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TCC HISTÓRIA UNIUBE SOBRE guerra de canudos

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Universidade de Uberaba
Lígia Frade Lana
Trabalho de Conclusão de Curso - TCC
Timóteo 2015
Universidade de Uberaba
Guerra de Canudos – As cinzas de uma história
Trabalho de conclusão de curso referente à 6ª etapa apresentado como requisito para obtenção do titulo de licenciado em historia pela universidade de Uberaba.
Professor-tutor: Simone Afonso
Timóteo 2015
 
“Dedico esse trabalho a meu filho Douglas, que um dia seguirá meus passos com a ajuda de Deus e tentará se tornar uma pessoa mais esclarecida e em busca de um futuro melhor.”
“Agradeço pela ajuda da minha mãe e do meu marido, por cuidarem do meu filho quando precisava estudar; à minha irmã Laís que sempre me apoiou e caminhou de mãos dadas comigo por todo o trajeto e à professora Simone, que teve muita dedicação e paciência comigo quando mais precisei.”
Sumário:
Resumo_____________________________________________6
Resumo em inglês_____________________________________7
Introdução___________________________________________8
Guerra de canudos_____________________________________9
As primeiras derrotas do exercito_________________________13
Fim de canudos_______________________________________20
Conclusão____________________________________________22
Anexos______________________________________________24
Referencias bibliográficas_______________________________28
Resumo:
Em minha pesquisa no TCC eu usarei a pesquisa teórica e o conhecimento intelectual. Eu falarei sobre a guerra de Canudos, um acontecimento histórico que não deve ser deixado no esquecimento devido às particularidades que fizeram história, e à abundância de fatos e mudanças que causam cada acontecimento.
Um acontecido que marcou a história do sertão nordestino e que ocorreu no final do século XIX, no sertão baiano, Adultos e crianças começaram a seguir um beato conhecido como Antônio Conselheiro, aumentando a cada dia mais o aglomerado de pessoas, principalmente pessoas pobres que abandonavam as fazendas para acompanhá-lo.
Antônio Conselheiro passou duas décadas perambulando pelo interior do estado, pedindo esmolas, rezando, ajudando os necessitados, construindo ou recuperando igrejas ou muros de cemitério, etc.; quando resolveu instalar-se numa região da Bahia conhecida como Canudos. Ele era malvisto pela igreja e pelos coronéis, mesmo sendo um religioso fervoroso.
Sua pregação transmitia uma mensagem igualitária, essas ideias começaram a incomodar os que viviam no poder, pois se tornava visível a crescente multidão que seguia Antônio Conselheiro, pois a comunidade de Canudos se fortalecia começando a desenvolver uma resistência crescente sobre os problemas existentes no sertão.
As pessoas para lá se dirigiam atraídas principalmente pelo fato de Canudos ser uma comunidade onde prevalecia o uso coletivo da terra. Quem quisesse podia construir sua casa ali sem ter de pagar pelo terreno.
Alguns grupos elitistas se sentiam ameaçados com o desligamento dos valores materialista e da solidariedade coletiva que existiam em Canudos, pois era visível a prosperidade que estava se estabelecendo diante dos olhares atentos do povo.
Tais acontecimentos começaram a incomodar alguns grupos daquela região. A polícia, a Igreja Católica e os latifundiários estrategicamente se organizaram para encontrar uma desculpa convincente para destruir aquele sistema de coletividade e consequentemente a comunidade de Canudos.
Por trás dessa desculpa forjada estava o desagrado dos latifundiários em ver seus homens se deslocarem de suas fazendas para acompanhar o beato. A igreja se via incomodada pelo afastamento dos fieis das igrejas para acompanhar o beato Antônio Conselheiro.
Em uma luta injusta travada por homens preparados e armados contra pessoas humildes armadas de instrumentos de trabalho e de fé se tornaram exemplo único em toda a História pela resistência até o esgotamento completo de suas forças, mas não de sua fé.
Abstract:
In my research on the TCC I will use the theoretical research and intellectual knowledge. I will talk about the war of Canudos, a historic event that should not be left by the wayside due to the particularities that have made history and plenty of events and changes that cause each event.
One happened that marked the history of the northeastern hinterland and that occurred in the late nineteenth century, in the Bahia backlands, Adults and children began to follow a known as Blessed Antonio Advisor, increasing every day over the cluster of people, especially poor people abandoned the farms to accompany him.
Councillor Anthony spent two decades by wandering the state, begging, praying, helping the needy, building or restoring churches and cemetery walls, etc. ; when he decided to settle in Bahia known as Canudos. He was frowned upon by the church and by the colonels, even though a fervent religious.
His preaching conveyed an egalitarian message, these ideas began to bother those who lived in power, as became apparent the growing crowd that followed Antonio Advisor because the Canudos community in strength starting to develop a growing resistance on the existing problems in the backcountry.
People there were bound attracted mainly because Straws be a community where prevailed the collective land use. Whoever wanted to could build your house there without having to pay for the land.
Some elite groups felt threatened with the shutdown of materialistic values ​​and collective solidarity that existed in Canudos, as was apparent prosperity that was established before the watchful eyes of the people.
Such events began to bother some groups in that region. The police, the Catholic Church and the landowners strategically organized to find a convincing excuse to destroy that community system and consequently the Canudos community.
Behind this excuse was forged dislike of landowners in seeing his men move their farms to accompany the Blessed. The church via bothered by the removal of the faithful of the churches to accompany the Blessed Antonio Advisor.
In an unfair fight waged by prepared and armed men against armed humble people of working tools and faith became only example in all history by resistance to the complete exhaustion of its forces, but not of their faith.
Introdução:
Ao introduz este projeto de pesquisa pretendo mostrar uma das maiores lutas sofridas pelo povo brasileiro no interior baiano no final do século XIX. 
A Guerra de Canudos nos mostra a incoerência de uma República para com os seus nacionais. Foi uma verdadeira guerra civil, uma enorme atrocidade; eram brasileiros lutando contra brasileiros.  De um lado lutava sertanistas alentados para ter em o direito de plantar, colher e defender os seus lares. Do outro lado, o antagonismo se revelava no poder do coronelismo ameaçado pela apropriação de suas terras. 
A resposta da republica para os insubordinados vai ser o envio de tropas do exercito para reprimir o avanço dos idealistas antirrepublicanos. Enviou a primeira, segunda e terceira expedição que serão combatidas com muito heroísmo. Considerando a insurreição de Canudos, um barril de pólvora a ponto de explodir, isto era um mau exemplo para a nova República. Foi enviada a Quarta expedição que teve total êxito no desempenho de sua missão. Como se pode ver no seguinte trecho do livro os sertões:
"Concluídas as pesquisas nos arredores, e recolhidas as armas e munições de guerra, os jagunços reuniram os cadáveres que jaziam esparsos em vários pontos. Decapitaram-nos. Queimaram os corpos. Alinharam depois, nas duas bordas da estrada, as cabeças, regularmente espaçadas, fronteando-se, faces volvidas para o caminho. Por cima, nos arbustos marginais mais altos, dependuraram os restos de fardas, calçase dólmãs multicores, selins, cinturões, quepes de listras rubras, capotes, mantas, cantis e mochilas...”CUNHA, Euclides Da. Os Sertões. São Paulo, editora Três, 12ª ed. 1973. 
Guerra de Canudos: as cinzas de uma história
Antônio Vicente Mendes Maciel, filho de Maria Joaquina de Jesus e Vicente Mendes Maciel, nascido no Ceará, 1828. O sobrenome Maciel acompanhava uma família grande, de homens ágeis, inteligentes e com senso de defesa, viviam de pequenas criações. A família entrou em um dos maiores lutas de famílias, dentro de todas as histórias do Ceará. Os rivais eram a poderosa família Araújo. Antes de sua adolescência, ficou órfão de mãe e seu pai se casou novamente com Francisca Maria da Conceição e desse casamento nasce Rufina. O pai alcoólatra, a grande perda dos parentes na batalha contra a família Araújo e abusos da madrasta, fazem com que o menino se torne fechado, tímido. Mas se alfabetiza através do avô, o Professor Manoel Antônio Ferreira Nobre. Em sua vida adulta, após a morte do pai, a venda da família fica em seu poder, promove o casamento das irmãs. Francisca Maciel morre quando Antônio tem 28 anos, um ano após a morte do pai. Cheio de dívidas, pelas quais ele paga duras penas, fica poucos anos com a venda de seu pai, casa-se com Brasilina Laurentina de Lima, uma prima sua, e se torna professor em uma escola de fazenda. Torna-se Juiz de paz em Campo Grande. Se muda para Ipu, onde se torna  requerente do fórum, já com família constituída, dois filhos e uma esposa, ela foge com um soldado da policia local. Depois deste golpe, Antônio Conselheiro passa a vagar pelas cidades do nordeste, trabalhando em construções sacras, e pregando o evangelho a pedido dos sacerdotes, ganhando admiração dos camponeses. Liga-se à Joana Imaginária, escultora. Tem um filho com ela, chamado Joaquim Aprígio, e deixa ambos em 1865. Em sua peregrinação passa por Pernambuco e Alagoas, por Sergipe e chega à Bahia. No ano de 1878, uma grande seca atingiu o sertão, matando milhares de pessoas de fome. Antônio Conselheiro percorreu as regiões afetadas pela seca para socorrer os flagelados. Passou a ser considerado um santo, aumentando o número de pessoas que o acompanhavam. 
No final de suas andanças, Conselheiro chega a uma fazenda abandonada às margens do rio Vaza-Barris, numa afastada região do norte da Bahia. Lá surgiu o arraial de Belo Monte, mais conhecido como Canudos, para congregar seus seguidores. 
Canudos foi o nome dado pelos inimigos, referindo-se aos bambus que ali cresciam como canudos, e, ao mesmo tempo negando-lhe o carisma de seu verdadeiro nome.
Coronéis assustados com a fuga de mão de obra e com o surgimento de outra liderança aproximaram-se da igreja que via conselheiro como um herético, e não iriam tolerar um leigo como portador da palavra de Deus. Se Conselheiro representava um problema para as autoridades locais, seu arraial se tornaria um problema ainda maior para os coronéis do sertão, pois não pagavam impostos, possuíam uma organização econômica autônoma, mantendo comércio com outras comunidades da região, estabelecendo uma milícia própria, inclusive com um presídio local.
 Uma de suas primeiras ações nesse período acontece em Bom Conselho, quando reúne o povo, faz uma breve prédica e manda arrancar o edital de cobrança de impostos. O povo obedece, queima o edital e faz festa, com foguetes e banda. Começa a trajetória propriamente política do Conselheiro. Uma patrulha de 35 soldados tente prende-lo, mas é dispersa pelo povo. Daí para frente será sempre perseguido como um perigo social. É então que depois de muito ameaçado leva seu povo, e todos os que chegam para o Belo Monte e ali funda a sua utopia. 
Mesmo sendo católico fervoroso, Antônio Conselheiro era malvisto pela igreja e pelos coronéis locais. Isso porque muitos de seus seguidores eram pessoas pobres que abandonavam as fazendas em que trabalhavam para acompanhar o beato. Após a proclamação da República, em 1889, Conselheira passou a fazer critica ao novo regime, que havia separado a Igreja do Estado, estabelecido o casamento civil e permitido aos municípios a criação de impostos. (CARDOSO, 2009, p.214)
O beato e seus seguidores instalaram-se no Arraial, no nordeste da Bahia, e a pequena vila cresceu rapidamente. Fanático defensor de seus ideais, o Conselheiro começou a conduzir seus seguidores contra as inovações introduzidas pelo regime republicano. Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o Peregrino.
As pessoas para lá se dirigiam atraídas principalmente pelo fato de Canudos ser uma comunidade onde prevalecia o uso coletivo da terra. Quem quisesse podia construir sua casa ali sem ter de pagar pelo terreno. A população praticava uma agricultura de subsistência; os moradores não podiam consumir bebidas alcoólicas e era proibida a pratica de prostituição. (CARDOSO, 2009, p. 215)
Canudos chegou a ter 8 mil habitantes e só possuía uma rua, que começava na igreja onde Antônio Conselheiro pregava. Os casebres se amontoavam desordenadamente sobre as colinas próximas, fato usado por muitos para classificar a incapacidade e a ignorância dos sertanejos. A aparente disposição desordenada das casas tratava-se de uma estratégia de defesa. 
A concentração fundiária brasileira nordestina fazia com que a esmagadora maioria da população não tivesse acesso à propriedade de terra, tendo de se submeter a relações de trabalho marcadas pela exploração. Essa população sofria ainda os efeitos das grandes secas que assolaram o sertão nordestino, em parte resultando na falência das culturas tradicionais (algodão e açúcar), provocando uma grave crise econômica. Um fator que contribuiu para o movimento de Canudos.
Muitas vezes. Alega-se que os vínculos entre o fazendeiro e o agregado, o morador, eram vínculos extra econômico, feudais, tomando-se como referência a morada de favor, a morada em terra alheia sem pagamento da renda. No meu modo de ver a morada de favor esconde duas relações entre si distintas: a do verdadeiro agregado, o mestiço, excluído do direito de propriedade e de herança, e a do parente membro da família, que o morgadio excluiu da herança e que, no entanto permaneceu na terra, como era costume até empobrecendo-se ao longo das gerações e do tempo. Muito provavelmente, nestes casos não cabia cobranças de renda por força mesmo dos vínculos de sangue. (CHANDLER, 1961, p. 36) 
O povoado de Canudos incomodava as "autoridades religiosas católicas e políticas”. Devido às dificuldades de domínio dos grandes proprietários de terra sobre a mão-de-obra. O rompimento da hierarquia e do controle da Igreja oficial sobre a população local. A pregação do beato não combinou com a Igreja ortodoxia veiculada pela hierarquia eclesiástica. Canudos, enquanto um espaço social negava a ordem instituída, uma vez que exercia um forte poder de atração sobre a massa sertaneja.
A organização econômica da comunidade seguia a tradição sertaneja. Os conselheiristas, desde os anos de nomadismo, adquiriam gado por meio de esmolas, caçavam e auxiliavam os pequenos agricultores no plantio e colheita por meio de mutirões. Esta prática comunitária se manteve durante a constituição do arraial, pois parcela considerável da população -mulheres, crianças, velhos e desvalidos de toda ordem- não estava vinculada à produção agrícola ou a pecuária. Assim, a cooperação no processo produtivo foi elemento essencial para a reprodução da comunidade, dada as condições do solo e do clima e ao baixo desenvolvimento das forças produtivas.
[...] Às margens do Rio Vaza-Barris eram cultivados diversos legumes, milho, feijão, batata, melancia, cana de açúcar. Nas áreas próximas ao arraial, caçavam possuíam pomares [...]. A criação de bode era extremamente importante para a comunidade, havendo vários curtumes à beira do rio, e o couro acabou se transformandono principal produto no intercâmbio com as outras vilas e cidades da região, [...] As mulheres participavam das atividades produtivas fabricando farinha, bijus, redes, enquanto os ferreiros produziam foices, machados, facas [...] (VILLA, 1997, p. 55)
Não é o caso de considerar a existência de um suposto socialismo utópico devido à gratuidade na entrega da terra aos novos moradores, pois as terras pertenciam à capela de Santo Antônio, doação da família Garcia D'Ávila. No arraial, havia o direito de propriedade sobre a produção familiar, assim como um fundo comum-organizado com parcela do excedente produzido pela comunidade-, que mantinha uma parcela da população que não tinha condições de subsistir dignamente. A organização econômica tinha como base o comunitarismo, isto é, a responsabilidade de cada indivíduo pela manutenção da coletividade.
Na visão de Conselheiro, a República era contrária à lei da natureza, à lei eterna de Deus e as novas medidas tomadas pelo governo – entre as quais, a separação entre Igreja e Estado – arrastava o cristão para a heresia e violação da fé. Ante a possibilidade de destruição da Igreja católica por maçons, republicanos, protestantes, cada vez mais presentes no meio sertanejo, os espíritos religiosos dos adeptos do Bom Jesus e os hostes inimigos do Anticristo se chocam. De um lado, o povo de Belo Monte, com a sua verdadeira igreja – constituído por santos e convertidos na defesa da lei de Deus –, e, de outro, o mundo cego, corrompido pelos pecadores, incrédulos e impenitentes.
As primeiras derrotas do exército
Os moradores de belo monte foram surpreendidos pela primeira vez ao enfrentaram as tropas federais que estavam armadas com espingardas, facões, foices e enxadas e treinadas com táticas de guerra. Quando o governo foi derrotado a população e as autoridades ficaram com medo e assustadas.
A grande dificuldade enfrentada pelas tropas do Exército Brasileiro foi não estarem preparados para lutarem na caatinga sertaneja, apesar de terem bastante poder bélico. As fardas dos soldados além de serem de lã, o que causava insolação, também eram vermelhas e os tornavam alvos fáceis por não estarem camuflados nas areias do sertão.
Antes de iniciar a segunda expedição contra a Cidade de Belo Monte, em dezembro de 1896, o presidente da República, Prudente de Morais, foi obrigado a afastar-se por motivos de saúde. Assumiu o vice, Manoel Vitorino Pereira, que se aproximou dos oficiais mais duros que só aceitavam a guerra total contra Conselheiro. Assim, quando o presidente voltou a assumir, já havia sido montado um esquema militar para o assalto final à cidade. Qualquer recuo seria encarado como uma concessão à "reação monarquista". 
A Segunda Expedição foi Comandada pelo major Febrônio de Brito, à frente de 543 praças, 14 oficiais, três médicos, carregando três canhões Krupp e três metralhadoras. Em fins de dezembro, a tropa chega ao vilarejo de Monte Santo, que foi transformado em1897 em um verdadeiro quartel. Em 12 de janeiro, partiram para Belo Monte acreditando que a vitória seria fácil. O major Febrônio não contava com a tática armada pelos homens de Conselheiro: atacar e recuar com rapidez. Confundidos por essa tática guerrilheira, a tropa gastou toda munição sem atingir o alvo. Quando os rebeldes caíram sobre a tropa enfraquecida, assistiu-se a uma debandada geral. Armas e munições eram deixadas nas mãos dos rebeldes. A palavra de ordem era retirar-se, se possível salvando os feridos. Houve perdas de mais ou menos 600 soldados.
Para a terceira expedição foi nomeado o paulista Moreira César, tenente-coronel de infantaria, conhecido como o “Corta-Cabeças”, pois o Exército não queria ser humilhado novamente perdendo uma guerra contra camponeses. Em fevereiro de 1897 a expedição já rumava contra a Cidade Santa com 1300 soldados, carregando 15 milhões de cartuchos e 70 tiros de artilharia. Tido como desequilibrado e arrogante, ele teria considerado a missão muito fácil. A marcha deveria ser rápida e o assalto à cidade também. Em março a expedição avistou a cidade. Arrojou-se impulsivamente contra Canudos, sem descansar da exaustiva caminhada sob o sol do sertão. Ignorando a fome, a sede e o cansaço dos soldados, Moreira César mandou atacar. "Vamos tomar o arraial sem disparar mais um tiro... à baioneta", declara o comandante. Seguindo a risca a palavra de ordem, os soldados penetraram no interior da cidade, à procura do inimigo. O coronel foi abatido pelos guerrilheiros logo no primeiro dia de combate e sua tropa debandou, com muitas baixas. Aí começou a verdadeira guerra contra Canudos. O governo estava lutando com um grupo numeroso de brasileiros pobres, camponeses, encarregados na dura luta pela vida, sem qualquer ajuda de ninguém; sofrendo por causa de problemas econômicos, políticos e climáticos que estavam além de sua compreensão e que não era culpa de ninguém; com suas crenças primitivas e leais a Antonio Conselheiro; com uma reputação ruim inventada pelo governo e pela igreja, mas que não impedia eventuais saques em fazendas de latifundiários em ocasiões de muita fome e miséria; com seus líderes ignorantes, embora influentes; com suas opiniões políticas sobre sistemas de governo – Monarquia ou República – inteiramente desprovidas de informação, formadas a partir das impressões que se constituíam sobre as primeiras ações de um governo republicano em comparação com as ações do governo anterior.
E é bom ver que a organização social dessa comunidade estava dando certo e não só do ponto de vista da produção e do comércio, mas também do governo. 
E por que aconteceu essa guerra? Não existe resposta inteligente pra essa pergunta, parece apenas “birra” do governo com pequenos cidadãos que construíram uma cidade utópica. Canudos não representava, nem podia, qualquer ameaça ao Estado brasileiro, ou à República, mesmo se Conselheiro fosse um monarquista convencido e ativista, que não era. Não existia qualquer questão nacional. A entrada do Exército para fazer a Guerra de Canudos não tem justificativa alguma, foi um erro político claro, e grave. 
Decorre dessa detestável compreensão que as elites brasileiras há tempos têm poder sobre o papel das Forças Armadas, segundo a qual, a força de guerra, montada pela Nação e pelo Estado para enfrentar algum inimigo externo do País, também pode ser usada contra os brasileiros que, de uma forma ou de outra, estejam em desacordo com as classes dominantes do País.
 Canudos deveria ter sido incorporada à sociedade em geral, respeitando sua organização, seus costumes e seus líderes, através de uma relação pacífica e investimento político, cultural e econômico, pelo qual os canudenses iriam sendo ajudados e não perseguidos. E, na hipótese de Canudos estar abrigando desordeiros, criminosos ou saqueadores, caberia à força estadual capturá-los e julgá-los, com a Polícia e a Justiça, nunca com o Exército. Ao entrar o Exército nesse conflito social, lamentavelmente interpretou o capítulo de guerra civil mais cruel e repelente da História do Brasil. O espírito que norteou sua postura pode ser sintetizado na orientação que o presidente da República, Prudente de Moraes, deu quando se despedia no Rio de Janeiro, do corpo expedicionário que embarcava para a Bahia: “(…) não fique pedra sobre pedra!”. E, de fato, foram tratados com desumanidade absoluta, premeditada e demorada, os sertanejos em luta. Não que se imaginasse ingenuamente possível tratamento cordial entre dois lados em guerra. Mas instituiu-se a gravata vermelha, degola repugnante de todos aqueles em que se conseguia pôr as mãos, numa extensão tal que não se encontra paralelo em outra luta civil no Brasil.
Estima-se que parte da população civil rendida, que ainda não havia sido dizimada pela fome e pelas doenças no arraial, e não somente os prisioneiros combatentes, tenha sido executada dessa forma por tropas federais, o que constituiu num dos maiores crimes já praticados em território brasileiro.
Para se entender Canudos é preciso voltar notempo. Os valores de então eram diferentes e a desigualdade, gritante. O Sertão Nordestino era uma região inóspita, dominada por cangaceiros e coronéis de branco. Seus conflitos reais superavam as ficções dos filmes de Western.
A situação na região, naquela época, era muito precária devido às secas, à fome, à pobreza e à violência social. Esse quadro, somado à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou uma série de distúrbios sociais, os quais, diante da incapacidade dos poderes constituídos em debelá-los, conduziram a um conflito de maiores proporções.
A campanha de destruição dos conselheiros continuou após a queda do arraial. Relatos de civis que acompanhavam os combates contam que muitos prisioneiros eram degolados pelo Exército por se recusar a render homenagem à República; seus cadáveres eram empilhados e queimados. O que mais assusta é o relato sobre as crianças que apresentavam vários ferimentos, muitas foram dadas de presente aos comerciantes e aos participantes da campanha contra Canudos para serem escravas e servirem como objeto sexual, bichinho de estimação ou um premio de guerra. 
A derrota e morte do comandante da Terceira Expedição provocaram comoção nacional. A República estava em perigo, a "conspiração monarquista" tinha ido longe demais, proclamava a imprensa governista. Além de ter sido massacrada, a expedição Moreira César tinha prestado um grande favor aos conselheiristas, dando-lhes de graça os armamentos modernos que lhes faltavam milhões de cartuchos e balas. Mas lhes proporcionara também treinamento. Soldados prisioneiros ou desertores ficaram em Canudos ensinando aos jagunços como manejar as armas abandonadas.
A reação popular ao fracasso foi grande. Enquanto se exigiam providências enérgicas do governo, ocorriam atentados contra jornais e propriedades de pessoas consideradas monarquistas.
“A luta, que viera perdendo dia a dia o caráter militar, degenerou, ao cabo, inteiramente. Foram-se os últimos traços de um formalismo inútil: deliberações de comando, movimentos combinados, distribuições de forças, os mesmos toques de cornetas, e por fim a própria hierarquia, já materialmente extinta num exército sem distintivos e sem fardas. Sabia-se de uma coisa única: os jagunços não poderiam resistir por muitas horas. Alguns soldados se haviam abeirado do último reduto e colhido de um lance a situação dos adversários. Era incrível: numa cava quadrangular, de pouco mais de metro de fundo, ao lado da igreja nova, uns vinte lutadores, esfomeados e rotos, medonhos de ver-se, predispunham-se a um suicídio formidável. Chamou-se aquilo o “hospital de sangue” dos jagunços. Era um túmulo. De feito, lá estavam, em maior número, os mortos, alguns de muitos dias já, enfileirados ao longo das quatro bordas da escavação e formando o quadrado assombroso dentro do qual uma dúzia de moribundos, vidas concentradas na última contração dos dedos nos gatilhos das espingardas, combatiam contra um exército. E lutavam com relativa vantagem ainda. Pelo menos fizeram parar os adversários. Destes os que mais se aproximaram lá ficaram, aumentando a trincheira sinistra de corpos esmigalhados e sangrentos. Viam-se, salpintando o acervo de cadáveres andrajosos dos jagunços, listras vermelhas de fardas e entre elas as divisas do sargento-ajudante do 39o, que lá entrara, baqueando logo. Outros tiveram igual destino. Tinham a ilusão do último reconto feliz e fácil: romperam pelos últimos casebres envolventes, caindo de chofre sobre os titãs combalidos, fulminando-os, esmagando-os...” - Euclides da Cunha, Os Sertões.
A Quarta expedição foi minuciosamente preparada, depois de se estudar as "vitórias improdutivas" das outras expedições, foi escolhido para comandá-la o general do exército, Arthur Oscar de Andrade Guimarães, foi uma operação bem longa, o exército agiu de maneira planejada, que começou a ser organizada em abril e só chegou a Canudos em fins de junho, comandando mais de cinco mil homens, vindos de todos os Estados. Ela deveria redimir a "honra nacional” diante dos cidadãos brasileiros.
Em junho de 1897 a tropa marchou para destruir Belo Monte. No dia 25 de junho, iniciaram-se os primeiros combates, com sérios reversos para as tropas oficiais. O número de baixas já era grande entre os soldados. Para evitar novo fracasso, o ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, assumiu a importante função de responsável pela logística das tropas, periodicamente alimentadas e em comunicação ininterrupta com as bases, providenciou mais munições e recrutou um reforço de mais de 4.000 homens entre os Estados. Ao todo a Quarta Expedição mobilizou 10 mil soldados contra a resistência camponesa, direta ou indiretamente. É exatamente isso, 10 mil soldados contra alguns camponeses esfomeados e na busca de uma vida melhor.
O conflito brutal, prolongado, que demonstrou uma capacidade extraordinária da resistência camponesa, produziu comandantes guerrilheiros de grande expressão tática e sentido estratégico e temperou o povo em luta para enfrentar com heroísmo a dureza da guerra. Os sertanejos eram homens fortes e demonstraram essa força lutando até o ultimo momento, agarrados no espírito de justiça e liberdade.
"O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É o homem permanentemente fatigado." - Euclides da Cunha, Os Sertões.
Quando a quarta expedição aproximava-se de Canudos num cerco mortal, Pajeú, que aprendera a guerrear guerreando e vencendo as três primeiras expedições, procurou levar as forças do governo para um lugar mais favorável ao ataque guerrilheiro, para uma armadilha. Tinha que dar a entender que estava sendo perseguido e fazer com que o Exército o perseguisse até onde ele queria. Euclides descreve esse episódio em cores vivas: “O inimigo (os homens de Canudos) aparece outra vez, mas célebre, fugitivo”. O guerrilheiro famoso visava, à primeira vista, a um reconhecimento. Mas de fato tinha objetivos mais inteligentes, provocando um delírio de descargas. Passou, num relance, acompanhado de poucos atiradores, na estrada. 
Trocadas algumas balas desapareceram. Duas horas depois, ao trespassar o general, desceu de uma colina, o ataque cresceu de súbito (…). O tiroteio frouxo converteu-se numa fuzilaria furiosa. Não se via o inimigo metido dentro das trincheiras-abrigos e encoberto nas primeiras sombras da noite que descia. A situação era desesperadora. Triunfara-lhes o ardil. Os expedicionários haviam imprudentemente se orientado pela paisagem desconhecida, acompanhando, sem saber, um guia ardiloso e terrível, com que não contavam – “Pajeú”.
Pajeú se mostrou muito melhor em táticas de guerrilha do que seu mestre Antônio Conselheiro. Teve uma morte heroica em meio a uma expedição rápida e violenta. A Última expedição mostrava que seria o fim de canudos. Pajeú, que sempre foi mestre em emboscadas e com anos de pratica, viu naquele momento canudos cercada sem nenhuma condição de ser salva. Rapidamente ele localizou o ponto fraco do exercito inimigo e preparou um ataque fulminante. A surpresa e impetuosidade foram tantas que o ataque inimigo e a intenção de cercar canudos quase foi extinta e quase deu fim a quarta expedição. Os três generais tiveram que fazer grande concentração de força para repelir o golpe de Pajeú. Era 24 de julho de 1897, quando Pajeú morreu. Foram precisos três generais para abatê-lo, pois ele se debatia e lutava como um verdadeiro guerreiro.
fora do making off da guerra, a repercussão e a reação que Canudos despertou merecem um foco melhor. Especificamente dois aspectos me chamaram a atenção: a divulgação das notícias do que estava acontecendo e a posição dos estudiosos da época.
A opinião pública em nosso país sempre foi, e até hoje o é, formada a partir das versões noticiadas dos fatos, que muitas vezes nada tem a ver com os fatos maisimportantes, ou com a realidade sucedida. É a chamada imprensa livre, ainda mais quando ela está tramando com o poder dominante, que se encarrega de mudar os fatos e fazer a cabeça das pessoas. Foi espantoso como se criou no Brasil uma opinião pública, às vezes bravamente contrária a Canudos. As notas de oficiais do Exército, as propagandas republicanas e militaristas não tinham o menor escrúpulo na veiculação das notícias mais absurdas, como a caracterização de ser Canudos uma ponta de lança para a restauração monarquista, que estava articulada com o exterior recebendo armas e dinheiro e que era uma ameaça à Pátria e à República! Notadamente quando chegaram ao Rio de Janeiro, capital e centro político do País, as notícias da estrondosa derrota da terceira campanha, comandada pelo coronel Moreira Cesar, que carregava a fama de grande degolador de revoltas, foi uma comoção e intimidação muito grande.
A massa arruinou e encheu de calunias as redações e as tipografias dos jornais monarquistas Gazeta da Tarde, Liberdade e Apóstolo, Gentil de Castro, um monarquista, foi assassinado em meio a um clima frenético de artificial patriotada. 
A manipulação da opinião pública através dos meios de comunicação – a imprensa escrita, na época – já era muito grande fonte de informação. Os intelectuais começaram então aos poucos tomarem consciência do disparate que acontecia em Canudos. 
Precisaria ser mais bem pesquisado, na diversidade das opiniões de seus porta-vozes e no desenvolvimento do tempo da luta. De um modo rude, entretanto, a intelectualidade ficou quase toda contra Canudos durante a guerra. A situação era muito mais grave do que se imaginava porque os republicanos que representavam o Brasil naquela época estavam vendo um movimento religioso de camponeses como um ataque monarquista prestes a explodir e que não havia contenção. Indicações parecem mostrar que antes da guerra propriamente dita houve espaço, na intelectualidade, para a defesa de que ninguém deveria envolver-se nela. No curso da guerra, e até a terceira campanha, predominou a posição contrária a Canudos. E, depois que foi revelada a prática sanguinária das gravatas vermelhas, o exercito passou então a ser criticado.
Na Bahia o poeta Pithion de Villar escreveu belo soneto homenageando o governador Rodrigues Lima por ter resistido a pressões e não ter enviado tropas contra Canudos. Foi em maio de 1896, antes do início da guerra. Depois da guerra, e mesmo ainda no curso da prisão os prisioneiros eram interrogados pelos soldados que em seguida aplicavam-lhes a "gravata vermelha", ou seja, a degola. Depois, a cidade foi incendiada e demolida, seguindo ordem do presidente Prudente de Morais: não poderia restar "pedra sobre pedra" que demonstrasse a fraqueza do governo.
Depois de tantas atrocidades cometidas nas três primeiras campanhas, a intelectualidade começou a se manifestar. Finalmente dois registros importantes surgiram meio ao tumulto: alguns alunos da Escola Militar do Rio recusaram-se a entregar munições para a quarta campanha e com isso eles foram brutalmente reprimidos por uma tropa numerosa de soldados do exercito. Isso mostrava que no próprio meio militar havia ressentimento contra a atuação do Exército na frente de combate. E, quando o general Artur Oscar, comandante supremo da quarta expedição, recém-chegado da frente de batalha logo após a guerra, passou por Salvador, na predisposição de receber as homenagens do vencedor, foi surpreendido com um Manifesto que lhe foi entregue pelos estudantes da Faculdade de Direito da Bahia, com uma forte repressão contra o cruel massacre que estava acontecendo no sertão baiano. Os estudantes da época, que haviam ficado anestesiados e confundidos durante a guerra com a propaganda do governo e da imprensa, agora se despertavam e se indignavam com o massacre cometido em nome da Pátria e da República.
Fim de canudos
Aqui as coisas começaram a mudar e os sertanejos foram perdendo suas forças diante do exercito que só ia crescendo e ganhando a cada dia que passava mais apoio do governo brasileiro, contribuído para um fim cruel e devastador de Belo Monte.
 Combate de Uauá – [...] Às cinco horas da manhã do dia vinte e um [de novembro], fomos surpreendidos por um tiroteio partido da guarda avançada, colocada na estrada que vai até Canudos. Esta guarda, tendo sido atacado por uma multidão enorme de bandidos fanáticos resistiu-lhes denodadamente [...] Imediatamente dispus as forças para a defensiva, fazendo colocar a distância [...] uma linha de atiradores, que causou logo enormes claros nas fileiras dos bandidos. Estes, não obstantes, avançaram sempre, fazendo fogo, aos gritos de viva ao nosso Bom Jesus! Viva o nosso Conselheiro, chegando até alguns a tentarem cortar a facão os nossos soldados. Um deles trazia alçada uma grande cruz de madeira, e muitos outros traziam imagens de santos em vultos. Avançaram e brigaram com incrível ferocidade, servindo-se de apitos para a execução de seus movimentos e manobras. Pelo grande número que apresentaram foram por algumas praças, calculados em três mil! Há, porém, nisso exagero, proveniente de erro de apreciação; seriam uns quinhentos, mais ou menos, divididos em vários grupos que atacaram energicamente [...] Os inimigos deixaram no campo e dentro das casas que ocupavam mais de cento e cinquenta cadáveres, sendo incalculável o número de feridos que morreram pelas estradas, ou dentro das catingas. (CARDOSO, 2009, p.216) 
A partir de junho de 1897 o cerco começou a fechar. Em setembro, uma proposta de perdão atraiu muitos seguidores de Conselheiro. Era uma armadilha. Canudos caiu no dia 5 de outubro. O arraial foi incendiado. O corpo de Antônio Conselheiro, morto alguns dias antes, foi desenterrado e degolado. A cabeça do beato foi enviada a Salvador. Ali serviu para enfeitar a ponta de uma lança durante um desfile militar.
As crianças que sobreviveram ao massacre não tiveram melhor fim: ou morreram de fome, ou foram doadas como "lembrança" de Canudos, aos oficiais, soldados e civis que estiveram na guerra. Depois essas crianças passaram a ser vendidas para as casas de prostituição. A barbárie provocou reação da opinião pública e obrigou o governo a criar o Comitê Patriótico da Bahia para apurar os fatos. O Comitê produz um relatório onde denuncia o comércio de órfãos e de meninas virgens. Ainda segundo o Comitê os donos das crianças escravizadas se recusavam a libertá-las, mostrando o recibo de soldados, oficiais e até de generais. As casas de prostituição escondiam as meninas para não terem que libertá-las.
A barbárie que atingiu seu povo alcançou também Antônio Conselheiro. Morto doze dias antes do fim da guerra, aos 69 anos de idade, seu corpo foi exumado e sua cabeça enviada para a faculdade de Medicina de Salvador para ser analisada pela antropóloga Nina Rodrigues. A oligarquia queria que a ciência confirmasse a existência de deformações físicas que explicassem a "loucura" de Conselheiro. Mas, para decepção de nossas elites dominantes, o laudo médico concluiu que o crânio de Conselheiro não apresentava anormalidade. Era um crânio normal, Conselheiro estava possuído de outra "loucura": a de sonhar, com milhares de camponeses, a experiência de uma sociedade sem latifúndios, coronéis, fome e prostituição. Sua "loucura" era uma utopia encravada no sertão, a qual chamava de Belo Monte, e, que os inimigos preferiram denominá-la canudos.
Na tarde de cinco de outubro de 1897, a última trincheira de Canudos ainda resistia. Eram apenas quatro defensores vivos: um negro, um caboclo, um velho e um jovem de 16 anos. O velho era o comandante daquela última resistência e, tendo acabado seus cartuchos de munição, saiu da trincheira trajando a veste azul da Companhia do Bom Jesus, com uma machadinha nas mãos, em direção aos soldados do Exército. Os combates terminavam, mas continuava o massacre.
Canudos não podia mais receber alimentos, água e reforços formados por sertanejos que chegavam de todo oNordeste para lutar e defender o arraial do "homem santo" Antônio Conselheiro. Era outubro de 1897 e o Exército Brasileiro bombardeava furiosamente as ruínas de Canudos, onde muitos combatentes resistiam sem oferecer rendição. Mesmo os que se rendiam, eram degolados ou fuzilados. Nem mulheres, crianças e idosos foram poupados. O Ministro da Guerra deu a ordem para que todos os prisioneiros fossem degolados e as casas que restaram de pé fossem explodidas e incendiadas, para que não sobrasse nenhuma lembrança da comunidade religiosa de Canudos.
O cadáver de Antônio Conselheiro foi retirado da sepultura, sua cabeça foi cortada e enviada para estudos na Faculdade de Medicina de Salvador, pois a ciência da época, baseada nas teorias do determinismo europeu, acreditava que a "loucura", a "demência" e o "fanatismo" podiam ser explicados na mistura de raças e nas características faciais do considerado "mostro dos sertões".
Conclusão
Revendo e analisando os fatos sobre a história de Canudos, podemos concluir que qualquer força que se oponha aos desígnios do governo, (mesmo que de uma forma boa onde são criadas formas de melhorar a vida das pessoas) sempre será reprimida com força e violência.
A pregação do Beato Antônio Conselheiro relacionou-se a um forte sentimento antirrepublicano, no entanto não confirmava a questão de existir novamente a monarquia. Esse acontecimento histórico se tornou de certa forma uma luta do Brasil contra o Brasil, que não via com bons olhos a religiosidade, também erroneamente interpretada como simples manifestação contra a igreja.
 
O episódio de Canudos reflete as condições materiais e culturais das populações humildes. A religiosidade favorecia a formação do agrupamento dito perigoso para os latifundiários. A revolta camponesa de Canudos teve na realidade um significado muito mais profundo do que sugere a aparência. Suas razões aparentes foram o fanatismo religioso, a superstição, o messianismo e o sebastianismo, no entanto suas razões verdadeiras foram o latifúndio, a servidão, o isolamento cultural e social e o coronelismo, que se sentiram ameaçados por um processo de convivência e sobrevivência que estava tendo resultados positivos. Várias expedições militares foram enviadas para tentar dominar e destruir o povoado de Canudos, mas quase todas foram derrotadas pelos sertanejos, que conheciam o sertão e seus mistérios, onde utilizaram esse conhecimento adquirido pela vivência em favor da defesa, sobrevivência e manutenção do povoado.
A quarta expedição, com todo o armamento adequado para enfrentar uma guerra devastadora e não um grupo de moradores inexperientes no combate bélico conseguiu covardemente subjugar os sertanejos de Canudos. Foi o fim do movimento de massa mais marcante da história brasileira, pela forma como tocou a centenária questão latifundiária no Brasil, que permanece sem solução satisfatória até hoje.
Essa vivência, assim como outras que aconteceram no Brasil deveria ser utilizada como exemplo a serem praticadas em outras regiões tão castigadas como o sertão nordestino, mas, em nome da minoria que não aceita que o povo de alguma maneira consiga sobreviver de maneira mais digna, destrói sem remoço soluções que ajudaria milhares de famílias.
O povo não deve calar diante do que já passou e procurar usar como exemplos a força desses heróis que não se intimidam diante do poder em beneficio de uma maioria carente, por isso pesquisas como essa devem ser propagadas para futuras gerações para que atitudes desse escalão não sejam mais aceitas e permitidas pelo povo.
Finalizando, eu pude concluir que o povo não tem direito a essa “liberdade” que tanto se fala. Toda vez que alguém em algum lugar do país pensar em alguma solução maravilhosa que vai mudar a situação de vida de muitos brasileiros carentes, com certeza essa pessoa vai ser massacrada e oprimida de forma silenciosa e misteriosa, para que o sonho de um Brasil melhor continue apenas na Utopia.
ANEXOS:
Imagens da guerra de canudos:
Conselheiro em ilustração reconstituída da Gazetinha de Porto Alegre, de 1897. Antônio Vicente Mendes Maciel, o "Conselheiro", nasceu em Quixeramobim, Ceará, em 13 de março de 1830.
Cartaz do filme A Guerra de Canudos, 1997.
Acima, o arraial de Canudos visto da estrada do Rosário, litografia de D. Urpia, de 1897. Ao centro, embaixo, estão as duas igrejas do Arraial, a de Santo Antônio (direita) e a nova, com duas torres e inacabada. Embaixo, a igreja de Santo Antônio, em ruínas, e o púlpito onde pregava Conselheiro, após o massacre do Arraial, fotografia de Flávio de Barros, de 1897.
General Artur Oscar.
Mulheres e crianças, seguidoras de Antônio Conselheiro, presas durante os últimos dias da guerra.
Antônio Conselheiro morto, em sua única foto conhecida, tirada por Flávio de Barros no dia 6 de outubro de 1897
Cadáveres nas ruínas de Canudos, 1897 (Flávio de Barros/Acervo Museu da República).
Jagunço posa para foto junto a uma típica moradia dos seguidores de Conselheiro no Arraial de Belo Monte, 1897 (Flávio de Barros/Acervo Museu da República).
Jagunço conselheirista prisioneiro ao lado de alguns membros do exército, ele seria degolado logo em seguida, 1897 (Flávio de Barros/Acervo Museu da República).
Referencias bibliográficas:
Arinos de Belém. História de Antônio Conselheiro - Campanha de Canudos (em português). Belém: Casa Editora de Francisco Lopes, 1940.
Da. Os Sertões (em português). 1 ed. Rio de Janeiro: Laemmert, 1902.
Galvão, Walnice Nogueira. No Calor da Hora - a guerra de Canudos nos jornais (em português). São Paulo: Ática, 1977.
Horcades, Alvim Martins. Descrição de uma viagem a Canudos (em português). 2 ed. Salvador: EDUFBA, 1996.
Macedo Soares, Henrique Duque-Estrada de. A Guerra de Canudos (em português). Rio de Janeiro: Typ. Altiva, 1902.
Moniz, Edmundo. A Guerra Social de Canudos (em português). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
CARDOSO, Oldimar. Tudo é História. São Paulo: Editora Ática, 2009.
VILLA, Marcos Antônio. Canudos: o povo da terra. 2ª Ed. São Paulo: Editora Ática, 1997.
Sites pesquisados:
http://www.portfolium.com.br/Sites/Canudos/lista.asp?IDSecao=63 
http://www.portfolium.com.br/Sites/Canudos/lista.asp?IDSecao=22 
http://www.portfolium.com.br/Sites/Canudos/lista.asp?IDSecao=35 
http://www.fundaj.gov.br/docs/canud/galcarl1.htm 
http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao10/artigos_acasadaserpente.php> 
http://resenhasbrasil.blogspot.com 
http://www.meuartigo.brasilescola.com/historia-do-brasil/resenha-critica-guerra-canudos.htm 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos
http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/histcanudos12.htm
http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_416328.shtml
http://www.sohistoria.com.br/ef2/canudos/p1.php
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