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QUEBRA DE PARADIGMAS: Acessibilidade, inclusão e barreiras atitudinais.
Antes de conversar sobre qualquer assunto de Educação Inclusiva nas Escolas e Empresas, precisamos entender alguns termos teóricos.
Primeiramente, paradigma significa estudos que pesquisadores, cientistas, estudantes fazem ou fizeram para formular uma teoria ou ideia. Conforme vão surgindo novos estudos, mudanças de paradigmas vão acontecendo.
Venho aqui, meu caro leitor (a), convidá-lo para pensarmos juntos sobre paradigmas que favorecem ou desfavorecem as pessoas socialmente excluídas.
Na Ciência, para algumas atuações, precisa-se buscar a normatização (o que está na média do comum/normal) e, assim, na maioria dos casos, busca-se a ‘cura’.
Mas quando falamos de pessoas com deficiência, pensa-se em ‘cura’? Há grupos que buscam o voltar a andar, voltar a escutar, voltar a enxergar, desenvolvimento amplo no cognitivo e aprendizado de pessoas com deficiência intelectual. Assim como há os que lutam para que haja a aceitação da condição do ser deficiente perante a sociedade, porque a deficiência não é uma doença, mas sim uma perda total ou parcial de uma funcionalidade, como perder ou diminuir a audição, visão, raciocínio lógico, cognitivo e de memorização, redução ou perda da mobilidade e autonomia. Em alguns casos há sim o desenvolvimento de disfunção e prejuízos na saúde, como para um paraplégico, na maioria dos casos, ocorrem tendinites nos pulsos, mãos e/ou braços, pelo esforço contínuo de empurrar as cadeiras; ou disfunção e mau funcionamento do trato digestivo, por decorrência de rompimento de comunicação neural e/ou por não movimentar a musculatura e ficar muito tempo na mesma posição. Nesses casos sim, procura-se o máximo de cuidados para a saúde.
Mas vamos pensar sobre a inclusão. Segundo o Dr. Scott Rains¹, acessibilidade é transformar o ambiente físico para a autonomia e liberdade de ir e vir de qualquer pessoa com deficiência, colocando rampas, deixando o chão apropriado (sem buracos e sem obstáculos), pisos táteis para cegos, identificação e mapas em braile e em libras, etc.
Barreira atitudinal é uma barreira que existe entre as pessoas, é um pré-conceito (conceito sem informação real e verdadeira), que coloca uma ‘parede’ (no sentido figurado) entre uma pessoa com deficiência e a outra sem deficiência. É uma atitude que exclui.
A inclusão envolve tudo, tanto a acessibilidade quanto a quebra de barreira atitudinal. A inclusão é um valor, uma cultura na qual não há um olhar de diferenciação. E por estranho que pareça para quem luta pela inclusão, luta para que um dia não seja mais necessário falar sobre isso, porque quando esta questão for realizada teremos de fato a inclusão, acessibilidade e atitudes naturais de igualdade.
Atualmente há leis para se cumprir, tanto nas escolas (Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 2013* e Declaração de Salamanca de 1994**), quanto nas empresas (Lei de Cota 8213/91***), mas será que só as leis garantem a inclusão?
Quando surge a auditoria e fiscalização em um local, o que se busca é tentar ao máximo evitar a multa. Mas com a pressão e cobrança, será que há trabalhos inclusivos de qualidade?
Antes de pensar sobre a inclusão, temos que conversar um pouco sobre exclusão, segregação, integração e, depois inclusão.
Exclusão é excluir a pessoa do grupo, como não aceita-la na sala, escola, ambiente de trabalho, grupo social.
Segregação é colocar a pessoa no grupo (não significa aceita-la), mas a deixa de fora do contexto do grupo, como por exemplo, colocar uma criança com deficiência intelectual e dar matérias e apostila diferenciada do tema tratado no momento.
Integração é colocar a pessoa no grupo, tratar com mesma apostila e tema, mas trata-la com diferenciação, não incluí-la nas mesmas atividades em conjunto. Nesses casos, pode-se notar um olhar de não valorização do potencial e dos valores da pessoa.
Na inclusão os profissionais possuem um valor e cultura de tratamento de igualdade, é um olhar de entendimento que há a diversidade, cada um com o seu potencial e diferenças para o aprendizado independente se tem ou não alguma deficiência. É entender a particularidade de cada um. É utilizar estratégias para que a pessoa entenda o tema, entenda o trabalho e faça a partir de inovações criativas e de acessibilidade com o grupo ao todo. Nesta inclusão há a quebra de barreira atitudinal. É um olhar de Humanização.
Um exemplo que vou dar é o caso de uma ex-aluna adulta com Síndrome de Down. Ela apresentava certa limitação de autonomia, psicomotora e de escolhas. Um dia eu percebi que ela ficou encantada com uma máquina fotográfica. Como a máquina era minha, não hesitei e logo perguntei a ela se queria tirar fotos de mim. Mesmo apresentando limitações de segurar seus materiais, sentar-se, enfim, limitações motoras, ela demonstrou que tinha potencial de tirar fotos, não tremeu ao apertar o botão e apresentou noção viso espacial. As fotos que ela tirou foram as melhores tiradas pela turma. A partir desse dia, ela se sentiu valorizada, motivada e os aprendizados foram a partir de registros fotográficos tirados por ela. Foi montado um portfólio para que ela tirasse foto de cada tema abordado em sala de aula. Outros alunos que quiseram ter a experiência de tirar fotos, também experimentaram essa vivência. Após o término de cada assunto, fazíamos estudos a partir dos registros fotográficos. As aulas ficaram mais atraentes, lúdicas, motivadoras e com mais participação de todos, resultando em aprendizados satisfatórios para todos.
Com este exemplo, venho aqui explicar o meu ponto de vista para a prática da inclusão, seja nas escolas, seja no trabalho. 
É importante saber escutar, ter olhar sensível e Humano, empatia pela pessoa e, a partir daí, verificar qual o potencial, qual a facilidade e o desejo do que ela quer ser e não impor profissões e métodos de estudos que vai contra a o entendimento dela. É necessário ver o contexto e particularidades e, através disso, ter modos inovadores e criativos para ensinar em grupos nas escolas e nos trabalhos.
Convido-os, meus caros leitores (as), a pensar na Humanização nas práticas de ensino-aprendizado e nos ambientes corporativos, agregando valores positivos em cada local em que passamos. Sei que em alguns pontos de vista eu posso ir a contramão de algumas ideologias produtivas, mecanicistas e financeiras, mas será que Humanizando o ambiente as pessoas começarão a se valorizar mais, apresentando maior motivação, qualidade, produção e desenvolvimento, favorecendo a evolução e saúde do ambiente em que estão gerando maior valor nos serviços prestados ou produtos elaborados?
A quebra do paradigma de normatização das pessoas valoriza a essência, competência, potencial e valores da Pessoa, com o olhar de igualdade, respeitando a Diversidade Humana, valoriza o Capital Humano, enriquece a saúde, estimula a criatividade, inovação e qualidade no desenvolvimento e evolução nas escolas, nas empresas e na sociedade ao todo. Afinal ninguém é igual a ninguém, cada um é um Ser único e especial.
Notas:
1 - Dr. Scott Rains: Norte Americano militante pela acessibilidade, inclusão e Direitos Humanos há mais de 40 anos, estudou na Faculdade Federal de Belo Horizonte (BR), Consultor Especialista em Turismo Acessível Internacional, com colaboração e participação em vários países sobre o turismo. http://www.rollingrains.com/; http://pt.slideshare.net/srains;
 Professora Maria Cristina da Silva Coordenação Curso de Pedagogia

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