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ORIENTE MÉDIO UM DISCURSO PRODUZIDO ESPACIALMENTE O ORIENTE COMO INVENÇÃO DO OCIDENTE A expressão Oriente, que se internalizou nos povos locais, no meio midiático e nos materiais didáticos, traz uma construção eurocêntrica, fruto do momento em que a Europa se “descobre” como Ocidente e passa a determinar os lugares das demais sociedades no cenário internacional. Ao se reconhecer como Ocidente, a Europa designa o não-ocidente, isto é, o Oriente, cuja representação espacial se estenderia pelos territórios das diversas civilizações milenares. Assim, o Ocidente se vê como exultante, dinâmico, moderno e classifica o Oriente de estático, aberrante, exótico, incapaz de se auto-representar. “Quando se usam categorias como oriental e ocidental como ponto de partida e finais da análise, das pesquisas ou políticas públicas, o resultado costuma ser a polarização da distinção – o oriental fica mais oriental e o ocidental, mais ocidental – é a limitação do encontro humano entre culturas, tradições e sociedades diferentes”(Said, 1990, p.56). ORIENTALISMO O Orientalismo é esse conhecimento sistemático das representações que os intelectuais europeus faziam das sociedades ditas orientais, era reforçado pelo “encontro colonial, pelo interesse disseminado a respeito do estranho e do incomum, explorado pelas ciências em desenvolvimento da etnologia, anatomia comparada, filologia e história” (Said, 1990, p.50). Orientalismo, um modo de abordar o Oriente que tem como fundamento o lugar especial do Oriente na experiência ocidental europeia. O Orientalismo continua a viver na academia por meio de suas doutrinas e teses sobre o Oriente e oriental. . O Oriente Médio a partir da lógica do conflito Ao apresentar o Oriente Médio como a região do mundo que possui o maior número de ingredientes para gerar um grande foco de tensões geopolíticas no mundo contemporâneo, não há uma preocupação com a sua delimitação, pois a atenção está voltada para os conflitos que têm na relação entre “Árabes e Israelenses” a principal fundamentação da realidade regional. O Orientalismo considerou o Oriente como algo que permaneceu fixo no tempo e no espaço para o Ocidente. (...) O sucesso descritivo e textual do orientalismo foi tão impressionante que períodos inteiros da história cultural, política e social do Oriente são considerados como meras respostas ao Ocidente. Este é o agente e o Oriente é o reagente passivo. O Ocidente é o espectador, juiz e júri de cada faceta do comportamento oriental. Nesse tipo de discurso, baseado principalmente na pressuposição de que o islã é monolítico, imutável e portanto manipulável por “peritos” em vista de poderosos interesses domésticos, nem os muçulmanos, nem os árabes, nem qualquer outro dos povos inferiores desumanizados se reconhecem como seres humanos ou a seus observadores como simples eruditos. Oriente: uma antiga invenção europeia que permanece “O Oriente era praticamente uma invenção européia e fora desde a Antigüidade um lugar de episódios romanescos, seres exóticos, lembranças e paisagens encantadas(...) Um aspecto do mundo eletrônico pós-moderno é que houve um reforço dos estereótipos pelos quais o Oriente é visto. Três coisas contribuíram para isso: primeiro, a história do preconceito popular contra os árabes e o islão no Ocidente; segundo, a luta entre os árabes e o sionismo israelense, e seus efeitos sobre os judeus americanos; terceiro, a quase total ausência de qualquer posição cultural que possibilite a identificação com os árabes e o islã. Não é preciso dizer que o Oriente Médio é agora identificado com a política da grande potência, a economia do petróleo e a dicotomia simplista entre Israel democrático e os árabes totalitários e terroristas(...)” EDWARD W. SAID Fonte:VESENTINI, J. W. Geografia v. único – Àtica, 2003 País Área (km2) População PNB Renda per capita Taxa de analfabetism o* Arábia Saudita 2 240 000 23 700 000 331,5 22 300 29% Iraque 438 317 23 500 000 27,2 1 500 26% Kuwait 17 818 2 600 000 78,9 33 600 17% Emirados Árabes 77 700 4 600 000 102,6 29 800 23% Omã 309 500 2 600 000 50,2 19 500 24% Líbano 10 452 4 000 000 38,9 5 800 15% Iêmen 536 869 21 800 000 45,4 2 000 45% Síria 180 180 19 800 000 79,8 4 400 18% Jordânia 97 740 5 600 000 26,6 4 900 10% Bahrein 693 150 800 000 24,8 36 500 12% Catar 11 437 820 000 42,4 39 600 10% Israel 20 778 7 300 000 162,0 18 300 3% Irã 1 648 195 68 500 000 295,0 3 800 8% Afeganistão 652 225 30 000 000 9,0 1 200 68% Turquia 779 452 70 600 000 665,0 4 800 12% ALGUMAS QUESTÕES: O QUE É O ORIENTE MÉDIO? EXISTE UMA DELIMITAÇÃO TERRITORIAL DEFINIDA? QUE REPRESENTAÇÕES REGIONAIS SÃO CONSOLIDADAS NA MÍDIA E NOS MATERIAIS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA? É A REGIÃO APENAS UMA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA? QUE CONCEITO DE REGIÃO É CONSOLIDADA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA? A RELEVÂNCIA REGIONAL E A GEOGRAFIA DO ORIENTE MÉDIO ; *ACOSTUMOU-SE A REPRESENTAR O ORIENTE MÉDIO NA CONFLUÊNCIA ENTRE ÁFRICA, EUROPA E ÁSIA; *AKCELRUD(1997) EXPLICA A VARIEDADE DE NOMES E DIMENSÕES DESSA REGIÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS, FATO QUE DENUNCIA OS DIFERENTES INTERESSES E AS RELAÇÕES DE FORÇA DE CADA PERÍODO: ORIENTE PRÓXIMO (TERRITÓRIOS EUROPEUS BALCÂNICOS QUE FAZIAM PARTE DO IMPÉRIO OTOMANO – SÉCULO XVI); ORIENTE MÉDIO (CUNHADA NO INÍCIO DO SÉCULO XX PELAS POTÊNCIAS EUROPÉIAS – SE ESTENDIA DA ÁRABIA ATÉ A ÍNDIA – ASCENSÃO DO PETRÓLEO E A POPULARIZAÇÃO DO TERMO PELA MÍDIA E DIPLOMATAS – INTERNALIZAÇÃO NOS HABITANTES DA REGIÃO; OUTRAS DENOMINAÇÕES: CRESCENTE FÉRTIL; MUNDO ÁRABE; MUNDO MUÇULMANO; ETC. ALGUMAS DEFINIÇÕES: “A primeira coisa a observar sobre o Oriente Médio é que essa designação foi e é aplicada a conjunto diferentes de regiões, gerando dúvidas. Hoje em dia, a mídia e os livros didáticos costumam chamar de Oriente Médio as terras banhadas pelo Mediterrâneo ao sul e a leste, com a Ásia Menor(Turquia), Chipre, Egito, Israel, Palestina, Líbano e Síria, mais Jordânia e a Península Arábica – todo esse conjunto de países era antes conhecido como Oriente Próximo - , aos quais se acrescentam o Irã, o Afeganistão e o Iraque”. (Pompeu,2006,p.4); “(...)Seria possível argumentar que o tema é demasiado grande ou demasiado pequeno: que a história do Magreb é diferente da do Oriente Médio, ou que as histórias dos países onde o árabe é a língua principal não pode ser vista isoladamente da de outros países muçulmanos. Mas temos de traçar algum limite, e foi aí que decidi traçá-lo em parte devido aos limites do meu próprio conhecimento”(Hourani, 2006, p. 9); “Na verdade, se a palavra árabe refere-se a um povo específico, Oriente Médio diz respeito a uma região geográfica em particular e islã, a uma religião. (...) a essa altura, o mundo muçulmano e o chamado Oriente Médio é que eram coincidentes”.(Demant, 2004, p.14). ”Correspondendo à porção Sul-ocidental, ou sudoeste, da Ásia, o Oriente Médio constitui um verdadeiro ponto de contato desse continente com a África. Na verdade, o Norte da África é quase um prolongamento do Oriente Médio ou vice versa: Em ambos, a paisagem natural dominante é desértica, é grande a presença de povos árabes ou de troncos étnicos semelhantes, há muito petróleo e principalmente tradições históricas comuns(...)”(vesentini, j. w. Geografia – Série única – Ática – 2003); “Quando se pensa no Oriente Médio, é bom lembrar ter sido naquela parte do mundo que a humanidade iniciou sua marcha rumo à civilização.Foi lá que o homem aprendeu a arar, a rezar, a arrepender-se do mal cometido. Foi lá que foi erigido o primeiro templo, lavrado o primeiro campo de trigo, celebrado o primeiro casamento, construído o primeiro lar, promulgado o primeiro código. Mais tarde, foi lá que se desenvolveram as grandes civilizações que constituem, ainda, a base da nossa civilização. E foi nas montanhas luminosas daquela região abençoada que Moisés recebeu os Dez mandamentos, que Jesus pregou seu Sermão da montanha, que Maomé encontrou o anjo Gabriel – fundando, assim, sucessivamente, as três grandes religiões do mundo”.(Challita, 1990, p.13). “Aliás, o próprio termo Oriente Médio, usado para definir a região geográfica que é hoje o lar de cerca de 400 milhões de muçulmanos, comporta discussões. O termo(do inglês Middle East) é evidentemente de cunho eurocentrista e data, justamente, do século XIX, época em que o império britânico controlou os mares e um quarto da Terra”.(Demant, 2004,p.16) MESOPOTÂMIA PÉRSIA ARMÊNIA ASIA MENOR MACEDÔNIA GRÉCIA CRETA ROMA SÍRIA FENÍCIA PALESTINA ARÁBIA EGITO ETIÓPIA LÍBIA Na Antiguidade, estas regiões foram denominadas de Meso= entre; potamos=rio - Região caracterizada pela presença de dois grandes rios: Tigre e Eufrates Região fértil, propícia para a agricultura. MESOPOTÂMIA òAtual Tal-al-Muqayyar no sul do Iraque, é o lugar de origem de Abraão, antes de seu deslocamento com a família para Harã (Gn 11, 31). Lugar em que ouviu a Palavra do Senhor que o convidava a deixar a sua terra e a pôr-se a caminho do país que lhe haveria de ser indicado (Gn 12, 1-3). Ur dos Caldeus Império Assírio 669-631 a.C Império Babilônico 612 - 539 a.C Império Persa 550 - 486 a.C Império Romano 98 a.C - 117d.C Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19
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