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Faculdade de Comunicação Departamento de Jornalismo Disciplina: Comunicação e Universidade Profª Márcia Marques Catherine de Freitas Tocci - 14/0134395 Paulo Vitor de Oliveira Leite - 13/0057282 Terra Thais - 13/0037869 Victor Hugo Santana de Souza - 11/0042204 Pelas lentes da empatia: um ensaio fotográfico sobre mobilidade e acessibilidade no Campus Darcy Ribeiro Introdução O produto realizado pelos discentes da Universidade de Brasília (UnB) para a disciplina Comunicação e Universidade no primeiro semestre de 2017 foi um ensaio fotográfico que procura mostrar a realidade da mobilidade urbana, especificamente dentro UnB. O trabalho foi realizado nos prédios principais da universidade, como Instituto Central de Ciências (ICC) e em vias próximas como a L3. O local de representação é o referido espaço, que fica em Brasília, na Asa Norte e o tema central dentro dele é a locomoção, em especial dos estudantes e demais participantes da vivência universitária. O planejamento urbano da UnB e de Brasília é particular e reconhecido pela modernidade e o que se buscou com o ensaio foi questionar a inclusão e abrangência da suposta melhor qualidade de vida brasiliense e até que ponto as pessoas se identificam e se beneficiam dos recursos oferecidos em nome desta melhor qualidade de vida e mobilidade urbana. Sendo assim, por meio de fotos, apresentamos situações como a do transporte público, de pedestres e ciclistas, com intenção também de levantar questões sobre os grupos de pessoas que têm algum tipo de limitação. As ideias que impulsionaram o 1 ensaio foram as situações usuais, mas procurou-se fazer fotos buscando narrativas sob óticas antes não exploradas, que fossem capazes de gerar críticas à mobilidade urbana no espaço pretendido. Como fundamentação teórica foram utilizados manuais de mobilidade urbana publicados pelo Ministério das Cidades nos anos de 2007 e 2004, o produto de conclusão de curso de Amâncio (2014) e a produção de Guerreiro (2014) sobre acessibilidade e inclusão de pessoas deficientes. Objetivo O principal objetivo da nossa pesquisa e respectivo ensaio fotográfico é gerar uma reflexão empática sobre o cotidiano de deslocamento do outro e descobrir como o planejamento do campus Darcy Ribeiro da UnIversidade de Brasília (UnB) afeta a vida dos estudantes, servidores e visitantes da instituição. Além disso, o trabalho busca aferir como estão os estacionamentos, paradas de ônibus, elevadores, escadas etc da UnB afetam a vida dos Portadores de Necessidades Especiais (PNE) que necessitam utilizar o espaço da instituição. A mobilidade urbana e a acessibilidade: uma questão coletiva ou individual? Para iniciarmos a discussão acerca de mobilidade urbana e acessibilidade, devemos pensar nestas questões não só como fatores-chave para o planejamento de cidades fluidas, mas como um fator de inclusão espacial. O planejamento destas deve integrar todas as camadas sociais de forma com que democratize o espaço urbano e seja orientado à sustentabilidade, como é evidenciado na conceituação feita no Plano de Mobilidade Urbana - PLANMOB (BRASIL, 2007, a), desenvolvido pelo Ministério das Cidades: A mobilidade urbana para a construção de cidades sustentáveis será então produto de políticas que proporcionem o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizem os modos coletivos e não motorizados de transporte, eliminem ou reduzam a segregação espacial, e contribuam para a inclusão social favorecendo a sustentabilidade ambiental. 2 O pensamento apresentado diz respeito à mobilidade com uma visão generalista e coletivista, contudo, esta dinâmica deve ser analisada através da ótica da empatia, para chegarmos na discussão de conceito sobre acessibilidade precisamos analisar o contexto do outro. Ao pensarmos nas necessidades individuais dos cidadãos dentro do macro ambiente em que estão inseridos, interligamos os fatores do próprio indivíduo aos fatores de infra-estrutura urbana, resultando em uma identificação de problemas efetiva e proposição de soluções viáveis. Corroborando a essa ideia de acessibilidade, outro documento gerado pela Ministério das Cidades, em 2004, conceitua: Um indivíduo se movimentar, locomover e atingir um destino almejado, dentro de suas capacidades individuais’, isto é, realizar qualquer movimentação ou deslocamento por seus próprios meios, com total autonomia e em condições seguras, mesmo que para isso precise de aparelhos específicos. Brasília é uma cidade privilegiada. Planejada desde a sua fundamentação, ela nasceu rompendo as barreiras do descaso com a elaboração estratégica do espaço urbano e crescimento desenfreado como visto na maioria das capitais brasileiras, como o Rio de Janeiro e São Paulo. Todavia, os desafios encontrados na capital federal são empiricamente demarcados pela distância dos espaços centrais dos periféricos, ampliada pela falta de transporte público efetivo e, sobretudo, da dificuldade e insegurança de ocupar espaços da cidade a pé. No campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília, a percepção de um espaço não inclusivo começa pela escassez de opções de transporte que não o carro: as linhas de ônibus diretas saindo das cidades satélites ("bairros" afastados do centro planejado da cidade) são poucas; a linha de metrô é inexistente na região e, apesar de haver ciclovias dentro da universidade, o caminho até ela é marcado por grandes avenidas. 3 Entretanto, não devemos restringir a análise da democratização do espaço universitário e mobilidade apenas aos dilemas que influenciam a chegada e saída da universidade: Os estudos sobre a inclusão de pessoas com deficiência nas instituições de ensino público ou privado (nível básico ou superior) mostram uma ênfase nas questões de acessibilidade e barreiras físicas que podem comprometer o direito de ir e vir do aluno. Mas as barreiras físicas são apenas uma parte do problema, pois não basta que o aluno se locomova nos espaços, é necessário que ele obtenha os conhecimentos necessários de acordo com o seu nível acadêmico e participe, em igualdade de condições, em todas as atividades da vida escolar ou acadêmica. (GUERREIRO, 2014, p. 111) A ausência desta oportunidade de participação em todas as atividades proporcionadas pela vida acadêmica é uma das principais questões responsáveis pela desistência de alunos com deficiência no Ensino Superior. É uma questão que precisa de reflexão, debate e mobilização da comunidade acadêmica. A partir destas constatações e de entender a dimensão do problema tratado, começamos o processo de brainstorming sobre a nossa abordagem, posteriormente, produção. O processo de desenvolvimento O grupo se reuniu em 3 ocasiões. Na primeira, discutimos a literatura escolhida e focamos no problema. Trocamos experiências pessoaise de pessoas próximas, trouxemos uma ótica questionadora a um tópico que para nós antes passava despercebido. Nesta ocasião, fomos inspirados pelo produto para obtenção de bacharelado em Comunicação, com habilitação em jornalismo, na UnB, de Thiago Zacarias Amâncio. Em seu documentário curta-metragem, ele aborda a locomoção como meio de discutir Brasília como cidade hostil aos que não têm carro. Ao evidenciar os problemas dos pedestres e dependentes de transporte público ou alternativo, 4 discutiu não só a dependência do automóvel pessoal, mas sugeriu formas humanizadas de viver e ocupar espaços, incluindo imagens da UnB. Na segunda reunião, buscamos encontrar espaços e situações na universidade que retratariam de forma simples o tema sob diversas óticas: a do ciclista, do deficiente cadeirante e do pedestre. Mapeamos esses locais pelo campus e identificamos as situações problemáticas recorrentes ao entrevistarmos de forma aberta as pessoas que ali passavam. Nossa terceira reunião foi dedicada à produção do ensaio fotográfico realizado. Resultados Analisando os ambientes que fotografamos, percebemos que a Universidade de Brasília (UnB) possui um grande desafio para melhorar a mobilidade e acessibilidade no campus Darcy Ribeiro. O Instituto de Ciência Centrais, por exemplo, o maior prédio da instituição, necessita de uma série de mudanças para propiciar um melhor deslocamento ao transeuntes. Aos Portadores de Necessidades Especiais (PNE) são disponibilizados apenas dois elevadores, no seu 1 quilômetro de extensão. O local também possui poucas rampas e o acesso a parte subterrânea é limitado. Por outro lado, o Bloco de Salas Sul (BSA Sul), possui facilitações para pessoas com deficiência. Os elevadores funcionam, há rampas em perfeito estado e há vagas de estacionamento exclusivas para essas pessoas. Percebeu-se a necessidade de avaliar e aprofundar a questão do respeito à exclusividade destas vagas em outras pesquisas sobre o tema. Alguns defeitos foram constatados na infraestrutura, como por exemplo a falta de piso para cegos no segundo andar e falta de rampas de acesso à Faculdade de Saúde (FS) que fica ao lado do BSA Sul. Na via L3, próxima à UnB, constatou-se que algumas faixas de pedestre estão longe dos semáforos. Desta forma, os pedestres têm que andar mais de 300 metros para alcançar alguma faixa para atravessar as pistas com três faixas, repletas de carros, em cada sentido. 5 Referencial Teórico AMÂNCIO, T. Z. Cabeça, tronco, rodas. 2014. 80 p. Monografia (Comunicação Social, habilitação Jornalismo) — Universidade de Brasília (UnB). Memória disponível em: http://bdm.unb.br/bitstream/10483/10555/1/2014_ThiagoZacariasAmancio.pdf Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5XliUg3Uy90 (Acesso em 19/06/2017) BRASIL. Ministério das Cidades. 2007. Caderno PlanMob: para orientação aos órgãos gestores municipais na elaboração dos Planos Diretores de Mobilidade Urbana. Brasília. (a). BRASIL.Ministério das Cidades. 2004. Plano Diretor Participativo: Guia para elaboração pelos municípios e cidadãos. Brasília.(b). GUERREIRO, E. M. B. R. et al. ACESSIBILIDADE URBANA COMO FATOR DE INCLUSÃO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA OU MOBILIDADE REDUZIDA. Poíesis Pedagógica , v. 12, n. 1, p. 109 – 126, jan/jun 2014. 6
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