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�PAGE � �PAGE �1� COLÉGIO NAVAL TREINO DE INTERPRETAÇÃO 2013 Texto I Trabalho e Aventura Nas formas de vida coletiva podem assinalar-se dois princípios que se combatem e regulam diversamente as atividades dos homens. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Já nas sociedades rudimentares manifestam-se eles, segundo sua predominância, na distinção fundamental entre os povos caçadores ou coletores e os povos lavradores. Para uns, o objeto final, a mira de todo esforço, o ponto de chegada assume relevância tão capital, que chega a dispensar, por secundários, quase supérfluos, todos os processos intermediários. Seu ideal será colher o fruto sem plantar a árvore. Esse tipo humano ignora as fronteiras. No mundo tudo se apresenta a ele em generosa amplitude e, onde quer que se erija um obstáculo a seus propósitos ambiciosos, sabe transformar esse obstáculo em trampolim. Vive dos espaços ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes. O trabalhador, ao contrário, é aquele que enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar. O esforço lento, pouco compensador e persistente, que, no entanto, mede todas as possibilidades de esperdício e sabe tirar o máximo proveito do insignificante, tem sentido bem nítido para ele. Seu campo visual é naturalmente restrito. A parte maior do que o todo. Existe uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura. O indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor moral positivo às ações que sente ânimo de praticar e, inversamente, terá por imorais e detestáveis as qualidades próprias do aventureiro - audácia, imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem - tudo, enfim, quanto se relacione com a concepção espaçosa do mundo, característica desse tipo. Por outro lado, as energias e esforços que se dirigem a uma recompensa imediata são enaltecidos pelos aventureiros; as energias que visam à estabilidade, à paz, à segurança pessoal e os esforços sem perspectiva de rápido proveito material passam, ao contrário, por viciosos e desprezíveis para eles. Nada lhes parece mais estúpido e mesquinho do que o ideal do trabalhador. Sérgio Buarque de Holanda 1. A respeito dos povos caçadores e dos povos lavradores, pode-se afirmar que a) os caçadores esforçam-se mais do que os lavradores. b) os lavradores têm vida mais dura que os caçadores. c) lavradores e caçadores, ambos são do mesmo tipo. d) os caçadores integram o tipo do aventureiro. 2. Das afirmativas feitas abaixo, aquela que está em consonância com o texto é a) O trabalhador apresenta desmotivação para o triunfo. b) A vagabundagem é prova da falta de caráter do aventureiro. c) O trabalhador desenvolve sua atividade num contexto espacial limitado. d) A paz, a segurança e a estabilidade são valores absolutamente relevantes para o aventureiro. 3.Levando em conta o perfil traçado pelo texto para os tipos do aventureiro e do trabalhador, pode-se afirmar que os navegantes ibéricos que conquistaram a América encarnam o tipo a) trabalhador, pois a expansão marítima visava o aumento de produtividade agrícola para o Velho Mundo. b) aventureiro, pois tinham absoluto controle da situação em sua empreitada. c) aventureiro, pois caracterizava-se a busca dos “horizontes distantes”. d) trabalhador, pois souberam dar desenvolvimento às terras conquistadas. 4. De acordo com o texto, só NÃO se pode afirmar que a) a audácia e a imprevidência caracterizam o aventureiro. b) a concepção espaçosa do mundo é típica do aventureiro. c) os lavradores só existiram nas sociedades rudimentares. d) o trabalhador não é afeito aos constantes deslocamentos e ao proveito material imediato. 5. “Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador.” Em cada alternativa abaixo, redigiu-se uma frase em continuação a esse trecho do texto. A alternativa cuja redação NÃO está de acordo com o significado do texto é a) Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Tem-se aquele visão espaçosa do mundo, esse caracteriza-se pelo campo visual restrito. b) Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Deste lado, o objeto final é o fator relevante; daquele, apenas fruto do esforço pessoal. c) Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Enquanto uns empenham-se nos projetos vastos, outros tiram o máximo proveito do insignificante. d) Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Se é cabível afirmar que, quanto ao primeiro, o ânimo é de romper barreiras, quanto ao segundo há que registrar-se a previdência e a responsabilidade. 6. Ao afirmar que “existe uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura”, o autor do texto demonstram que a) ambos, aventureiro e trabalhador, integram-se numa comunhão ética. b) tanto na aventura quanto no trabalho erigem-se princípios e normas de conduta. c) o que o trabalhador mais valoriza vai ao encontro do que o aventureiro preconiza. d) os princípios éticos do trabalho estão em consonância com as normas de comportamento do aventureiro. Texto II Jesus, que barriga De um lado a luz, na forma de uma sorridente e radiante Gisele Bündchen, 28 anos, que em seu único desfile na semana de moda em São Paulo exibiu a beleza simpática de costume — sempre com roupas estrategicamente soltinhas. De outro, na mesma passarela, a cara fechada e o peito aberto de Jesus Luz, 22, não namorado de todo mundo sabe quem. (Veja, 24.06.2009.) a) Tendo como referência o uso coloquial e interjetivo que as pessoas fazem da palavra Jesus e o texto apresentado, faça duas interpretações possíveis e coerentes para a frase “Jesus, que barriga.” ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) Tomando como parâmetro a referência ao semblante das personalidades citadas, nomeie a relação de sentido estabelecida entre eles, justificando sua resposta. Utilize a modalidade padrão da língua. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Texto III Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Tudo o que sonho ou passo, O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda. Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé, Livre do meu enleio, Sério do que não é, Sentir, sinta quem lê! Coloque V ou F para as afirmações que seguem. ( ) A tira explora a intertextualidade de modo jocoso, uma vez que transporta o(s) poeta(s) para um contexto prosaico atual, não relacionado aos temas da poesia de Fernando Pessoa. ( ) Os versos de Fernando Pessoa fazem alusão a um jogo de máscaras que também pode ser identificado na tirinha de Custódio. ( ) Nos versos, é possível identificar os traços que marcaram um dos heterônimos de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, o poeta da “dor do sentir”. ( ) Tanto na tira quanto no poema nota-se a presença da metalinguagem como recurso estilístico. A sequência correta é: a) V, V, F, V. b) F, V, F, V. c) F, F, V, V. d) V, V, F, F. e) F, V, F, F. Texto IV Reescreva o trecho abaixo, adequando-o ao padrão culto. “Os nomes das frutas realmente não guardei porque são nomes muito, que tem assim uma influência muito indígena, né? O Norte, principalmente no Amazonas e no Pará a influência indígena sobre a alimentação é muito grande. O Amazonas é impressionante o número de frutas, e frutas assim tudo duro, tipo assim cajá-manga.” ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ GABARITO Texto I 1. D 4. C 2. C 5. B 3. C 6. B Texto II a) Na frase, a palavra “Jesus” pode ser interpretada das seguintes formas: uma, como a interjeição consagrada pelo senso comum como equivalente de “nossa!”, exprimindo perplexidade. A segunda, como vocativo para interpelar o modelo” Jesus Luz “. Assim, a frase pode ser lida como “Nossa, que barriga bonita!” ou como “Jesus Luz, que barriga bonita!” b) O semblante das personalidades mostra dois modos distintos de se apresentar ao outro, de construir uma imagem pública: Gisele constroi sua identidade pela recorrência de traços positivos, como se depreende do trecho “beleza simpática de costume”; Jesus, por outro lado, exibe uma imagem oposta à da modelo, como se percebe no trecho “cara fechada”. A relação de sentido estabelecida é de antítese, isto é, o confronto entre ideias contrárias. Texto III A Texto IV Não guardei os nomes das frutas, os quais têm uma forte influência indígena. No Norte, principalmente no Amazonas e no Pará, a influência indígena sobre a alimentação é muito grande. No Amazonas é impressionante a variedade de frutas; tudo duro, como o cajá-manga.(Obs. Poderá haver pequenas variações na resposta, o que não implicará erro.) PROFESSORA DAISY
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