Buscar

Amálgama Dental: Passado, Presente e Futuro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 Biblioteca :.:etorrhi 
COS-O 
VIVIANE MARIA FRANCIO DO VALLI', 
AMÁLGAMA DENTAL: 
Presente e Futuro 
41nn••••• 
111.nn• 
•n•nn•1.., 
Florianópolis 
2001 
LIFSC 
filhltoseca 
VIVIANE MARIA FRANCIO DO VALLE 
AMÁLGAMA DENTAL: 
Presente e Futuro 
Monografia apresentada ao Curso de Pós-
Graduação, em Dentistica Restauradora, na 
Escola de Aperfeiçoamento Profissional, da 
Associação Brasileira de Odontologia — SC, 
como requisito parcial à obtenção do Titulo 
de Especialista. 
Orientador: 
Prof. Dr. Mauro Amaral Caldeira de 
Andrada 
Florianópolis 
2001 
I1FSC 
cus-o 
 4 
DEDICATÓRIA 
Ao meu filho Leonardo e ao meu 
esposo Josias, que através de muito 
carinho e apoio, colaboraram para a 
realização deste trabalho. 
r"---TCP-s 
• il,hltotec. ,etor
CCS-0 
AGRADECIMENTOS 
Ao Prof. Dr. Mauro Amaral Caldeira de Andrada, pela orientação e 
acompanhamento deste trabalho, 
Aos professores e funcionários da EAP — Escola de Aperfeiçoamento 
Profissional, 
Aos meus colegas de curso, que através do intercâmbio de informações, 
propiciaram um aumento nos meus conhecimentos, 
Aos meus familiares, que através da confiança e motivação colaboraram para a 
realização de mais esta etapa, 
A todos que colaboraram para que houvesse uma finalização deste trabalho. 
SUMARIO 
1 INTRODUÇÃO 	 1 
2 HISTÓRICO 	 3 
3 AS RESTAURAÇOES DE AMÁLGAMA 	 8 
3.1 Ligas para Amálgama 	 8 
3.2 Preparo Cavitário 	 14 
3.3 0 Mercúrio e sua Toxidade 	 21 
3.4 0 Amálgama frente aos Materiais Alternativos 	 27 
4 DISCUSSÃO 	 34 
5 CONCLUSÃO 	 37 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 	 40 
RESUMO 
A história do amálgama 
 dental é controvertida. Há relatos de seu uso desde 
épocas bastante remotas, ou seja, a partir do ano 659 D.C. Sua trajetória 
envolve alguns tumultos, como o causado pelos irmãos 
 Crawcour, que ao 
utilizarem inadequadamente o amálgama, trouxeram-lhe ma reputação. Contudo, 
a decisiva contribuição em prol do amálgama, aconteceu com Greene Vardiman 
Black, que por suas pesquisas melhorou este material. Anos 
 após, a partir das 
fórmulas desenvolvidas por Black, limes e Youdelis, alcançou-se a primeira liga 
de fase dispersa, o Dispersalloy, com excelentes resultados. 0 amálgama tem 
como característica, o preparo adequado, que lhe garante maior resistência. Em 
cavidades amplas, pode-se fazer uso de retenções adicionais, tais como pinos 
rosquedveis, amalgapin e canaletas. Visando superar muitas desvantagens dessas 
retenções e do próprio amálgama, procedeu-se a uma associação do amálgama 
com outro material, criando-se os sistemas adesivos (amálgama adesivo), numa 
tentativa de superar a sua falta de adesividade. Entretanto, sua atuação ainda é 
questionável. Restaurações de amálgama s6 são possíveis graças As 
características do mercúrio. E é justamente por causa deste elemento que surgem 
as controvérsias, onde alguns pesquisadores condenam as restaurações de 
amálgama por liberarem mercúrio no organismo. Apesar das várias teorias 
existentes sobre os efeitos negativos do merciirio no organismo, estudos recentes 
demonstram não haver diferenças significativas em pacientes com e sem 
restaurações de amálgama. Apesar das controvérsias geradas, o amálgama é um 
material de qualidade a serviço da odontologia. Os diferentes materiais surgidos 
no mercado, como possíveis elementos alternativos, ainda não conseguiram 
superá-lo em suas características. Espera-se, portanto, que no futuro, encontre-
se um material biocompativel, duradouro, estético, adesivo e com todas as 
propriedades mecânicas pertinentes ao amálgama. 
ABSTRACT 
The history of dental amalgam is controversial. There are accounts of its use 
since very remote times, so, since the year 659 a .C. Its course involves some 
troubles, like the one caused for the Crawcour brothers, when they used the 
amalgam inadequately, giving it a bad reputation. However the decisive 
contribution in favor of amalgam, happened with Greene Valdiman Black, that 
for his researches turned this material better. After years, from the formulas 
desenvolved by Black, Times and Youdelis, it did reach the first dispersed phase 
alloy, the Dispensalloy, with excellent results. The amalgam has as a 
characteristic, the adequate prepare, that guarantee it a greater resistance. In 
wide carves, it's possible to do the use of additional retaintions, like screwable 
pin, amalgapin and flute. Having in view to overcome a lot of disadvantages of 
these retaintions and of amalgam itself, proceeded to an association of amalgam 
with another material, creating the bonding systems (the bonding amalgam), on 
an attempt to overcome its lack of being adhesive. However, its use is still 
questionable. Restaurations of amalgam are only possible because of the 
characteristics of mercury, and it's exactly because of this element that comes 
the controversies, which some researchers convict the restaurations with 
amalgam for releasing mercury in the organism. In spite of the theories about 
the negative effects of mercury in the organism, recent studies shows that there's 
no significant differences in patients with or without restaurations of amalgam. 
In spite of the produced controversies, the amalgam is a material of quality to 
dental serve. The different materials appeared in the market , as possible 
alternative elements, they still didn't overcome the amalgam on its 
characteristics. It's expected, therefore, that in the future, find a biocompatible 
material, lasting, esthetic, adhesive and with all the mechanic properties relevant 
to amalgam. 
I 
I INTRODUÇÃO 
O amálgama dental tem sido utilizado nos serviços odontológicos há mais 
de 160 anos, apesar de constar em alguns relatos, o seu surgimento no ano 659 
d.C., na China. As ligas comumente usadas, na atualidade, são as com alto 
conteúdo de cobre que possibilitam melhores condições, comparadas às ligas 
com propriedades convencionais (com baixo teor de cobre). A resistência ao 
desgaste, o auto-selamento, o fácil manuseio e a durabilidade são caracterisitcas 
do amálgama dental, embora a liberação do merciu-io, levante controvérsias 
sobre sua toxicidade e efeitos colaterais. As desvantagens do amálgama, tais 
corno a falta de estética e a não adesividade, impulsionaram o surgimento de 
materiais alternativos para a restauração de dentes posteriores. 
Assim, no presente trabalho, visando uma análise completa da utilização 
do amálgama na restauração de dentes, serão abordados: o processo histórico-
evolutivo, tipos de ligas, materiais alternativos, bem como, as questões relativas 
presença do mercitrio e sua possível toxicidade, destacando-se a importância 
da higiene do mesmo. 
Nesse sentido, cabe ressaltar, que face à importância do terna e das 
controvérsias existentes, tem-se como objetivo de pesquisa: o estudo teórico do 
amálgama dental e suas impl icações na restauração de dentes. 
2 
0 progresso biotecnológico e as inovações de mercado, visando melhores 
resultados estéticos no tratamento dentário, tornou importante a abordagem do 
uso do amálgama na odontologia, consider ando-se as suas características e 
qualidades. 
 
3 
2 HISTÓRICO 
A história do amálgama é marcada por informações incompletas e, por 
assim dizer, incertas. No entanto, o uso de uma pasta de prata, como material 
obturador, foi relatado a partir do ano de 659 D.C., na China, segundo informam 
Berry et al., 1998. Esta massa é mencionada no manuscrito da Dinastia Tang, o 
"Matéria Médica", por Su Kung, que preconizava o uso de 100 partes de 
mercArio misturadas em 45 partes de prata e mais 900 partes de estanho. 
Aproximadamente, um milênio depois, uma espécie de amálgama com cobre foi 
desenvolvida na Alemanhapor Iohannes Stocker, o qual foi o primeiro a chamá-
lo de amálgama (Molin, 1992). 
Greener (1979), relata que por volta dos séculos XVII e XVIII, um metal 
chamado "metal d'arcet" era amplamente empregado como material restaurador, 
o qual era constituído de 8 partes de bismuto, 5 partes de chumbo, 3 partes de 
estanho e uma parte de mercúrio. Este material causava muito desconforto para 
o paciente, já que era plastificado a uma temperatura de 100 °C, indo diretamente 
boca do paciente para inserção na cavidade. Em 1818, na França, Regnart 
sugeriu diminuir a temperatura de fusão, acrescentando mais mercúrio na 
composição. 
Em 1819, um químico inglês chamado Charles Bell, inventou uma espécie 
de amálgama de prata, chamada de "massa de vidraceiro de Bell". 
4 
Posteriormente, em 1836, na França, Auguste Onésime Taveau, fez um 
amálgama de prata, "Patê d' argent", amassando pedaços de moedas de prata e 
misturando-as com mercúrio em suas mãos. 
Por volta do ano de 1830, os irmãos da família Crawcour ganharam 
muito dinheiro na Europa, apregoando restaurar dentes cariados sem qualquer 
dor, usando um material que eles chamaram de "Royal Mineral Succedaneum", 
parecido com a massa de Bell. 0 pretensioso atributo "Royal" sugeria um 
substituto para o ouro coesivo. 
Em 1833, dois dos irmãos Crawcour mudaram-se para Nova York. Lá 
encontraram dura oposição dos dentistas já estabelecidos, que eram 
especializados no uso do ouro coesivo (Molin,1992). Os Crawcour tiveram 
grande sucesso econômico. Entretanto, logo tornou-se claro de que a técnica 
"sem dor" consistia em preparos cavitários não adequados e sem a remoção do 
tecido cariado. Isto fez com que as restaurações falhassem, tornando os irmãos 
Crawcour conhecidos como charlatães. 
Em 1845, a Sociedade Americana de Cirurgiões Dentistas, baixou uma 
resolução "pronunciando" o uso do amálgama como uma má prática, obrigando 
seus membros a assinarem um termo de compromisso, onde quem não 
respeitasse a resolução seria passível de expulsão. (Greener,1979) 
Nessa época ocorreu a chamada "primeira guerra do amálgama", haja 
vista que, alguns poucos dentistas acreditavam na possibilidade de um novo 
5 
material, tais como, Thomas W. Evans (1848), na França e Dr. Towsend (1855), 
na Filadélfia, que produziram algumas ligas, cujas fórmulas, não balanceadas, 
causaram problemas de encolhimento/expansão (Crawford,1989). 
Em 1870, Dr. J. Foster Flagg criou um movimento pró-amálgama, 
 
acreditando em seu potencial e defendendo pesquisas para aprimorar o seu uso. 
A decisiva contribuição, entretanto, foi feita por Greene Vardiman Black. 
Seus estudos da topografia da lesão cariosa, resultaram em sua época, em regras 
para preparo, baseadas nos principios da "extensão 
 para a prevenção". Estes 
métodos requeriam materiais com grande resistência nas bordas. Como 
consequência, Black iniciou suas pesquisas para desenvolver melhores 
amálgamas. (Molin,1992) 
Em 1896, Black publicou uma pesquisa, concluindo que uma boa liga 
deveria conter 72,5% de prata, 27,5% de estanho e no máximo 5% de cobre, 
devendo-se adicionar pequena quantidade de mercúrio, suficiente para obter 
massa plástica para condensação, segundo informa Crawford (1989). 
Greener (1979) relata que a partir das conclusões de Black, surgiu no 
mercado a primeira liga para amálgama, rica em prata, produzida em grande 
escala: True Dentalloy, 1900 (SSWHITE). 
Em 1926, um químico alemão chamado Alfred Stock escreveu um artigo 
intitulado "0 perigo do vapor do mercúrio e do amálgama", que causou na 
época veementes discussões. 
6 
Muitas reclamações infundadas começaram a assustar as pessoas, que 
foram incentivadas a recusar as restaurações feitas com amálgama. Na verdade, 
diferente da primeira guerra, que se preocupava com o mercúrio, a reclamação 
recaia sobre o uso da corrente galvânica, produzida por metais diferentes no 
meio oral, denominada de "galvanism° oral" (Molin,1992). 
Em 1963, o aluno de graduação David Innes e o professor de engenharia 
metalúrgica, Bill Youdelis, ambos canadenses, idealizaram a primeira liga de 
fase dispersa. A partir da fórmula original de Black, aumentaram os tradicionais 
5% de cobre para 12%. Essa larga quantidade de cobre eliminava a fraca, 
plástica e corrosiva fase Y2 (SnHg). A nova fórmula decresceu o "creep" em 
600% e aumentou a resistência à compressão para mais de 30%. 
0 que levou estes estudiosos de engenharia a pesquisar na Area de 
odontologia foi o desafio feito por Ralph Youdelis (dentista) ao irmão Bill 
Youdelis, incentivando-o a elaborar urna liga para amálgama com propriedades 
melhores do que as já existentes. 
Dessa forma, Innes e Youdelis, satisfeitos com os resultados obtidos, 
lançaram a primeira liga de fase dispersa: o "Dispersalloy". Diante dos 
excelentes resultados clínicos, a Jonhson & Jonhson adquiriu a patente do 
"Dispersalloy", comercializando-o por muitos anos (hoje a patente pertence a 
Dentisply) (Crawford,1989). 
7 
Por fim, Asgar, em 1974, desenvolveu um novo tipo de liga para 
amálgama denominada "liga de composição única" (Tytin, da SSWhite). 0 novo 
material cm 60% de prata, 27% de estanho e 13% de cobre por peso, foi 
concebido a partir da fusão desses elementos. 0 resultado mostrava que as 
partículas 
 continham metais componentes distribuídos em camadas, sendo que a 
camada mais interna tinha maior teor de estanho, a camada média tinha mais 
prata e a camada externa, maior conteúdo de cobre. Essa liga não mostrou 
melhor desempenho que aquela de fase dispersa. Ambas tiveram o 
comportamento parecido (Silveira et al., 2000). 
8 
3 AS RESTAURAÇÕES DE AMÁLGAMA 
As restaurações feitas com amálgama são, há muito tempo, utilizadas na 
odontologia. Atualmente, tem-se questionado sobre a sua utilização, 
principalmente, quando da necessidade de se manter um melhor padrão estético. 
Compreende-se que alguns problemas se apresentaram ao longo de sua evolução 
e aperfeiçoamento, contudo, suas indicações mantém-se até os dias de hoje. 
Cabe observar, portanto, algumas especificidades que referem à composição de 
ligas, preparo cavitário, utilização do merciirio e riscos de toxidade e o 
lançamento no mercado de materiais alternativos. 
3.1 Ligas para Amálgama 
As ligas para amálgama são classificadas de acordo com o teor de cobre 
e fase gama 2. Sao elas: 
• ligas com baixo teor de cobre ou também chamadas de ligas 
convencionais; e, 
• as ligas enriquecidas com cobre (sem gama 2 ou com gama 2 
reduzida). 
9 
Enquanto as ligas convencionais apresentam de 4 a 6% de cobre, as 
enriquecidas, também chamadas de "alto teor" podem conter de 9 a 30% de 
cobre. (Baratieri et al., 1992) 
Segundo Nagem Filho et al. (1991), essas ligas apresentam-se da seguinte 
forma: as convencionais, podendo ser encontradas nas formas de limalha, 
esféricas e misturadas; e, as com alto conteúdo de cobre, na forma de 
misturadas e fase única (esféricas ou esferoidais). 
Garone & Oliveira (1990) escrevem que, nas ligas, a reação inicial 
poderia ser controlada através do tamanho e forma das partículas, pela 
proporção liga-mercúrio e pela trituração. Partículas 
 menores foram obtidas 
(finas e micro) e formas diferentes foram produzidas (esféricas). Essas 
alterações provocaram um aumento de resistência na primeira hora, mas a longo 
prazo observou-se não haver alteração, mantendo-se igual nos 
 amálgamas 
convencionais. 
Nagem Filho et al. (1991) concluem, portanto, que as ligas consistem 
essencialmente de prata e estanho, embora outros materiais possam estar 
presentes como o cobre, zinco, ouro, mercúrio, desde que o fabricante apresentea aprovação da ADA. 
Nas ligas com baixo teor de cobre ou chamadas convencionais, a reação 
de cristalização pode ser simplificada pela seguinte reação: 
10 
Ag3Sn + Hg ---> Ag3Sn + Ag2Hg3 + Sn8Hg 
(liga) 	 (mercúrio) 
 (gama) 	 (gama 1) 	 (gama2) 
Baratieri et al. (1992), salientam que 30% do amálgama cristalizado pode 
ser de fase gama, ou seja, partículas de liga que não sofreram o ataque do 
mercúrio. Lembram esses autores, que esta fase é muito importante durante os 
primeiros estágios da reação contribuindo, assim, para a resistência do 
amálgama. 
Contudo, Osborne et al. (1997), observam que o grande problema dos 
sistemas de amálgama com baixo conteúdo de cobre é a fase gama 2, a qual 
representa de 10 a 15% do amálgama e dissolve-se com o passar do tempo. Esta 
dissolução resulta em porosidade através da restauração, enfraquecendo a 
estrutura significativamente, ou seja, o amálgama 
 literalmente fragmenta-se em 
flocos. 
Assim, considerando-se que a fase gama 6, aproximadamente, três vezes 
mais resistente que a fase gama 1 e sete vezes mais resistente que a fase gama 2, 
quanto mais a fase gama estiver retida no amálgama final, mais resistente ele o 
será. Nesse sentido, as fases gama 1 e gama 2 são, respectivamente, menos 
resistentes que gama. Pode-se concluir, portanto, que a fase gama é um tanto 
neutra, a fase gama 1 é nobre e a fase 2 é a menos resistente. Porquanto, nos 
11 
amálgamas de alto conteúdo de cobre a fase gama dois praticamente não existe 
(Nagem Filho et al., 1991). 
Com o surgimento das ligas com alto conteúdo de cobre, pode-se superar 
certos inconvenientes apresentados pela liga convencional como, por exemplo, 
escurecimento, perda de brilho, corrosão e valamento marginal, através da 
diminuição ou eliminação da fase estanho-mercúrio (gama 2). 
Garone & Oliveira (1990) sustentam que o cobre possuindo afinidade 
com o estanho, o seu excesso, ao invés de reagir com o mercúrio e formar a 
fase gama 2, reage com o cobre formando o composto cobre-estanho (Cu6Sn5). 
Este composto 6, portanto, mais resistente A. corrosão quando comparado à fase 
gama 2. 
Alguns dos constituintes do 
 amálgama 
 podem causar determinados 
efeitos, como, por exemplo, a prata que tem como efeito geral aumentar a 
expansão 
 do amálgama. A prata ainda contribui para a resistência ao 
enegrecimento, retarda o endurecimento da massa, expande-se e aumenta a 
resistência de borda (Nagem Filho et al., 1991). 
Observa-se, portanto, que as ligas para amalgama que apresentam 
porcentagens menores do que 65% de prata 
 irão 
 fornecer restaurações mais 
susceptíveis 
 ao escurecimento e corrosão (Garone&Oliveira, 1990). 
Porquanto, o zinco, mesmo em pequenas quantidades, causa 
 expansão 
 
anormal do amálgama em presença de umidade. É a chamada 
 "expansão 
 tardia 
12 
 
do amálgama". Contudo, o zinco melhora a cor, acelera o endurecimento e dá 
plasticidade à massa. Nos amálgamas convencionais, feitos de limalha, a 
presença de zinco mostrou ser eficiente na integridade marginal. 
De igual forma, algumas ligas experimentais apresentam na sua 
composição o flúor na forma de fluoretos. O fluoreto estanoso, se adicionado até 
0,5% na composição do amálgama, não altera a tendência à corrosão, resistência 
e até a expansão tardia pela contaminação por umidade. No Brasil, entretanto, 
não é comum a liga para amálgama contendo flúor (Nagem Filho et al., 1991). 
Escrevem Osborne et al. (1997), que tradicionalmente, a fórmula do 
amálgama era encontrada na proporção liga/mercúrio de 5:8. Atualmente, com 
a técnica introduzida por Eames, que reduziu a quantidade de mercúrio, esta 
fórmula encontra-se na proporção de 1:1. Assim, esta proporção evita o excesso 
de mercúrio, 
 pois, quanto menor a quantidade de mercúrio residual na 
restauração, melhores condições ela apresentará. Com o uso da proporção 5:8, 
inicia-se a mistura com o excesso de mercúrio, que deverá 
 ser eliminado após a 
manipulação e através da condensação. Fato este que, se negligenciado, 
acarretará prejuízos 
 à restauração. (Nagem Filho et al., 1991) 
A partir dos primeiros ensaios visando a utilização do amálgama nas 
restaurações de dentes, os pesquisadores sempre tiveram como objetivo obter 
uma boa mistura. Atualmente, com o advento dos amalgamadores de ultra-
velocidade, consegue-se facilmente uma mistura num período 
 de tempo muito 
13 
curto. Amálgamas com alto conteúdo de cobre mostram que a subtrituração 
provêm melhores resultados do que a supertrituração. A supertrituração ocon -e 
porque o calor aquece facilmente o amálgama à temperaturas de 71-85 °C, o que 
induz à sua rápida cristalização, diminuindo a plasticidade da massa. A rápida 
cristalização e a redução da plasticidade combinam-se para produzir um 
amálgama mais poroso e que se adaptará de forma deficiente (Osborne et al., 
1997) 
Por outro lado, questiona-se também o uso de ligas de partículas esféricas. 
Notadamente, as ligas ricas em cobre são de forma esférica, fáceis de 
condensação, com grande adaptabilidade as paredes da cavidade. Contudo, tais 
ligas podem provocar maior sensibilidade pós-operatória, devido à sua 
adaptação deficiente e com reais possibilidades de microinfiltração. Para evitar 
tais problemas, há necessidade de se modificar a técnica de condensação, que 
deve ser executada em movimentos de lateralidade e angulada a 450, diferente da 
condensação de ligas do tipo mistura que são menos sensíveis, e podem ser 
condensadas verticalmente, provendo boa adaptação (Osborne et al., 1997). 
Por outro lado, amálgamas com alto conteúdo de cobre não necessitam de 
polimento após a colocação, como se recomenda para ligas convencionais, 
visando aumentar a sua longevidade. Através da escovação diária, boas 
restaurações produzem uma superfície final similar A. polida (Berry, 1998). 
14 
3.2 Preparo Cavitfirio 
0 aperfeiçoamento de materiais e técnicas de colocação, assim como, a 
utilização de métodos preventivos para alterar o desenho dos preparos 
cavitários, têm sido observados quando da utilização do amálgama, onde 
mínimas intervenções representam uma solução para a preservação da estrutura 
dentária.(Berry et al.,1998) 
Segundo explicam Stegall & Grande (1988), dentre os princípios que 
regem a confecção dos preparos cavitários, o que mais chama atenção, é o da 
"extensão para a prevenção", preconizado por Black. Este pesquisador admitia 
o englobamento de todas as estruturas, as quais "eram consideradas 
susceptíveis" à cárie, como por exemplo, as Areas de cicatriculas e fissuras. 
Muitos dos conceitos que se perpetuaram após Black estão sendo revistos à luz 
de novos conhecimentos. A concepção biológica do preparo cavitário é tão ou 
mais importante que a mecânica, restringindo-se à remoção da lesão de cárie. 
E hoje, de senso comum, que o sucesso nas restaurações com amálgama é 
fortemente influenciado pela largura do istmo do preparo cavitário, segundo 
informam Osborne et al. (1997). 0 uso de brocas menores permite uma 
preparação que envolve a remoção somente do esmalte e dentina enfraquecidos, 
permitindo a preservação de mais estrutura dental sadia ( Berry et al., 1998). 
Sabe-se, hoje, que restaurações mais amplas, no sentido de abertura de istmo, 
l'''
UPS . 
Biblioteca 
(3435•U 15 
mostram uma fratura marginal maior e mais alto índice de recolocação do que 
restaurações estreitas. Outros beneficios, associados com a observância de 
pequenos preparos, incluem a redução do estresse oclusal nas margens e a 
preservação da força do dente. (Berry et al., 1998) 
Em cavidades classe I para amálgama,as paredes vestibular e lingual 
devem estar convergentes para a oclusal em casos de cavidades com istmo 
estreito. Em cavidades com istmo amplo, as paredes vestibular e lingual devem 
estar paralelas para evitar o enfraquecimento dessas paredes. Os ângulos 
diedros vestibulo-pulpar e linguo-pulpar devem estar ligeiramente arredondados, 
pois, conferem ao dente uma maior resistência A. fratura. As margens da 
cavidade devem se localizar em estrutura dental sadia e sujeitas a mínimos 
esforços. O contorno da restauração deve ser estendido para incluir esmalte 
socavado por cáries, respeitando-se os contatos céntricos. (Baratieri et al., 1992) 
Para cavidades classe II, as paredes vestibular e lingual da caixa proximal 
convergem para oclusal. 
 Os ângulos vestíbulo e linguo-gengivais, assim como o 
áxio-pulpar, são arredondados. Nas cavidades classe II, ditas conservadoras, tipo 
"almquist", as paredes vestibular e lingual da caixa proximal devem formar um 
ângulo de 900 com a superficie externa do dente. 
O aplanamento da parede gengival é realizado com instrumentos 
cortantes rotatórios ou manuais, removendo-se, assim, o esmalte dental sem 
suporte, segundo orientam Steagall & Grande (1988). 
16 
A presença de sulcos de retenção na proximal é ainda um assunto 
controvertido. Contudo, alguns autores recomendam a incorporação do mesmo 
ao preparo, tais como uma ranhura na caixa proximal do ângulo pulpo proximal 
com uma broca esférica 1/4 , que pode propiciar adequada retenção, evitando, 
portanto, o deslocamento, conforme observam Steagall & Grande (1988) e 
Osborne et al. (1997). 
Em casos onde existe extensa destruição dos dentes posteriores, o 
amálgama é muito indicado, necessitando muitas vezes de retenções adicionais 
durante o seu preparo. 
0 uso de pinos pré-fabricados ficou consagrado como fator de retenção 
para restaurações complexas de amálgama. Todavia, observaram-se inúmeras 
desvantagens no seu emprego, tais corno: 
• requerem desgaste excessivo da estrutura 
 dental sadia para o seu 
correto posicionamento; 
• podem causar trincas e estresse na dentina; 
• oferecem riscos de acidentes no trans-operatório, como perfuração 
pulpar ou periodontal e fratura do pino ou dente; 
• exigem maior tempo de colocação; 
• dificultam a condensação do amálgama 
 ao seu redor, podendo ocorrer 
a presença de poros na interface pino/restauração. 
17 
Visando, portanto, superar as desvantagens dos pinos pré-fabricados, 
surgiram várias alternativas para retenções diretas, ou seja, fornecidas pelo 
próprio material. Um preparo cavitario com caixas e sulcos retentivos pode ser 
obtido eliminando-se os efeitos nocivos de pinos. Prescreve-se também a 
confecção de canaletas circunferenciais em toda a parede gengival do preparo 
cavitario. 
Emprega-se, também, o "amalgapin" que consiste em uma técnica 
retentiva auxiliar para restaurações de amálgama, servindo como alternativa ao 
uso de pinos pré-fabricados. Neste caso, são realizadas perfurações dentindrias 
que 
 receberão o amálgama (pino de amálgama), formando um só corpo com o 
restante da restauração. Em relação aos pinos o "amalgapin" é mais vantajoso 
nos seguintes aspectos: menor custo, técnica 
 operatória 
 mais rápida e mais fácil, 
eliminação de tensões na dentina, pode ser empregado em dentes despolpados e 
com coroas clinicas curtas, etc. Nesse sentido, escrevem Rocha et al. (1992), que 
se o compararmos com restaurações metálicas fundidas, o "amalgapin" mostra-
se mais econômico, exige menor 
 número 
 de sessões, possibilita um preparo 
cavitario mais conservador e oferece menor risco de infiltração marginal. 
Assim, diferente das resinas compostas, o amálgama não tem adesão ao 
dente devendo ser retido à cavidade através de um preparo com 
 características 
adequadas, no formato de suas caixas, promovendo retenção. Ao se fazer essas 
retenções e dando as paredes cavitarias 
 características próprias, 
 removem-se 
18 
estruturas sadias do órgão dental, obtendo-se urna cavidade menos 
conservadora. 
Cantarelli et al. (1996) relatam que, de forma geral, as restaurações feitas 
com amálgama sofrem microinfiltração na interface dente/restauração, logo 
após a sua colocação na cavidade. Algum tempo depois, produtos de corrosão se 
formam selando essa interface, minimizando o ingresso de bactérias e reduzindo 
o potencial de sensibilidade pós-operató ria. Alguns estudos realizados 
mostraram que a aplicação de mon8meros adesivos as paredes do preparo 
cavitário, antes da condensação do amálgama, tem sido efetiva na diminuição da 
microinfiltração (Cantarelli et al., 1996). Assim, ao comparar-se a sensibilidade 
pós-operatória em dentes com amálgama adesivo com outros com amálgamas 
retidos a pino, concluiu-se que os dentes com amálgama adesivo apresentaram 
menor sensibilidade do que os dentes com amálgama retidos a pino. De igual 
forma, em relação à presença de sensibilidade, observou-se, que um ano 
 após a 
sua inserção, esta já havia desaparecido. Este achado mostra que, possivelmente, 
corn o resultado de produtos de corrosão na interface das restaurações com 
amálgama adesivo WI urna diminuição da microinfiltração. Por isso, pode-se 
dizer que a baixa sensibilidade inicial, pode ser uma vantagem ( Berry et al., 
1998). 
Sabe-se, hoje, que o amálgama, em sua fase plástica, pode ser aderido ao 
esmalte e à dentina condicionados por um forramento adesivo resinoso. Tal 
19 
técnica permite não so inibir a microinfiltração marginal inicial, como também 
diminuir o preparo cavitario, dando suporte intracorondrio as cúspides 
enfraquecidas, melhorando a resistência à fratura, e permitindo, portanto, uma 
rápida restauração de elementos dentais amplamente destruidos, que no passado, 
só seriam recuperados através de restaurações metálicas fundidas. Com o 
advento do amálgama adesivo tem-se a possibilidade de se ignorar retenções 
adicionais como sulcos, canaletas, pinos e perfurações e centralizar a atenção 
apenas na remoção do tecido cariado, permitindo, portanto, um preparo 
cavitário de forma mais conservadora e com maior resitência (Cantarelli et al., 
1996). 
De igual forma, o verniz cavitario não está sendo mais utilizado nas 
restaurações com amálgama, e a sua exclusão no tratamento dentário, não 
ofereceu quaisquer conseqüências relativas à sensibilidade pós-operatória e 
longevidade das restaurações (Osborne et al., 1997). Segundo Menezes et al. 
(2000), o uso de uma película 
 permanente sob a restauração de amálgama 
(adesivos resinosos), tem um papel mais efetivo do que os vemizes cavitários 
(que são solúveis). Esta técnica, portanto, tem sido muito utilizada, em 
especifico como opção na odontopediatria, para cavidades em que a parede 
gengival estende-se abaixo do limite amelocementdrio, principalmente, quando 
os contatos oclusais contra-indiquem as resinas compostas, nas reconstruções de 
20 
cúspides, quando existe esmalte socavado e por razões econômicas (Cordeiro & 
Basso, 1999). 
Outro material que possui pequena adesividade à estrutura dental é o 
Cimento de Ionômero de Vidro. Contudo, a sua associação com o amálgama é 
possível 
 na tentativa de diminuir a microinfiltração e aumentar a retenção da 
restauração. 
0 principio lógico desta técnica, reside na comprovação de que o material 
adesivo une-se com a estrutura dental e, ao mesmo tempo, com a liga para 
amálgama. Existem três opções para sua obtenção. A primeira opção, consiste 
na utilização de um sistema adesivo dentindrio de cura dual (o amálgama é 
condensado sobre o adesivo antes que ele tome presa, causando uma 
interpenetração do metal na camada de adesivo,produzindo um embricamento 
mecânico com o mesmo); a segunda, na associação de um sistema adesivo 
fotopolimerizavel e um cimento resinoso, onde o amálgama é condensado sobre 
o cimento resinoso; e, por fim, a terceira opção, que consiste na utilização de um 
cimento de ionômero de vidro (CIV) sobre a estrutura dental, seguida pela 
condensação do amálgama, que se interpenetra com o CIV. Todavia, a menor 
adesividade à dentina que estes materiais apresentam, em comparação aos 
adesivos, indicam a utilização de amálgamas 
 adesivos com CIV, mais para 
tentar reduzir a microinfiltração marginal do que para aumentar a retenção. 
21 
Embora muitos estudos demonstrem resultados positivos, deve-se 
promover um maior número de pesquisas e acompanhar o resultado clinico a 
longo prazo. Mesmo porque, alguns resultados têm demonstrado que, o 
amálgama adesivo não deve ser a única forma de retenção, já que, apresentou 
valores menores de retentividade comparado ao pino rosquedvel e arnalgapin 
(Torres et al., 2001). 
3.3 0 Mercúrio e a sua toxidade 
A restauração de amálgama só é possível gaps As características únicas 
apresentadas pelo mercúrio. E, é justamente por causa deste elemento, que a 
utilização das restaurações com amálgama tern sido discutida por muitos 
pesquisadores de diversos países, onde muitos afirmam que o mercúrio é 
responsável pela ocorrência de graves doenças degenerativas, de etiologia e cura 
desconhecida, tais como Alzheimer e Esclerose múltipla (Silveira et al., 2000). 
Assim, não tem sido somente por motivos de saúde que o amálgama foi 
julgado, mas também por razões ambientais. Essa preocupação teve inicio em 
1950, com o gr-ande desastre ecológico na baia de Minamata, no Japão. Uma 
companhia japonesa despejou lixo industrial, contendo altos níveis de mercúrio, 
dentro da baia, impregnando de plAnctons, plantas, peixes e animais, 
contaminando também a população que dependia da água da baia. Muitas 
22 
crianças nasceram com graves deformidades fisicas. Pesquisadores descobriram 
altos níveis de mercúrio, inclusive em alguns alimentos. A descoberta levou à 
parada do uso de mercúrio naquele pais (Felippe et al., 1999). 
O mercúrio existe em três formas maiores: elementar, inorgânico e 
orgânico. Estas tits formas são diferentes em suas propriedades fisicas e 
químicas, suas taxas de absorção e excreção e seu modelo de distribuição nos 
tecidos. 0 mercúrio elementar é o mais volátil dos três, e o vapor do mercúrio 
no ar é a forma mais predominante do mercúrio elementar (ADA, 1998). 
Os componentes orgânicos do mercúrio podem ser muito tóxicos, como o 
metil-mercúrio. Do mesmo modo, sais inorgânicos de mercúrio são altamente 
tóxicos, mais por seu efeito cáustico, que dissolve a camada do trato 
gastrointestinal do que pelo próprio efeito tóxico do mercúrio, 
 0 vapor do 
mercúrio tem alta pressão podendo ser absorvido pelos pulmões, sendo 
potencialmente perigoso para o paciente, o profissional e o pessoal auxiliar 
(Osborne & Godoy, 1995). 
Sem dúvida, o mercúrio proveniente de uma restauração corn amálgama 
possui a capacidade de penetrar na estrutura dental. Durante a mastigação, 
ocorre a liberação de pequena parte de mercúrio, em torno de dois microgramas 
por dia. Assim, um paciente que possua doze restaurações com amálgama, sera) 
necessários dez mil anos para que todo o mercúrio de todas as restaurações seja 
liberado (Osborne et al., 1997). 
-)3 
A liberação ocorre devido A. abrasão 
 da escova dental ou do bolo 
alimentar. A quantidade de 
 mercúrio 
 liberada é afetada principalmente pelo tipo 
de liga usada. Ligas com alto conteúdo de cobre são mais estáveis e perdem 
menos mercúrio em relação As ligas convencionais. Muitos trabalhos mostram 
não haver evidências de que esses 
 níveis acarretem contaminação, uma vez que 
são inferiores aos de outras fontes, como por exemplo, a alimentar. Alguns 
alimentos apresentam mercúrio na sua composição, como mostra o Quadro 1. 
Quadro 1 — indices de 
 mercúrio 
 em alguns alimentos (*) 
ALIMENTOS MG/KG DE MERCtRIO 
BATATA 4,4 mg/kg 
FRUTAS 4,8 mg/kg 
CARNE DE PORCO 97,6 mg/kg 
PÃO 
 BRANCO 14,7 mg/kg 
PÃO 
 DE CEREAIS 26,2 mg/kg 
PEIXES DO MAR 200 	 mg/kg 
PEIXES DO RIO 250 	 mg/kg 
ATUM 366 	 mg/kg 
(*) Fonte: Felippe et al., 1999. 
Os efeitos toxicológicos de várias fonnas de 
 mercúrio 
 tem sido bem 
documentados e investigados, principalmente, na população com excessiva 
exposição ocupacional ou no meio ambiente. Além de reações alérgicas, indícios 
associados com a toxicidade do 
 mercúrio 
 incluem: tremor, ataxia, troca de 
personalidade, perda de memória, insônia, ansiedade, fadiga, depressão, dores 
24 
de cabeça, irritabilidade, transmissão nervosa vagarosa, perda de peso, perda de 
apetite, problemas gastrointestinais, estresse psicológico e gengivite (ADA, 
1998). 
Algumas teorias revelaram que alguns distúrbios imunes ou auto-imunes 
podem ser desenvolvidos pela liberação do mercúrio do amálgama. Cite-se, 
como exemplo, a publicação do jornal "Diário da Suécia", onde se afirmava que 
o mercúrio do amálgama é fator causal de doenças, tais como: esclerose 
miastenia grave, reumatismo e asma, entre outras. Citando como o 
único tratamento efetivo, a remoção do amálgama. Constata-se, portanto, que 
podem ser apontados fatores psicológicos que podem influenciar em vários 
fatores imunológicos. Nesse sentido, o susto do mercúrio 
 pode ser mais potente 
que o próprio mercúrio. 
Alguns autores tem também determinado que o mercúrio do amálgama 
dental tern efeitos deletérios na reprodução, determinando a relação entre a 
concentração total de mercúrio 
 nos cabelos de dentistas mulheres e seus 
fracassos reprodutivos. Entretanto, na Suécia, em estudo relatado por Molin 
(1992), incluindo mais de oito mil resultados de gravidez, referente 
malformações, baixo peso ao nascer e sobrevida perinatal, o único 
 desvio que se 
encontrou foi uma baixa taxa de morte perinatal da prole de dentistas em 
comparação com o total de nascimentos. 
25 
A possibilidade de reações tóxicas no paciente, provenientes de traços de 
mercúrio, que penetram nos dentes ou, ainda, a sensibilidade devida à dissolução 
de sais de mercúrio das superficies do amálgama é muito remota. A estimativa 
mais realista sugere que o mercúrio do amálgama não contribui de forma 
significativa para a exposição total a que o paciente vive sujeito. Uma pequena 
parte da população é sensível ao mercúrio, o que também é verdade, em relação 
a muitos elementos químicos. 
Uma pesquisa realizada na Suécia envolvendo 1.462 mulheres provou não 
haver correlação entre restaurações a amálgama e doenças cardiovasculares, 
diabetes, cancer, depressão e fadiga (ADA, 1998). 
Outros estudos usaram como alvo profissionais de odontologia, uma vez 
que estes apresentam um índice 
 de exposição ao mercúrio 2 a 4 vezes mais alto 
do que a população em geral, devido ao manuseio do 
 mercúrio em consultório. 
A conclusão, entretanto, mostrou que cirurgiões dentistas vivem mais e não 
possuem índice mais elevado de esclerose múltipla , doença de Alzheimer, 
cancer, problemas cardiacos, artrites e nem qualquer outra doença que qualquer 
outra classe profissional possa ter (Osborne et al., 1997). 
Assim, recomenda-se no trabalho odontológico, em especifico, nas 
restaurações com amálgama, algumas medidas de higiene e manuseio do 
mercúrio, 
 que devem ser seguidas. Entre elas: 
26 
• os instrumentos que entram em contato com o amálgama devem ser 
lavados antes de serem esterilizados; 
• restaurações removidas devem ter critériosobjetivos de troca, sendo 
removidas com alta refrigeração e sucção, com profissional e 
assistentes protegidos por óculos, máscaras e luvas; 
• ligas ricas em cobre, assim como material encapsulado, deveriam ser 
mais recomendados, dificultando o contato com o mercúrio. 
A ADA recomenda que a armazenagem de resíduos 
 seja feita em 
recipientes inquebráveis, em local bem ventilado e fora da sala de atendimento; 
que restos sejam guardados em recipientes herméticos contendo hipossulfito de 
sódio (solução fixadora de radiografias) e que o ambiente do consultório seja de 
fácil limpeza e bem arejado (Felippe et at, 1999). 
O liquido fixador radiografico deve ser usado porque contém enxofre, que 
combina com o mercúrio, 
 formando um sal bastante estável, evitando, assim, a 
vaporização. A água não deve ser utilizada no armazenamento, pois o mercúrio 
acaba evaporando junto com ela ( Silveira et al., 2000). 
27 
3.4 0 amalgama frente aos materiais alternativos 
0 aumento de materiais restauradores que competem com o amálgama 
tem sido muito grande; contudo, este ainda permanece como o mais comumente 
usado material restaurador. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, o 
amálgama representa mais de 75% das obturações colocadas. (Ziskind et al., 
1998 e Dunne et al., 1997). 
Escreve Alexandre Henrique Susin (2001) que, 
"Observamos atualmente uma incansável luta com o objetivo de 
desqualificar o amálgama devido à sua falta de estética e, mais 
recentemente, a presença de 
 mercúrio 
 tem sido motivo de muitas 
polêmicas, porém devemos reconhecer que estamos diante de uma nova 
ordem ecológica, atualmente pensamos em aspectos nunca antes 
imaginados e que influem diretamente na nossa vida e na manutenção de 
nossa saúde e do planeta. Por isso, acreditamos que os fundamentos 
observados pelos defensores da 
 extinção 
 do amálgama do meio 
odontológico devam ser considerados, porém acreditamos que esteja 
havendo uma supervalorizag do de alguns aspectos por eles defendidos. 0 
que temos de certeza é que o amálgama ainda é o melhor material 
restaurador direto para restaurações em dentes posteriores e continuará 
a ser utilizado por muito tempo, no 
 mínimo pela sua abrangência". 
Assim, enfatizam Dunne et al. (1997), que em comparação com alguns 
materiais alternativos, as restaurações com amálgama são de fácil colocação, 
requerendo pouco tempo operatório, com profissional já treinado para o seu uso, 
devido as experiências e pesquisas acumuladas ao longo dos 160 anos de uso do 
amálgama. 
 Já as resinas compostas, que estão sendo usadas como material 
alternativo ao amálgama dental, têm como vantagem a menor remoção de tecido 
28 
dental, a estética e a biocompatibilidade. Entretanto, segundo Baratieri et al. 
(1998), estes materiais alternativos apresentam muitas desvantagens, tais como: 
são mais caros que o amálgama; 
 a técnica operatória é mais critica; apresentam 
contração de polimerização, infiltração marginal e expansão higroscópica. 
Observa-se ainda que o amálgama possui características fisiológicas 
similares ao esmalte dental. Em ligas convencionais ocorre uma pequena 
contração com a absorção do mercúrio, seguida de uma breve expansão. Em 
ligas modernas, como as com alto conteúdo de cobre ocorre uma minima 
mudança dimensional, comparada com os compósitos e cimentos de ionõmero 
de vidro, tanto convencional como o fotopolimerizável, que tem uma grande 
contração, gerando estresse para a estrutura dental e conseqüente dor no pós-
operatório. 
Os cimentos de ionômero de vidro não possuem propriedades mecânicas 
adequadas para o uso em restaurações definitivas. Muitas restaurações de 
ionõmero de vidro apresentam problemas devido à fratura de sua própria 
estrutura, pelo fato de apresentarem baixa força mecânica. Apesar da expectativa 
criada pela liberação de flúor, cáries secundárias tem sido encontradas e são 
também um dos motivos de falhas nesse tipo de restauração. A longevidade das 
restaurações de ionõmero de vidro são mais dependentes do uso de técnicas 
apropriadas, devido ao material ser bastante sensível, especialmente com 
respeito à absorção e desidratação de água (Hickel & Manhart, 2001). 
29 
Uma vantagem particular do amálgama é a adaptação marginal, que com 
o passar do tempo vai melhorando. Ocorre um selamento marginal em virtude 
do acúmulo de produtos corrosivos no micro espaço dente/restauração. Portanto, 
um amálgama antigo tem margens mais bem seladas que um amálgama novo. 
Em todos os outros materiais, a adaptação marginal se deteriora com o passar do 
tempo. Este fator valoriza o amálgama, que apresenta melhores resultados, 
comparativamente a outros materiais. Assim, é este selamento marginal que 
contribui para a baixa incidência de carie recorrente (Dunne et al., 1997). 
Em materiais como resina composta, o desgaste, a fratura das 
restaurações, a deterioração marginal, a descoloração e a infiltração marginal 
com o aparecimento de caries secundarias, são as principais razões de falhas e 
limitações na longevidade das resinas compostas (Hickel & Manhart, 2001). 
O amálgama também apresenta grande longevidade clinica quando 
comparado com outros materiais, especialmente quando colocado em grandes 
cavidades sujeitas A. forças oclusais (Dunne et al., 1997). De igual forma, as 
cerâmicas representam uma boa alternativa na restauração dental. Elas têm boa 
estética, contudo, são frágeis. Seu preparo demanda tempo clinico maior que o 
amálgama dental, além de seu custo ser mais elevado (Eley, 1997). 
Hoje, os novos materiais cerâmicos são extremamente atraentes devido à 
adaptação marginal, resistência ao desgaste e A. fratura e, principalmente pela sua 
aparência estética. Novos materiais e sistemas de cimentação têm rapidamente 
30 
surgido no mercado. Muitos, modificados pelos fabricantes, para se adaptarem 
as exigências dos consumidores (Bottino et al., 2001). 
E de se observar, ainda, que o amálgama dental é o que oferece menores 
problemas em relação à sensibilidade operatória. Porquanto, um isolamento do 
campo operatório é necessário para providenciar uma restauração mais durável, 
a contaminação pode ainda permitir uma restauração aceitável, pelo menos 
durante um curto tempo. Este aspecto o difere de outros materiais que, 
simplesmente, não podem ser utilizados quando em presença de saliva, fluido 
gengival e sangue (Dunne et al., 1997). 
Uma das desvantagens do amálgama 6, sem davida, a falta de adesão à 
estrutura dental. Faz-se necessário, portanto, a confecção de uma forma especial 
da cavidade para a colocação do material, o que pode causar fratura dentária, 
 já 
que muitas vezes é necessário remover a estrutura dental sadia para conseguir a 
forma de resistência (Dunne et al., 1997). 
As novas resinas compostas, condensáveis, são adesivas, e foram 
introduzidas no mercado, visando substituir o amálgama. Apresentam, contudo, 
algumas vantagens sobre as resinas tradicionais que são: alto conteúdo de carga 
inorgânica, 
 embalagens em doses ¡Micas, profundidade de polimerização, 
radiopacidade, resistência de média e alta, baixa contração de polimerização e 
baixa taxa ao desgaste. Quanto as desvantagens, podem ser observadas: a 
dificuldade de polimento, falta de familiarização com a técnica, número de cores 
31 
limitado e provável aumento da sensibilidade operatória, além da dificuldade de 
confeccionar o ponto de contato (Borba et al., 2001). 
Segundo informam Baratieri et al. (1998), o amálgama, também, pode 
estar sujeito à corrosão, coexistindo também a preocupação com a 
biocompatibilidade, devido a liberação de ions metálicos no meio bucal. A 
presença do amálgamapróximo de restaurações de metais preciosos, pode 
causar a corrente galvânica (Galvanismo). 0 ouro é um metal precioso que 
apresenta qualidades superiores ao amálgama, mas que demanda maior tempo 
clinico e laboratorial para a sua fabricação. Tem um custo sete a oito vezes 
maior que uma restauração de amálgama e, embora, se saiba de sua 
longevidade, não apresenta condições estéticas tal qual o amálgama (Eley, 
1997) 
Conforme Dunne et al. (1997), outras desvantagens significativas do 
amálgama são, ainda, a falta de estética e a toxicidade devido a exposição 
mercuria. Um dos materiais alternativos lançados são as ligas baseadas no metal 
gálio, onde este é utilizado como substituto do mercúrio. As restaurações feitas 
com este material se assemelham esteticamente aos amálgamas. No entanto, 
estudos clínicos realizados não aprovaram esse material, que mesmo após 
constantes modificações apresentam-se extremamente sensíveis à técnica e 
muito susceptiveis à contaminação por umidade, mesmo após serem 
condensados (Osborne et al., 1997). 
32 
Restaurações feitas com liga de gálio apresentam grande número de 
fratura de borda, tanto de corpo quanto de parede dental, o que leva a maior 
sensibilidade dental. Durante a confecção da restauração, a pegajosidade 
apresentada pela liga é excessiva, necessitando de longa limpeza após a 
restauração concluida. Com relação à corrosão e ajuste marginal, o desempenho 
clinico das restaurações com ligas de gálio 6, também, considerado sofrível. 
(Scholz Jr., 2001) 
Outra alternativa, utilizada para a redução do mercúrio no amálgama, foi a 
substituição de parte do mercúrio necessário para a trituração, pelo elemento 
índio. Quando o amálgama é triturado com Hg-In, a liberação de vapores de 
mercúrio é menor, pois a rápida formação de uma película de óxidos contribui 
para a redução da liberação do mercúrio devido à formação de uma barreira 
efetiva A. evaporação (Pagani et al., 1999). 
Na verdade, nenhum material é absolutamente seguro, e muitos problemas 
são associados ao uso dos compósitos de resinas, tais como: 
• o uso de peróxidos que geram radicais livres na polimerização de 
compósitos de resinas (sabe-se, ainda, que os peróxidos são 
conhecidos por promoverem tumores de pele); 
• os radicais livres produzidos durante a polimerização que podem, 
também, estar envolvidos no desenvolvimento de alguns tipos de 
cancer; 
33 
,asmaa. 
Biblioteca Universitária 
UFSC 
• os dimetacrilatos que são componentes da resina e podem ser 
enzimaticamente degradados por enzimas presentes na saliva e fluido 
gengival, aumentando a taxa de toxicidade; e, 
• o BisGMA que interfere nos estrógenos naturais e pode atacar os 
receptores de estrogênios nas células. 
Estes estudos baseiam-se em algumas reclamações, de que compósitos 
resinosos e selantes usados na odontologia restauradora podem contribuir para o 
câncer de mama e de testículos, como também, têm sido responsabilizados por 
uma diminuição na taxa de esperma. 
Estes problemas associados aos compósitos podem ser questionados. 
Entretanto, as evidencias levam à dúvida: se os compósitos são mais ou menos 
alergênicos ou tóxicos do que o amálgama dental (Eley, 1997). 
34 
4 DISCUSSÃO 
O amálgama dental é utilizado na odontologia restauradora há mais de 
160 anos e continua sendo um material efetivo apesar do constante 
aprimoramento dos materiais estéticos. 
Segundo Dunne et al. (1997), comparativamente a alguns materiais 
alternativos, o amálgama é de fácil colocação e requer pouco tempo operatório. 
Sua adaptação marginal com o passar do tempo vai melhorando, devido ao 
acúmulo 
 de produtos corrosivos na interface dente/restauração. Apresenta, de 
igual forma, longevidade clinica quando comparado à outros materiais, 
especialmente, quando colocados em grandes cavidades sujeitas à forças 
oclusais. E menos sensível 
 a técnica, diferente de outros materiais que não 
obtém resultados clínicos 
 aceitáveis quando utilizados na presença de sangue, 
saliva e fluido gengival. 
No momento atual, as resinas compostas são consideradas um material de 
eleição, quando o que se busca é a estética e a conservação dos tecidos dentais, 
características 
 não apresentadas pelo amálgama dental. Em contrapartida, Hickel 
& Manhart (2001), observam que a insuficiente resistência ao desgaste, a 
dificuldade de obtenção de contatos proximais, a infiltração marginal, a 
contração de polimerização e o aparecimento de 
 cáries secundárias 
 são hoje, 
r-- UFSC 
Iflihttotec• Setorsso 
5 - o 35 
apesar da estética apresentada, as principais limitações na longevidade dessas 
resinas. 
Para Torres et al. (2001) e Cantarelli et al. (1996) o chamado "amálgama 
adesivo", tenta unir as propriedades adesivas do ionõmero de vidro, adesivos 
dentindrios e cimentos resinosos de cura dual, com as boas propriedades, já 
citadas do amálgama dental, na tentativa de obter melhor retentividade e 
diminuir o problema de remoção do tecido dental sadio. Para Torres et al. 
(2001), o uso deste sistema deve ser feito com cautela, pois estudos realizados 
demonstraram um resultado não muito eficiente quando comparados com os 
tipos de retenções já existentes, corno pinos rosquedveis, amalgapins e 
canal etas. 
Sabe-se que nenhum material é totalmente seguro para uso na cavidade 
bucal e várias controvérsias têm surgido sobre o emprego do amálgama dental, 
principalmente, porque tem o merciirio como um de seus componentes. Silveira 
et al., em 2000, relatou que muitos países responsabilizam o mercúrio, 
liberado das restaurações de amálgama, pela ocorrência de muitas doenças 
degenerativas, entre as quais, Alzheimer e a Esclerose 
Molin, em 1992, assinalou que muitas teorias comprovaram que os 
distúrbios imunes ou auto-imunes podem ser desenvolvidos pela liberação do 
mercúrio do amálgama dental, assim também como, diversos outros problemas 
em nível reprodutivo. Contudo, este mesmo autor, relata alguns estudos com a 
36 
prole de dentistas-mulheres, que não resultaram em problemas significativos em 
comparação ao restante da população. 
A própria ADA, em 1998, relatou que não foram detectados problemas de 
saúde, provocados pela liberação de mercúrio do amálgama dental, devido As 
baixas taxas existentes. Entretanto, a controvertida discussão com relação 
toxicidade mercurial e a falta de estética do amálgama dental, são fatores 
importantes que motivam a pesquisa de materiais alternativos. Nesse sentido, as 
resinas compostas ganharam destacada importância, 
 sendo consideradas por 
Baratieri et al. (1998), como biocompativeis. Entretanto, Eley, em 1997, 
responsabilizava alguns dos componentes das resinas, tais como, os 
dimetacrilatos e o BisGMA, de terem efeitos 
 tóxicos e que poderiam causar 
alguns tipos de câncer e defeitos hormonais. 
Para a American Dental Association (1998), as inúmeras informações 
cientificas disponíveis e os demonstrados beneficios do amálgama dental ao 
longo dos anos, parece não justificar o seu abandono. Silveira et al. (2000), 
acredita que, apesar da evolução dos materiais adesivos, ainda não se pode 
propagar a "morte" do amálgama dental. É de se observar, portanto, que os 
materiais alternativos, disponíveis 
 no mercado atual, não tiveram suas 
propriedades comparadas, cientificamente, com o antigo amálgama dental. 
37 
5 CONCLUSÃO 
O amálgama dental é considerado, atualmente, como o material mais 
abrangente na odontologia restauradora, quer seja por seu baixo custo, ou pela 
facilidade no trabalho odontológico, ou ainda, pelos bons resultados que vem 
apresentando desde o século passado.Até o presente momento, os materiais que competem com o amálgama 
dental não podem ser considerados como substitutos, mas 
 tão somente como 
materiais alternativos. Em sua grande maioria, esses materiais alternativos 
apresentam características, que deixam a desejar quando comparados ao 
amálgama dental. 
Os estudiosos de materiais odontológicos, têm pesquisado no decorrer de 
todos estes anos, um material que concilie as boas características do amálgama 
com a estética e a adesividade das resinas e materiais adesivos. A pressão 
mercadológica e a procura de materiais estéticos "da cor dos dentes" faz com 
que estes materiais sejam valorizados e amplamente estudados, comparados ao 
amálgama dental. 
Acredita-se que, brevemente, os serviços de odontologia restauradora 
possam contar com um material que apresente a estética das resinas compostas 
combinada com as boas propriedades do amálgama. Enquanto esse dia não 
38 
chega, deve-se, ainda, utilizar o amálgama dental, que apresenta muitas 
indicações, já que outros materiais alternativos, apesar de muito evoluídos, ainda 
continuam limitados. 
Assim, pode-se concluir afirmando que, 
• o amálgama dental é um material efetivo, de fácil colocação, requer 
pouco tempo operatório, com boa adaptação marginal progressiva 
(devido ao acúmulo de produtos corrosivos na interface 
dente/restauração), longevidade clinica, em especifico quando 
colocado em grandes cavidades sujeitas à forças oclusais e é menos 
sensível 
 à técnica; 
• as resinas compostas são um material de eleição, quando o objetivo é 
a estética e a conservação dos tecidos dentais. Contudo, apresentam 
as seguintes limitações: insuficiente resistência ao desgaste, 
dificuldade de obtenção de contatos proximais, infiltração marginal, 
contração de polimerizaçã'o e aparecimento de cáries secundárias; 
• o amálgama adesivo (que une as propriedades adesivas do ionômero 
de vidro, adesivos dentindrios e cimentos resinosos) apresenta 
algumas vantagens sobre a técnica convencional, entre as quais, a 
diminuição da possibilidade de ocorrer microinfiltração, auxilia na 
retenção e protege contra as fraturas das paredes laterais dos preparos. 
Entretanto, o uso desse sistema deve ser cauteloso; 
39 
• a controvérsia maior situa-se, no entanto, em relação à toxidade 
mercurial. Muitas teorias afirmam ser o amálgama responsável por 
diversas doenças imunes e auto-imunes, provocadas pela liberação do 
mercúrio. No entanto, as informações cientificas disponíveis, na 
atualidade, não comprovaram essas afirmativas teóricas. 
40 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AMERICAN DENTAL ASSOCIATION. Dental amalgam: update on safety 
concerns. J Amer Dent Assoc, v. 129, n.4, p. 494 -503, Apr., 1998. 
BARATIERI, L N. et al. Dentistica: Procedimentos preventivos e 
restauradores. 2ed. São Paulo: Santos, p. 353-361, 1992. 
BARATIERI, L. N. et al. Estética: Restaurações adesivas diretas em dentes 
anteriores fraturados. 2aed. São Paulo: Santos, p.75 -78, 1998. 
BERRY, T. G. et al. Amalgam at the new millennium. J. Amer Dent Assoc, v. 
129, n.4, p.154.7-1556, nov.,1998. 
BORBA, F. M. et al. Microinfiltração Marginal em preparos de classe II 
restaurados com resinas condensáveis. Rev. APCD, v. 55, n. 3, p. 210-215, 
maio/jun.,2001. 
BOTTINO, M. A. et al. Estética em reabilitação oral: Metal Free. São Paulo: 
Artes Médicas, p. 211-212, 2001. 
CANTARELLI, M. M. C. et al. Amálgama adesivo. Rev. Odontol. Univ. São 
Paulo, v.10, n. 2, p. 137-144, abr./jun., 1996. 
CORDEIRO, R. C. L.; BASSO, M. D. Amálgama convencional X amálgama 
adesivo — relato de caso de molares deciduos de urn mesmo paciente. JBC, v. 
3, n. 18, p. 17-19, 1999. 
41 
CRAWFORD, P. R. The story of silver amalgam ( and how a canadian changed 
it all). J Canad Dent Assoc., v. 55, n. 11, p.887-890, 1989. 
DUNNE, S. M.; WILSON, N. H. F. Current materials and techniques for direct 
restorations in posterior teeth. Part 1: silver amalgam. International Dental 
Journal, v. 47, n. 03, p. 123-136, 1997. 
ELEY, B. M. Dental amalgam structure and corrosion. Br Dent J, v. 182, n. 07, 
p. 247-249, apr.,1997. 
ELEY, B. M. Possible alternative materials to amalgam for the restoration of 
posterior teeth. Br Dent J., v. 183, n. 01, p. 11-14, jul., 1997. 
FELIPPE, L. A. et al. Amalgama dental: fatos e controvérsias. Rev. APCD, 
v. 53, n. 01, p. 41-45, jan./fev., 1999. 
GARONE, N.; OLIVEIRA, E. C. Atualização das principais 
 questões relativas 
ao amálgama. Rev. Paulista de Odontologia, v. 12, n. 5, p.2-8, 1990. 
GREENER, E. H. Amalgam — yesterday, today and tomorrow. Operative 
dentistry, v. 4, n. 1, p. 24-35, 1979. 
HICKEL, R.; MANHART, J. Longevity of restorations in posterior teeth and 
reasons for failure. J Adhesive Dent, v. 3, n. I, p.45-64, 2001. 
MENEZES, M. R. A. et al. Restauração à amálgama de prata sobre sistemas 
adesivos — Avaliação do grau de infiltração marginal — Estudo in vitro. Rev. 
ABO, v. 8, n. 1, p. 26- 37, fev./mar.2000. 
42 
MOL1N, C. Amalgam — fact and fiction. Scand J Dent Res, v.100, n. 1, p. 66- 
73, 1992. 
NAGEM FILHO, H. et al. In: MOTTA, R. G. Aplicações clinicas dos 
materiais dentários. Rio de Janeiro: EPUC, p. 73-99, 1991. 
OSBORNE, J. W.; GODOY, F. G. Amálgama dentário, mercúrio e sua 
toxicidade. Rev. Bras. de Odontol., v. 52, n. 3, p. 7-9, 1995. 
OSBORNE, J. W. et al. Amálgama dental: História e controvérsias. RGO, v.45, 
n. 4, p. 229-234, 1997. 
PAGAN', C. et al. Amálgama Dental: Considerações gerais e atualidades. JBC, 
v. 3, n. 16, p. 25- 28, 1999. 
SUSIN, Alexandre Henrique. Restaurações de Amálgama e a Odontologia 
Adesiva. Revista Dentistica on line. Ano 1, n° 1, set./dez. 2000. 
ROCHA, L. I. T. et al. Restaurações complexas de amálgama retidas por 
"amalgapins". ROBRAC, v. 2, N. 1, P. 9-12, 1992. 
SCHOLZ JR, N. Restaurações de amálgama adesivo: Avaliação do desempenho 
clinico das restaurações com amálgama convencional e amálgama livre de 
mercúrio. J Bras Clin Odontol Int, v. 5, n. 28, p. 311-317, Jul./ago., 2001. 
SILVEIRA, R. R. et al. Amálgama — mais de 160 anos de serviços prestados à 
odontologia. JBC, v. 4, n. 24, p. 85-88, nov./dez., 2000. 
43 
STEAGALL, L.; GRANDE, R. H. M. Filosofia e conceitos atuais de preparos 
cavitarios para amálgama. Rev. Paulista de Odontologia, v. 10, n.4, p. 22-28, 
jul./ago.,1988. 
TORRES, C. R. G. et al. Amálgama adesivo — uma alternativa para grandes 
reconstruções. JBC, v. 5, n. 25, p. 38-44, jan./fev., 2001. 
TYAS, M. J. Dental amalgam — What are the alternatives? Int Dent Journal, v. 
44, n. 4, p.303-307, 1994. 
ZISKIND, D. et al. Amalgam alternatives — microleakage evaluation of clinical 
procedures. Part I: direct composite/ composite inlay/ ceramic inlay. J Oral 
Rehabil, v. 25, p.443-447, 1998.

Continue navegando