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PRATICA SIMULADA III - Jorge 21 anos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITOI DA XX VARA CRIMINAL DE CURITIBA - PARANÁ 
 
Processo número
JORGE, já qualificado nos autos em referência, vem, por seu advogado devidamente constituído, conforme procuração de folha, apresentar, perante Vossa Excelência:
ALEGAÇÕES FINAIS
Com base no artigo 403, § 3º, CPP, alegando o seguinte: 
1 - DOS FATOS
Jorge, com 21 anos de idade, conheceu Analisa em um bar, e após um bate papo informal e troca de beijos, tiveram relações sexuais de forma consentida e voluntária.
No dia seguinte, o réu ao visualizar a página de Analisa na rede social constatou que a vítima possuía apenas 13 anos, o que deixou a parte ré em choque devido à aparência da vítima, bem como seu comportamento e ambiente que frequentava, só permitido a maior de 18 anos.
Seu medo foi corroborado com a chegada da denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Analisa, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial.
Em suas alegações finais, o Ministério Público pede a condenação do réu nos termos propostos na exordial. 
2 - DO DIREITO
2.1 - DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PELO ERRO DE TIPO - ARTIGO 20 DO CÓDIGO PENAL E 386, III, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
Trata-se de erro de tipo, previsto no art.20 do CP, que se caracteriza por excluir o dolo e, portanto, a própria tipicidade da conduta, pois a aparência de Analisa, seu comportamento e o lugar em que se conheceram (bar para adultos) que supostamente só possa ser frequentado por pessoas maiores de 18 anos, não suscitaram qualquer dúvida ao réu de que a vítima era maior de idade. 
Além do mais, o erro de tipo recai sobre circunstância elementar para a constituição do crime, o que demonstra, dessa forma, a conduta atípica do réu, pois não há legalmente previsto no ordenamento jurídico brasileiro a hipótese de estupro culposo.
Assim, pugna a parte ré pelo reconhecimento do erro de tipo, com a consequente Absolvição, nos termos do Art.386, III do CPP, pelo fato de não haver infração penal constituída no caso.
No mesmo sentido, coadunam a jurisprudência e a doutrina a seguir:
EMENTA
PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART.17- A DO CP. ERRO DE TIPO. ART. 20, § 1º, DO CP. MENORIDADE DA VÍTIMA. DESCONHECIMENTO PELO AGENTE. COMPLEIÇÃO FÍSICA E COMPORTAMENTO SOCIAL. PERCEPÇÃO DE MAIOR IDADE. AMPARO EM SATIFATÓRIO CONJUTO PROBATÓRIO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA.
APR 20120510030227 DF 0002914-36.2012.8.07.0005
Orgão Julgador
3ª Turma Criminal
Publicação
Publicado no DJE : 23/09/2014 . Pág.: 276
Julgamento
18 de Setembro de 2014
Relator
HUMBERTO ADJUTO ULHÔA
DOUTRINA
Para LUIZ FLÁVIO GOMES, invocando os ensinamentos de TERESA SERRA, "estamos perante um erro de tipo, quando o agente erra (por desconhecimento ou falso conhecimento) sobre os elementos objetivos – sejam eles descritivos ou normativos – do tipo, ou seja, o agente não conhece todos os elementos a que, de acordo com o respectivo tipo legal de crime, se deveria estender o dolo" (erro de tipo e erro de proibição, 2. ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, p.96).
2.2 - DO RECONHECIMENTO DE TIPO ÚNICO, ARTIGO 217-A DO CÓDIGO PENAL POR SER TIPO MISTO ALTERNATIVO.
Subsidiariamente, não sendo aceita, a tese de atipicidade da conduta do réu, deve-se considerar a existência de crime único e não concurso de crimes, posto que o art. 217-A do Código Penal tem como tipo ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. 
Desde a publicação da nova Lei até os dias atuais tivemos julgados de várias espécies, inclusive entendimentos diversos emanados do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF). 
Exemplo:
"HABEAS CORPUS Nº 104.724 - MS (2008/0085502-3) EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. PROVAS PARA A CONDENAÇÃO. EXPERIÊNCIA DAS VÍTIMAS. CRIME HEDIONDO. LEI Nº 12.015/2009. ARTS. 213 E 217-ADO CP. TIPO MISTO ACUMULADO. CONJUNÇÃO CARNAL. DEMAIS ATOS DE PENETRAÇÃO. DISTINÇÃO. CRIMES AUTÔNOMOS. SITUAÇÃO DIVERSA DOS ATOS DENOMINADOS DE PRAELUDIA COITI. CRIME CONTINUADO. RECONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.”
É importante ressaltar que, tanto a doutrina quanto a jurisprudência tem entendimento de que os atuais crimes de estupro (art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214 do CP) são unidos em um só tipo penal: crime de estupro. 
2.3 - DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DE EMBRIAGUEZ PREORDENADA
Não há que se considerar a agravante descrita na denúncia da embriaguez preordenada, visto que Jorge não estava embriagado ao conhecer Analisa. As testemunhas de acusação não viram os fatos e não houve prova pericial para comprovar a embriaguez de Jorge, o que possibilita deduzir que ambos agiram de forma espontânea e voluntária. Portanto, é justa a medida de afastamento da agravante caso não seja reconhecida a atipicidade da conduta.
2.4 - DA FIXAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL EM RAZÃO DA PRIMARIEDADE DE BONS ANTECEDENTES DO AGENTE 
Jorge por ser réu primário, possuidor de bons antecedentes, com residência fixa e boa conduta social; e como foi relatado, não teve intenção de praticar o tipo penal de que é acusado, posto não agir com má intenção de se aproveitar da suposta ingenuidade de Analisa, merece fazer jus à pena base no mínimo legal como medida necessária de reprovabilidade do ato.
2.5 - DA FIXAÇÃO DO REGIME SEMIABERTO NOS TERMOS DO ARTIGO 33, § 2º, “b” DO CÓDIGO PENAL, E EM RAZÃO DA INCOSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 2º, § 1º DA LEI 8.072/90
Apesar do crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar elencado como infração hedionda na lei 8.072/90, conforme artigo 1º, IV, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo certo que o juiz ao fixar o regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a situação em concreto e não o preceito em abstrato. Assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena no mínimo legal deverá ser fixada em 8 (oito) anos de reclusão, sendo o réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução para o réu, pois o artigo 33, §2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para crimes com penas superiores a 8 (oito) anos, o que não é o caso. Para corroborar tal entendimento, demonstramos abaixo, o posicionamento já consolidado pelo STF.
EMENTA 
HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PENA INFERIOR A 8 ANOS DE RECLUSÃO. OBRIGATORIEDADE DE IMPOSIÇÃO DO REGIME INICIAL FECHADO. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1O DO ART. 2O DA LEI NO 8.072/90 OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI DO ART. 5O DA CF/88). FUNDAMENTAÇÃO NECESSÁRIA (CP, ART. 33, § 3O, C/C O ART. 59). POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO, NO CASO EM EXAME, DO REGIME SEMIABERTO PARA O INÍCIO DE CUMPRIMENTO DA PENA
HC 114568 ES
Primeira turma
MIN. DIAS TOFFOLI, NAYARA BARCELOS DOAS SANTOS, DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, DEFENSOR PUBLICO GERAL DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO, SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
3 - DO PEDIDO
Assim, a defesa requer a absolvição sumária com base no artigo 386, III do Código de Processo Penal, em razão da atipicidade da conduta praticada em erro de tipo pelo agente.
Caso vossa excelência não absolva o réu, a defesa requer o reconhecimento de crime único e o afastamento da agravante mencionada pelo parquet. Requer ainda que seja fixada a pena no mínimo legal e a consequente fixação do regime semiaberto, em razão de o réu ser primário e ter bons antecedentes.
Nestes termos, 
espera deferimento.
Curitiba, 29 de abril de 2017
ADVOGADO 
 OAB número		
 
Universidade Estácio de Sá: Campus R9 
Disciplina: PRÁTICA SIMULADA III. 
Professora: Ana Paula Couto. 
Nome: Helio Caldas Maciel Filho • Turma: 3026 • Matrícula: 20140305256-5.

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