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JOGO E DESENVOLVIMENTO HUMANO CONSTRIBUIÇÕES DE JEAN PIAGET É importante compreendermos o que este autor apresenta sobre o desenvolvimento humano, pois, em sua teoria, o jogo é o meio utilizado para explicá‐lo. O desenvolvimento é um processo contínuo que busca uma forma final, ou melhor, um pensamento operatório formal. O JOGO NA PERSPECTIVA DE PIAGET O autor apresenta três estruturas contínuas que são: Jogo do exercício; Jogo simbólico; Jogo de regra. JOGO DE EXERCÍCIO O jogo do exercício predomina do nascimento até aproximadamente dois anos, nesta fase o objetivo central é a repetição de um ato motor. Este comportamento se inicia ao nascimento ainda no ato reflexo. Essa interação com o meio é necessário para que ocorra a acomodação e para tanto necessita do exercício, e este exercício que é chamado de experiência. Vemos então a necessidade do exercício para que a atividade mental também se desenvolva, há sempre uma necessidade deste “alimento” da contribuição exterior, ou seja, o exercício é necessário para o desenvolvimento da inteligência e somente ocorre pela interação entre o sujeito e o meio. Assim, o jogo de exercício ocorre desde as atividades mais elementares, tais como: o reflexo de sugar, agarrar, etc. até as atividades superiores. Isto quer dizer que há sempre uma continuidade, não havendo, portanto, uma ruptura no processo de desenvolvimento que o indivíduo realiza. Ao dizermos isto, temos que nos atentar que: este exercício que o sujeito realiza não é uma repetição pura e simples nos moldes empiristas, pois em cada exercício que o sujeito realizar ele abstrai novas interações do meio que possibilitam uma ampliação de sua ação, ou seja, uma melhor compreensão Portanto, a função principal desta primeira estrutura, que é o jogo de exercício, é possibilitar uma repetição para ocorrer uma incorporação do meio exterior ao sujeito por meio de seus esquemas de ação, e esta repetição que é necessária ao sujeito será incorporada pela fase seguinte não deixando de existir e de ser utilizada. JOGO SIMBÓLICO Uma segunda categoria de jogos infantis é a que denominaremos o jogo simbólico. Ao invés do jogo de exercício, que não supõem o pensamento nem qualquer estrutura representativa especificamente lúdica, o símbolo implica a representação de um objeto ausente, visto ser comparação entre um elemento dado e um elemento imaginado, e uma representação fictícia.(PIAGET, 1978, p. 146). Uma grande característica desta fase é o valor analógico, é a capacidade de dar o mesmo valor “A” para “B”, exemplificando, em uma relação de mãe e filha a criança ao brincar aplica a relação que tem com sua mãe de forma análoga (semelhante) ao brincar de boneca, neste caso ela passa a ter as funções de mãe e a boneca de filha, e nesta relação análoga que realiza está o simbolismo de uma realidade que a criança procura entender. Quando a criança brinca assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, uma vez que o objeto tem a função que a criança dá. Inicialmente o jogo simbólico é solitário, evoluindo para o jogo sócio dramático (brincar de médico, mamãe, etc.). O jogo simbólico implica a atribuição de novos significados a vários objetos e a temas (cadeira/cavalo; eu/papai). O apogeu do jogo simbólico situa-se entre 2 e 4 anos de idade, Nesta fase do jogo simbólico a criança já se utiliza de uma representação e de um símbolo para representar a realidade, lembrando que esta representação sempre está acompanhada de uma lógica, porém uma lógica pautada em um animismo e também um aritificialismo. JOGO DE REGRA Assim como o jogo simbólico inclui, frequentemente, um conjunto de elementos sensório-motores, também o jogo com regras pode ter o mesmo conteúdo dos jogos precedentes [...]. Mas apresentam a mais um elemento novo, a regra, tão diferente do símbolo quanto este pode ser do simples exercício e que resulta da Organização coletiva das atividades lúdicas (PIAGET, 1978, p.148), também o jogo com regras pode ter o mesmo conteúdo dos jogos precedentes: exercício sensório‐ motor como o jogo das bolas de gude ou imaginação simbólica, como nas adivinhações e charadas. Para explicar a construção de regra pelo sujeito, Piaget (1978) apresenta este desenvolvimento em quatro estágios distintos e sucessivos. a) primeiro estágio é denominado de motor e individual, neste estágio não há regras coletivas a criança elabora a regra para si mesma, ela até pode estar em um grupo, porém joga para si. 1º Estágio denominado motor e individual: b) segundo estágio é denominado egocêntrico, este já apresenta um avanço pelo sujeito em relação ao anterior. Neste estágio ele joga no grupo, porém ainda sozinha. c) terceiro estágio apresentado pelo autor é o de cooperação, neste estágio já há uma tentativa de vencer pelo sujeito, para tanto há uma necessidade da regra e também unificação da mesma. Cooperação Entende a regra como necessária Neste estágio o sujeito entende a regra como necessária, porém não as elabora. d) estágio de codificação das regras, neste estágio a regra tem que passar por um consentimento mútuo, o sujeito já compreende a necessidade da regra e também se compreende como um legislador, sendo capaz de mudar a regra e argumentar para que esta mudança ocorra. Leva em consideração o posicionamento dos amigos na elaboração de regras. Diferencia regra e lei nas relações sociais. PARA REFLETIR Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá‐lo, se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê‐los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formal do homem. (Carlos Drumondde Andrade) ATIVIDADE EM SALA Liste quais foram as brincadeiras que vocês mais brincavam na infância? Reflitam e construam uma lista contendo o nome dos jogos e das brincadeiras mais presentes no dia a dia das crianças do século XXI.
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