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117 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Unidade IV 7 TexTo 7.1 Montagem do texto Apresentamos agora algumas ideias para a montagem de um texto. Observe que são regras bem gerais, que, se levadas em conta, ajudam a construir textos corretamente: • Sempre inicie um texto na afirmativa. • Use os termos técnicos essenciais, ou seja, aquelas estruturas que não podem ser substituídas (significado entre parêntesis). • Não escreva o que você não diria. • Cuidado com expressões de valor absoluto e muito enfático, tais como certos adjetivos, superlativos e verbos. • Deve‑se ter uma especial atenção também com os termos coloquiais ou gírias, estes apenas podendo ser usados em casos muito especiais. • Cuidado com os gerúndios. • Faça o encadeamento dos leads de maneira harmoniosa com os parágrafos seguintes. • Quando um parágrafo não está conectado com o seguinte, ele se torna difícil de acompanhar e chato de ler. • Após terminar a redação do texto, faça uma leitura silenciosa de todo o texto, corrigindo‑o e fazendo as alterações necessárias. 7.2 Coerência textual Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, coerência significa “ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão, congruência, harmonia de uma coisa com o fim a que se destina”. Por essa definição, percebe‑se porque um texto deve ter coerência. Ela está ligada à organização de todo o texto. Pela coerência textual, podemos observar se o texto tem delimitado adequadamente suas três partes principais, o início, o meio e o fim. Além disso, um texto coerente guarda adequação entre a linguagem e o tipo de texto de que se trata. 118 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Para Andrade e Henriques (2004), os textos científicos e técnicos, escritos no âmbito acadêmico ou empresarial, primam pela coerência por meio das comprovações científicas, nas estatísticas, no relato de experiências etc. Nesse tipo de texto, o mais comum é que se retome o pensamento de uma outra pessoa e que contenha citações que comprovem esse pensamento. Ele é bastante explicativo e contém travessões, índices e exemplos. Nos textos informativos, a qualidade primeira exigida é a objetividade, a linguagem simples, que facilita a compreensão. A linguagem objetiva é eminentemente denotativa (que tem sentido claro), o que leva a maior coerência textual. Alguns tipos de textos que não precisam ser coerentes, ou pelo menos não tão coerentes, são os poéticos, que utilizam a linguagem figurada, livres associações de ideias e palavras conotativas, ou seja, nem sempre o significado das palavras é o significado real. Agora que vimos como deve ser um texto coerente, vamos observar como é um texto que não tem coerência. A não coerência acontece quando não há concatenação, ou seja, as palavras não se juntam numa sequência lógica, nem há argumentação que leve a provas e comprovação do que se está escrevendo. Textos incoerentes também não guardam semelhança com a realidade, são inverossímeis, não tem verossimilhança. Exemplos de falta de coerência no texto: 1. Semana passada, quando estive em Natal, no Rio Grande do Norte, nevava muito e eu não pude ir à praia. 2. As empresas madeireiras continuam derrubando muitas árvores, por isso a floresta consegue ainda sobreviver. 3. Todos chegaram quando o sabiá cantou, mas eu não vi o mico‑leão. 4. Muitas pessoas acreditam que o país não melhorou, mas a verdade é que o governo trouxe não muitas mudanças e com isso o país não melhorou em nada. 7.3 Clareza e ambiguidade Observe o que diz Andrade e Henriques (2004): a clareza é a expressão exata dos pensamentos. Muitas vezes, ao escrevermos, não colocamos claramente o que queremos dizer. O texto demonstra a confusão da cabeça de quem está escrevendo. Se a ideia não está clara, faltará clareza no texto. Fica um vaivém desnecessário, que não facilita em nada a leitura. Para ter clareza do que se vai escrever, é preciso refletir sobre o assunto que será tratado. Geralmente, consegue‑se isso na fase de planejamento do texto, como mostrado anteriormente. Um texto claro é aquele que evita a ambiguidade, a obscuridade de sentido das palavras ou formas de expressão etc. Também devem ser evitados o pedantismo e o esnobismo, que geralmente são conseguidos com palavras fora de uso corrente ou que ninguém conhece ou que apenas uma categoria profissional as conhece. 119 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Estilo claro significa uso de sintaxe correta e de vocabulário ao alcance do receptor. A clareza da linguagem obtém‑se com a simplicidade; por isso não se deve temer o uso de palavras simples e exatas para transmitir ideias, o que permite a compreensão rápida do que se pretende dizer com determinado texto. A língua possui algumas formas que transmitem ambiguidade, ou seja, têm duplo sentido e confunde a leitura. Quando um texto possui ambiguidade, oferece uma leitura trucada. O leitor precisa ir e voltar para compreender o que o autor pretende dizer. Por essa razão, vale a pena esforçar‑se por escrever com clareza. observação Um médico, afastando‑se do leito de uma dama enferma, diz a seu marido: “Não gosto da aparência dela”. “Também não gosto e já há muito tempo”, apressou‑se o marido em concordar (atribuída a Fischer). No exemplo citado, a ambiguidade ocorre na frase do médico que menciona um sentimento, e o marido entende outra situação. Veja mais este exemplo, mostrado por Pellegrini e Ferreira (1996, p. 116): Nós compramos o cartão do menino. Esta frase é ambígua, pois possibilita algumas interpretações: O menino nos vendeu um cartão. Compramos o cartão que estampava a figura do menino. Nós compramos o cartão feito pelo menino. É preciso evitar esse tipo de construção que leva à ambiguidade. A ambiguidade é um fenômeno comum da linguagem verbal. No texto escrito, por alguma razão sintática, semântica, sonora ou ligada ao contexto, pode ter duas ou mais significações. Quando usado com criatividade, enriquece o texto. A publicidade dá muitos exemplos disso. Quando não, pode comprometer a clareza do texto. Observe um exemplo ocorrido em 2005, anunciado pela marca de cremes dentais Sensodyne: uma atriz reclama de dentes sensíveis, e aparece um dentista, que explica que ela deve usar essa marca para resolver o problema. No final, aparece a atriz dizendo: Hoje, além do dentista, eu uso e recomendo Sensodyne! Ora, ficou bastante duvidoso o que é que ela usa, não acha? Acompanhe este divertido exemplo de ambiguidade, em que o autor brinca com o duplo sentido das palavras: 120 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Conto Erótico nº 1 — Assim? — É. Assim. — Mais depressa? — Não. Assim está bem. Um pouco mais para... — Assim? — Não, espere. — Você disse que... — Para o lado. Para o lado! — Querido... — Estava bem mas você... — Eu sei. Vamos recomeçar.Diga quando estiver bem. — Estava perfeito e você... — Desculpe. — Você se descontrolou e perdeu o... — Eu já pedi desculpa! — Está bem. Vamos tentar outra vez. Agora. — Assim? — Quase. Está quase! — Me diga como você quer. Oh, querido... — Um pouco mais para baixo. — Sim. — Agora para o lado. Rápido! — Amor, eu... — Para cima! Um pouquinho... — Assim? — Aí! Aí! — Está bom? — Sim. Oh, sim. Oh yes, sim. — Pronto. — Não. Continue. — Puxa, mas você... — Olhaí. Agora você... — Deixa ver... — Não, não. Mais para cima. — Aqui? — Mais. Agora para o lado. — Assim? — Para a esquerda. O lado esquerdo! — Aqui? — Isso! Agora coça. (VERÍSSIMO, 1978, p. 43 e 44.) 121 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Para manter a coerência e a clareza, observe as dicas de Andrade e Henriques (2004): • A simplicidade deve prevalecer sobre a linguagem rebuscada. Palavras cujo significado não seja familiar devem ser evitadas. – Ana Clara é uma excelente quiropedista (pedicuro). – Participamos de um jantar opíparo (farto, esplêndido). • Evitar palavras ou expressões vagas, como negócio, coisa, cara, veja bem, até porque etc. – A vida é um negócio sério. – Tacha é uma coisa pontuda. – “Essa coisa faz uma coisa...” (Clodovil). • Evitar o uso de palavras ou expressões ambíguas. – A especialidade da loja é vender cama para crianças de ferro. – Despediram‑se os empregados. – É proibido dirigir um carro ébrio. • Evitar pleonasmos (tautologia), repetição da mesma ideia. – Isto acontece com os velhos já idosos. – Família patriarcal em que o pai é o centro. – Parasita que vive às custas dos outros. Saiba mais O professor Pasquale Cipro Neto, autor de vários livros e apresentador de um programa sobre língua portuguesa na TV Cultura, dá várias dicas em <http://www2.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa>. Tautologia – repetição de ideias Na língua falada, até há permissão para se falar algumas dessas expressões que são qualificadas como tautológicas, embora fique bastante esquisito. Ao escrever, elas nunca devem ser usadas, pois repetem as ideias. Conheça uma lista de expressões que devem ser evitadas: 122 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Infraestrutura básica. Machismo masculino. Poder aquisitivo de adquirir bens. Elo de ligação. Certeza absoluta. Acabamento final. Quantia exata. Juntamente com. Expressamente proibido. Fato real. Encarar de frente. Multidão de pessoas. Amanhecer o dia. Criação nova. Retornar de novo. Empréstimo temporário. Sintomas indicativos. Há anos atrás. Outra alternativa. Detalhes minuciosos. A razão é porque. Anexo junto à carta. De sua livre escolha. Todos foram unânimes. Conviver junto. Escolha opcional. Planejar antecipadamente. A seu critério pessoal. 7.4 Coesão Para Pellegrini e Ferreira (1996), todo texto – literário, jornalístico, cinematográfico etc. –, se em prosa ou verso, se pretende ser claro, deve ser coeso. Um texto coeso é o que se apresenta bem concatenado em suas partes. Um texto coerente é o que se apresenta adequado e verossímil em suas informações. Toda redação deve primar pela clareza, objetividade, coerência e coesão. Coesão é o conjunto dos recursos linguísticos responsáveis pelas ligações que se estabelecem entre as partes de uma frase, entre as orações de um período ou entre os parágrafos de um texto. Coesão é a costura necessária para que as partes componham harmonicamente o todo (idem, p. 99). Ainda segundo as autoras, existem dois tipos de coesão, a referencial e a sequencial. 123 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Coesão referencial permite a recuperação dos termos do texto, evitando repetições. Os pronomes, os advérbios ou locuções adverbiais e os sinônimos são os recursos linguísticos mais usados para obter a coesão referencial. A coesão sequencial, como indica o próprio nome, é responsável pela ordem, sequência e continuidade do texto. Lembrete A coesão é que faz a amarração do texto, dando‑lhe sentido. É o que faz de um texto um texto, e não um amontoado de palavras sem sentido. 7.4.1 Conexão: conectivos ou conectores Além da constante referência entre palavras do texto, observa‑se na coesão a propriedade em unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto. A seguir, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados pelo sentido, baseado em Garcia (1977). • Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico). • Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente, agora, atualmente, hoje, frequentemente, constantemente, às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem. • Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como. • Condição, hipótese: se, caso, eventualmente. • Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda por cima, por outro lado, também, e, nem, não só... mas também, não só... como também, não apenas... como também, não só... bem como, com, ou (quando não for excludente). 124 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 • Dúvida: talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que. • Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza. • Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente. • Ilustração, esclarecimento: por exemplo, para ilustrar, para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás. • Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para. • Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este,esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a. • Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo. • Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho)... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista. • Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que. • Ideias alternativas: ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora. Vamos praticar a coesão unindo as duas frases a seguir em um só período, de forma a ficarem coesas e apresentarem coerência. A) Plínio recebeu a boa notícia e sentiu‑se comovido. Chegou a chorar. Poderia ser da seguinte forma: Plínio recebeu a boa notícia e sentiu‑se comovido, de fato chegou a chorar. Mais uma: 125 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 B) José me fez uma pergunta. Não prestei atenção. Eu estava pensando em outra coisa. Vajamos uma possibilidade: José me fez uma pergunta, no entanto não prestei atenção. Eu estava pensando em outra coisa. 7.5 expressão Para se expressar bem, é preciso, ainda, ter criatividade e originalidade. Aí você pode pensar: então, nunca vou conseguir, pois nem sempre sou criativo ou original. Nada disso! Escrever se aprende treinando, tentando, escrevendo, errando e acertando! Os elementos que serão estudados neste tópico são: • concisão; • correção; • criatividade; • propriedade. 7.5.1 Concisão A concisão diz respeito a escrever mais com menos palavras, transmitir muito dizendo o mínimo. O famoso “enrolar” não cabe nos bons textos. Os que estão escritos de forma correta não precisam de elementos para encher linhas apenas. Devem estar cravados de conteúdo correto e interessante, sem partes que não sejam estritamente necessárias. A concisão dispensa clichês, lugares‑comuns e chavões. Lembrete Concisão = escrever menos é mais. É muito frequente na produção de redações que algumas pessoas utilizem chavões, muletas, clichês, lugares‑comuns, ou o nome que você preferir, para dar ao texto um ar mais culto ou uma falsa segurança naquilo que se diz. Veja estes exemplos: “Temos o prazer de informar a todos os trabalhadores desta empresa que, em virtude das sucessivas defasagens salariais causadas por oscilações inflacionárias e por mudanças constantes nos rumos da economia nacional, a presidência oferece um substancial aumento salarial de 8% 126 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 nos quadros de todo o funcionalismo, que entrará em vigor a partir do próximo mês.” ]“Eu cheguei no local aí quando a moça me viu me chamou, aí eu olhei pra ela, aí eu respondi, mas ela não me entendeu bem, aí eu pedi desculpas e repeti, aí foi quando ela me explicou tudo.” “Fechar com chave de ouro.” “O diabo foge da cruz.” “Dar a volta por cima.” “Em alto e bom tom.” “Deixou a desejar.” observação Você conhece haikai? Poema japonês escrito com o mínimo de palavras, bem conciso. Luiz Alberto Machado, editor de poesias na internet, disponibiliza uma página com indicações de haikais em <http://www. sobresites.com/poesia/haikai.htm>. 7.5.2 Correção A correção que se busca em um texto diz respeito ao uso correto das normas gramaticais, ortografia e pontuação adequadas para atingirmos um texto bem‑escrito e sem erros. Para isso, deve‑se observar: • evitar gírias, termos estrangeiros, chavões e outros vícios de linguagem; • evitar abreviaturas; • grafar números por extenso; • pontuação adequada – cuidado com os parênteses; • ordem direta da frase – sujeito + predicado + complementos; • frases curtas, uma ideia de cada vez; • evitar períodos longos; • evitar repetição de ideias; 127 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 • muito cuidado com gerúndio, principalmente no início dos períodos; • a ordem das frases deve corresponder à ordem das ideias; • separar núcleos de ideias em parágrafos diferentes, observando a conexão entre eles e não pular linha para separar os parágrafos. 7.5.3 Criatividade Para conseguir isso, veja algumas dicas de Andrade e Henriques (2004): 1. Evitar o uso de chavões, lugares‑comuns. O que é clichê? Frase frequentemente rebuscada que se banaliza por ser muito repetida, transformando‑se em unidade linguística estereotipada, de fácil emprego pelo emissor e fácil compreensão pelo receptor; lugar‑comum, chavão (segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa). Quem utiliza esses chavões demonstra falta de criatividade. Conheça esta lista de lugares‑comuns e evite usá‑los em seus textos: Desde os tempos mais remotos... Hoje em dia esse assunto é muito debatido. A cada dia que passa. Eu não tenho palavras. Fazer das tripas coração. A nível de (nunca usar, essa construção é errada). A grosso modo. Encerrar com chave de ouro. Solução para este problema. Colocar os pingos nos is. Subir os degraus da glória. Sair com as mãos abanando. Com a voz embargada pela emoção. Fazer fé em. Da melhor maneira possível. Em todos os cantos do mundo. Pedra sobre pedra. Muita gente pensa que. Dos males o menor. Encher os bolsos. Agora ou nunca. Isto quer dizer que. 128 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Contorcendo‑se em dores. Uma vergonha. Chorando copiosamente. 2. Evitar os “clichês estilísticos”. Era uma cena dantesca. Nesta radiante manhã de sol. Neste momento solene. O acontecimento memorável. 3. Substituir os possessivos pelos pronomes pessoais correspondentes é elegante. O frio percorreu sua espinha. O frio percorreu‑lhe a espinha. Enchia minha alma aquela maravilha da criação. Enchia‑me a alma aquela maravilha da criação. 4. Trocar o termo “que” por oração reduzida. Tinha um comportamento que tendia à depressão. Tinha um comportamento tendente à depressão. 5. Evitar a repetição de termos ou expressões, como devido ao, devido à, que podem ser substituídas por: em virtude de, em razão de, em vista de, em face de, à vista de. Em lugar de muitas vezes, pode‑se empregar vezes e vezes, vezes sem conta, muitas das vezes, vezes muitas, muita vez. 7.5.4 Propriedade Segundo Andrade e Henriques (2004), escrever com propriedade é utilizar palavras e expressões adequadas ao assunto, evitando, portanto, a impropriedade vocabular. “A cachorra também é um ser humano” (A. R. Magri). O paralítico andava sobre a cadeira de rodas. A exuberante alta dos preços.O ser humano nasce cru. 129 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Vamos ordenhar os nossos pensamentos. O prazo dado para Saddam evacuar a área... 7.6 Componentes de um texto Uma redação comporta três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução serve para situar o leitor dentro do assunto a ser desenvolvido, não apresentando fatos ou razões, pois sua finalidade é predispor o espírito do leitor para o que vier a seguir. Desenvolvimento é o corpo do trabalho propriamente dito. Nele são apresentados os fatos, as ideias e as razões, exigidos pelo que foi anunciado na introdução. A conclusão ou fecho é o conjunto que encerra a redação, de tal modo que seja desnecessário aduzir‑se algo mais (ANDRADE; HENRIQUES, 2004). Vamos agora tratar das partes que compõem o desenvolvimento de um texto. Falaremos sobre plano de trabalho, organização e montagem de parágrafos nos diversos tipos de texto. 7.6.1 Plano de trabalho Ao escrevermos textos, a grande dificuldade consiste em sabermos o que e como colocar qualquer assunto nele. Para resolver isso, é preciso ter um plano de trabalho, que remete à organização de seu trabalho. Perguntas fundamentais a serem respondidas: • O que eu vou tratar? • Sob qual ponto de vista? • Tenho informações a respeito? • Para quem é esse texto? Quem é meu leitor? Pensando nesses elementos, é possível construir um pequeno roteiro para elaborar seu texto. Pense que você deve focá‑lo em alguns elementos principais, senão seu texto não chega ao fim nunca, uma vez que os assuntos são amplos e podem ser abordados a partir de diversos pontos de vista. Lembrete Neste planejamento, deve‑ser levar em conta: • O quê? 130 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 • Para quem? • Quando? • Qual o meio? • Por quê? O tempo investido em planejamento melhora o resultado geral do texto. 7.6.2 Organização No caso da organização, isso diz respeito a que o texto tenha uma introdução ao assunto, o desenvolvimento de suas ideias e um desfecho ou a conclusão. É importante também que seja claro, direto, objetivo e conciso. Em um primeiro momento, anote as ideias que forem aparecendo e depois faça uma seleção das que serão aproveitadas. Assim, a partir de ideias livres, de um brainstorming (tempestade de ideias), faça a seleção das melhores e organize‑as de forma coerente. A partir de uma ideia central, encontre ideias secundárias sobre o assunto, para enriquecer seu trabalho. Por exemplo, se quisermos fazer um texto sobre aborto, em que elementos podemos pensar para tratar em nossa redação? Podemos pensar em falar do aborto do ponto de vista da mãe, a mulher grávida, ou do pai ou, ainda, da criança. Podemos falar de religião e suas várias ideias contrárias ao aborto. Ainda podemos falar das políticas públicas em relação ao assunto; ou sobre questões de saúde da mulher e da criança e dos riscos que a mãe corre ao praticar o aborto; legislação a respeito, a proibição de praticar aborto no país; ou ainda sobre clínicas clandestinas, curiosos que praticam aborto sem ser médico e até mesmo de médicos que praticam às escondidas; questões sociais e a dificuldade de se criar um filho não planejado. Veja que são tantas possibilidades, que só essa lista já dá para fazer várias redações. Por isso, é preciso encontrar um foco para o trabalho a fim de não se perder. Vamos focar, por exemplo, as questões de saúde, os riscos para a mulher que pratica aborto em clínicas clandestinas e as dificuldades em conseguir esse serviço. Pode‑se tratar das questões sociais e das dificuldades em criar um filho não planejado. Pronto! Agora você pode fazer um pequeno esquema, dizendo o que será tratado em cada um dos parágrafos da sua redação. 1. Início – defender a ideia (a favor ou contra o aborto). 2. Desenvolvimento – questões de saúde: dados, números, informações a respeito de clínicas, número de abortos, número de mortes etc. 131 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 3. Desenvolvimento – argumentar sobre seu posicionamento. 4. Desenvolvimento – dificuldades para se criar um filho – argumentar sobre seu posicionamento. 5. Conclusão – finalizar o texto, retomando a ideia inicial, a defesa da ideia. Assim, você terá uma redação benfeita, bem‑construída, a partir de um plano de trabalho. Feito o plano de trabalho, vamos pensar em outras questões que são fundamentais para escrever um texto, que são a estrutura, o conteúdo e a expressão. Segundo Andrade e Henriques (2004), quando falamos na estrutura de um texto, devemos pensar em: 7.6.3 Estrutura • Unidade – um só assunto, que deve organizar‑se em função de um só núcleo temático. • Organicidade – as partes (começo, meio e fim) devem ser organizadas como um todo coerente e lógico. • Forma – é como se apresenta o conteúdo – descrição, narração ou dissertação. A unidade diz respeito ao texto tratar de um único assunto. Não se pode querer fazer um texto que contemple todas as informações, que esgote determinado assunto. Lembre‑se de nosso exemplo sobre o aborto, descrito anteriormente. Lembrete Outro fator fundamental é que um texto sempre deve ter um começo, um meio e um fim. Na linguagem técnica, deve ter uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Isso é importante, a fim de não deixarmos nosso texto sem final. De repente, acaba‑se o texto do nada. O mesmo para o início. É muito importante que tenhamos uma meta para o texto, onde ele quer chegar, do que vai tratar, e isso já é apresentado logo em sua introdução. Entre um e outro elemento, ou seja, entre a introdução e a conclusão, temos o desenvolvimento. 7.6.4 Conteúdo Vamos tratar agora do conteúdo. Um bom conteúdo requer coerência textual e clareza. As ideias fundamentais devem ser pertinentes ao tema proposto. A clareza é consequência da coerência. Abordagem superficial e falta de contato com o tema levam a um conteúdo diluído e frágil. Frases mal‑estruturadas comprometem a clareza e podem incorrer em ambiguidade, o que dificulta a compreensão e muda o sentido do que se quer expressar. 132 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 7.6.5 Expressão Só se descreve o que pode ser percebido sensorialmente; só se narra o que é factual, o que tem história, o que acontece no tempo; só se disserta com juízos, raciocínios e ideias. Quem disserta não conta fatos (função do texto narrativo), também não retrata seres, como nas descrições: cita os fatos para interpretá‑los e relacioná‑los, usa os seres nas articulações do raciocínio. Portanto, de acordo com os objetivos de uma redação, haverá preponderância de um tipo específico de tratamento do assunto, que pode ser a descrição, a narração ou a dissertação (ANDRADE; HENRIQUES, 2004, p. 119). As formas de expressão utilizadas nos textos geralmente se enquadram em descrição, narração e dissertação, temas sobre os quais passaremosa tratar daqui por diante. 8 TIPoS De TexToS 8.1 Descrição Segundo Andrade e Henriques (2004, p. 119), “descrição é a representação verbal de um objeto sensível. Compara‑se à fotografia, mas admite interpretação, salvo se se trata de descrição técnica”. Os principais tipos de descrições são: • de ser animado ou inanimado (pessoa, animal, objeto); • de interior (ambiente); • de paisagem; • de cena. As descrições podem ser impressionistas, que são de caráter subjetivo, é a impressão da realidade no autor do texto, e expressionistas, que são “objetivas e reproduzem a realidade captada pelos sentidos e analisadas pelo raciocínio” (NADÓLSKIS, 2009, p. 153). Para fazer boas descrições de pessoas, também chamadas de retrato, devem‑se destacar traços importantes, que realmente caracterizem a pessoa retratada e transmita uma visão do todo, passe uma impressão sobre ela. Deve‑se ter o cuidado, no entanto, de não acumular detalhes supérfluos. Nadólskis explica que pode‑se descrever uma pessoa como tipo, e não como personagem. “É apresentada como um modelo que tem as características essenciais de todas as pessoas da mesma espécie – um mendigo, um político falador e vazio, por exemplo” (ibidem). Sala de estar, uma biblioteca, um quarto de dormir são ambientes passíveis de descrições. Deve‑se poder enxergar o ambiente a partir do texto feito em referência aos locais. 133 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Quando descrevemos um lugar, devemos apontar se o local é fechado ou aberto. Caso seja um local fechado, nós o denominaremos ambiente; se for um lugar a céu aberto, chamaremos de paisagem. A paisagem, por sua vez, pode ser rural (campestre) ou urbana (vista que se tem de uma cidade). O que é importante notar, sobre as descrições, é que elas são feitas sempre sob o ponto de vista de quem descreve. Perceba que teremos várias descrições diferentes se colocarmos um vaso de flores no meio de uma sala de aula. Cada aluno, de cada ponto que olhar, terá uma visão e, portanto, descreverá de uma forma. A estrutura de uma descrição pode ser a seguinte, na visão de Andrade e Henriques (2004): • Apresentação – corresponde à introdução, e usa‑se um período típico de narração. • Pormenorização – é a parte central da descrição. Nela vão a enumeração de detalhes característicos, que facilitam a visualização do que está sendo descrito, sem acumular elementos que não concorrem para este fim. • Dinamização – ocorre nas descrições de cena e caracteriza‑se pela sucessão de fases ou aspectos relativos ao mesmo fato. • Impressão – característica da descrição psicológica, que envolve a interpretação do autor. São sensações visuais, auditivas, táteis, gustativas, olfativas, traços emocionais ou reflexões externadas pelo escritor. “Os parágrafos devem ser curtos, com uma linguagem concisa. Procure captar a atenção desde a primeira linha, dispensando pormenores inúteis, as introduções cansativas. Para captar a expressão exata, escreva, corrija, reescreva quantas vezes achar necessário” (NADÓLSKIS, 2009, p. 154). A descrição pode ser literária ou técnica, segundo sua finalidade. A literária quase sempre é mais subjetiva, enquanto a técnica prima pela objetividade. A descrição técnica interessa aos estudantes, pois pode ser usada em momentos específicos de seu trabalho. Por exemplo, quando se tiver que fazer um relatório de algum acontecimento e descrever minuciosamente determinado fato ou local. Ela também é muito usada em manuais técnicos. Nas descrições técnicas, geralmente se usa linguagem científica, precisa. Pode‑se com ela descrever aparelhos, peças que compõem aparelhos, funcionamento de experiências, mecanismos. Segundo Garcia (1977), a descrição técnica destaca não só os elementos essenciais do objeto de modo a não confundi‑lo com outro, como também suas funções mais importantes. Devem ser usadas palavras que não apresentem dúvidas de interpretação e frases que transmitam de modo inequívoco as informações desejadas. Veja a seguir alguns exemplos: 134 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 8.1.1 Descrição física A moça era mesmo muito alta, tão alta quanto as árvores do calipal, vistas de longe, é claro. As canelas eram finas, finas. Seus cabelos eram eriçados e amarelos como os do milho perto de serem colhidos. 8.1.2 Descrição psicológica Apesar desses traços esquisitos, Vanina era de uma doçura sem par. Quando ela perdeu a mãe, aos 12 anos, jurou que ninguém ia fazer com ela como a mãe fazia, de ficar tratando mal. E é assim que ela ganhou o apelido de mainha dos meninos que viviam na rua. 8.1.3 Descrição técnica Hologramas dinâmicos e espelhos conjugados Sabe‑se que, ao mudar o meio em que a luz se propaga, alteram‑se também o comprimento de onda e a propagação. Tendo como referência as características apresentadas pela luz no vácuo, o parâmetro chamado “índice de refração” mede essas alterações e permite ainda caracterizar a absorção de luz pelo material. No entanto, com a descoberta do laser, tornou‑se possível constatar que esse índice não é propriedade invariável dos materiais, pois depende também da intensidade da luz incidente. Recentemente se tornaram conhecidos novos materiais que apresentam uma variação apreciável do índice de refração mesmo para campos luminosos pouco intensos. Essas descobertas apresentam grande variedade de aplicações, seja na amplificação de imagens ópticas, no reconhecimento de formas (usados na robótica), etc. (CIÊNCIA HOJE, 1997, p. 16). Figura 19 – Descrições técnicas trazem muitos detalhes sobre o produto. Por exemplo, de uma lâmpada, ou da luz, conforme acima. 135 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 8.1.4 Descrição de paisagem Descrição da Avenida Paulista: Do alto do edifício em que trabalho, avisto, todos os dias, uma das mais importantes avenidas da cidade de São Paulo. Hoje, nesta manhã nublada, a poluição, mais do que nunca, domina o ambiente, e posso ver daqui de cima os grandes edifícios aparentemente cinzentos, mas imponentes e gigantescos, que se estendem por toda a avenida. Do exato lugar em que me encontro, percebo, do outro lado da rua, o contraste criado por um enorme edifício, quase todo de vidro, de arquitetura arrojada, e uma casa antiga, do início do século, a qual certamente pertenceu a um “barão do café”. Do lado direito da casa, um outro edifício, um pouco menor, que abriga vários escritórios dos quais entram e saem pessoas a cada instante. Ao contemplar este panorama e a movimentação frenética das pessoas que caminham apressadamente em todas as direções, tem‑se o exemplo mais característico do espírito empreendedor desta avenida – retrato autêntico do progresso, movido por todos que contribuem com sua energia positiva (autor desconhecido). Figura 20 – Como você descreveria essa imagem? Saiba mais A primeira descrição de paisagem e de pessoas brasileiras está na carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei D. João VI, de Portugal. Acesse‑a em <www.correios.com.br>. 136 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão: J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 8.1.5 Descrição de ambiente A biblioteca de Babel O universo (que outros chamam a Biblioteca) compõe‑se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no centro; cercados por balaustradas baixíssimas. De qualquer hexágono, veem‑se os andares inferiores e superiores: interminavelmente. A distribuição das galerias é invariável. Vinte prateleiras, em cinco longas estantes de cada lado, cobrem todos os lados menos dois; sua altura, que é a dos andares, excede apenas a de um bibliotecário normal. Uma das faces livres dá para um estreito vestíbulo, que desemboca em outra galeria, idêntica à primeira e a todas. À esquerda e à direita do vestíbulo, há dois sanitários minúsculos. Um permite dormir em pé; outro, satisfazer as necessidades físicas. Por aí passa a escada espiral, que se abisma e se eleva ao infinito. No vestíbulo há um espelho, que fielmente duplica as aparências. Os homens costumam inferir desse espelho que a Biblioteca não é infinita (se o fosse realmente, para que essa duplicação ilusória?), prefiro sonhar que as superfícies polidas representam e prometem o infinito... A luz procede de algumas frutas esféricas que levam o nome de lâmpadas. Há duas em cada hexágono: transversais. A luz que emitem é insuficiente, incessante (BORGES, 1976, p. 61‑70). 8.1.6 Descrição de objeto Descrição de uma caneta: Fabricada atualmente em larga escala, a caneta esferográfica parece ser um objeto simples; no entanto, é constituída por inúmeras partes que se agrupam. Em sua constituição, verificamos a presença dos seguintes elementos: um tubo cilíndrico, fino e comprido, de plástico, dentro do qual é colocada a tinta azul; uma ponta de acrílico em forma de cone que se liga a uma das extremidades do tubo. Na ponta deste cone, há uma esfera minúscula através da qual a tinta sai, passando para o papel. Há também um tubo cilíndrico maior, de acrílico, que envolve o tubo de plástico, e duas tampas: uma interna e outra maior e externa em cada umas das extremidades do cilindro de acrílico. Se observarmos a caneta fechada com a tampa, veremos que ela assume a forma de um cilindro de aproximadamente quinze centímetros de comprimento e meio centímetro de diâmetro. Por ser constituída de materiais leves, como plástico e acrílico, seu peso é muito pequeno. O tubo 137 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 externo é translúcido e as tampas de plástico apresentam a mesma cor da tinta dessa caneta: azul. A tampa externa tem o formato de cone alongado e dela sai uma pequena haste. A caneta esferográfica encontra‑se hoje em todos os lugares, entre os quais escolas, firmas, escritórios e consultórios. Estará presente sempre que alguém quiser escrever algo sem sujar as mãos de tinta (autor desconhecido). Figura 21 – Canetas. 8.1.7 Descrição de pessoa Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves. Era assim que o primeiro presidente brasileiro eleito indiretamente após a ditadura militar, em 1985, disse que queria ser lembrado. Se estivesse vivo, Tancredo, avô do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), completaria 100 anos no dia 4 de março de 2010. Quando era senador, na década de 80, conversando com colegas, Tancredo Neves citou o epitáfio que abre esta matéria. “Tinha morrido um senador. Depois do sepultamento, no cafezinho do Senado, um grupo de senadores discutia qual o epitáfio preferido. Um falava assim: ‘viveu com dignidade, morreu com o amor de Nossa Senhora Aparecida’. O outro dizia que era um ‘bom brasileiro, pai honrado’. Só coisas carregadas de religiosidade. Na vez de Tancredo, ele deu um sorrisinho e disparou”, contou Ronaldo Costa Couto, um dos amigos pessoais do ex‑presidente, de quem foi secretário de Planejamento e seria ministro do Interior. Apesar do “desejo” expresso, não é aquela a inscrição na lápide do presidente, no cemitério da igreja de São Francisco de Assis, em São João del Rei (GOULART, 2010). Descrição x definição Não confundir descrição com definição. A definição é o que vem no dicionário sobre determinada palavra. Já a descrição fala em pormenores sobre um determinado objeto e não sobre todos os objetos da mesma categoria. Por exemplo, a palavra “mulher” no Dicionário Houaiss da língua portuguesa 138 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 significa indivíduo do sexo feminino, considerado do ponto de vista das características biológicas, do aspecto ou forma corporal, como tipo representativo de determinada região geográfica, época etc. Se tiver que descrever uma mulher, você deverá saber qual é essa mulher. Também poderá fazê‑lo a partir de lembranças ou de suposições, da criação de uma mulher para o exercício. Definição Descrição Casa – edifício de formatos e tamanhos variados, geralmente de um ou dois andares, quase sempre destinado à habitação. Casa – Era a própria encarnação da minha avó. Branquinha e de janelas azuis, era toda paz, como era minha vovó com seus lindos cabelos brancos e sapatinhos pretos. Carro – veículo que se locomove sobre rodas, para transporte de passageiros ou de cargas. Carro – Aquele era todo amarelo forte, mais forte que cor de canarinho e tinha um ronco de fazer acordar a vizinhança. Menino – criança ou adolescente do sexo masculino; garoto, guri, miúdo. Menino – Que coisa mais linda era o menininho de cabelinhos cacheadinhos, todo loiro! Gordinho, comia as mãos quando olhava para as pessoas, como se pedisse comida. Quadro 6 – Exemplos de definições e descrições 8.2 Narração Em um texto narrativo, sempre deve existir um fato vivido por personagens em determinado tempo e espaço, o qual é contado por um narrador presente ou não na história; pode participar da história contada, como narrador‑personagem, ou pode contá‑la de fora, como narrador‑observador. 1. Narrador. a. Onipresente = narrador‑personagem: 1ª pessoa – é uma espécie de testemunha invisível de tudo o que acontece e, com uma linguagem subjetiva, ele tenta passar para o leitor o que as personagens estão sentindo e pensando. b. Onisciente = narrador‑observador: 3ª pessoa, o narrador não participa dos acontecimentos, limitando‑se a contar sem se envolver, usando uma linguagem objetiva. 2. Fato: o acontecimento em si. 3. Enredo: é a trama, comparada ao esqueleto da narrativa, que dá sustentação à história; geralmente, está centrado em um conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa. 4. Ambiente: é o espaço onde as personagens atuam e se desenrola o enredo. 5. Tempo: quando os fatos acontecem. 6. Personagens: são os seres que atuam, isto é, que vivem o enredo. 139 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 O enredo normalmente tem como início uma apresentação, em que se estabelece o fato, depois passa por uma complicação, fase de conflitos entre as personagens, chega ao clímax, que é um momento de grande tensão, e termina com o desfecho, parteem que a história tem seu final. O narrador, ao transmitir a fala das personagens, pode fazê‑lo por intermédio do discurso direto, do discurso indireto ou do discurso indireto livre. A presença desses elementos é o mínimo para que determinado texto seja considerado uma narração. A qualidade da narrativa, no entanto, fica por conta da articulação desses elementos, somente possível no trato com a linguagem. O elemento mais importante de uma narrativa é o enredo ou a história – sem uma história não há um caso. Tem‑se a ação da história, que ocorre no tempo, feita por personagens num determinado meio ou espaço onde vivem. Alguém conta a história: esse elemento é o foco narrativo (ANDRADE; HENRIQUES, 2004, p. 124). Lembrete Elementos da narrativa Enredo (história – conjunto de incidentes), relato de fatos, presença de narrador, presença de personagens, cenário, tempo, apresentação de um conflito. Geralmente, é mesclada com descrições e discursos na forma direta e indireta. Na visão de Andrade e Henriques (idem), as partes da narração são configuradas em: • exposição, em que é apresentado o assunto ou tema; • complicação, que mostra o desenrolar dos acontecimentos, a ação das personagens ou o conflito entre personagens e situação; • clímax, o auge do conflito, o ponto culminante da história; • desfecho, a resolução do conflito. Uma narrativa deve contemplar: • fato (o quê?); • personagens (quem?); • narrador; 140 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 • tempo (quando?); • ambiente ou cenário (onde?); • enredo (tensão, clímax). Veja essa narração literária: A galinha Cocoricó estava há dias chocando seu ovo, quando ouviu um barulhinho: – Chegou a hora! Meu filho vai nascer! A casca do ovo foi se partindo e uma frágil criaturinha começou a dar sinal de vida. Cocoricó não cansava de admirar a sua cria, que, toda desengonçada, tentava equilibrar‑se sobre suas cambaleantes perninhas. Passadas algumas horas, lá estava o pintinho amarelinho, fofinho, aconchegado sob as penas de Cocoricó. – Você vai se chamar Uto! (Autor desconhecido.) Acompanhe o exemplo sobre as partes da narração apontado por Andrade e Henriques (2004, p. 125), no poema de Manuel Bandeira: Pardalzinho O pardalzinho nasceu Livre. Quebraram‑lhe a asa Apresentação Sacha lhe deu uma casa, Água, comida e carinhos, Foram cuidados em vão; Complicação A casa era uma prisão, O pardalzinho morreu. Clímax O corpo Sacha enterrou No jardim; a alma, essa voou Para o céu dos passarinhos! Desfecho 141 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Figura 22 – Passarinhos. Veja que a narração não aparece apenas nos contos, romances ou outros tipos de prosa. Ela aparece em letras de música. Há uma música de Gilberto Gil, chamada Domingo no parque, que é uma narrativa completa. Exposição: identificação das personagens O rei da brincadeira – ê, José O rei da confusão – ê, João Um trabalhava na feira – ê, José Outro na construção – ê, João Desenvolvimento: encadeamento de ações A semana passada, no fim da semana João resolveu não brigar No domingo de tarde saiu apressado E não foi pra Ribeira jogar Capoeira Não foi pra lá pra Ribeira Foi namorar O José como sempre no fim da semana Guardou a barraca e sumiu Foi fazer no domingo um passeio no parque Lá perto da Boca do Rio Foi no parque que ele avistou Juliana Foi que ele viu Juliana na roda com João Uma rosa e um sorvete na mão Juliana, seu sonho, uma ilusão Juliana e o amigo João 142 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Complicação: ponto de tensão O espinho da rosa feriu Zé E o sorvete gelou seu coração O sorvete e a rosa – ô, José A rosa e o sorvete – ô, José Oi, dançando no peito – ô, José Do José brincalhão – ô, José O sorvete e a rosa – ô, José A rosa e o sorvete – ô, José Oi, girando na mente – ô, José Do José brincalhão – ô, José Juliana girando – oi, girando Oi, na roda gigante – oi, girando Oi, na roda gigante – oi, girando O amigo João – João O sorvete é morango – é vermelho Oi, girando, e a rosa – é vermelha Oi, girando, girando – é vermelha Clímax: ponto de maior tensão Oi, girando, girando – olha a faca! Olha o sangue na mão – ê, José Juliana no chão – ê, José Outro corpo caído – ê, José Seu amigo, João – ê, José Desfecho Amanhã não tem feira – ê, José Não tem mais construção – ê, João Não tem mais brincadeira – ê, José Não tem mais confusão – ê, João Linguagem do cinema O cinema e outras linguagens influenciam a literatura e vice‑versa. As linguagens da televisão, do cinema, dos quadrinhos e da propaganda, desde o seu surgimento, foram deixando marcas em textos literários e jornalísticos, pois passaram a fazer parte do nosso cotidiano. O processo é recíproco. Há textos em que é quase possível enxergar uma cena de filme. Cada vez mais as narrativas contemporâneas vêm incorporando essa maneira “cinematográfica” de contar uma história. 143 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Entrei no apartamento ainda perplexo, chutando sem querer um telegrama sob a porta. Peguei‑o, fui para a cama e liguei a TV. Entrevistavam Castilho, o ministro toureiro que prometia vida melhor aos brasileiros. Tateei o telegrama sem a menor disposição de abri‑lo já que, segundo os últimos acontecimentos, nele sim estaria a passagem para uma mudança, para uma (temida?) transformação. Imagens da infância. Lembranças, família, Brasil... Abri o telegrama. Precisamos muito de você. Volte, por favor. Sandra C. (PAIVA, 1992.) Devolvo a chave para o porteiro. Pego um táxi. Levo no bolso o maço de dinheiro que me deram. O outro bolso está pesado de fichas de telefone. Já decidi o hotel para onde vou, um que fica na rua Buarque de Macedo, no Flamengo. Nunca estive lá. No caminho compro uma pequena mala, seis cuecas, seis camisas, uma calça, creme de barbear e gilete (FONSECA, 1994). observação Nas narrativas, sempre há muitos diálogos, conversas, e também alguém dizendo algo que outra pessoa (personagem) falou. Vamos entender então como usar o discurso direto e o discurso indireto. Saiba mais Algumas narrações lembram as histórias infantis e os contos de fadas. Relembre‑as em <http://www.lendorelendogabi.com/contos/contos_ fabulas.htm>. 8.3 Discurso direto e discurso indireto Quando vamos escrever o que foi escrito ou dito por outra pessoa, podemos fazê‑lo exatamente como a pessoa disse, repetindo as palavras. Esse é o discurso direto. Exemplo: “O aumento dos combustíveis não poderá ultrapassar o índice anualizado da inflação”, disse o ministro da Fazenda. 144 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on- 0 4/ 05 /1 1 Dessa forma, as palavras do ministro foram reproduzidas da mesma forma como ele as pronunciou. Outra possibilidade seria escrever o que o ministro disse de outra maneira, de forma indireta. Este é o discurso indireto: O ministro da Fazenda disse que o aumento dos combustíveis não poderá ser maior do que o índice anualizado da inflação. “No discurso indireto, há o uso de conjunções (que) e os verbos podem ser alterados quanto aos tempos e modos” (NADÓLSKIS, 2009, p. 167). 8.3.1 Discurso direto Exemplos: – Gostaria muito de comprar um carro novo neste ano – ele me disse isso em 2006. – O vício do álcool é altamente prejudicial à saúde – afirmou a dra. Rosane. – Durante todo o verão, continuarei trabalhando aqui – disse ele. – Acredito que meu chefe não volte hoje – disse a secretária. – Foi algo muito agradável – alegrou‑se ela. – Eu ia ajudar, mas o dinheiro logo acabou – justificou‑se. – Já tinha feito o exercício – disse Carol. 8.3.2 Discurso indireto Exemplos: Em 2006, ele me disse que gostaria muito de comprar um carro novo naquele ano. A dra. Rosane afirmou que o vício do álcool é altamente prejudicial à saúde. Ele disse que durante todo o verão continuará trabalhando lá. A secretária disse que não acredita que o seu chefe volte hoje. Ela alegrou‑se ao dizer que havia sido algo muito agradável. Justificou‑se que ajudaria, mas que o dinheiro havia acabado. Carol disse que já tinha feito o exercício. 145 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 8.3.3 Discurso indireto livre O discurso indireto livre também é chamado de semi‑indireto. Nele, “a fala da personagem ou parte dela inclui‑se no discurso indireto pelo qual o autor apresenta os fatos” (NADÓLSKIS, 2009, p. 168). Além disso, a fala não é diferenciada nem por aspas nem graficamente do discurso indireto do narrador, e não é introduzida por um verbo de declaração (falou, declarou, disse, argumenta etc.). Vidas secas Entregue aos arranjos da casa, regando os craveiros e as panelas de losna, descendo ao bebedouro com o pote vazio e regressando com o pote cheio, deixava os filhos soltos no barreiro, enlameados como porcos. E eles estavam perguntadores, insuportáveis. Fabiano dava‑se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha (RAMOS, 1991). O conto da ilha desconhecida Contudo, no caso do homem que queria um barco, as coisas não se passaram bem assim. Quando a mulher da limpeza lhe perguntou pela nesga da porta, Que é que tu queres, o homem, em lugar de pedir, como era o costume de todos, um título, uma condecoração, ou simplesmente dinheiro, respondeu, Quero falar ao rei, Já sabes que o rei não pode vir, está na porta dos obséquios, respondeu a mulher, Pois então vai lá dizer‑lhe que não saio daqui até que ele venha, pessoalmente, saber o que quero, rematou o homem, e deitou‑se ao comprido no limiar, tapando‑se com a manta por causa do frio. Entrar e sair, só por cima dele. Ora, isto era um enorme problema, se tivermos em consideração que, de acordo com a pragmática das portas, ali só se podia atender um suplicante de cada vez, donde resultava que, enquanto houvesse alguém à espera de resposta, nenhuma outra pessoa se poderia aproximar a fim de expor as suas necessidades ou as suas ambições. À primeira vista, quem ficava a ganhar com este artigo do regulamento era o rei, dado que, sendo menos numerosa a gente que o vinha incomodar com lamúrias, mais tempo ele passava a ter, e mais descanso, para receber, contemplar e guardar os obséquios [...] (SARAMAGO, 1997). Esse tipo de discurso é o mais difícil de ser redigido e alguns autores dizem que nele, que não tem nenhum tipo de marcação, o autor capta o pensamento da personagem em um texto em terceira pessoa, sem dar nenhum sinal disso, sem aspas, sem travessão, nada. É muito comum em textos contemporâneos. 146 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Saiba mais Conheça o livro Todos os nomes, de José Saramago. Ele escreve esse livro do começo ao fim sem dividir os parágrafos, sem separar os diálogos nem os discursos diretos dos indiretos. Vamos praticar os discursos direto e indireto. A seguinte frase está escrita em discurso direto. Como ficaria no discurso indireto? Direto: “Voltarei às 12h30, se a reunião terminar antes”, disse o coordenador geral. Indireto: O coordenador geral disse que voltaria às 12h30 se a reunião terminasse antes. Agora, o contrário, do discurso direto para o indireto: Claudiana afirmou: “Todas as empresas poderão ressarcir os impostos que foram pagos naquela ocasião”. No discurso indireto ficaria assim: Todas as empresas poderão ressarcir os impostos que foram pagos naquela ocasião, afirmou Claudiana. 8.4 Dissertação Dissertação é uma forma de redação em que se apresentam considerações a respeito de um tema para expor, explanar, explicar ou interpretar ideias. Caracteriza‑se pela reflexão, por vocabulário próprio, proposições e enunciados (ANDRADE; HENRIQUES, 2004). 8.4.1 Dissertação expositiva É a apresentação e discussão de uma ideia, de um assunto ou de uma doutrina, de forma ordenada. Nesse tipo de texto, não se tem o objetivo de convencer ninguém a fazer algo; ele não utiliza, portanto, argumentos para isso. Na dissertação expositiva, o autor apenas informa o leitor sobre determinado tema, sem o propósito de convencimento, não é importante obter adesões ao seu ponto de vista. Exemplo O sistema presidencial de governo nasceu nos Estados Unidos com a constituição de 1787, na Convenção de Filadélfia. Sua formação teórica 147 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 foi precedida de fato histórico; não sendo, pois, obra de nenhum arranjo ou convenção teórica. Sustenta‑se que o presidencialismo é o poder monárquico na versão republicana. O presidencialismo, ao contrário do parlamentarismo, é demarcado por uma rígida separação de Poderes, assentada na independência orgânica e na especialização funcional. Fonte: <http://www.clubjus.com.br>. Acesso em: 17 out. 2010. 8.4.2 Dissertação argumentativa Nesse tipo de texto, apresentam‑se o debate e a discussão de uma ideia, assunto ou doutrina. O objetivo é influenciar e persuadir, conquistar o leitor da mensagem. Possui, por isso, argumentos que levam o leitor a mudar de ideia em relação a algo ou a adotar outra forma de pensamento, e tantas outras possibilidades. A dissertação divide‑se em três partes, segundo Andrade e Henriques (2004): • Introdução, apresentação ou prólogo – em que se apresenta a ideia, objeto das considerações do autor para situar o leitor dentro do assunto a ser desenvolvido. • Desenvolvimento, análise ou explanação – parte que trata do assunto de forma completa com a apresentação dos fatos, ideias, argumentos exigidos. É a fase de reflexão, e apoia‑se em testemunhos, exemplos, autoridades, estatísticas etc. • Conclusão ou fecho – é a síntese que encerra o trabalho, com a reafirmação da ideia central, apontada no início. Deve estar apoiada no que foi dito anteriormente. Esquema de uma dissertação: • Introdução: no primeiro parágrafo, vocêdeverá expor o problema e o caminho a ser seguido no texto para expô‑lo ou para defender algum ponto de vista a respeito dele. • Desenvolvimento: aqui, encontram‑se os argumentos, as opiniões, as estatísticas, os fatos e os exemplos. Ao apresentá‑los, você deve sempre se direcionar para um lado da questão, um ângulo de visão, uma opinião específica. Essa opinião deve ser anteriormente pensada e analisada, a fim de que se possa fazer uma boa argumentação ou exposição. • Conclusão: nesse momento, você deixa claro o objetivo da sua dissertação, expõe o ponto de vista defendido ou a conclusão da sua exposição de forma que se arrematem todos os argumentos utilizados durante a construção do texto (ARAÚJO, 2010). Os melhores textos dissertativos da atualidade são os editoriais dos jornais. Procure lê‑los para aprender a fazer boas dissertações. 148 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Veja um exemplo de dissertação argumentativa: Ficha Limpa não pode ignorar Constituição É definitivamente lamentável que a onda de indignação despertada na sociedade brasileira pela votação do Supremo Tribunal Federal (STF) que adiou a vigência da Lei da Ficha Limpa para a eleição de 2012 não passe de um tsunami cívico inócuo. Pois não produzirá efeitos nem contra a corrupção do serviço público nem no fortalecimento da democracia. Cai no vazio por dois motivos básicos e óbvios: a causa não é sólida e a mobilização é festiva e efervescente. Se esse tipo de ira coletiva se manifestasse na rejeição a outros malfeitos dos homens públicos, ele seria mais nobre, mais útil e mais efetivo. Desafinando mais uma vez o coro dos descontentes, aqui proponho uma reflexão retrospectiva e aprofundada para chegar à autêntica raiz de nossos problemas institucionais. E destes, mais grave do que a improbidade administrativa – que a lei condena, mas não alcança – é a impunidade generalizada. O prestígio e a ineficácia da Lei da Ficha Limpa são frutos dos mesmos enganos. Um deles foi a tentação de tentar tornar a Constituição a panaceia universal, capaz de resolver as distorções sociais e curar as doenças crônicas de nossa organização política. Se se contém um paradoxo numa frase curta – do tipo “a lei é dura, mas é lei” –, o que dizer, então, da enxúndia produzida pelos constituintes ansiosos em corrigir a História do Brasil com boas intenções, que, como lembrava minha arguta avó, sempre terminam debaixo de sete palmos de terra em algum cemitério – daqueles que João Cabral retratou em seus poemas? [...] A Lei da Ficha Limpa não é melhor do que as outras só por ter sido originada numa mobilização popular e avalizada por milhões de assinaturas de pessoas que não legislam diretamente, mas o fazem de maneira indireta pela voz de representantes por elas escolhidas nas urnas. Ao contrário, como resulta de um benemérito, mas superficial, desejo de extinguir a corrupção, o que não pode ser feito por uma penada, consolidou uma série de providências de aparência sedutora, mas perigosas na vigência. Em suma, a lei é ambiciosa e mal feita, uma mistura fatídica de vontade de fazer o bem não importando a quem atingir. É necessário o primado da probidade para o exercício do poder público, mas não convém sobrepô‑lo a outros direitos da cidadania. Por exemplo: ninguém aceitaria que agora, no meio do campeonato estadual, a 149 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Federação Paulista de Futebol substituísse a fórmula que adotou (de um octogonal decisivo) para definir o campeão pelo sistema de pontos corridos, empregado no Brasileirão. Não se trata de decidir qual é o melhor sistema. Trata‑se, isso sim, de partir do pressuposto insubstituível de não mudar uma regra no meio da competição. Se isso vale num torneio esportivo, como não valeria na mais importante disputa cívica, o processo em que o cidadão indica quem legislará e quem governará? Portanto, se o STF fez mal ao permitir que, em 2010, o eleitor votasse sem saber se poderia, ou não, eleger certo candidato, deixando em aberto a decisão sobre a validade da Lei da Ficha Limpa na eleição do ano passado, agiu bem ao dar primazia ao conceito da regra que não pode ser mudada e ao respeito à decisão do eleitor, no exercício do soberano direito de escolher quem o representa. [...] Outra questão fundamental a ser avaliada pela última instância judiciária é a negação pela Lei da Ficha Limpa da presunção de inocência concedida a quem não houver tido a condenação passada em julgado, ou seja, reconhecida em todas as instâncias do Poder Judiciário. Aqui está em jogo o célebre conceito da dúvida a favor do réu (in dubio pro reo). A obrigação do STF é dirimir a questão antes de o eleitor ter de tomar a decisão (NÊUMANE, 2011). Este é um texto argumentativo. O editorialista vai elencando as razões de sua indignação com a atitude do STF. O assunto apresenta‑se no primeiro parágrafo. Nos parágrafos subsequentes, aparecem os argumentos. A conclusão aparece no parágrafo que começa com “É necessário o primado” e vai até o final. 8.5 esquema comparativo dos três tipos de texto Observe as principais diferenças entre os três tipos de texto: Descrição Narração Dissertação Conteúdo específico Retrato verbal – imagem: aspectos que caracterizam, singularizam o ser ou objeto descrito. Fatos – pessoas e ações que geram o fato e as circunstâncias em que este ocorre: tempo, lugar, causa, consequência etc. Ideias – exposição, debate, interpretação, avaliação. Explicar, discutir, interpretar, avaliar ideias. Faculdade humana • Observação. • Percepção. • Relativismo desta percepção. • Imaginação (fatos fictícios). • Pesquisa. • Observação (fatos reais). Predomínio da razão, reflexão, raciocínio, argumentação. 150 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 Trabalho de composição • Coleta de dados. • Seleção de imagens, aspectos – os mais singularizantes. • Classificação – enumeração das imagens e/ou aspectos selecionados. • Levantamento (criação ou pesquisa) dos fatos. • Organização dos elementos narrativos (fatos, personagens, ambiente, tempo e outras circunstâncias). • Classificação – sucessão. • Levantamento das ideias. • Definição do ponto de vista dissertativo: exposição, discussão, interpretação. Formas Descrição subjetiva: criação, estrutura mais livre. Descrição objetiva: precisão, descrição e modo científico. Narração artística: subjetividade, criação, fatos fictícios. Narração objetiva: fatos reais, fidelidade. Dissertação científica: objetividade, coerência, solidez na argumentação, ausência de intervenções pessoais, emocionais, análise de ideias. Dissertação literária: criatividade e argumentação. Quadro 7 – Diferenças entre os três tipos de texto Fonte: <www.lanavision.com>. Acesso em: 17 out. 2010. Saiba mais Leia o texto O bê‑á‑bá da unificação gráfica da língua portuguesa, de Leoni, disponível em: <http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/o‑be‑a‑ba‑da ‑unificacao‑grafica‑da‑lingua‑portuguesa/>. Resumo Nesta unidade IV, você teve contatocom muitas informações que irão ajudá‑lo a escrever melhor. Aprendeu a importância do planejamento para escrever bem e da necessidade da clareza, da coerência e da coesão nos textos escritos. Você aprendeu as formas para construir os seguintes tipos de texto: descrição, narração e dissertação. A comunicação empresarial é uma área estratégica e deve ser tratada como tal pelas empresas, e ensinada dessa forma aos funcionários. Cada uma das pessoas que têm contato com um cliente é o porta‑voz da empresa, e por essa razão precisa estar preparado para ser “a cara da empresa”. De nada adianta altos investimentos em comunicação em geral, como propaganda, merchandising, rádio, etc., se as pessoas que devem atender bem e ouvir o cliente não estiverem preparadas para isso. Atividades de comunicação interna e de endomarketing facilitam esse processo. Do mesmo modo, conhecer o cliente, ouvi‑lo e atendê‑lo da melhor forma possível é uma obrigação da empresa. Assim, escrever melhor, falar 151 ComuniCação empresarial Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 melhor, entender melhor foram os objetivos desta disciplina, que certamente abriu novos horizontes em seus conhecimentos. exercícios Questão 1. Considere o seguinte trecho de uma peça publicitária veiculada no rádio e as afirmações que seguem. “Olha, aqui estão as fotos da viagem. Na verdade, a água não era tão marrom assim, era clara, verde, límpida... Cuidado com o que você imprime. Use impressoras HP.” I. O uso do advérbio “tão” provoca incoerência no texto, pois há contradição com a informação de que a água era clara e verde. II. Seria mais adequado, para a intenção do anúncio, substituir a frase “cuidado com o que você imprime” por “cuidado com a impressora que você usa”. III. Há, no anúncio, a presença da função apelativa da linguagem. Está correto o que se afirma em: A) I, II e III. B) Somente I e II. C) Somente I e III. D) Somente II e III. E) Somente I. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I. Afirmativa correta. Justificativa: “tão” é um advérbio de intensidade que determina quão marrom era a água, o que é contraditório com o restante do texto. II. Afirmativa correta. Justificativa: o anúncio pretende transmitir a ideia de que a impressora HP é de boa qualidade. Assim, a pessoa deve ter cuidado com a impressora que irá utilizar e não com o que vai imprimir. 152 Unidade IV Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 05 /1 1 - 2ª r ev isã o: T at ia ne - D ia gr am ad or : E ve rt on - 0 4/ 05 /1 1 III. Afirmativa correta. Justificativa: a função apelativa (centrada no receptor) aparece com o uso do verbo no imperativo e do pronome “você”. Questão 2. Considere o trecho a seguir e assinale a alternativa em que a alteração do parágrafo por meio da inclusão de conectivos não tenha modificado o sentido do texto original. “O governo federal e o Estado de Mato Grosso do Sul devem ser responsabilizados por omissão no episódio das mortes de crianças indígenas da comunidade caiuá. O primeiro caso letal ocorreu no dia 11 de janeiro. Todavia, apenas no último final de semana chegaram à área três médicos e quatro nutricionistas” (FOLHA DE S.PAULO, 2005). A) Apenas no último final da semana chegaram à comunidade caiuá três médicos e quatro nutricionistas, pois o primeiro caso letal ocorreu no dia 11 de janeiro e, por isso, o governo federal e o Estado de Mato Grosso do Sul devem ser responsabilizados por omissão no episódio das mortes de crianças indígenas. B) O governo federal e o Estado de Mato Grosso do Sul devem ser responsabilizados por omissão no episódio das mortes de crianças indígenas da comunidade caiuá, pois o primeiro caso letal ocorreu no dia 11 de janeiro, além do que apenas no último final da semana chegaram à área três médicos e quatro nutricionistas. C) Em virtude de o primeiro caso letal na comunidade caiuá ter ocorrido no dia 11 de janeiro, apenas no último final da semana chegaram à área três médicos e quatro nutricionistas, uma vez que o governo federal e o Estado de Mato Grosso do Sul devem ser responsabilizados por omissão no episódio das mortes de crianças indígenas. D) O governo federal e o Estado de Mato Grosso do Sul devem ser responsabilizados por omissão no episódio das mortes de crianças indígenas da comunidade caiuá, isso porque apenas no último final da semana chegaram à área três médicos e quatro nutricionistas, embora o primeiro caso letal tenha ocorrido no dia 11 de janeiro. E) O primeiro caso letal ocorreu no dia 11 de janeiro, portanto três médicos e quatro nutricionistas chegaram à área apenas no último final de semana, porque o governo federal e o Estado do Mato Grosso do Sul devem ser responsabilizados por omissão no episódio das mortes de crianças indígenas da comunidade caiuá. Resolução desta questão na Plataforma. FIguRAS E ILuSTRAçõES Figura 1 TWO‑PEOPLE‑TALKING‑LOGO.JPG. Largura: 600 pixels. Altura: 600 pixels. 1,96 MB. Formato JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Two‑people‑talking‑logo.jpg>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 2 FILE551263252097.JPG. Largura: 620 pixels. Altura: 412 pixels. 85 KB. Formato JPEG. Disponível em: <http://morguefile.com/archive/display/645078>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 3 FILE0001382919230.JPG. Largura: 443 pixels. Altura: 620 pixels. 83 KB. Formato JPEG. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/89776>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 4 FILE000991513316.JPG. Largura: 620 pixels. Altura: 465 pixels. 32 KB. Formato JPEG. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/171573>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 5 600PX‑NO_SMOKING_SYMBOL.SVG.PNG. Largura: 600 pixels. Altura: 600 pixels. 33 KB. Formato PNG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:No_smoking_symbol.svg?uselang=pt‑br>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 6 800PX‑US_NAVY_040825‑N‑1755G‑003_PULITZER_PRIZEWINNING_PHOTOGRAPHER_JERRY_ GAY_OF_BLAINE%2C_WASH.%2C_DISCUSSES_HIS_PHOTOGRAPHIC_TECHNIQUES_DURING_A_ PROFESSIONAL_DEVELOPMENT_PRESENTATION_TO_LOCAL_MILITARY_PHOTOGRAPHERS.JPG. Largura: 800 pixels. Altura: 521 pixels. KB. Formato JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/ File:US_Navy_040825‑N‑1755G‑003_Pulitzer_Prize‑winning_photographer_Jerry_Gay_of_Blaine,_ Wash.,_discusses_his_photographic_techniques_during_a_professional_development_presentation_ to_local_military_photographers.jpg>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 7 FILE00029400867.JPG. Largura: 620 pixels. Altura: 451 pixels. 84 KB. Formato JPEG. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/66705>. Acesso em: 11 abr. 2011. 153 154 Figura 8 FILE00066307576.JPG. Largura: 620 pixels. Altura: 500 pixels. 92 KB. Formato JPEG. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/37555>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 9 ORLANDELI. Image001.jpg?w=500&h=168. Largura: 482 pixels. Altura: 177 pixels. 39 KB. Formato JPEG. In: SANTOS, G. L. Disponível em: <http://migre.me/4lnyR>. Acesso em: 25 abr. 2011. Figura 10 FILE8871263244366.JPG. Largura: 521 pixels. Altura: 620 pixels. 104 KB. Formato JPEG. Disponível em: <http://morguefile.com/archive/display/644924>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 11 FILE0001078186606.JPG. Largura: 620 pixels. Altura: 465 pixels. 65 KB. Formato JPEG. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/67163>. Acesso em: 11 abr. 2011. Figura 12 AIR_MICRONESIA_PILOT_AND_FOUR_STEWARDESSES.JPG.
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