Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
03/11/2015 1 Termorregulação no Exercício Físico Prof. Dr. Paulo Rizzo Ramires EEFEUSP Fisiologia da Atividade Motora II Termorregulação no Exercício Referência bibliográfica básica Fisiologia do Exercício – McArdle & Katch & Katch Cap. - Exercício e estresse térmico Termorregulação • Processos que permitem ao organismo manter a temperatura corporal dentre de uma faixa, mesmo quando a temperatura ambiente é muito diferente. • Importante para a homeostase térmica: estado dinâmico de equilíbrio entre o ambiente interno e externo. 42 40 38 37 36 34 30 28 26 24 Normal Hipertermia Hipotermia Tremor muscular / dificuldade de coordenação Dificuldade de raciocínio e de movimento Rigidez muscular / semiconsciência Arritmia cardíaca / inconsciência Parada cardíaca / risco de morte Hipertermia leve Hipertermia severa – Risco de choque térmico Risco de morte 35 TEMPERATURA CORPORAL CENTRAL Homeostase Térmica - Balanço entre Ganho e Perda de Calor - Indivíduo: • Metabolismo • Exercícios • Hormônios • Alimentação • Medicamentos Ambiente • Radiação solar Ambiente 03/11/2015 2 • Receptores (sensores) da temperatura corporal: – Central (hipotálamo): percebe alterações na temperatura do sangue. – Periféricos (receptores na pele): informam sobre a temperatura periférica ao Hipotálamo. Controle Hipotalâmico da Temperatura Corporal Controle Hipotalâmico da Temperatura Corporal • Hipotálamo – Centro regulador da temperatura corporal: Termostato – Sensor e efetor de ajustes fisiológicos para manter a temperatura corporal dentro da normalidade: • Ativa a produção e conservação de calor (evita o resfriamento) ou • Ativa a perda de calor (favorece o resfriamento) • Obs: NÃO É POSSÍVEL DESLIGAR A PRODUÇÃO DE CALOR METABÓLICO Ambiente Quente Ambiente Frio TEMPERATURA CORPORAL INTERNA Formas de Transferência de Calor Transferência de Calor por Condução • Transferência direta de calor entre moléculas: líquido, sólido e ar. – Troca de calor direta entre os tecidos do corpo: interno (mais quente) para a pele (mais fria). – A pele troca calor com o ambiente em contato com ela: aquecendo o ar e superfícies em contato com ela (objetos mais frios). E vice-versa. – O sangue troca calor com os tecidos. A troca entre o sangue e a pele é a principal forma para transferência de calor corporal central. • A taxa de troca de calor por condução depende: – Gradiente térmico: diferença de temperatura entre a pele e os objetos (sólido, ar ou líquido) – Qualidade térmica dos objetos: água absorve muito mais calor do que o ar. Formas de Transferência de Calor 03/11/2015 3 Transferência de Calor por Radiação • Emissão de ondas eletromagnéticas (no ar). • Troca de calor entre objetos: do mais quente para o mais frio. • Meio pelo qual o Sol aquece a Terra. • Quando a temperatura dos objetos é maior do que a da pele: – corpo absorve calor (ex. sol, pedra quente, etc): • Ativação da sudorese. • Evaporação do suor – único meio de perda de calor nesta condição. • Quando a temperatura dos objetos é menor do que a da pele – corpo perde calor para o objeto (ex. sombra, ambiente frio): • Ativação de respostas para aumentar a produção de calor metabólico e de conservação do calor (respostas fisiológicas e comportamentais). Formas de Transferência de Calor • Convecção: movimento do ar (ou água) ao redor do corpo • Afeta a troca de calor por condução e evaporação: maior fluxo = maior troca de calor • Fatores que afetam a convecção: – Quantidade de fluxo (vento): Muito vento x pouco vento (“zona de isolamento” ) – Temperatura do vento: Frio x neutro x quente – Umidade relativa do ar (URA): Ar seco x normal x umido • Exemplos do uso da convecção na vida diária – Ar condicionado: altera o fluxo, a temperatura e umidade do ar - pode ser quente ou frio – Secador de cabelo: ajusta de fluxo e temperatura – Ventilador: aumenta apenas apenas o fluxo de ar • Exemplos de comportamento que altera a convecção e afeta a troca de calor coporal – Exercitar-se na rua (em movimento) x na academia (aparelhos estacionários) – Em ambientes fechados – alterar a convecção: uso de ventilador, ar condicionado, janelas, etc – Uso de vestimenta, guarda sol, sombra • Exercícios intensos e prolongados – In door - risco de superaquecimento por limitação da convecção do ar e alta temperatura do ar – Ao ar livre – risco de superaquecimento se estiver muito sol (radiação), temperatura e URA elevada Transferência de Calor por Convecção Transferência de Calor por Evaporação Transferência de Calor por Evaporação • Principal meio para esfriar o corpo em ambiente quente: – Pois a radiação fica comprometida. • Evaporação do suor (ou água) na pele e vias respiratórias gera resfriamento corporal: – S.N. Simpático (fibras colinérgicas): estimulam glândulas sudoríparas (2 a 4 milhões) – secretam solução hipotônica. – Evaporação do suor esfria a pele, que esfria o sangue, que esfria o centro do corpo. – Cada litro de água evaporada: transferência de ~580 Kcal para o ambiente. Transferência de Calor Vento Radiação refletida Radiação solar Radiação difusa CONDUÇÃO – transferência de calor por contado direto (o mais quente perde calor) EVAPORAÇÃO do suor na pele ou da água nas vias respiratórias CONVECÇÃO Calor perdido por Movimeno da corrente de ar (vento) mais frio do que a pele. RADIAÇÃO Objetos trocam calor por radiação entre si e com o céu. O mais quente perde calor.Radiação direta 03/11/2015 4 Transferência de Calor Corporal RADIAÇÃO CONVECÇÃO EVAPORAÇÃO DO SUOR CALOR PRODUZIDO NOS MÚSCULOS CONDUÇÃO GLÂNDULA SUDORÍPARA CALOR NO SANGUE Equilíbrio Térmico Repouso x Exercício (Exemplo: Temp = 21 oC, URA = 50%, pouco sol) Condição Repouso Exercício Intenso Taxa metabólica = VO2 (L/min) 0,25 4,0 Produção de calor (Kcal/min) (1 L O2 = ~ 5 Kcal) 1, 25 20 Transpiração (mL/min) 0,5 30 Esfriamento evaporativo (Kcal/min) (evaporação de 1 mL suor = ~ 0,6 Kcal) 0,3 18 Perda de calor - radiação Temperatura corporal manutenção elevação Perda de Calor em Ambiente Quente • Ambiente Quente: diminuição da eficácia da perda de calor por condução, convecção e radiação. • Temp. ambiente > Temp. corporal ganho de calor. • Exposição ao sol forte ganho de calor • Exercício físico em ambiente muito quente – Evaporação (suor / água) é o único meio para perda de calor – Acarreta em perda de líquido corporal: plasma e intracelular. • Evaporação do suor da pele depende: – Área da superfície exposta. – Temperatura e humidade do ar ambiente. – Convecção de ar ao redor do corpo (vento). • Umidade relativa do ar (URA) elevada: – Limita a evaporação do suor – Suor escorre e não esfria a pele – Importante: repor líquidos para não desidratar Perda de Calor em Ambiente Quente e Umido Integração de Mecanismos para Dissipação de Calor • Sistema circulatório: – Contração muscular gera calor – Calor é transferido ao sangue – Aumento o fluxo sanguíneo para pele (vasodilatação periférica) ~ 15 a 20% do débito cardíaco • Face ruborizada – Sangue aquecido (do centro do corpo), aquece a pele (condução), que perde calor para o ambiente (radiação) • Face, orelhas, braços, mãos e áreas tibiais. 03/11/2015 5 Vasodilatação periférica - Aumenta a Perda de Calor - Transferência de Calor por Evaporação Umidade do ar afeta a evaporação Vento (velocidade/temp.) afeta a convecção Fluxo periférico afeta condução para pele Comp. corporal afeta condução para a pele Efeito do Exercício na Temperatura Central - A intensidade (%VO2max) é importante determinante do aumento da temperaturacorporal Integração de Mecanismos para Perda de Calor Durante o Exercício • Evaporação do suor (ou água) – Sudorese inicia-se rapidamente durante o exercício. – Quanto mais intenso o exercício, maior a produção de calor sudorese. – Exercício intenso/prolongado produz 3-4 L de suor – perda de água corporal redução do VS – Evaporação do suor principal meio de perda de calor em ambiente quente (~85%). – Ambiente quente e umidodiminui a evaporação do suor Muita sudorese sem resfriamento do corpo (risco de desidratação) Desidratação limita a termorregulação e o desempenho esportivo Influência da Umidade Relativa do Ar (URA) na Taxa de Sudorese Ta xa d e s u o r Índice de URA • Liberação hormonal – Atividade muscular: • Produz calor • Aumenta sudorese – perda de líquido e sais minerais – Resposta hormonal para conservar líquidos e sais • Liberação de Aldosterona (cortex adrenal) – reabsorção de sódio, suor menos concentrado • Liberação de vasopressina (Neuro-hipófise) – aumenta retenção de líquido pelos rins (urina mais concentrada) • Nível de hidratação e intensidade da atividade física modulam a resposta hormonal ao exercício. Integração de Mecanismos para Perda de Calor Durante o Exercício 03/11/2015 6 Influência da Roupa na Termorregulação • Ambiente Quente – Roupa leve e folgada – permite convecção. – Menor superfície coberta – maior perda de calor. – Roupa seca – retarda a perda de calor. – Roupas de algodão – absorvem bastante a umidade. – Roupas sintéticas (e justas) – permitem passagem do suor para o ambiente (evaporação). • Ambiente Frio – Roupa (barreira física) cria um microambiente (camada de ar entre o corpo e o ambiente) - reduz perda por condução e convecção. • Quanto mais roupa, maior a proteção. Influência da Roupa na Termorregulação Te m p e at u ra re ta l Uniforme Shorts Shorts + mochila Resposta Cardiovascular Durante o Exercício no Calor • Redistribuição do fluxo sanguíneo – Músculos ativos e pele exigem mais sangue. – Regiões inativas: esplâncnica e renal – redução do fluxo sanguíneo. • Exercício muito intenso – Reduz ligeiramente o fluxo sanguíneo cutâneo (desvia para músculos) – implicações na perda de calor – aumenta temp. • Teoria da temperatura crítica – Quando a temp. corporal central atinge ~40-41 oC durante o exercício físico, o cérebro envia sinais para reduzir a atividade neuro-muscular (fadiga). Distribuição do Débito Cardíaco Durante o Exercício Exercício no Calor e Consumo de Oxigênio Exercício no Calor e Volume Sistólico V S No calor, a redistribuição do DC para músculo e pele diminui o VS para uma mesma carga de exercício. 03/11/2015 7 Exercício no Calor e Volume Sanguíneo Central No calor, a diminuição do volume sanguíneo central está associado ao aumento do volume de sangue para a pele. V o l, Sa n g. C en tr al Exercício no Calor e Frequência Cardíaca Intensidade do Exercício No calor, a redistribuição do DC para músculo e pele aumenta a FC para uma mesma carga de exercício. FC Exercício no Calor e Débito Cardíaco A diminuição do DC é importante limitante do exercício intenso em ambiente quente. No calor, o organismo manda mais sangue para a pele para esfriar o corpo. Assim, não consegue manter o DC, pois o VS diminui. Além disso, a FC é maior para um mesmo exercício. Aclimatação ao Calor Suor Su o r FC FC Temp Te m p er at u ra ce n tr al Aclimatação Melhora a Tolerância ao Calor Adaptação à aclimatação Efeito Aumento do fluxo sanguíneo cutâneo Maior transporte do calor metabólico para a pele Distribuição do DC Melhor ajuste de fluxo para pele e músculos ativos Inicia sudorese mais cedo (menor aumento da temp) Antecipação do resfriamento por evaporação Sudorese distribuída em maior área de superfície corporal Maior área para a evaporação do suor Maior quantidade de suor/min Melhora o esfriamento por evaporação Diminuição da concentração de sais minerais no suor Preservação de eletrólitos no plasma
Compartilhar