeto, o credor (sujeito ativo) e
o devedor (sujeito passivo). 
Débito: direito subjetivo do credor à prestação. Diz que algo é devido para o
devedor. 
Responsabilidade: elemento de coerção que coloca o objeto à disposição do
credor. 
Execução é real, incidindo sobre o patrimônio e não sobre a pessoa do devedor. A
prisão civil não é uma exceção a essa regra, haja vista que o encarceramento não
é uma forma de satisfação da obrigação, e sim mero meio de coerção para o
cumprimento dela. 
ARTIGO 789 NCPC: “O devedor responde, para cumprimento de suas obrigações,
com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas por
lei”. A responsabilidade patrimonial pode abarcar bens passados, na medida em
que se constate fraude contra credores ou à execução, determinando a ineficácia
da alienação de bens a terceiros. 
Obrigação perfeita: ou civil, há débito e responsabilidade. 
 Débito sem responsabilidade: as obrigações naturais, caracterizadas são
caracterizadas por uma relação obrigacional que se constitui validamente
no plano do direito material, mas cuja pretensão do credor poderá ser
repelida pelo devedor. Ex: dívidas prescritas e dívidas de jogos toleráveis.
Ambas não induzem a obrigação exigível pelo credor, mas impedem a
repetição por parte do devedor que pagou. 
 Responsabilidade sem débito: hipóteses em que terceiros prestam caução
real (por exemplo, hipoteca e penhor), tornando-se garantidores de débitos
alheios. O terceiro responsável não é obrigado pessoalmente, mas seu
patrimônio passa a garantir o débito contraído por outra pessoa. Ex:
hipoteca de bem dado por terceiro.
Na fiança, o garantidor oferece bens com o intuito de caucionar a
eventualidade de um débito. O fiador não tem qualquer obrigação no
plano material – a dívida não é dele – , mas possui responsabilidade
patrimonial, sacrificando os seus próprios bens caso se confirme o
adimplemento do devedor. A sujeição de seu patrimônio atinge
mesmo o seu bem de família. A fiança não é um direito real de
garantia. 
Sujeitam-se também à execução os bens do cônjuge ou
companheiro, quando suportam a execução de dívida contraída pelo
outro, em benefício da família, dependendo do tipo de dívida e da
modalidade de regime de bens em vigor, nos moldes dos artigos
1.643 e 1.644 do Código Civil. 
Garantias: Atuam como uma facilitação do crédito para o devedor, bem como uma
concessão de segurança suplementar para os credores. A garantia comum é
efetivada mediante meios técnicos previstos nas normas processuais, como o
arresto, penhora, sequestro e arrecadação, que incidem sobre o patrimônio do
devedor. A garantia especial é um reforço suplementar de segurança atribuído aos
credores, consoante se trate de garantias pessoais ou reais. Nas primeiras, outras
pessoas, além do devedor, ficam responsáveis com os seus patrimônios pelo
cumprimento da obrigação. A fiança É um exemplo típico, prevista nos contratos
em espécie. Na garantia real, institui-se uma afetação de bens, quer do devedor,
quer do terceiro. Há sequela e preferência, ou seja, o bem garantido é destacado
do patrimônio geral do devedor ou do terceiro e o vínculo real o acompanha,
independentemente de eventuais mutações de sua titularidade. 
Elementos essenciais: observações importantes
Credor – aquele que tem o poder de exigir de outrem determinado
comportamento. Sujeito ativo da relação obrigacional.
Devedor – quem deve cumpri-lo. Sujeito passivo. A 
Os sujeitos da relação obrigacional podem ser pessoas naturais ou jurídicas.
Incapazes devem ser representados ou assistidos. Entes despersonalizados
também podem figurar em um dos polos da relação obrigacional, como no caso
dos condomínios edilícios, a massa falida e a sociedade de fato. 
O Condomínio edilícios é credor da taxa condominial mensal e devedor de
obrigações trabalhistas e previdenciárias de seus empregados, por exemplo. 
Sujeito pode ser determinado a posteriori, podendo existir uma indeterminabilidade
relativa, como nos casos do cheque ao portador ou mesmo em uma proposta de
recompensa. Existem formas de transmissão de obrigações, ressaltando que não
é necessário que os sujeitos originários se mantenham os mesmos até a extinção
da obrigação, ressalvada hipótese de obrigação personalíssima. 
Objeto deve ser lícito, possível, física e juridicamente, determinável e
de natureza patrimonial. 
É o vínculo jurídico que confere coercibilidade à relação obrigacional,
marcada pela sujeição do devedor ao credor, uma vez que, não
cumprida espontaneamente a prestação correspondente (não
ocorrendo o cumprimento voluntário), surgirá a exigibilidade e poderá
o credor exigir em juízo o esperado adimplemento. 
Consequências do não cumprimento espontâneo: não havendo adimplemento
voluntário, pode o credor propugnar por medidas coercitivas para o cumprimento
da prestação, auxiliado pelo Poder Judiciário, sendo vedada a autotutela. São as
tutelas específicas das obrigações, consolidadas no NCPC. Agora, segundo o
artigo 499 do diploma, “a obrigação somente será convertida em perdas e danos
se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela
pelo resultado prático equivalente”, podendo ser a solução a fixação de multa
pecuniária periódica ou outras providências diversas. 
Contratos e atos ilícitos danosos como fontes das obrigações
Contratos são acordos de vontades, de natureza patrimoniais, para o Direito Civil.
São negócios jurídicos típicos, ou seja, declarações de vontade dos indivíduos,
destinadas a um fim protegido pelo ordenamento jurídico. Há uma base volitiva é
uma intenção. As obrigações podem nascer de qualquer fato jurídico, ou seja, de
qualquer acontecimento que implique consequências jurídicas. Tanto fatos
jurídicos stricto sensu, ato-fato, ato jurídico, negócio jurídico (como os contratos) e
por que não, o ato ilícito. Deste, nasce a obrigação de indenizar. Ao lesado, o
direito à reparação, seja pela ofensa de natureza patrimonial ou extrapatrimonial.
Por isso, o Direito Civil vê no ato ilícito um fundamente de reparação de dano. Faz
coisa julgada. Busca-se a restauração da situação patrimonial anterior, em face do
prejudicado. É previsto no Art. 186 a 188/CC. No tocante às fontes das
obrigações, Caio Mário da Silva Pereira elege a própria lei como fonte imediata, e,
para completar o aspecto dualista de sua teoria, os fatos jurídicos como fontes
mediatas.
Direitos relativos eabsolutos: Os Direitos Reais são chamados também de
Direitos Absolutos. Ao lado dos direitos obrigacionais (ou de crédito), constituem-
se como o segundo grande grupo de direitos subjetivos patrimoniais. 
Direitos Reais Direitos Obrigacionais
Absolutos: eficácia erga omnes Relativos: eficácia inter partes
Atributivos: um só sujeito Cooperativos: conjunto de sujeitos
Imediatidade: direito tem atuação
imediata sobre o bem, sem o
consentimento de terceiros
Mediatidade: deve existir uma conduta
positiva ou negativa do devedor, pois o
adimplemento requer sua colaboração
Permanente: perpetuidade ou grande
permanência temporal
Transitório: efêmeros
Direito de Sequela: é facultado ao titular
do direito real buscar o bem sobre o qual
exerce poderes dominiais, em poder de
quem o detenha. 
Apenas tem o patrimônio do devedor
como garantia
Numerus clausus Números apertus
Jus in re (direito à coisa) Jus ad rem (direito a uma coisa)
Objeto é a coisa Objeto é a prestação 
Direitos Reais: não há relação jurídica individualizada, mas
situação jurídica de poder do titular do direito real sobre o
próprio objeto, móvel ou imóvel, impondo-se um dever jurídico
erga omnes de abstenção, incidindo difusamente sobre todas
as pessoas não titulares do direito, impedindo-as de praticar
qualquer ato capaz de lesar tal vinculação. É uma relação
jurídica entre o titular do direito real e o sujeito passivo
universal. O titular exerce um poder direito sobre a coisa, é um
jus in re, direito sobre uma coisa, ao contrário do Direito
Obrigacional, que consiste num direito contra determinada
pessoa, sendo relativo, isto é, oponível apenas em face do
devedor que se obrigou a cumprir a obrigação, ou de um
responsável. O Direito de Sequela, típico dos direitos reais,
retira a eficácia de eventuais transmissões da coisa, em sede
de Registro de Bem imóvel ou tradição de bem móvel, sendo
desnecessário o ajuizamento da ação paulista ou revocatória
(basta reivindicatória). Também a sequela permite que o titular
do direito real abandone o bem, enquanto os direitos
Obrigacionais são suscetíveis de renúncia. 
Situações híbridas : Obrigações propter rem: relacionam ao
titular de um direito real, em que o devedor se libera da
prestação diante do abandono do bem, abdicando do direito
real e tem acessoriedade especial. Parte Real. Parte
Obrigacional. Têm um ou mais sujeitos determinável de
acordo com a titularidade de um direito real. Ex: 1.315/CC:
Taxa condominial criada a partir da titularidade de propriedade
do apartamento. 1.897/CC: na hipótese de muro demarcatória,
quem constrói o muro tem o direito de cobrar ao dono do
terreno vizinho 50% do valor gasto na construção ou na
conservação do muro. Obrigações com eficácia real:
verdadeiras obrigações com eficácia erga omnes, ou seja,
oponíveis contra todos e não apenas aos integrantes da
relação. Ex: Arts. 27 a 33 da Lei 8.245/91 (Lei de Locação),
direito de preferência do locatário: dever do locador de vender
o imóvel ao locatário pelas mesmas condições que vende a
qualquer outro, desde que isso conste no registro do imóvel.
Se um terceiro desrespeitar a preferência do locatário, ele
pode entrar contra esse terceiro.
Normas dispositivas e cogentes
Normas dispositivas, que tomam forma jurídica através das leis permissivas, não
se impõe compulsoriamente. Originam direitos plenamente renunciáveis. O
legislador cinge-se a permitir uma conduta, deixando à liberdade individual segui-
la ou não. Podem ser, portanto, afastadas pela vontade das partes. O Direito
Privado é o campo próprio das leis permissivas, pois vigora o princípio da
autonomia da vontade e, nessa órbita, são supletivos ou meramente permissivos
os princípios legais, salvo, entretanto, no que o legislador entende interessar à
ordem pública, ponto onde começa a incidência das normas inderrogáveis pela
vontade privada. Na verdade, as normas que constituem ius cogens, são
insuscetíveis de ser derrogadas ou afastadas pela vontade das partes, e os direito
delas oriundos não podem ser objeto de renúncia por aquele em cujo favor são
instituídos. Tomam forma pelas leis imperativas, que estabelecem princípios cuja
manutenção é necessária à ordem social, impondo-se a todos indivíduos,
inderrogáveis pela vontade privada. 
2. Pagamento
Conceito: Adimplemento diz respeito a cumprimento voluntário, adequado e direto
da obrigação. Cumprimento, pagamento, solução e execução. O Título III do Livro
I (Obrigações) é fracionado em nove capítulos. O Pagamento (Capítulo I) não é
mera modalidade extintiva como os demais, porém uma carta de princípios, que
dá base a todos os outros.
Pagamento stricto sensu é a realização pontual da prestação pelo devedor, com
satisfação dos interesses objetivos do credor. Lato sensu é qualquer outra forma
de satisfação do credor, mesmo que efetuado caoticamente pela via executiva ou
através de ato de terceiro. Pagamento “indireto” é justamente as outras vias de
satisfação do credor, que não o stricto sensu. 
O adimplemento é o modo normal e natural de extinção das obrigações, pois
segue aquilo que foi objeto do planejamento das partes. Nada mais instintivo do
que a completa satisfação dos interesses do credor pelo efetivo e direto
cumprimento da prestação pelo devedor. Inclui-se aí a entrega ou restituição de
um bem (dar), a execução de uma atividade (fazer) ou a abstenção de uma
conduta (não fazer). Todavia, o conteúdo da prestação extrapola os
comportamentos voluntariamente assumidos, alcançando os deveres anexos
emanados da boa-fé objetiva.
Natureza jurídica: o pagamento é mera concretização de uma atividade devida e
finalidade natural e normal da obrigação: a transformação de uma prestação
potencialmente devida em realidade. Por isso, trata-se de um ato-fato que está
contido no plano de eficácia do negócio jurídico. Existe um simples
comportamento devido. O cumprimento produz eficácia liberatória ex lege em prol
do devedor, sendo também dispensada a investigação da vontade do credor para
aceitar o pagamento. 
Princípios: 
Pontualidade: cumprimento deve se ajustar inteiramente à
prestação devida, de que ao somente cabe efetuá-la ponto por
ponto, em todos os sentidos e não somente no aspecto
temporal. Correspondência, exatidão e integralidade. 
Correspondência e identidade: Art. 313/CC: “O credor não é
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida,
ainda que mais valiosa”.
Exatidão: Ex. 394/CC: “Considera-se em mora o devedor que
não efetuar o pagamento é o credor que não quiser recebê-lo
no tempo, lugar e forma que a lei ou convenção estabelecer”.
Integralidade: Ex. 314/CC: “Ainda que a obrigação tenha por
objeto prestação divisível, não pode ser o credor obrigado a
receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se
ajustou”.
Boa-fé objetiva: estabelece modelos objetivos de
comportamento, pautados na honestidade e na lealdade,
capazes de gerar legítimas expectativas de confiança entre os
parceiros Obrigacionais. Condutas genericamente esperadas
na relação obrigacional. Tem função interpretativa (Art. 114),
função de controle (187), função interativa (422). A boa-fé, nas
obrigações, demarca os limites entre o adimplemento e o
inadimplemento. Não haverá adimplemento se determinados
deveres de conduta forem negligenciados.
2.1. Pagamento e mora
Houve falha no pagamento, mas a obrigação ainda pode ser cumprida de maneira
proveitosa. A mora, por isso, é o imperfeito cumprimento de uma obrigação, tanto
pelo devedor, como pelo credor. Não é apenas sinônimo de demora no
pagamento, mas de qualquer situação em que a prestação não é cumprida de
forma exata.
Art. 394/CC: Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o
credor que não quiserrecebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
estabelecer. 
Só haverá sanção da norma ao moro que se furtar a cumprir no local e forma
ajustados, se a falta importar em atraso no cumprimento da prestação. 
A prestação ainda é possível e útil. Verifica-se apenas a impossibilidade transitória
de satisfazer a obrigação. Em qualquer caso, da imperfeição culposa no
pagamento decorre o inadimplemento relativo em solver a obrigação. 
Aqui, analisa-se a mora do devedor: 2 requisitos:
a) Imperfeição no cumprimento da obrigação: vale ressaltar
que somente as obrigações positivas cogitam-se da mora. 
b) Requer culpa do devedor: o retardamento é o atraso no
cumprimento da prestação, enquanto a mora é o
retardamento culposo. No momento em que o devedor
incorre em mora surge uma presunção relativa de culpa,
cabendo àquele que descumpriu, o ônus de provar que a
demora no cumprimento decorreu de fatos estranhos à sua
conduta e de natureza inevitável.
2.2. Pagamento e interpretação negocial 
2.3. Obrigações de meio e de resultado
Nas obrigações de resultado, o devedor efetivamente se vincula a um resultado
determinado, respondendo por descumprimento se esse resultado não for obtido.
Nas obrigações de meio, o devedor não está obrigado à obtenção do resultado,
mas apenas a atuar com diligência necessária para que esse resultado seja
obtido. 
Incide-se a de meio quando o próprio conteúdo da prestação nada mais exige do
devedor do que a consumação de uma atividade diligente em benefício do credor,
mediante o emprego dos meios adequados, sem que se indague sobre seu
resultado. Exemplos típicos: o médico, que se obriga a imprimir todos os esforços
no sentido de aplicar os meios indispensáveis à cura ou sobrevida do paciente, ou
os serviços advocatícios. 
Na obrigação de resultado, sem este, o devedor não será adimplente, não
havendo pagamento. Ou alcança o resultado (único modo de pagamento) ou liga
com as consequências do inadimplemento. Ex: médico em cirurgia plástica. 
O certo é que dependerá de como a manifestação de vontade foi feita. A
classificação sempre dependerá da situação fática, das palavras utilizadas no
negócio jurídico. 
A obrigação de resultado pode ser eximida pelo caso fortuito ou de força maior,
salvo se se tratar de obrigação de garantia pura, em que o devedor responde pelo
resultado mesmo na hipóteses supra mencionadas. Ex: transporte de dinheiro ou
contrato de seguro. 
2.4. Obrigações de dar, fazer e não fazer
Dar: Há um compromisso de entrega. O devedor se compromete a entregar uma
coisa móvel ou imóvel para constituir direito novo ou restituir. 
Cumprimento da obrigação, no caso de bens móveis, dá-se através da tradição, e
não pelo contrato, conforme informa o Art. 1.226/CC. Imóveis, por sua vez, são
efetivamente transferidos pelo registro de título, a partir do Art. 1.245.
Os problemas são resolvidos através das regras de interpretação. Alguns deles
são:
a) Problema de qualidade: qual a durabilidade necessária?
Ex: parte do carregamento de frutos está deteriorada. Deve
ser resolvido a partir do que as partes definiram (tipo de
contrato) ou com os usos. 
b) Problema dos acessórios: acompanham? Isso deve ser
definido para se investigar se houve ou não pagamento.
Sempre há uma intenção pressuposta, no caso de
nenhuma das partes terem se manifestado quanto à
questão. Ademais, podem ser usados os costumes para a
resolução do problema. Tal utilização não significa
simplesmente analisar o contexto da localidade, mas
considerar o que geralmente é feito quando tal questão é
suscitada. Em outras palavras, é refletir, num caso
semelhante – de não acordo quanto à questão em si – ,
qual seria a praxe. 
c) Benfeitorias: se se tratar de melhoramentos necessários,
há direito de indenização e de retenção (ficar com a coisa
até que a benfeitoria seja indenizada) para o devedor de
boa-fé. Caso esteja ele de má-fé, mesmo assim terá direito
de indenização (apenas) pelo melhoramento essencial
acrescido ao bem enquanto esteve em sua posse (é o
único caso de indenização de um devedor de má-fé que
realizou benfeitorias). Se se tratar de uma benfeitoria útil,
para o devedor de boa-fé, a ele é assegurado o direito de
indenização. No caso de benfeitorias voluptuárias, ao
devedor de boa-fé só é assegurado o direito de levantar,
isto é, retirá-las, caso tal ato não deteriore a coisa a ser
restituída ou dada. 
Fazer: é uma ação positiva que não se configura como a de entrega de um bem.
Pode ser material ou física (atividade física do devedor) ou intelectual/artística,
caracterizada por uma atividade criativa do devedor. Pode, por que não, ser
jurídica, quando o devedor se compromete a declarar sua vontade ou celebrar um
negócio jurídico no futuro, como nas promessas de compra e venda. 
a) Fazer fungível: o contrato é feito com um devedor que
pode ser substituído, não feito em função de um indivíduo
específico. O importante é o serviço em si, e não quem o
faz. Qualquer devedor, na qualidade do anterior, pode
cumprir a obrigação. 
b) Fazer infungível (intuitu personae): o contrato é feito com
um devedor específico e insubstituível. É uma obrigação
personalíssima. O pagamento só se dá se o devedor
executar a obrigação por si próprio. 
Problemas: escolha de um médico para o procedimento cirúrgico. Trata-se de
obrigação fungível ou infungível?
Primeiramente, sabe-se que o contrato celebrado pode alterar
a natureza da obrigação. Um negócio jurídico pode tornar
fungível algo que, em princípio, infungível. Por isso, deve-se
sempre analisar casuisticamente. Na ocasião, questiona-se
acerca da possibilidade de o credor recusar um outro médico
e/ou olhar para a verdadeira preocupação do sujeito: é a
pessoa do médico ou o procedimento?
Há também problemas de ordem de qualidade e acessórios.
Não fazer: obrigações negativas. Uma omissão/abstenção. O cumprimento da
obrigação de não fazer está na constância ou sucessividade de abstenção da
ação determinada no negócio ou na lei. Não pode ferir a liberdade de iniciativa e
de trabalho do sujeito. As cláusulas devem conter especificidades de tempo,
matéria e espaço. Exemplo: cláusulas de exclusividade, obrigação de sigilo e
confidencialidade, não competição, não concorrência com o adquirente por 5 anos
(Art. 1.147/CC).
2.5. Obrigações pecuniárias 
Lei 10.192/2001: define que “as estipulações de pagamento de obrigações
pecuniárias exequíveis no território nacional deverão ser feitas em Real, por seu
valor nominal”. O pagamento mediante ouro e moeda estrangeira só pode ser feito
em algumas hipóteses, elencadas pelo Decreto-Lei 857/1969, como em contratos
e títulos referentes à importação ou exportação de mercadorias. 
Por isso, trata-se de uma prestação que consiste na entrega de dinheiro, que não
levanta problemas de qualidade, tampouco de acessórios. 
Problemas: 
a) Casos que envolvem correção monetária (valor que se
paga em razão da desvalorização da moeda corrente
dentro de um determinado período de tempo): podem as
partes convencionar?
Art. 2o da referida Lei: É admitida estipulação de correção monetária ou de
reajuste por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos
custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração
igual ou superior a um ano. 
Parágrafo 1o. É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção
monetária de periodicidade inferior a um ano. 
b) Casos de inflação ou deflação imprevistas, instabilidade
econômica major que corroa substancialmente o valor da
prestação. Utilizar o artigo 317/CC. 
c) Casos de moeda estrangeira/ouro: artigo 318. 
2.6. Obrigações alternativas 
Os dois ou mais objetos estão ligados pela partícula “ou” e o pagamento se dá
quando o devedor realizar apenasuma das obrigações descritas. A partir da
concentração, ou seja, do momento da comunicação da escolha da prestação, a
obrigação passa a ser uma obrigação simples. 
O Art. 252 é uma norma dispositiva, pois permite às partes estipularem quem
escolherá a prestação a ser executada. Normalmente, cabe ao devedor.
A partir do momento em que se escolheu a prestação, ela deve ser cumprida
integralmente, não podendo o devedor obrigar o credor a receber parte em uma
prestação e parte em outra.
Hipóteses de perda, por culpa ou sem culpa do devedor, estão elencadas no
Código Civil. 
2.7. Obrigações divisíveis e indivisíveis 
Há dois sentidos. 
A) Sentido objetivo: (in) divisibilidade quanto à prestação: (im) possibilidade de
se pagar parceladamente a prestação:
Exemplo: Entrega de 1 tonelada de soja ao credor. Pode a prestação ser entregue,
dentro do prazo estipulado, fracionada? 
A prestação pode ser dividida por conveniência das partes. Em
cada contrato, há de se estipular se a divisibilidade é uma
faculdade do credor, do devedor ou de ambos. Sabendo disso,
se a faculdade for apenas do devedor, ele resolverá a
obrigação. Caso decida entregar 1 tonelada em uma única
remessa e o credor, por sua vez, alegar impossibilidade de
receber tanta soja, entra este em mora. 
Artigo 314/CC. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não
pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se
assim não se ajustou. 
Por isso, em princípio, há indivisibilidade da prestação, que
pode ser modificada em contrato. A redação do artigo fala em
“indivisibilidade” no sentido natural, não no jurídico. Assim,
mesmo que seja possível o parcelamento físico, não há
possibilidade de divisão, salvo previsto contratualmente.
B) Sentido subjetivo: in (divisibilidade) quanto aos sujeitos: arts. 257 a 263.
Pluralidade de sujeitos nas obrigações divisíveis: a) se for
pluralidade de devedores, como no caso de 2 locatários, 1
locador e 2 dívidas, cada devedor só tem de pagar sua própria
quota no débito (aluguel de 1000 reais, o pagamento é dado
como executado de maneira individual, 500 reais). Há duas
relações jurídicas diferentes. A insolvência de um dos
codevedores não aumenta a quota do outro. O credor que
recusar o recebimento de sua quota, por pretender a solução
integral, pode ser constituído em mora; b) se for pluralidade de
credores, como no caso de 2 locadores e 1 locatário, cada
credor deve receber a sua quota de 500 reais. Se o devedor
solver integralmente a dívida a um só dos credores, não se
desobrigará com relação ao outro. 
Pluralidade de sujeitos nas obrigações indivisíveis: a) na
pluralidade de devedores, como no caso de 1 locador, 2
locatários, 1 única dívida, cada devedor obriga-se pela dívida
toda, pois a prestação é exigível por inteiro (aluguel de 1000
reais, que pode ser cobrado para qualquer dos dois
devedores). É uma mesma relação jurídica, 1000 reais
oponíveis aos dois. Só haverá pagamento e extinção da
obrigação quando estiverem os 1000 reais na conta do
locador. Mesmo se um devedor pagar sua parte, não houve
pagamento da obrigação. A indivisibilidade nasce da natureza
do objeto, lei ou como no caso, por convenção das partes, que
fizeram uma locação conjunta; b) na pluralidade de credores,
em obrigação indivisível, como no caso de 2 locadores e 1
locatário, cada credor tem direito de reclamar a prestação por
inteiro (1000 reais) e o devedor desobriga-se pagando a um
ou a todos (no último caso, haverá caução de ratificação, que
torna eficaz a quitação), devendo o credor que recebeu o
dinheiro reembolsar o outro. 
Em alguns casos, como nos de indivisibilidade por natureza do objeto (ex: entrega
de um cavalo a 2 credores), é fácil o exercício de percepção. Mas, como no de
locação, torna-se uma questão de interpretação a definição do sentido da
divisibilidade. Dito isso, deve-se analisar a intenção das partes. É de tratar a
relação como totalmente independente ou de criar uma única relação obrigacional
apenas? Por exemplo, se o contrato de locação é feito no mesmo dia, com a
mesma documentação, com nomes conjuntos, há pelo menos um indício de que
as partes quiseram tratar a locação como uma única relação obrigacional apenas,
ou seja, uma obrigação indivisível.
2.8. Tempo do pagamento
Ocorrendo o vencimento normalmente, a dívida se qualifica como exigível.
Negando-se espontaneamente o devedor a prestar, surge a pretensão. Ela só
nasce com o inadimplemento da prestação. 
Quando se deve realizar a prestação? 
Se for obrigação sem prazo, ela é imediatamente exequível,
pois é desprovida de termo e condição. Art. 331. Salvo
disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época
para o pagamento, pode o credor exigi-la imediatamente. Na
verdade, só o fato de o devedor não cumprir uma prestação de
satisfação imediata não induz automaticamente à sua mora ou
ao inadimplemento. Deve haver interpelação ao devedor, a fim
de que seja instado a satisfazer o débito. Art. 397. Não
havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação
judicial ou extrajudicial. O professor Leandro afirma que a
regra do 331 deve ser estendida aos devedores que queiram
pagar de imediato. Afirma também que, se o devedor não
conseguir pagar no exato momento pedido pelo credor, entra
em mora. 
Mesmo não havendo termo, em alguns contratos, a partir dos
usos e da boa-fé objetiva, pode-se incidir um termo tácito. Às
vezes, como se depreende da segunda parte do artigo 134, a
própria natureza das coisas desafia a exigência imediata do
pagamento (transporte de mercadorias para local longíquo,
por exemplo). Art. 581. Se o comodato não tiver prazo
convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso
concedido. A lei tratou de estipular termos também (olhar
artigo 592, II, CC). 
Havendo previsão de termo contratual ou sujeitando-se a
obrigação a prazo, instala-se um limite ao exercício da
pretensão, que fica suspensa até o dia do vencimento.
Alcançado o tempo para o adimplemento, surge o poder de
exigir a prestação. Hipótese em que o vencimento coincide
com a exigibilidade. 
OBS: Nem sempre o descumprimento da obrigação no termo introduzirá o
devedor em moro. No caso em que a data ajustada para o vencimento for a única
em que o cumprimento objetivamente será apto a atender os interesses do credor,
o descumprimento remeterá ao inadimplemento absoluto, nos moldes do artigo
389, CC. 
Há casos de vencimento antecipado da dívida (Art. 333), que faculta ao credor o
exercício do direito de ação sem que isto lhe acarrete as sanções do artigo 939 do
CC (cobrança indevida). 
Hipóteses em que o crédito é realizável (pagável) antes de
vencido: possibilidade jurídica de o devedor realizar a
prestação. Com frequência, a exigibilidade e a realizabilidade
(pagabilidade) ocorrem no mesmo momento. Porém, o
pagamento pode ser legitimamente realizado pelo devedor
antes de vencido o débito. É o chamado cumprimento
antecipado, adimplemento antes do termo. Vulgarmente
falando, tal situação é considerada como uma renúncia ao
prazo pelo devedor. Em outras palavras, é a dívida que o
devedor já pode pagar e que, se recusado pelo credor, este é
colocado em mora. Exemplo: Banco recusa pagamento do
devedor, sob alegação de que não era tempo do pagamento:
entra em mora. Credor em mora não pode cobrar juros. 
O credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento, ou seja, antes de a
prestação se tornar exigível. Se não houver cláusula proibitiva, feita pelas partes,
o devedor poderá satisfazer a prestação prematuramente, haja vista a existência
de débito. Sendo a dívida realizável, eventual recusa ao recebimento sob
fundamento da existência de um prazo futuro será inconsistente,podendo mesmo
o credor ser constituído em mora.
Se o prazo for constituído em benefício do credor, será vedado ao devedor a
faculdade de pagar antecipadamente. Ele não pode fazê-lo, se o quiser, contra a
vontade do credor. A dívida não é realizável. Pode o credor exigir, no entanto, a
prestação, antecipadamente, sem incorrer nas sanções do artigo 939 do Código
Civil.
Se o prazo for constituído em benefício do devedor, ele pode realizar o pagamento
“quando quiser”, antes de se tornar exigível (pois ainda não é), entrando em mora
o credor que recusar. 
Se o prazo for constituído em benefício de ambos, conclui-se que a dívida não é
pagável, nem exigível.
Art. 133/CC. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro e, nos
contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do
instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do
credor, ou de ambos contratantes.
Portanto, a regra é que se interprete o prazo em favor do devedor, o que não
exclui a possibilidade das outras hipóteses, estipuladas contratualmente. 
2.9. Pagamento por terceiro, assunção de dívida e sub-rogação 
Pagamento por terceiro não interessado: estranho à relação obrigacional e imune
aos efeitos do inadimplemento pelo devedor (diferentemente do terceiro
interessado, como o fiador, avalista etc.). O terceiro não interessado é legitimado a
pagar, em 2 formas:
a) O terceiro pode pagar por conta e em nome do devedor
(art. 304, parágrafo único). Verdadeira doação
incondicional, extinguindo-se a dívida, sem que surja nova
obrigação entre o terceiro e o devedor e sem que o terceiro
solvente tenha direito a reembolso. O credor não poderá
recusar o pagamento, sob pena de entrar em mora. Mesmo
com a recusa do devedor, nada impede que o credor,
mesmo assim, aceite o pagamento realizado pelo terceiro
não interessado. Se não aceitar, o credor, mesmo assim,
não se encontrará em mora frente ao devedor, diante do
respeito à vontade deste. 
b) O terceiro pode pagar em nome próprio (Art. 305/CC). Terá
direito a reembolso. Não haverá sub-rogação legal
(substituição do sujeito da obrigação, sem extingui-la), pois
inexiste vínculo entre o solvente e o devedor. Nesse caso,
o terceiro não vai incorporar a qualidade creditória e os
privilégios e garantias do credor originário. Não poderá
constranger o credor ao recebimento, pois não se trata de
pagamento do devedor, de terceiro interessado, nem ao
menos de pagamento em nome do devedor. 
OBS: Casos em que o terceiro não interessado paga em seu próprio nome e sub-
roga-se na posição do antigo credor: a) sub-rogação convencional, ou seja,
quando o credor original expressamente transferi-lhe as suas garantias contra o
devedor (347, I, CC); e b) quando fizer pagamento da dívida pertencente ao
devedor fiduciante, perante o credor fiduciário (1.368). 
Ressalva importante: se se tratar de obrigação infungível, não há pagamento por
terceiro.
Assunção de dívida: quando um terceiro, estranho à relação obrigacional, nela
ingressa, assumindo a posição do devedor originário, com a anuência do credor.
Não há exclusão da obrigação preexistente. Art. 299. Existem duas espécies:
a) Assunção liberatória: 299/CC. Transmissão da obrigação
que libera o devedor originário. O devedor fica exonerado
com o ingresso do assuntor. 
b) Assunção cumulativa: o novo devedor assume o débito
conjuntamente ao devedor primitivo, sem substituição no
polo passivo, mas uma ampliação deste (obrigação
indivisível). Não se cria um regime de solidariedade
automaticamente. 
Enquanto no pagamento por terceiro há a liquidação da dívida (o seu pagamento),
na assunção de dívida, ela perdura. A maior diferença é que a recusa do credor,
em face do segundo caso, não o constitui em mora, diferentemente do pagamento
por terceiro em nome do devedor (Com o consentimento deste).
2.10. Pagamento, legitimação para receber (com um e vários credores) e
cessão de crédito 
Legitimação para receber: A pessoalidade e identidade do credor são essenciais.
O accipiens normalmente será o credor. 
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente,
sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu
proveito. 
Credor originário: participa da própria gênese da relação obrigacional. Havendo
pluralidade de credores, em obrigação divisível, prega-se pelo fracionamento da
prestação (900 reais para 3 credores, 300 para cada, ex.). Sendo a prestação
indivisível, caberá ao solvente o cumprimento a todos os credores conjuntamente,
exceto se receber caução de ratificação por parte daquele a quem destine
isoladamente o pagamento. No mais, apesar de divisível a prestação, se os vários
credores forem solidários, a correta extinção da obrigação demandará o
pagamento integral do débito a qualquer um daqueles, 268, CC. 
Credor derivado: herdeiro e legatário; cessionário e sub-rogado, que assumiram o
lugar do credor originário em virtude de negócio jurídico ou morte, autorizados,
portanto, ao recebimento do pagamento por parte do devedor. 
OBS: penhorabilidade dos direitos do credor contra seus devedores, desde que
tenham caráter patrimonial e possam ser transferidos independentemente do
consentimento de terceiro. Ou seja, às vezes o pagamento não se faz diretamente
ao credor. Outro exemplo é o pagamento feito ao representante (legal, judicial,
convencional) do credor, que também enseja o efeito liberatório. 
Credor putativo: Art. 309/CC. É a pessoa que, estando na posse do título
obrigacional, passa aos olhos de todos como sendo a verdadeira titular do crédito.
O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é considerado válido. 
Em geral, é reputado como ineficaz perante o verdadeiro credor o pagamento feito
ao accipiens que não seja verdadeiramente credor ou careca de qualidade de
representante. O devedor desatento é negligente terá de pagar novamente.
Segundo o artigo 308, em duas hipóteses o devedor se exonera: a) caso o
pagamento seja posteriormente ratificado; e b) quando o solvente demonstrar que
o pagamento reverteu em proveito do verdadeiro credor, apesar de ter sido
realizado em prol de outra pessoa. Ex: cônjuge do credor. 
Cessão de crédito: sem a necessidade de consentimento do devedor, há uma
cessão de crédito total ou parcial, por parte do credor. A empresta 100 reais para
B, por um prazo de 10 dias. Faltando 5 dias para o adimplemento, A (cedente)
cede seu crédito para C (cessionário) por um valor de 85 reais. O devedor (B), que
é o cedido, acaba sendo um terceiro em relação à cessão, porém a eficácia do
negócio obrigacional em relação a ele requer notificação pessoal (por A ou por C),
por via judicial, extrajudicial ou presumida (quando B se declarar ciente da cessão
em instrumento público ou particular). A cessão de crédito pode ser um negócio
jurídico unilateral, quando feita por via testamentária. 
Art. 287. A cessão de crédito implica tão somente substituição subjetiva no polo
ativo da obrigação, pois seu objeto remanesce intacto, abrangendo ainda todos os
seus acessórios, como juros e cláusula penal. 
Só não pode haver a cessão nas hipóteses de proibição legal (direitos
extrapatrimoniais, como os de personalidade, ou de natureza intuitu personae,
como o direito de alimentos) ou de acordo das partes nesse sentido. Na ausência
de cláusula que a obrigue, não há a necessidade de anuência. 
O ônus da prova da notificação da cessão cabe ao devedor, já que quem corre o
risco é ele de entregar o crédito equivocadamente. Se não houver comunicação e
o devedor entregar ao credor original, não poderá ser cobrado novamente sobre
esse crédito. O cessionário deverá exigir o crédito do cedente e não do devedor.
Ao comprar o crédito, o cessionário adquire também todos os riscos de não
pagamento da obrigação. Art.293. Atos conservatóriosdo direito do cessionário. 
OBS: Penhora. O artigo 298 veda que a cessão aconteça com crédito penhorado.
Se o devedor pagar sem saber que houve a penhora, fica exonerado, pelo
princípio da boa-fé. Se pagar mesmo sabendo da penhora, ficará obrigado a pagar
novamente. 
Art. 293. Devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem
como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha
contra o cedente. 
2.11. Prova do pagamento
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada.
Evidência de que o pagamento é um direito subjetivo do devedor ou do terceiro
que paga, e não simplesmente um dever. Quitação é o meio mais robusto de
prova do adimplemento. Quitar é “deixar tranquilo”. O credor é quem porta a
quitação. Recibo é um instrumento de declaração da quitação. 
Além de provocar a retenção do pagamento como garantia do devedor, a recusa à
quitação induz o credor à mora (394, CC) é propícia ao devedor o nascimento da
pretensão da consignação em pagamento, pois a falta de quitação equivale à
própria recusa injustificada de receber a prestação (335, I). 
Quem, usualmente, tem o ônus da prova, é o devedor. Ele deve provar que
adimpliu a obrigação, sendo necessário o recibo de quitação para tal. 
2.12. Imputação de pagamento
Há duas ou mais obrigações para com um mesmo credor. Os requisitos são: a) os
débitos devem ser da mesma natureza, relativos a coisas fungíveis entre si (várias
dívidas em dinheiro, por exemplo); b) identidade de credor e devedor quanto às
dívidas; c) obrigações líquidas e vencidas (se apenas uma delas for exigível e a
outra não houver alcançado o seu vencimento, o pagamento se dirige à primeira
necessariamente. IMPORTANTE: caso a imputação seja realizada pelo devedor e
o prazo instituído em seu favor, nada impede que renuncie ao termo da dívida
vincenda, optando por imputar o pagamento nela, em detrimento daquela que já
venceu).
a) Imputação pelo devedor: havendo resistência do credor em
relação à imputação do pagamento, poderá o devedor
consignar em pagamento, posto caracterizada a mora do
credor. Art. 352. 
b) Imputação pelo credor;
c) Imputação por determinação legal.
3. Inadimplemento
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do
devedor. 
Simplesmente o não pagamento (descumprimento) pelo devedor, que deixou de
adimplir a obrigação outrora contraída por vontade e convenção ou imposição
legal.
Antes, vale ressaltar as modalidades de adimplemento:
a) Adimplemento propriamente dito: devedor coloca fim à
obrigação através de seu integral cumprimento em face do
credor;
b) Adimplemento defeituoso: adimplemento “ruim”, em sede
de obrigações positivas. Não deixa de ser uma espécie de
Inadimplemento, visto que o devedor faz ou dá algo com
características insuficientes para a caracterização do
pagamento. Juridicamente, não apresenta diferenças de
tratamento em relação ao inadimplemento propriamente
dito. Ocorre o cumprimento imperfeito, por exemplo,
quando o vendedor entrega ao comprador os cavalos
avençados, no entanto, por se encontrarem doentes,
contaminam outros cavalos de propriedade do comprador,
gerando-lhe prejuízos; também ocorre quando o
mandatário, incumbido contratualmente de locar um
estabelecimento comercial para o mandante, realiza o
contrato de locação com terceiro nos termos do contrato de
mandato realizado, salvo com relação aos juros de mora,
que estipula de modo mais oneroso ao mandante.
OBS: Tanto o inadimplemento, quanto o adimplemento defeituoso, são diferentes
de inadimplemento parcial, parte pagamento, parte não pagamento. 
3.1. Modalidades de Inadimplemento: absoluto e relativo
Critério: existência de utilidade remanescente para o credor da obrigação. 
A) Inadimplemento absoluto: resulta da completa impossibilidade de
cumprimento da obrigação. A obrigação não foi cumprida e nem poderá ser.
O devedor terá o dever de indenizar os prejuízos acusados: perdas e danos
(Art. 389/CC). Inadimplemento absoluto total ocorre quando a obrigação é
completamente descumprido, em toda sua extensão, enquanto o parcial
tem lugar quando a prestação é entregue apenas em uma de suas partes,
falhando quanto ao restante. 
Dá-se por duas causas geradoras: 
 Por fato relativo ao objeto da prestação: perecimento ou deteriorização da
coisa.
 Por fato relativo ao interesse do credor: ausência do credor em receber a
prestação, pois a mora fez com que ela se tornasse inútil. Atraso que pode
se equiparar com descumprimento definitivo, marcado pela perda da
viabilidade da prestação, completa perda da necessidade e utilidade da
coisa em face do descumprimento. Exemplo do casamento: entrega do
vestido de noiva um dia após a data marcada para o evento. O
Inadimplemento absoluto é captado pelos olhos do credor. Há um termo
essencial, pois a data convencionada é fatal e não admite prorrogação, sob
pena de perda de interesse é seguida conversão em indenização. Nos
casos de obrigações negativas, todos os descumprimentos são
inadimplementos absolutos. Não se fala em absoluto, todavia, em
obrigação pecuniária (dinheiro), só nos casos que envolvam entrega ou
devolução de bens específicos que se encontram na posse ou propriedade
do devedor. A característica marcante é a recusabilidade da prestação. Art.
395. Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao
credor, este poderá enjeitá-la, e exigir satisfação das perdas e danos. A
recusabilidade pelo credor não o constitui em mora. Vale lembrar que a
causa da perda de utilidade precisa ser necessariamente o atraso do
devedor em realizar a prestação. Segundo o Professor Leandro, se do
atraso resultou a perda de valor para o credor, já pode ser suficiente a
caracterização da inutilidade para o sujeito.
B) Inadimplemento relativo: “MORA”: sanção pelo descumprimento de uma
obrigação que ainda é possível, pois, apesar de ainda não ser realizada, há
viabilidade, aos olhos do credor, de adimplemento posterior. A mora pode
também ser de caráter total ou parcial. Na mora, o prazo avençado pelas
partes é um termo acidental, isto é, ultrapassado a data de pagamento,
ainda será possível cumprir a obrigação, pois a mora poderá ser purgada.
Não há recusabilidade da prestação. A obrigação remanesce proveitosa ao
credor, diferentemente do Inadimplemento absoluto, marcado pela perda
total de utilidade da prestação. 
Recusabilidade da prestação e Resolução de contrato por inadimplemento:
Duas coisas semelhantes, mas importante se faz a distinção. Resolução do
contrato por inadimplemento significa a sua extinção. Ocasionalmente, o
inadimplemento pode ter o efeito de extingui-lo, sobretudo quando há cláusulas
que conferem este poder quando a prestação estrapola o termo da obrigação. Não
há que se falar em mora, pois a obrigação foi resolvida, não existindo mais credor,
não existe exigibilidade, diferentemente do caso de Recusabilidade da Prestação
(característica formadora do inadimplemento absoluto), que ainda subsiste
obrigação. Neste caso, há credor, dotado de exigibilidade. Ele pode, no entanto,
recusar a prestação sem constituir em mora. O devedor não pode impor nada. 
Inadimplemento de deveres secundários (acessórios)
Obrigação principal é aquela que tem existência autônoma, ou seja, per si,
enquanto a obrigação acessória é aquela que tem a sua existência de validade
dependente de uma principal. Não se pode olvidar que o dever secundário não
precisa ser previsto expressamente, podendo ser decorrente da boa-fé, que
norteia as relações jurídicas. 
Ex: Contratação de cirurgião plástico para uma lipo. Dever principal: Cirurgia
propriamente dita. Dever secundário: Sigilo, estabelecido em contrato. Deveresacessórios não cumpridos, há inadimplemento logicamente. A novidade é que,
dependendo das circunstâncias, o inadimplemento de um dever secundários pode
ter consequências na obrigação principal. Pode levar ao inadimplemento absoluto
(recusabilidade da prestação) ou até resolução de contrato por inadimplemento. 
Ex: contrato de 1 ano com academia; Empregado tira fotos da pessoa malhando.
DESCUMPRIMENTO de dever acessório. Além disso, o credor não tem mais que
aceitar o serviço de 1 ano. Há recusabilidade da prestação. Obrigação principal:
academia deve disponibilizar os equipamentos e prestar o serviço de orientação. 
Ex: Ryan Lotche – patrocinadores desfizeram os contratos. Fundamento da
rescisão é o descumprimento de uma obrigação acessória que seriam bons
comportamentos e boa reputação. PRINCIPAL seria usar os produtos da marca. 
3.2. Responsabilidade patrimonial: conceito
Responsabilidade comum
De solidariedade e subsidiariedade: Nas obrigações solidárias, a doutrina entende
que, nesta classe, concorrem vários credores, vários devedores ou vários
credores e devedores ao mesmo tempo, sendo que cada credor terá o direito de
exigir e cada devedor terá o dever de prestar, inteiramente, o objeto da prestação.
Existe, assim sendo, solidariedade, “quando, na mesma relação jurídica
obrigacional, concorre pluralidade de credores e ou de devedores, cada credor
com direito e cada devedor obrigado à dívida toda, in solidum”.
Ex. A, B e C são codevedores da obrigação de dar quantia correspondente a 90
reais para D, sendo 30,00 a quota de cada. No entanto, a responsabilidade se
expande ao ponto de cada um vincular o seu patrimônio pelos integrais 90,00. 
Nas obrigações simples (Não solidárias) prevalece a indivisibilidade. 
A) Pluralidade subjetiva: se for de credores, solidariedade ativa, cada um com
direito ao total do débito. Se for de devedores, solidariedade passiva. Se for
pluralidade nos dois polos, embora haja silêncio do Codex quanto à
questão, solidariedade mista. 
B) Unidade objetiva: na solidariedade, há apenas uma relação de direito
material conectando credores e devedores. Não há diversidade de vínculos
Obrigacionais, mas tão somente um único elo que implica na exigência do
adimplemento pela integridade. 
O pagamento pode ser realizado por qualquer devedor (ou receber por qualquer
credor), extinguindo, assim, a obrigação. Cada devedor responde pelo débito
integral e cada credor pode exigi-lo no todo. O credor não se contenta com o
pagamento parcial. 
Art. 266. Possibilidade da solidariedade com diversidade entre o conteúdo das
prestações atribuíveis aos obrigados solidários. Ela prevalecerá mesmo que a
obrigação tenha objetos distintos, como uma prestação de dar é outra de fazer. A
execução por um devedor solidário extingue a obrigação do outro.
C) Só se manifesta nas relações externas. Qualquer credor exige o pagamento
de qualquer devedor no todo, como se fosse o único existente. Nas
relações internas, há apenas o benefício da divisão.
Lembrar que mesmo que as quotas-partes dos devedores sejam diferentes,
qualquer um deles deverá pagar a integralidade do débito em favor do credor para
fins de solução do vínculo obrigacional. Posteriormente, o regresso se verificará
por valores distintos, 283/CC. No plano das relações internas, pode ocorrer que o
devedor que pagou a integralidade do débito não tenha possibilidade de regresso,
ou, por outro lado.
D) A solidariedade não é presumida, sendo resultante da lei (Princípio ou
Norma) ou da vontade das partes. Nada impede que ela nasça em
momento posterior ao da constituição da relação obrigacional. 
Solidariedade Indivisibilidade 
O credor pode exigir de um só dos
devedores o pagamento total do objeto
devido.
O credor pode exigir de um S;o dos
devedores o pagamento total do objeto
devido.
O devedor é responsável por toda a
prestação pelo princípio de solidariedade
nela contido.
O devedor só deve a sua quota-parte da
prestação, mas deve pagá-la por inteiro
pela indivisibilidade (material ou jurídica)
do objeto.
Em caso de conversão de prestação
solidária em perdas e danos, ela
permanecerá solidária.
Em caso de conversão de prestação
indivisível em perdas e danos, ela passa a
ser divisível.
Por ser criada pela lei ou pela vontade das
partes, a unidade do objeto das
obrigações solidárias é subjetiva. 
A indivisibilidade é de natureza objetiva.
Só excepcionalmente é que se reputa a
solidariedade por convenção. 
No caso de morte do codevedores
solidário (cocredor também), não se cobra
dos seus herdeiros solidariamente, há
divisão da quota do falecido entre eles.
Mantém-se a solidariedade se o credor
acionar o espólio. 
Óbito de um cocredor/codevedores nada
altera a obrigação indivisível. A morte não
altera a natureza do objeto, por isso os
herdeiros podem ser cobrados na mesma
medida.
Estende-se aos juros moratórias, em razão
de seu caráter de acessoriedade.
Só os culpados pela imposição dos juros
serão responsabilizados perante o credor.
1. Solidariedade ativa: arts. 267 a 274/CC. Pluralidade de credores e unidade
de devedor..
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro. 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o
momento do que foi pago. 
Plano externo: qualquer credor pode demandar do devedor o pagamento integral.
Plano interno: direito de regresso em prol dos credores que não receberam o
pagamento.
O credor que recebeu a prestação integral pagará aos demais as suas cotas,
proporcionalmente. O fim do artigo 269 permite ao devedor que pague apenas
parcialmente a sua dívida. 
Ex. A, B e C são credores solidários de D. O débito é 90,00.
A recebe 60,00. Divindindo-se proporcionalmente, B e C têm direito a 20 reais. D
ainda está vinculado solidariamente pelo valor de 30,00 aos seus credores. 
Art. 272. O credor que tiver remidos a dívida ou recebido o pagamento responderá
aos outros pela parte que lhes caiba. 
Ex. A, B e C são credores solidários de D, na quantia de 120,00. A pode perdoar o
débito de D em sua integralidade, pois quem tem o direito de exigir o pagamento
integral pode também efetuar a remissão total do débito. Nesse caso, B e C
manterão suas pretensões individuais de 40,00: Não mais em face de D, pois
extinguiu-se a obrigação, mas contra o cocredor A, sob pena de caracterização de
fraude contra credores e consequente anulabilidade do negócio jurídico caso haja
impossibilidade de ressarcimento de B e C.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor às exceções
pessoais oponíveis aos outros.
Ex. Devedor comum A não pode se recusar ao pagamento ao credor B sob o
pretexto de anulabilidade resultante de suposta coação praticada pelo cocredor
solidário C. Mas, perante este, poderá agir livremente em razão da exceção
pessoal.
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os
demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção
pessoal ao credor que o obteve.
Ex. Pretensão levada a juízo por um dos credores for julgada improcedente no
mérito, a eficácia da sentença não repercute sobre os demais cocredores
solidários. Se procedente o pedido, só não irá beneficiar os cocredores se for um
caso em que o devedor tiver exceção pessoal contra um dos credores que não
participou do processo. 
A coisa julgada beneficiará terceiros.
2. Solidariedade passiva: arts. 275 a 285. Pluralidade de devedores e unidade
de credor.
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os
demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Ex. B, C e D são devedoressolidários do montante de 30,00 a A. Este pode cobrar
apenas 10,00 (se for divisão igual) de cada devedor ou 30,00 de um deles apenas.
Caso A inicialmente pretenda a prestação de B, o seu inadimplemento inescusável
não obstacularizará as sucessivas demandas em face de C e D, que permanecem
solidariamente devedores do remanescente.
O credor escolhe de quem cobrar, de um, alguns ou todos. É de sua
discricionariedade estipular a quantia a ser paga, seja ele proporcional ou não à
cota do devedor escolhido. Dado o pagamento parcial, ficam os demais devedores
exonerados até a concorrência da quantia paga, mantendo-se a solidariedade
sobre o valor restante.
Limite: boa-fé objetiva: abuso de direito (187/CC): o credor não poderá exercer
seu direito subjetivo de agir em face de qualquer credor, de maneira
desproporcional excessiva e caprichosa.
Art. 275. Parágrafo Único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura
de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Art. 277. Caso dos herdeiros.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um
dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes.
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente, mas pelas e
danos só responde o culpado. 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida. 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro
codevedor. 
Ex. O devedor solidário B irá se eximir do débito, invocando o vício de
consentimento da coação contra a pessoa do credor e ensejando a consequente
invalidade do negócio judicio. Entretanto, o codevedor C não se beneficiará e
deverá efetuar o pagamento integral. Mas pode B aduzir exceções comuns que se
referem ao objeto da prestação e aproveitam a C. 
Art.333. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver no débito,
solidariedade passiva, não se reputara vencido quanto aos outros devedores
solventes.
Ex. O fato de B ser insolvente não autoriza ao credor A exigir antecipadamente o
pagamento do devedor solidário C. Quanto a este, terá de esperar pelo momento
pactuado para o pagamento, isto é, quando o adimplemento se tornar exigível.
Importante: o direito de regresso dos codevedores solidários só pode ser exercido
na data de vencimento da obrigação, na medida em que a cobrança do credor se
tornasse exigível.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um
dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente,
se o houver, presumido-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou
de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores,
subsistirá a dos demais.
Ex. Nesse caso, ocorrerá um desmembramento da prestação. O devedor
exonerado será parte, então, de uma obrigação simples e os demais continuarão
vinculados solidariamente. Quando um dos devedores é exonerado, os outros
continuarão devendo a mesma quota-parte de antes, mas sua responsabilize
passa a ser menor, diminuído o valor da quota parte do exonerado.
OBS: na hipótese de perdão da dívida, a quota-parte do sujeito está quitada, mas
ele continua responsável pelo restante da prestação. 
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os
exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbida
ao insolvente.
Ex. Se acontecer de um devedor ser insolvente, a sua quota será repartida entre
os outros devedores. Se uma das partes pagar por toda a obrigação e não
conseguir receber de outra parte por insolvência, ele poderá cobrar a quota
dividida do insolvente inclusive daquele devedor já exonerado. 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores,
responderá este por toda ela para com aquele que pagar. 
Ex. Dispositivo que se refere ao fiador, que se responsabiliza pelo débito do
afiançado na condição de garantidor, tornando-se ocasionalmente responsável
solidário na obrigação de pagar, em face de caução pessoal que prestou. 
Subsidiariedade: A responsabilidade do fiador, em princípio, é subsidiária. Ele
conta com o benefício de ordem ou de excussão, detendo a prerrogativa de exigir
pela via da exceção, caso demandado, que primeiro sejam executidos os bens do
devedor (Art. 827, CC). Não subsistirá o benefício de ordem quando ele se
declarar devedor solidário (828, II). Se, nesta última hipótese, tendo pago o débito,
o regresso contra o afiançado não respeitará a proporcionalidade do artigo 283.
Será exigido tudo que foi gasto pelo fiado Na responsabilidade solidária não há
ordem de preferência entre os responsáveis, podendo ser acionado um ou todos
os envolvidos. Outro ponto importante, é que a responsabilidade solidária não
pode ser presumida, ela deriva, necessariamente, de lei ou contrato. Exemplo
clássico da responsabilidade solidária é aquela que surge quando tratamos de
grupo econômico, onde qualquer empresa do grupo responde ao mesmo tempo
pelos direitos trabalhistas dos empregados de outra (artigo 2°, § 2, da CLT).
Por seu turno, na responsabilidade subsidiária deve ser respeitada a ordem de
preferência entre os responsáveis, ou seja, primeiro se cobra o devedor principal
e, no caso de inadimplemento deste, cobra-se os devedores subsidiários. Exemplo
clássico é a responsabilidade nos contratos de subempreitada (art. 455 da CLT) e
na terceirização (Súmula 331, IV do TST). Pode-se dizer que responsabilidade
subsidiária é assunção legal de uma obrigação de maneira acessória, dependente,
não principal. Isso quer dizer que alguém não é o principal responsável por
determinada obrigação, somente sendo chamado a cumpri-la se o responsável
direto deixar de fazê-lo. É uma expressão muito usada na Justiça Trabalhista
quando um empregado é contratado por uma empresa intermediária para prestar
serviço a outra: se a empresa que contratou o empregado (intermediária) não o
paga, aquela onde ele presta o serviço terá a responsabilidade subsidiária de
pagá-lo. No caso do aval, a responsabilidade é solidária, ou seja, o credor pode
chamar a pagar tanto o devedor principal como o garantidor, sendo desnecessário
chamar primeiro o devedor principal para depois acionar o garantidor. No popular,
a responsabilidade subsidiária seria esclarecida no seguinte diálogo: "pode fazer o
negócio com ele, pois se ele não pagar eu pago...". Veja-se que, primeiro, serão
esgotadas as ações para receber do devedor principal, para depois se cobrar do
garantidor. Na responsabilidade solidária, não há benefício de ordem, pois inicia-
se a cobrança naquele que o credor achar conveniente, ou que tiver melhores
condições para pagar.
Preferências creditórias: O privilégio é uma vantagem que a qualidade do crédito
dá a um credor para ser preferido diante dos outros credores. Existem privilégios
de causa e de pessoas. Frente ao inadimplemento, deve o patrimônio do devedor
ser colocado em jogo, a fim de resguardar os interesses do credor. Logo, se o
patrimônio do devedor for menor que o valor das dívidas, será declarado a sua
insolvência, e com isso haverá o concurso de credores (denominação utilizada
pelo CC 1916, hoje artigo 955/CC), onde será feita a correta divisão dos bens do
devedor entre eles.
Credores comuns: são aqueles que não têm crédito privilegiado ou real, assim
todos concorreram igualmente, na proporção de seu crédito, ao direito receber do
devedor a prestação devida.No entanto se algum deles possuir título legal à
preferência terá o direito de ser pago preferencialmente, e só depois de satisfeito o
crédito deste é que serão pagos os outros credores. Quando todos os credores
forem iguais, sem privilégios, vantagens ou preferências, a divisão será
proporcional ao crédito de cada um. Artigo 957.
Títulos legais de preferência: São aqueles títulos que a lei dá uma vantagem ao
credor pela natureza creditória, para reaver o bem e para preferir o credor no
recebimento do crédito. Esses títulos são os privilégios pessoais, especiais, gerais
e reais de garantia de coisa alheia. O privilégio será o direito pessoal de
preferência de o credor receber em primeiro lugar, já o privilégio geral refere-se a
todos os bens do devedor e o privilégio especial refere-se só a certos bens do
devedor, sendo que todos estes decorrem de lei.
A) Créditos alimentícios: são os salários, créditos trabalhistas, pensão
alimentícia, etc. Os empregados e dependentes do devedor insolvente
recebem em primeiríssimo lugar, essa qualidade de crédito tem preferência
diante de qualquer outro crédito. Súmula 144 do STJ. 
B) Créditos tributários: Depois de sanados os créditos alimentícios, devem ser
pagos as dívidas tributárias do insolvente, ou seja, os impostos e taxas
devidos pelo insolvente; satisfeito o poder público, sobrando dinheiro,
pagam-se os credores de créditos com garantia real. Artigo 186 do CTN.
C) Direitos Reais: o titular de um direito real dispõe sobre a coisa um título
legal que o dá a condição de credor real, e assim, preferencial. Somente os
direitos reais de garantia sobre coisa alheia, como penhor, hipoteca,
anticrese, caução de título de crédito, é que são títulos legais de
preferência.
D) Crédito privilegiado especial (Art. 964): O privilégio especial será para
credores de custas e despesas judiciais feitas com a arrecadação e
liquidação sobre a coisa arrecadada e liquidada, de despesas de
salvamento sobre a coisa salvada, de benfeitorias necessárias ou úteis
sobre o bem beneficiado por elas, de materiais, dinheiro ou serviços de
edificação, reconstrução ou melhoramento de prédios, sejam rústicos ou
urbanos, de sementes, instrumentos e serviços à cultura ou à colheita sobre
os frutos agrícolas, de aluguéis sobre as alfaias e utensílios de uso
domésticos nos prédios rústicos ou urbanos, de direitos autorais sobre os
exemplares da obra existente na massa do editor, de dívida salarial sendo
trabalhador agrícola, sobre o produto da colheita para a qual utilizou de seu
trabalho. Esses credores terão preferência sobre os privilégios gerais ou
quirografários.
E) Crédito privilegiado geral (965/CC): O crédito privilegiado geral (pessoal)
terá preferência em relação ao crédito geral (pessoal) simples. Esse tipo de
crédito recai sobre coisa determinada, tendo preferência sobre o crédito
com privilégio geral que decorre de dívida, que por sua vez será
preferencial aos créditos quirografários.
3.3. Tempo do inadimplemento e inadimplemento antecipado: é o
momento em que o devedor se torna inadimplente na relação
obrigacional. 
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo,
constitui de pleno direito em mora o devedor.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação
judicial ou extrajudicial.
Ou seja, nas dívidas sujeitas a termo (evento futuro e certo, determinável ou não,
em regra, o credor diz ao devedor quando quer a prestação), a eficácia em
questão é a da exigibilidade da dívida. A mora é condicionada ao termo, não
necessitando de interpelação do credor para a sua constituição. GRANDE
EXCEÇÃO aceita pela doutrina: Inadimplemento antecipado. Dá-se quando há
indícios claros de que o devedor não cumprirá com a obrigação na data prevista.
Caracteriza-se o inadimplemento mesmo se estipulado um termo e, além disso,
não tê-lo atingido. 
Nas obrigações não sujeitas a termo, salvo regra especial, a dívida é pagável e
exigível de imediato, e a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial. A exceção fica por conta dos atos ilícitos. Conforme o artigo 398/CC,
“nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora,
desde que o praticou”. Ex: pagamento de multa referente à homicídio, injúria etc.
Lembrando que se há ação penal, deve-se esperar para haver a ação civil.
OBS.: Prescrição (art. 189): o prazo passa a correr com a exigibilidade. Em caso
de termo, começa a correr com o advento deste. Ocorrida a prescrição, extingue-
se a pretensão, não desaparecendo a dívida (agora inexigível, porém pagável),
em que esta pode ser saldada pelo pagamento espontâneo. Diferença entre o
pagamento indevido e do pagamento de dívida prescrita.
Prazo (art. 205 e 206): 10 anos, com inúmeras exceções (em legislações
especiais).
• Contagem do prazo: causas de impedimento, suspensão e interrupção.
- Impedimento: também são causas de impedimento, depende do estágio. No
impedimento o prazo não começa a correr.
- Suspensão: prazo voltará a correr do ponto em que parou. Ex.: contra incapazes
(art. 198 inciso I); Casamento (dívida entre os cônjuges é suspensa e o prazo de
prescrição volta a contar com o divórcio).
- Interrupção: art. 202 CC. Parágrafo único. “A prescrição interrompida recomeça a
correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a
interromper.” O prazo recomeça do 0.
3.4. Consequências do inadimplemento: indenização, cláusula penal,
arras, correção monetária, juros, honorários de advogado
Indenização: obrigação de indenizar
O pressuposto básico da obrigação é o prejuízo. O ilícito sem dano não é objeto
de reparação. O dano representa uma lesão em qualquer bem jurídico, seja ele
patrimonial ou extrapatrimonial. Nas obrigações, o dano equivale ao prejuízo
suportado por uma das partes, em virtude do descumprimento do dever especial
de prestar. O inadimplemento gera o dever de indenizar, sendo a reparação
completa por envolver todo o prejuízo experimentado pelo lesado, de forma a
reconstituir situação semelhante à que se encontraria antes da ofensa. É
necessário que o dano seja injusto (de fato e de direito). A indenização é
mensurada pela extensão deste, sendo que o juiz deve sempre ponderar pela
proporcionalidade e equidade. 
A indenização pelo inadimplemento pode resultar de 3 formas: 1) perdas e danos
fixados pelo magistrado; 2) juros moratórios determinados por lei; e 3) cláusula
penal e as arras, formas prévias de “reparação”.
Existem algumas hipóteses de haver “reparação” sem a existência de qualquer
dano real: o que faz com que o legislador fixe tetos para os valores das
reparações. Não se trata de indenizações, no fundo, mas de penas privadas. São
os casos da imposição de juros moratórios (Art. 407), Cláusula penal (416/CC) e
arras penitenciais, 420. 
Para o direito das obrigações, são relevantes os ilícitos relativos, ou seja, os casos
em que já existia relação especial entre os sujeitos anteriormente ao ato
(Inadimplemento). 
OBS: Caso fortuito e força maior:
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário,
cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
São condições alheias às vontades das partes impedem a realização do
pagamento, apesar do devedor ter tomado as precauções razoáveis/cabíveis para
o caso. Diferem-se dos casos de omissão do credor e, consequentemente, da
mora deste. Levanta a dificuldade de se estabelecer o que seria razoável para o
devedor garantir o pagamento em cada caso concreto.
Inadimplemento não imputável: o caso fortuitoé excludente de responsabilidade.
Aplica-se o artigo 393 a um devedor inadimplente, mas o devedor não arca com
as consequências, não é obrigado a indenizar. Se o atraso torna a prestação sem
utilidade para o credor, esta pode ser recusável (art. 395 § único).
ATENÇÃO: art. 393/CC: norma dispositiva: pode ser afastada pelo acordo das
vontades. Cláusula de responsabilidade objetiva: mesmo que o devedor tenha
feito de tudo para efetuar o pagamento e este não ocorre, ele deve indenizar o
credor.
ATENÇÃO (2): art.399/CC: O devedor em mora responde pela impossibilidade da
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior,
se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o
dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. 
Caso fortuito após a mora. Depois de já haver o inadimplemento, qualquer
eventualidade que impeça o pagamento não exclui responsabilidade do devedor.
Não se aplica a excludente do caso fortuito para o devedor que já está em mora.
Analisar segunda parte.
Ônus da prova: tema não contemplado expressamente pelo Código Civil. 
1) Quanto ao resultado: é do devedor. Em relação ao caso fortuito que exclui a
responsabilidade, é o devedor quem deve comprovar a relação entre o não
pagamento e o caso fortuito.
2) Quanto aos meios: é do credor. Provar se a obrigação foi ou não cumprida
pelo devedor.
Cláusula penal
Também chamada de pena convencional, é o pacto acessório pelo qual as partes
de um contrato fixam, de antemão, o valor das perdas e danos que por acaso se
verifiquem em consequências da inexecução culposa da obrigação. Seu objetivo
principal é estimular o cumprimento pontual da obrigação e não, primordialmente,
o pagamento da multa em si. 
Nunca pressuposta, deve sempre estar prevista. Pode dizer respeito à inexecução
completa da obrigação, de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora
(409). 
Fixam perdas e danos, conferindo maior segurança ao contrato, além de facilitar
as discussões entre as partes na hipótese de inadimplemento. Penalizam o
devedor inadimplente, o que estimula o cumprimento pontual da obrigação. 
Ex.: para cada dia de atraso o devedor pagará mil reais ao credor. Indenização x
multa: o valor daquela depende do dano (espera-se o inadimplemento acontecer e
observar o dano gerado para estabelecer o valor a ser indenizado), ao passo que
a multa pode ser estipulada anteriormente ao inadimplemento.
Requisito de aplicação: imputabilidade. Artigo 408. Incorre de pleno direito o
devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a
obrigação ou se constitua em mora. Ou seja, se há o inadimplemento e a multa
não é imputável, esta não é devida. Ex.: inadimplemento com caso fortuito. O caso
fortuito é excludente da multa, não apenas da indenização.
Espécies de cláusulas penais: 
1) Moratórias: as dívidas se acumulam (dívidas inadimplidas e dívidas de
multa). Ex.: o inquilino continua a ter de pagar o aluguel e a pagar a multa
pelo atraso do pagamento. (411/CC). Somadas ao cumprimento da
obrigação principal.
2) Compensatórias: dívida de multa que substitui a obrigação (410). Ex.:
rescisão de contrato de um jogador de futebol, em que o pagamento da
multa é a compensação da prestação dos pagamentos faltantes.
Alternativas ao cumprimento da obrigação principal, que não pode ser
cobrada junto a ela. É usada, geralmente, nas hipóteses de inadimplemento
absoluto do devedor, já que o cumprimento da obrigação não interessa
mais o credor, não fazendo sentido mais exigi-lo, que seria substituído,
então, pela disposição da cláusula penal. 
OBS: Acúmulo de multa e de indenização: art. 416. Não se pode alegar as duas
consequências ao mesmo tempo. Caso haja previsão de multa, o credor receberá
esta e não o dano, mesmo que o valor do dano seja maior que o valor da multa.
Com a cláusula penal ficam pré-definidas as consequências para o
inadimplemento, mesmo que gere danos maiores que o valor correspondente à
cláusula penal. OBS: pode-se convencionar o acúmulo de multa e de indenização
por danos pelo inadimplemento. 
Limite: Art. 412. Mesmo que seja fruto da vontade das partes, o código proíbe que
as cláusulas penais excedam o valor da obrigação principal. O valor que limita é o
da obrigação principal, não de uma possível prestação pecuniária acessória. Ex.
Um contrato de confidencialidade de 50.000 que estipula uma cláusula penal de
1mi. Tal valor (50k) corresponde apenas a uma obrigação acessória de pagamento
pelo serviço e não o da confidencialidade das informações em si. A excessividade
da cláusula penal poderá ser ajustada pelo juiz, caso haja pagamento parcial da
obrigação ou se o valor da multa for excessivo (413).
Arras ou sinal
Um dos contraentes adiantará determinado bem ao outro, com dois objetivos: 1)
garantir o cumprimento da obrigação principal ou 2) prefixação de perdas e danos
para o caso de desistência. Dinheiro ou bem móvel ao qual uma das partes do
contrato entrega à outra, de antemão, para assegurar a efetividade do negócio
jurídico. Pode ocorrer antes da assinatura do contrato ou mesmo já com o acordo
entre as partes. São confirmatórios (na dúvida) ou penitenciais.
Arts. 417, 418 e 419: Arras confirmatórios: reforço da execução de um futuro
contrato e princípio de pagamento, sem que admita o arrependimento, cabendo,
por isso, indenização suplementar, valendo as arras como taxa mínima. Popular
“entrada”.
417: Caso o contrato venha efetivamente ser executado, as arras serão restituídas
a quem as adiantou, mas, se a sua natureza for a mesma da obrigação principal,
basta abater o valor correspondente desta (início de pagamento). Ex: tanto a
obrigação principal quanto às arras são em dinheiro: basta computar o valor das
arras para que seja amortizado no total do débito. Se as arras consistirem em
coisa infungível, elas deverão ser restituídas a quem o adiantou. 
418: no caso de não cumprimento do contrato, a parte inocente pode: 1) se foi
quem recebeu as arras, retê-las sobre os valores como antecipação da
indenização pela infidelidade da outra parte; 2) se foi quem as pagou, além do
desfazimento do contrato, pode exigir a sua devolução, além do equivalente (ou
seja, o dobro), acrescido de atualização monetária, juros e honorários
advocatícios. 
419: As arras não servem como estimativa de perdas e danos. As arras são
delimitadas como mínimo, permitindo-se a sua cumulação com a integridade do
prejuízo. Pode a parte também exigir a execução do contrato, cumulando-se as
arras como mínimo indenizatório.
Art. 420: Arras penitenciais: quando estipuladas, garantem o direito de
arrependimento e possuem um condão unicamente indenizatório. Nas arras
penitenciais, exercido o direito de arrependimento, não haverá direito a
indenização suplementar.
Súmula 412/STF. No compromisso de compra e venda com cláusula de
arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em
dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior, a título de perdas e danos,
salvo os juros moratórios e os encargos do processo.
Professor Leandro: são punitivas, com função análoga à da cláusula penal. Devem
ser estipuladas como penitenciais. Aquele que der causa à frustração do contrato
(inadimplemento do contrato que ocorreu) ou que desiste de contratar sofrerá uma
penalidade, esta qual depende do caso. Se a desistência for de quem recebeu as
arras, devolve-se as arras em dobro, mas caso essa desistência seja do
contratante as arras se mantêm com quem a recebeu.
Não há que se falar em perdas e danos, já que o valor da desistência de uma das
partes já havia sido estipulado anteriormente. As arras penitenciais funcionam
como perdão pelo arrependimento do cumprimento de uma obrigação, ou seja,
são o valor devido pela desistência do negócio jurídico.

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