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Reprodução de Peixes


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REPRODUÇÃO EM PEIXES
Izabella Luiza Gomes Almeida
Mestranda em Produção e Nutrição de Peixes
Departamento de Zootecnia - UFLA
REPRODUÇÃO EM PEIXES 
Processo fisiológico mediado por uma série de eventos
neurohormonais desencadeados por estímulos ambientais, que
culmina com a desova.
• Temperatura
• Fotoperíodo
• Salinidade
• Conteúdo iônico da água
• Fluxo e volume de água
• Abundância de alimento
• Disponibilidade de local para
nidificar (formar ninho)
• Condições sociais
• Chuvas
REPRODUÇÃO EM 
PEIXES
• Classe de vertebrados com mais
de 22.000 espécies catalogadas,
entre peixes de água doce e
salgada;
• Elevado número de espécies
implica em diferentes
características reprodutivas;
• O processo de deslocamento para
as nascentes (águas calmas) afeta a
fisiologia do animal.
CICLO REPRODUTIVO
Espécies reofílicas ou lóticas
• São aquelas que necessitam do ambiente lótico
(correnteza) para completarem o seu ciclo de vida. Podem
ser migradores ou não.
• Pacu; tambaqui; dourado; carpas (exceto carpa comum); curimba;
pintado
• Viveiros de cultivo: ambientes lênticos.
CICLO REPRODUTIVO
Espécies reofílicas
• Não constróem ninhos
• Não formam casais
• Não protegem a prole
• Número de ovos por fêmeas bem maiores que as outras 
espécies
• Reproduzem-se em água correntosas
• Quando em tanques ou viveiros precisam de hipofisação
CICLO REPRODUTIVO
Espécies lênticas
• São as que reproduzem em água não correntosa (ambiente lêntico),
não realizam migração reprodutiva.
• Busca-se reproduzir as condições naturais em cativeiro.
• Menor custo x pouco controle da reprodução
• Ex: traíra, tucunaré.
CICLO REPRODUTIVO
Espécies lênticas 
• Podem desovar mais de uma vez por ano, mas menores quantidades;
• Ovos maiores e mais resistentes;
• Casais constroem ninhos e protegem ovos e até alevinos;
• Pode acontecer rituais de acasalamento.
Traíra (wikipedia)
TIPO DE 
DESOVA
DesovaTotal
• Na época de desova os peixes
liberam seus ovócitos maduros de
uma só vez – maturação sincrônica
• Em ambientes tropicais,
normalmente ocorre em espécies
de grande porte, que realizam
migrações em longas distâncias para
reproduzirem.
Desova de piracanjuba Brycon orbignyanus – Arquivo pessoal (2014)
CICLO REPRODUTIVO
Desova total
 Estratégias:
Período chuvoso do ano:
 Maior chance de sobrevivência das larvas,
 Alta disponibilidade de alimento,
 Alto volume de água,
 Águas turvas (dificultando a predação).
CICLO REPRODUTIVO
Desova Parcelada 
Os ovócitos maduram em lotes durante a estação de
desova, ou podem exibir sazonalidade.
• Tilápia – manejo da desova. Ovos são incubados na
cavidade bucal depois de fecundados externamente.
Larvas permanecem na boca da fêmea até absorção
total do saco vitelínico.
• Carpa comum – reprodução afetada pela temperatura;
desova em substratos; aderência dos ovos.
• Traíra e Trairão – cuidado parental acentuado
(agressividade dos reprodutores).
Ovos de carpa aderidos ao substrato
CICLO REPRODUTIVO
Desova parcelada
• Estratégias:
• Predação de ovos e larvas;
• Risco de desova em condições hidrográficas e climáticas
desfavoráveis e,
• Competição por locais de desova.
CONTROLE ENDÓCRINO DA 
REPRODUÇÃO
• Sistemas sensoriais e áreas
especificas do cérebro integram os
meios externo e interno.
• Estímulos captados 
pelos olhos, 
sistemas olfatório, 
ou auditivo 
induzem à 
reprodução
CONTROLE ENDÓCRINO DA 
REPRODUÇÃO
Panorama da Aquicultura
CONTROLE ENDÓCRINO DA 
REPRODUÇÃO
Eixo Hipotálamo - Hipófise – Gônadas
(GnRH)
(FSH e LH)
(Estrógeno, progesterona e 
testosterona)
OVOGÊNESE 
Ovogênese - Evento cíclico que ocorre durante toda a fase 
reprodutiva
Proliferação 
das ovogônias
Crescimento 
do ovócito 
(vitelogênese)
Maturação do 
ovócito
Peixes de piracema
 sem estímulo
hormonal exógeno,
o desenvolvimento
do ovócito não
passa da fase
vitelogênica.
CONTROLE ENDÓCRINO DA 
REPRODUÇÃO
Hormônios Esteroides 
• 17 β-estradiol (E2) - vitelogênese
• Estrona
Têm como precursor o colesterol.
Machos: baixos níveis de E2.
Fêmeas: estimula a produção de vitelogenina no fígado.
CONTROLE ENDÓCRINO DA 
REPRODUÇÃO
Funções dos andrógenos
• Características sexuais secundárias (machos)
• Comportamento reprodutivo
• Comportamento social: 
agressão e territorialidade 
MANEJO REPRODUTIVO
MANEJO REPRODUTIVO
• Proporção sexual
• Cuidado parental
▪ Inversamente proporcional à fecundidade.
• Fecundidade 
• Pode variar de acordo com o volume da cavidade celomática disponível e do tamanho 
(volume) dos ovócitos
• Diâmetro dos ovócitos e taxa de fertilização
▪ O diâmetro dos ovócitos pode predizer as condições do estádio 
reprodutivo do peixe
▪ Maior diâmetro pode indicar maior reserva energética 
MANEJO REPRODUTIVO
Etapas do manejo reprodutivo
• Seleção e avaliação dos reprodutores,
• Hormonização, 
• Desova/espermiação, 
• Fertilização e 
• Incubação.
Importância da avaliação dos reprodutores antes da indução hormonal
• Ausência de dimorfismo sexual,
• Capacidade de determinar a qualidade dos ovócitos. 
SELEÇÃO DOS REPRODUTORES
Idade média da maturação sexual das matrizes
Fêmeas geralmente 
demoram mais do 
que machos para 
realizar a 
maturação sexual.
SELEÇÃO DOS REPRODUTORES
Manutenção do plantel
• Estocagem – densidade  depende da espécie;
• Tamanho dos animais – facilidade de manejo; quantidade de
hormônio necessária;
• Alimentação – maior exigência; vitelogênese; manejo
adequado;
• Mudanças climatológicas – altera a maturação final e/ ou a
liberação dos gametas.
SELEÇÃO DOS MACHOS
• A avaliação dos machos deve ser realizada quando possível dentro do tanque com o peixe
na rede  minimizar stress:
• Pressionar o abdômen lentamente no sentido crânio-caudal;
• Observar se há liberação de sêmen (líquido leitoso e viscoso);
• Tomar cuidado com a urina e sangue  contaminação
e ativação do sêmen
• Algumas espécies apresentam dimorfismo sexual evidente:
• Dourado, piracanjuba e curimba.
SELEÇÃO DAS FÊMEAS 
• Avaliação indireta da maturação gonadal:
• A avaliação das fêmeas deve ser realizada quando possível dentro do tanque com o peixe na 
rede:
• Características a serem observadas:
• Ganho de peso evidente (não confundir com sobrepeso  gordura visceral atrapalha a maturação),
• Abdome abaulado e macio (flácido),
• Papila genital proeminente e/ou avermelhada,
• Orifício genital ligeiramente aberto.
 Avaliação direta da maturação gonadal
• Coletar os ovócitos das fêmeas, pressionar a região do abdomen no 
sentido crânio  caudal, 
• Introduzir um cateter na abertura urogenital (canular),
• Fixar uma amostra de ovócitos intra-ovários em Líquido de Serra
• 60 ml de álcool 90°GL; 30 ml de formalina e 10 ml de ácido acético glacial, 
por 3 a 5 segundos.
• Observar a posição da vesícula germinativa.
MANEJO DA SELEÇÃO E AVALIAÇÃO
• Deve ser realizado no máximo 3 vezes em cada período reprodutivo, a intervalos de no
mínimo 1 semana.
• Os peixes selecionados devem ser marcados e transferidos para o laboratório de reprodução:
• Etiquetas ou fio de lã.
INDUÇÃO HORMONAL 
Objetivos: 
 Proporcionar o final da maturação dos ovócitos;
 Aumentar a produção de sêmen  aumenta o volume do 
plasma seminal;
 Sincronizar a maturação e a liberação dos ovócitos entre 
as fêmeas com a espermiação dos machos;
 Adiantar o período de desova em uma população.
INDUÇÃO HORMONAL 
variedade de características reprodutivas
Depende da espécie.
Necessárioconhecer 
as características 
reprodutivas da 
espécie
EXTRATO DE HIPÓFISE
Hipófise seca de peixe
 A mais comum é a hipófise de carpa.
 Hipófise lavada com acetona e seca.
MANEJO DA HIPOFIZAÇÃO
1. Pesagem:
2. Maceração:
A hipófise deve ser macerada com um
pouco de solução fisiológica no cadinho.
3. Diluição:
Deve ser realizada a diluição de todo o
extrato pesado (de todos os peixes que
serão hipofisados na mesma hora).
4. Dosagem:
5. Aplicação: 4 tipos.
APLICAÇÃO 
1. Intramuscular,
2. Intracaudal,
3. Intraperitonial,
4. Intrabdominal.
APLICAÇÃO 
• Peixe de grande porte:
• Manter o peixe calmo e dentro da água, realizar a aplicação intramuscular 
ou intracaudal.
• Peixe de pequeno e médio porte:
• O peixe pode ser contido e hipofisado, fora da água, com o auxílio de 
toalhas mornas, podendo ser adotada qualquer uma das 4 aplicações.
CONCENTRAÇÃO DE HORMÔNIO E HORA 
ESTIMADA DA EXTRUSÃO DOS OVÓCITOS E 
ESPERMIAÇÃO.
 Horas-grau:
 Tempo estimado para a extrusão dos ovócitos e sêmen,
 HG = horas versus temperatura
 Entre 1 a 2 horas antes do tempo calculado é aconselhável manter os animais 
sob observação.
De modo geral: duas
doses para fêmeas e
dose única para
machos
CÁLCULO DE HORAS-GRAU
EXTRUSÃO NATURAL OU ESPONTÂNEA
• É realizada quando a incubação dos ovos ocorre no aquário das matrizes, há
necessidade de juntar o macho e a fêmea.
• Menor eficiência da fertilização e da incubação dos embriões,
• É aconselhável apenas em espécies onde o macho não apresenta agressividade
com a fêmea (curimba),
• Aumenta a mortalidade das larvas recém eclodidas, no entanto, otimiza as
instalações.
EXTRUSÃO MANUAL DOS OVOS E 
ESPERMATOZOIDES 
• Realizar uma leve pressão com os dedos no abdome sentido crânio 
caudal.
• É necessário sedar peixes de grande porte para realizar a contenção do 
animal.
• Antes da “massagem” é necessário secar a papila urogenital das matrizes 
(evitando a ativação precoce do sêmen e a hidratação dos ovos).
• Se a fêmea não estiver preparada ela deve voltar aos aquários e ser 
constantemente acompanhada.
• Tanto os ovos quanto os sêmen devem ser coletados em recipientes secos 
e estéreis (para serem posteriormente pesados e distribuídos).
EXTRUSÃO MANUAL DOS OVOS
Coleta de ovócitos de piracanjuba Brycon orbignyanus
EXTRUSÃO MANUAL DOS 
ESPERMATOZOIDES 
Segurar macho com toalhas mornas e secar a papila urogenital
Coleta de sêmen de piracanjuba Brycon orbignyanus
FERTILIZAÇÃO 
1. Despejar os ovócitos em um recipiente seco e de boca larga,
Distribui-los em recipientes individuais para cada incubadora utilizada (concentração de 1 a 10 
g de ovos por litro de água de cada incubadora).
2. Despejar o sêmen no mesmo recipiente,
3. Adicionar gradativamente água no recipiente (água proveniente das incubadoras –
temperatura),
4. Homogeneizar cuidadosamente o recipiente entre os intervalos da adição de água.
Micrópila
INCUBAÇÃO 
• Despejar os ovos fertilizados nas incubadoras e realizar o
acompanhamento de 4 em 4 h.
• Taxa de fertilização: número de ovos viáveis/ número de ovos
produzidos
ÍNDICES REPRODUTIVOS
• Índice de desova = peso da desova*100/ peso da fêmea
rendimento da desova em relação ao peso corporal do
indivíduo
• Índice gonadossomático = peso da desova + peso dos ovários
esgotados*100/peso corporal
porcentagem das gônadas em relação ao peso total dos
indivíduos
ÍNDICES REPRODUTIVOS
• Características físicas do sêmen:
Volume, taxa e duração da motilidade espermática, concentração (spz/ mL de sêmen)
e morfologia.
É possível
avaliar o sêmen
de forma
objetiva
utilizando um
CASA 
dificilmente
será feito em
pisciculturas 
para pesquisa.
Análise no CASA de sêmen de Brycon orbignyanus
Câmara de Neubauer: 
concentração espermática
Análise de morfologia de espermatozóide de 
Salmão do Atlântico: Microscopia de força 
atômica (AFM)
REPRODUÇÃO 
• Sucesso reprodutivo em cativeiro depende de:
• Conhecimento da biologia reprodutiva da espécie;
• Manejo e manutenção dos reprodutores no período 
pré-reprodução; 
• Manejo adequado dos ovos após a fertilização.
OBRIGADA!
Dúvidas?
izabellaluizaga@outlook.com