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* * EXERCICIOS FISICOS NOS TRANSTORNOS DE HUMOR Carolina Moriyama * * são tantas emoções * * alicerce primordial da possibilidade de representação do mundo objetivo primeira forma de relação entre os seres vivos e seu mundo circundante a companheira obrigatória de todo o comportamento dos animais, independente de existir consciência dela ou não O que são emoções? Damasio, A. O mistério da consciência. conjunto complexo de respostas químicas e neurais que formam um padrão específico, cuja finalidade é ajudar o organismo a manter a vida. * * ERICK KANDEL (aplysia californica) repertório de respostas recolhimento de guelras aumento dos batimentos cardíacos: liberação de tinta conjunto de respostas que, sob o ponto de vista formal, não é em nada diferente do nosso em circunstâncias equivalentes. Caso o aplysia pudesse representar o seu estado emotivo em seu sistema nervoso (o que ainda não tivemos como perguntar), essa representação teria as qualidades básicas de um sentimento. * * independente da consciência impossibilidade de alteração voluntária. podemos evitar (em partes) somente a expressão da emoção polifonia de alterações sofridas pelo nosso corpo em contato com o ambiente, tomemos consciência dela ou não. aprendizagem e cultura: sentido as emoções são processos biologicamente determinados, produzidas por grupos de estruturas cerebrais que regulam e representam os estados corporais. características das emoções * * “Todas as emoções usam o corpo como teatro (milieu interno, sistemas visceral, vestibular e musculoesquelético), mas as emoções também afetam o modo de operação de numerosos circuitos cerebrais: ou seja, as variadas respostas emocionais são responsáveis por modificações profundas, tanto na paisagem corporal como na paisagem cerebral. O conjunto destas modificações constitui o substrato para os padrões neurais que eventualmente se tornam os sentimentos de emoção.” * * Emoção - designa um conjunto de respostas corporais do organismo em sua relação com o meio. Sentimento - deve ser reservado para a experiência mental e privada da emoção. capacidade de representar mentalmente as modificações que a emoção provoca no nosso corpo. reações mais duradouras base psíquica e subjetiva emoção e sentimento * * Humor: estado de ânimo elemento basal tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso no qual ele se encontra em determinado momento (Dalgalarrondo,2000) somatório de emoções e sentimentos do indivíduo que colore as experiências duração no tempo * * transtornos do humor * * baixa produtividade alto índice de faltas no trabalho e estudos maior risco de acidentes maior risco de desenvolver outras doenças estima-se um custo de 250 bilhões de US$ alto custo emocional Lima, MS. Epidemiologia e impacto social. 1999 transtornos mentais * * Prevalência em toda a vida, distribuição por idade e sexo e idade de início de transtornos psiquiátricos na área metropolitana de São Paulo Vianna et al, 2012 5037 adultos (+18 anos) Composite International Diagnostic Interview 44,8% relataram ao menos 1 transtorno ao longo da vida Depressão maior: 16.9% * * Doenças mentais comuns, ou transtornos psiquiátricos menores, são condições 'maiores' quando se considera que causam enorme sofrimento, se associados com incapacitação e alto custo individual, social e econômico. Golbberg D, Huxley P. Common Mental Disorders. A bio-social model. London: Tavistock/Routledge; 1992., * * “O limite entre depressão clínica e flutuações normais no humor não é claro - mesmo a presença ou ausência de sintomas pode ser controversa.” condições clínicas nas quais as alterações do humor são determinantes Lima, MS. Epidemiologia e impacto social. 1999 como diferenciar flutuações de humor e transtornos do humor? * * DEPRESSÃO * * Estado afetivo: colorido da vida psíquica normal resposta humana universal às situações de perda, derrota, desapontamentos, desilusões valor adaptativo pedido de companhia e ajuda “As reações de luto normal podem estender-se até por um ou dois anos, devendo ser diferenciadas dos quadros depressivos propriamente ditos.” Depressão: estado afetivo, sintoma, síndrome e doença * * Depressão: estado afetivo, sintoma, síndrome e doença Sintoma: pode surgir nos mais variados quadros clínicos transtorno de estresse pós-traumático, demência, esquizofrenia, alcoolismo, doenças clínicas. Síndrome: alterações de humor: tristeza, irritabilidade, falta de capacidade de senti prazer, apatia. alterações cognitivas, psiccomotoras e vegetativas (sono e apetite) * * Depressão: estado afetivo, sintoma, síndrome e doença Doença: transtorno depressivo maior melancolia distimia depressão integrante dos transtornos bipolar (I e II) ciclotimia * Embora a característica mais típica dos estados depressivos seja a proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de tristeza. Muitos referem, sobretudo, a perda da capacidade de experimentar prazer nas atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente * SINTOMAS * * sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de culpa. sentimento de futilidade e falta de importância. crença de perda da capacidade de sentir alegria ou prazer na vida. sentimento de vazio apatia ou falta de sentimentos sensação de ser um peso para os outros pensamentos de suicídio Humor depressivo * * falta de interesse em atividades pessoais atividades sociais como um peso Redução da experiência de prazer Fadiga ou falta de energia fadiga persistente esforço Diminuição da capacidade de pensar dificuldade para tomar decisões lentificação do curso de pensamento sem desenvoltura para atividades rotineiras * * Sintomas fisiológicos alterações do sono (insônia, hipersonolência). alterações do apetite (perda ou aumento do apetite). redução do interesse sexual Evidências comportamentais retraimento social crises de choro comportamentos suicidas retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação psicomotora. * entre 6% a 20% da população global acima de 10 % em pacientes de cuidados primários 10 % em 14 países World Health Survey (2003): 18,8% dos brasileiros relataram ter recebido um diagnóstico de depressão nos últimos 12 meses. entre 22% e 33% nos doentes internados por qualquer doença física Infarto recente: 33%, 47% nos pacientes com câncer. prevalência * é mais freqüente em mulheres (2 – 3 vezes) é um transtorno crônico e recorrente (4 episódios) é um transtorno incapacitante quarta causa de incapacitação é pouco diagnosticada pelo médico não-psiquiatra em serviços de cuidados primários e outros serviços médicos gerais, de 30% a 50% dos casos de depressão não são diagnosticados. depressão * reincidência * O impacto da depressão é frequentemente subestimado, tanto em termos do sofrimento pessoal como da responsabilidade econômica para o serviço de saúde e da comunidade. . Klerman & Weissman, 1992 * DIAGNÓSTICO * Depressão Maior: Leve/Moderada/ Grave Distimia Transtorno afetivo unipolar ou bipolar Transtorno orgânico de humor tipo depressivo Transtorno depressivo induzido por drogas Reação de ajustamento de tipo depressivo Luto / sintomas depressivos em outras doenças transtornos depressivos * depressão (DSM-IV) humor depressivo perda do interesse ou prazer (anedonia) alterações do peso insônia ou hipersonia retardo ou agitação psicomotora fadiga ou perda de energia sentimentos de menos valia e culpa capacidade de concentração diminuída pensamentos sobre morte Cinco ou mais dos sintomas apresentados durante pelo menos 2 semanas e representando uma alteração com relação ao padrão de funcionamentoanterior. Pelo menos um dos sintomas 1 e 2. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV). * Humor depressivo a maior parte do tempo (>2 anos) Presença de 2 ou mais dos seguintes sintomas: Alterações de sono, perda de apetite Fadiga ou perda de energia Diminuição de auto estima Dificuldade de concentração ou dificuldade para decidir Desesperança Sem períodos assintomáticos > que 2 meses Impacto significativo social ou ocupacional distimia * considerado mais leve * Perguntas para rastreamento de depressão teste de 2 questões 1- Durante o ultimo mês você se sentiu incomodado por estar para baixo, deprimido ou sem esperança? 2- Durante o último mês você se sentiu incomodado por ter pouco interesse ou prazer para fazer as coisas? Sim para as duas questões: sensibilidade 96 % * Escala de Goldberg para detecção de depressão Você vem tendo pouca energia? Você vem tendo perda de interesses? Você vem tendo perda de confiança em você mesmo? Você tem se sentido sem esperança? Você vem tendo dificuldade para se concentrar? Você vem tendo perda de peso (devido a pouco apetite?) Você tem acordado cedo? Você vem se sentindo mais devagar? Você tende a se sentir pior de manhã? Sim para 3 ou mais: sensibilidade 85% * Não há uma causa única para a depressão. Podemos pensar que é uma doença altamente complexa que resulta da combinação de fatores genéticos, bioquímicos, comportamentais, ambientais e psicológicos. * * Etiologia Psicológicos: qualquer personalidade capacidade de lidar com estresse abuso ou negligência na infância ausência da figura materna perdas (emprego, entes queridos, separações) Ambientais: substâncias psicoativas alteração de ritmos biológicos estilo de vida errático * * Etiologia Psicológicos: qualquer personalidade capacidade de lidar com estresse abuso ou negligência na infância ausência da figura materna perdas (emprego, entes queridos, separações) Ambientais: substâncias psicoativas alteração de ritmos biológicos estilo de vida errático * * Genética Famílias: maior freqüência de bipolares entre os familiares de bipolares e de unipolares entre os parentes de depressivos unipolares. Gêmeos: a taxa de concordância para depressão em gêmeos MZ é duas a três vezes maior do que nos DZ, reforçando a hipótese de um componente genético nesta enfermidade. Adotados: consistentes com a presença de um componente genético na determinação desta enfermidade. Lafer e Vallada Filho. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.21 s.1 São Paulo May 1999 * * Genética Estima-se que este componente genético represente cerca de 40% da susceptibilidade para desenvolver depressão unipolar e 70% para o transtorno bipolar. Para saber mais: http://depressiongenetics.stanford.edu/mddandgenes.html * * neurotransmissores Sistemas monoaminérgicos: noradrenalina, serotonina e dopamina norepinefrina (NE), serotonina (5-HT) e dopamina (DA). Junto com a acetilcolina (ACh), eles exercem efeitos de modulação e integração sobre outras atividades corticais e subcorticais e estão envolvidos na regulação da atividade psicomotora, apetite, sono e, provavelmente, do humor. Lafer e Vallada Filho. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.21 s.1 São Paulo May 1999 * * neurotransmissores * * neurotransmissores * transmissão (NA / ou 5HT) funcionalmente deficiente no SNC neurotransmissores: serotonina e noradrenalina Quantidade e sensibilidade dos receptores β adrenérgicos pós sinápticos e α 2 pré sinápticos. fisiopatologia * * * * tratamento * objetivos do tratamento Eliminação ou diminuição dos sintomas depressivos Redução do risco de recaída e recorrência Melhora da qualidade de vida Melhora do estado clínico geral Diminuição de morbidade e mortalidade * classes de antidepressivos tricíclicos (agem em vários receptores) IMAO (inibidor da monoamina oxidase) ISRS (inibidor seletivo de recaptura de serotonina) ISRSN (inibidor seletivo de recaptura de serotonina e noradrenalona) ANaSE (antagonista noradrenérgico e serotoninérgico específico) ISRN (inibidor seletivo de recaptura de noradrenalina) ISRD (inibidor seletivo de recaptura de dopamina) * Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) bloqueiam o transporte da serotonina de volta à célula pré-sináptica fluoxetina (ProzacTM) paroxetina (PaxilTM) sertralina (ZoloftTM) fluvoxamina (LuvoxTM) citalopram (CelexaTM) escitalopram (LexaproTM) * Antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos de recaptação de norepinefrina bloqueiam a recaptação da norepinefrina pela célula pré-sináptica, aumentando, assim, sua concentração na fenda sináptica. nortriptilina (PamelorTM) maprotilina (LudiomilTM) desipramina (NorpramineTM) amitriptilina (ElavilTM) clomipramina (AnafranilTM) imipramina (TofranilTM) * Inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSN) bloqueiam a recaptação da serotonina e da norepinefrina ligando-se aos transportadores desses neurotransmissores na célula pré-sináptica. bupropiona (WellbutrinTM) - bloqueia a recaptação da dopamina e da norepinefrina duloxetina (CymbaltaTM) venlafaxina (EffexorTM) * Inibidores da monoamino-oxidase (IMAO) monoamino-oxidase pode degradar a serotonina e a norepinefrina na fenda sináptica e na célula pré-sináptica. Os IMAOs bloqueiam essa degradação, aumentando a concentração dos neurotransmissores fenelzina (NardilTM) tranilcipromina (ParnateTM) selegilina (EldeprylTM) isocarboxazid (MarplanTM) moclobemida (ManerixTM) * * Reprinted with permission from Kupfer, 1991 WPA/PTD Educational Program on Depressive Disorders Gravidade Tempo Resposta Recaída Recorrência Manutenção (1 ano ou mais) Continuação (4 a 9 meses) Aguda (6 a-12 semanas) Fases do Tratamento Sintomas Remissão Síndrome Recaída Progressão para o transtorno Normalidade Recuperação fases do tratamento antidepressivo * Fase aguda: 2 a 3 primeiros meses objetivo: diminuição dos sintomas depressivos (resposta) ou, idealmente, o retorno do nível de funcionamento pré-mórbido (remissão). Fase de continuação: 4 a 9 meses após o tratamento agudo objetivo: manter a melhoria obtida, evitando as recaídas. (pode-se considerar a cura do episódio) Fase de manutenção: 1 ano ou mais objetivo: evitar que novos episódios ocorram (recorrência). fases do tratamento antidepressivo * dores de cabeça taquicardia náusea insônia e nervosismo agitação ou confusão mental problemas sexuais como falta de libido boca seca constipação visão turva problemas de micção sonolência durante o dia efeitos colaterais * tratamento não medicamentoso com eficiência altamente reconhecida principal conduta em casos de depressão leve a moderada combinação com tratamento medicamentoso é o mais indicado para pacientes com depressão severa. psicoterapia * nenhum tipo de medicação pode alterar: formas de lidar com o sofrimento formas de existência maneiras de relacionar-se com os outros formas de pensar habilidades para solucionar problemas afetivos rede de suporte biografia do sujeito * suicídio e depressão idade acima de 45 anos sexo masculino estado civil: não casado ocupação desempregado tentativas anteriores antecedentes familiares doença crônica, dor crônica isolamento social desesperança * EXERCÍCIOS * De maneira geral, as pessoas que sofrem de depressão são menos fisicamente ativas e mais descondicionadas que os indivíduos que não tem depressão. (Martinsen, 1990) * * neurotransmissores Lafer e Vallada Filho. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.21 s.1 São Paulo May 1999 stubbs et al, 2016 * * Physical activity and depression: a large cross-sectional, population-based study across 36 low- and middle-income countriesfisiológicos Análisesdemonstraram relação entre os baixos índices de AF para as pessoas com depressão: limitações na mobilidade (40.3%) dor e desconforto (35.8%) disturbios do sono e falta de energia (25.2%), cognição (19.4%) e visão (10.9%) STUBBS et al, 2016 * * Efeitos do exercício na melhora da depressão Revisões sistemáticas Rethorst et al (2009): 58 de 75 estudos demonstraram efeitos significativos do exercício sobre os sintomas depressivos Rimer et al (2012): demonstraram que tanto o exercício aeróbio, quanto os exercícios de resistência muscular, e a combinação de ambos, são efetivos na redução dos sintomas depressivos Robertson et al (2012): demonstrou um grande efeito da prática de caminhadas na redução dos sintomas da depressão * * Efeitos do exercício na melhora da depressão Revisões sistemáticas Cooney et al. (2013) demonstrou que o exercício é mais efetivo no tratamento da depressão quando comparado ao não tratamento; mas não é mais eficiente que a medicação, nem o tratamento com psicoterapia. * * Depression, anxiety and quality of life scores in seniors after an endurance exercise 46 voluntários sedentários saudáveis 60-75 anos controle X experimental (exercício 3X/semana) Os dados sugerem que um programa de exercício em bicicleta ergométrica na intensidade VT-1 é suficiente para promover modificações favoráveis nos escores indicativos de depressão e ansiedade e melhorar a qualidade de vida em idosos. ANTUNES ET AL, 2005 * * Sweating away depression? The impact of intensive exercise on depression 30 voluntários com depressão moderada três grupos de exercício com variação de intensidade seis semanas de exercício, 3X/semana, uma hora por dia Medidas dos níveis de B endorfinas Os grupos que realizaram exercícios intensos e moderados melhoraram os níveis de depressão, enquanto o grupo de intensidade baixa não demonstrou melhoras diminuição do pânico e do sentimento de medo BALCHIN ET AL, 2016 * Reabilitação cardíaca (Milani et al, 1986) 3 meses de exercícios aeróbicos com 338 pacientes 1/3 dos pacientes melhorou o quadro de sintomas depressivos Doença pulmonar obstrutiva crônica (Whiters et al, 1999, White et al 1997, Emery et al 1998) Fibromialgia (Hakkinen et al, 2001, Jentoff et al, 2001, Artrite reumatóide e osteoartrite, Meyer et al, 2000) exercícios com pacientes em condições crônicas * Estudos comparando programas de exercícios aeróbicos com psicoterapia demonstram equivalência de resultados entre os tratamentos ( Greist et al, 1979; Klein et al, 1985, Fremont e Craighead,1987) Combinação de exercícios com psicoterapia também parece ser eficiente (Martinsen et al 1985) e melhor do que T.O. exercícios em pacientes com depressão * Blumenthal et al ( 2007) investigaram os efeitos do exercício em uma amostra de 202 pacientes diagnosticados com depressão grave Comparação de 4 esquemas: exercícios supervisionados em grupo, exercícios em casa, antidepressivos (sertralina, 50–200 mg/dia); ou placebo, durante 16 semanas Todos os grupos melhoraram, mas os que tiveram terapeuticas ativas tiveram uma melhora maior. Exercícios supervisionados = 45%; exercícios em casa = 40%; medicação = 47%; placebo = 31% (p = .057). . exercícios em pacientes com depressão * De um modo geral as evidências supõem uma melhora dos pacientes com sintomas depressivos e depressão com o exercício físico. O exercício tem se mostrado tão eficiente quanto a terapia (cognitivo-comportamental) na melhora da depressão Muitos desses estudos tem uma metodologia precária, e não devem ser tomados como verdades absolutas A ação do exercício nesses quadros ainda não pode ser determinada com segurança * Expectativa de melhora O indivíduo que espera se sentir melhor diante de uma interevenção e dirige sua atenção para os fatores de melhoras (Placebo?) Efeito do exercício sobre o mecanismo neurotransmissor aumento de dopamina, norepinefrina e serotonina Efeito da liberação de endorfinas diminuição de dor melhora do humor Empowerment (melhora da auto-estima e da auto eficácia) mecanismos * procure conhecer mais sobre a doença conheça a história da pessoa e tente propor exercícios com os quais exista alguma afinidade a eficácia de exercícios aeróbicos X anaeróbicos não é diferente siga as recomendações específicas de exercícios caso existam co-morbidades ou doenças associadas caso contrário estabeleça metas e planeje o treinamento de forma inteligente prescrição * evite fazer comentários que retiram a legitimidade da doença e do sofrimento do outro: “isso é falta de vontade”, “deixa a tristeza pra lá”, “a vida é bela…” procure reforçar os progressos do aluno, e tente redefinir estratégias com a própria pessoa quando ocorrer algum problema procure se manter em contato com os demais profissionais: psiquiatra, psicoterapeuta, equipe de saúde… isso enriquece a compreensão da doença e reflete em ganhos para o paciente ATENÇÃO * Caso clínico O médico da unidade de tratamento intensivo (UTI) de trauma fica surpreso com o paciente do leito E. Ao perguntar como ele estava, o paciente relata altivamente: “Muito bem! Pronto para outra”. É seu terceiro pós-operatório de laparotomia após trauma fechado por queda (havia caído do telhado de sua casa, onde estava arrumando a calha). Durante a cirurgia, foi realizada esplenectomia e rafia hepática. Também estava com fixador externo na perna direita, onde apresentava fratura, e aguardava cirurgia eletiva. Durante o round, uma enfermeira reclamou da irritabilidade e da falta de educação do paciente, e outra relatou que ele estava fazendo planos futuros, falando sobre o dinheiro que havia acumulado em suas contas bancárias e que havia feito insinuações sexuais a ela. O médico percebe as alterações de comportamento, refaz os exames clínicos e os neurológicos. A queda ocorreu em uma situação em que o paciente mostrou-se indignado e resolveu consertar a calha durante a noite. * Mania: oposto da depressão ritmo acelerado fala muito (geralmente alto) troca constante de assunto: fuga das ideias muito movimento dificuldade para dormir auto estima exagerada sexualidade exacerbada não acha que tenha problema algum, o que muitas vezes prejudica a aceitação do tratamento. MANIA * risco de evolução para estado psicótico há uma variedade de graus de gravidade, hipomania: euforia, hiperatividade e desinibição mais leves. variação de estados de humor,: mania X depressão. intervalos de dias, semanas ou meses é comum falarmos em “fase de mania” e “fase depressiva”. MANIA * transtorno do humor bipolar (THB) faz parte das doenças do humor. sintomas descritos de forma consistente desde a Grécia Antiga Humor tom prevalente do sentimento mantido por uma pessoa ao longo do tempo. verbalizado, comportamento ou em aspectos da linguagem não verbal. definição precisa levar em consideração o tempo algumas formas de como o humor pode ser descritos são: ansioso, triste, deprimido, irritado, eufórico, culpado, enfurecido e agressivo, entre outros. TRANSTORNO BIPOLAR * * * transtorno bipolar tipo I: 1% da população, sem diferença entre os sexos (media 18 anos) transtorno bipolar tipo II: 1,1% da população, mais frequente em mulheres. (media 20 anos) transtornos do espectro bipolar: 3 e 8,3%. primeiro episódio geralmente é depressivo fase costuma ser a predominante do transtorno confusão: tratamento pode agravar o THB risco de suicídio é 15 vezes maior do que o da população em geral. 7 a 15% desuicídio, comorbidades comuns são os de ansiedade e o uso abusivo de álcool ou substâncias. Prevalência * complexa e ainda pouco entendida área molecular: genes de suscetibilidade e genes protetores celular: alterações em neurotransmissores e neuropeptídeos sistemas cerebrais específicos: conectividade sináptica, neuroplasticidade, sobrevivência celular comportamento:cognição,afeto, sensório-motor fatores ambientais: estresse, trauma, uso de substâncias e alterações do ritmo circadiano Etiologia * preditora em casos de THB. familiares de primeiro grau: risco cerca de 10 vezes maior do que em indivíduos sem a doença na família. evidências da relação genética entre o THB e a depressão maior. Hereditariedade * desafio a realização dos diagnósticos diferenciais do THB. existem condições médicas e uma série de substâncias/medicamentos que podem causar síndromes maníacas. diagnóstico diferencial entre um THB e um transtorno depressivo unipolar em um paciente com sintomas depressivos, deve-se realizar o diagnóstico diferencial entre transtorno bipolar e depressão unipolar conduta a ser tomada é diferente para cada uma dessas situações. Diagnóstico * * * * objetivo: reduzir a taxa de morbidade e mortalidade dessa doença. intervenções para as situações agudas manutenção/prevenção de novos episódios risco de suicídio em casos de THB é reduzido com uma adequada conduta medicamentosa, possivelmente com lítio. antidepressivos podem acelerar a frequência das oscilações de humor. é possível que o THB comprometa a plasticidade e a resiliência celular. Seu tratamento não apenas deve enfocar sintomas agudos, mas prevenir a disfunção celular consequente. Tratamento * * * * * Transtorno bipolar Versão original publicada na obra Fochesatto Filho L, Barros E. Medicina Interna na Prática Clínica. Porto Alegre: Artmed; 2013. * Exercise in bipolar patients: A systematic review Melo et al, 2016 15,587 pacientes com THB Pacientes com THB têm um alto indice de vida sedentária duração e intensidade dos exercícios encontra-se reduzida. sedentarismo : 40% to 64.9% Atividade física associada a um decrescimo dos sintomas depressivos, melhora na qualidade de vida algumas evidencias sugerem uma associação entre exercícios vigorosos e a mania. * Association of exercise with quality of life and mood symptoms in a comparative effectiveness study of bipolar disorder. indivíduos com THB apresentam um estilo de vida sedentário pior prognóstico da doença e recorrencia de sintomas objetivo: identificar potenciais preditores de exercício melhorar a qualidade das intervenções análise da frequência de prática de exercícios em acientes com THB que faziam tratamento com quetiapina e títio. avaliação da qualidade de vida, humor e dados demográficos sedentarismo: 40 % - associado com maior IMC, maior tempo deprimido, maiores taxas de sintomas depressivos, menor qualidade de vida, e funcionalidade. exercícios: associados a experiencia de mania no passado e mais sintomas maníacos no presente. Sylvia et al, 2013 * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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