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DELEGADO CIVIL DIURNO CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Prática Policial Professor: Francisco Sannini Aula: 18 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO RELATÓRIO FINAL DE INQUÉRITO POLICIAL E REPRESENTAÇÃO PELA PRISÃO PREVENTIVA RELATÓRIO FINAL DE INQUÉRITO POLICIAL E REPRESENTAÇÃO PELA PRISÃO PREVENTIVA Prova para Delegado Civil adaptada pelo professor Saninni. Após atender a um telefonema, Gualberto ouve o interlocutor dizer que sequestrou seu filho e que apenas o libertará se Gualberto depositar a quantia de R$10.000,00 em determinada conta corrente. Desconfiando de um golpe, Gualberto simula que a ligação foi interrompida por insuficiência de sinal, aproveitando para rapidamente telefonar para o seu filho. Após se certificar que este está seguro na casa da namorada e que em momento algum fora sequestrado, Gualberto torna receber ligações do falso sequestrador, optando por não mais atendê-las. Não obstante, Gualberto compareceu a Delegacia de Polícia da localidade e noticiou o fato o que gerou um Inquérito Policial, portaria as fls. 02, do Inquérito. Com base nas informações repassadas, a saber: linha telefônica usada pelo falso sequestrador para contato e conta corrente indicada para depósito, o Delegado de Polícia representou por quebra de sigilo telefônico e bancário, fls. 15 e 17. As informações coletadas, juntadas as fls. 25 e 30, assim como as declarações reduzidas a Termo, fls. 35, 37, 43, 48, 55 e 60 e demais documentações pertinentes revelaram que Matias, Nereu e Lindomar, de forma estável e permanente, previamente ajustados praticavam o golpe com regularidade. Matias era responsável pelas ligações, ao passo que Nereu sedia a conta bancária para depósito, já Lindomar selecionava as vítimas que serviam de alvo para os coparticipantes. Assim os envolvidos foram formalmente indiciados, porém não foram ouvidos, pois sabedores que eram investigados passaram evitar a ação do Poder Público, escondendo-se (o que pode ser observados no Mandado de Intimação cuja entrega restou frustrada, acostados nas fls. 72/74). A investigação deixa evidente, contudo, que mesmo escondidos os envolvidos se preparavam para novos golpes, consoante informação policial de fls 75. Saliente-se que os envolvidos, ora indiciados, souberam das investigações porque Gualberto divulgou o fato em uma rede social o o que gerou intenso clamor público após repercussão da postagem em um jornal local, com protestos diários pela prisão dos envolvidos, fato documentado a fl. 87. Considerando que na avaliação do Delegado de Polícia o feito já pode ser relatado e encaminhado ao juízo competente e considerando a subsunção normativa a ser dada aos comportamentos verificados a qual deve ser explicitada pelo candidato, elabore a peça de polícia judiciaria adequada ao caso apresentada. Resumo Esquematizado: 1-Constar número do inquérito, natureza, vítima e indiciados. 2-O relatório deve conter um resumo dos fatos apurados e a tipificação da conduta com o seu respectivo fundamento legal. 3-Verificar sobre a necessidade de prisão preventiva, abordando, se for o caso, os seus requisitos legais. Portaria DGP 18/98/SP, artigo 12, “caput” e parágrafo único. Página 2 de 4 RELATÓRIO FINAL DE INQUÉRITO POLICIAL E REPRESENTAÇÃO PARA DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA (nome da peça em letras garrafais e centralizado) Inquérito Policial nº tal Infração Penal: Extorsão Majorada e Associação Criminosa, artigo 158, parágrafo 1º, c/c 14, II e 288, Código Penal. Vítima: Gualberto Indiciados: Matias; Nereu e, Lindomar. Excelentíssimo Senhor (a) Doutor (a) Juiz (a) de Direito da Vara Criminal da Comarca. A Polícia Civil do Estado do Pará, por intermédio do Delegado de Polícia que esta subscreve, no exercício de suas expressas funções legais, com fulcro no artigo 144, parágrafo 4º, da Constituição Federal, de 1988, artigo 4º e seguintes do Código de Processo Penal, bem como pelo artigo 34, inciso IX, da Lei Complementar Estadual nº 22/94, sob as premissas da Lei 12.830 e demais dispositivos legais correlatos, respeitosamente reporta-se a Vossa Excelência ofertando o presente RELATÓRIO FINAL DE INQUÉRITO POLICIAL CUMULADO COM REPRESENTAÇÃO PARA DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA, com fulcro nos artigos 282, 311, 312 e 313 do Código de Processo Penal, expondo para tanto o seus substratos fáticos e jurídicos e as providências de polícia judiciária adotadas caso em epígrafe. I- Dos Fatos – Estreita Síntese do Inquérito Policial O presente Inquérito Policial foi instaurado por meio de Portaria, fl. 02, com o objetivo de apurar uma suposta violação ao artigo 158, do Código Penal, praticado contra a vítima Gualberto. Conforme demonstrados nos autos, após atender um telefonema, Gualberto ouve o interlocutor dizer que sequestrou o seu filho e que apenas o libertará se ele depositar a quantia de R$10.000,00 em determinada conta corrente. Desconfiado de um golpe, Gualberto simula que a ligação foi interrompida por insuficiência de sinal, aproveitando para telefonar rapidamente para o seu filho. Após certifica-se de que este estava seguro na casa da namorada e que em momento algum fora sequestrado, Gualberto torna a receber ligações do falso sequestrador, optando por não mais atendê-las. Com base nas informações repassadas pela vítima, a saber: linha telefônica usada pelo falso sequestrador para contato e conta corrente para deposito, foram ofertadas representações para quebras de sigilo telefônico e bancário. As informações coletadas, juntadas as fls 25 e 30, assim como as declarações reduzidas a Termo, fls. 35, 37, 43, 48, 55 e 60 e demais documentações pertinentes revelaram que Matias, Nereu e Lindomar, de forma estável e permanente, previamente ajustados praticavam o golpe com regularidade. Apurou-se ainda que Matias era responsável pelas ligações, ao passo que Nereu sedia a conta bancária para depósito, já Lindomar selecionava as vítimas que serviam de alvo para os coparticipantes. Assim os envolvidos foram formalmente indiciados, porém não foram ouvidos, pois sabedores que eram investigados passaram evitar a ação do Poder Público, escondendo-se (o que pode ser observados no Mandado de Intimação cuja entrega restou frustrada, acostados nas fls. 72/74). A investigação deixa evidente, contudo, que mesmo escondidos os envolvidos se preparavam para novos golpes, colocando em risco a ordem pública. Salienta-se por fim, que os envolvidos, ora indiciados, souberam das investigações porque Gualberto divulgou o fato em uma rede social o oque gerou intenso clamor público após repercussão da postagem em um jornal local, com protestos diários pela prisão dos envolvidos. II- Dos Elementos Indiciários de Autoria e Materialidade Diante das fontes de provas identificadas e demais elementos de informações, restaram suficientemente demostrados os indícios de autoria e materialidade do crime previstos nos artigos 158, parágrafo 1º, cumulado com artigo 14, inciso II e artigo 288, todos do Código Penal, razão pela qual foi determinado o formal Página 3 de 4 indiciamento dos investigados conforme já salientado. Com o objetivo de subsidiar a referida decisão, destaque- se que o delito previsto no artigo 158, do Código Penal, se caracteriza pelo agente se valer de grave ameaça para obter vantagem indevida, trata-se, portanto de crime formal ou de consumação antecipada, que se consuma no momento e no local em que se dá o constrangimento ilegal. A vítima, em tais casos, efetua o pagamento por temer que o agente leve adiante as ameaças proferidas e não havendo o que se falar em expediente fraudulento. Demais disso, tendo em vista que as condutas eram praticadas com a concorrência de três agentes, que atuavam de modo estável epermanente, também restou caracterizado o delito previsto no artigo 288, do Código de Processo Penal, Associação Criminosa. Consiga-se, por fim, que a causa de aumento do artigo 158, parágrafo 1º, não constitui “bis in idem” em relação ao artigo 288, haja vista que os tipos penais protegem bens jurídicos distintos. III- Da necessidade e Adequação da Prisão Preventiva dos Indiciados Introdução Isso significa que o mencionado dispositivo legal, deve ser observado na aplicação de toda e qualquer medida cautelar o que inclui a prisão preventiva, que nada mais é do que uma medida desta natureza. Sendo assim, com base no artigo 282, inciso I e II, do Código de Processo Penal as Prisões Preventivas dos suspeitos se apresentam como medida necessária e adequada para impedir a reiteração de medidas criminosas, garantir a ordem pública e a instrução criminal, uma vez que em liberdade os investigados tentem a continuar delinquindo, conforme já demonstrado nos autos fls 75, Relatório de Investigação. Devemos advertir que a adoção da medida ora apresentada também é absolutamente adequada em virtude da gravidade do crime em análise conforme se depreende dos elementos de informações coligidas ao longo do procedimento, o crime gerou enorme repercussão social na cidade, aumentando a sensação de insegurança. Consignamos, outrossim, Excelência, que as demais medidas cautelares são insuficientes para assegurar os bens jurídicos constantes no artigo 282, inciso I, do Código de Processo Penal, pois conforme exposto, somente a prisão preventiva poderá evitar que os indiciados coloquem em risco a ordem pública, haja vista os informe no sentido de que eles planejam a pratica de outros crimes semelhantes. IV- Conclusão Frente ao exposto, demonstrado a prova da materialidade dos crimes mencionados e havendo indícios suficientes de autoria “fumus commissi delicti”, considerando que a liberdade dos indiciados coloca em risco a ordem pública e instrução criminal “periculum libertatis”, com o objetivo de impedir a reiteração de infrações penais, a A Polícia Civil do Estado do Pará, por meio do Delegado de Polícia que esta subscreve, vem respeitosamente perante Vossa Excelência REPRESENTAR PARA DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA, com fulcro nos artigo 282, 311, 312 e 313, do Código de Processo Penal. Por fim, em não havendo outras diligências essenciais a comprovação dos fatos e de suas circunstâncias, de acordo com o Princípio da Razoável Duração do Processo, dou por encerrado este Inquérito Policial, remetendo Tempestivamente para análise deste douto Magistrado e o Digníssimo presentante do Parquet. É o relatório. Local e data. DELEGADO DE POLÍCIA Atenção! Capacidade Postulatória do Delegado de Polícia: o Delegado de Polícia tem capacidade postulatória, vez que nada mais é do que a capacidade técnica e formal de provocar diretamente a manifestação do Poder Judiciário e, o faz por meio da sua Representação. A Representação é uma exposição de fatos, seguida de uma sugestão juridicamente fundamentada. O Delegado de Polícia não faz pedido, não requer, justamente porque não é parte. As partes e o Ministério Público requerem diligências. O Delegado de Polícia não requer, ele Representa (apresenta, expõe fatos) pela adoção de uma determinada medida. Legitimação excepcional, legitimação em Página 4 de 4 razão da função exercida pela autoridade, o Delegado de Polícia possui capacidade postulatória imprópria, ou seja, restrita ao exercício da função.
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