Buscar

Tópicos Especiais em Serviço Social Aula 04 Online

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Aula 04 – Pessoas com Deficiência
Introdução
Nesta aula, estudaremos sobre as pessoas com deficiência. Vamos destacar os movimentos sociais que envolvem esse público, as políticas sociais e a intervenção do assistente social na área. Bons estudos!
Pessoas com deficiência
No decorrer dos anos, a deficiência foi adquirindo diversas formas e maneiras distintas na sociedade, sempre com um tom de exclusão, estigma e repulsa.
Porém, a partir de muitas discussões, embates sociopolíticos e conferências, as pessoas com deficiência foram adquirindo direitos sociais e legislações pertinentes ao assunto.
Então, é interessante discutirmos um pouco sobre o conceito de deficiência.
Vamos lá?
Parâmetros sobre deficiência
O decreto nº 3.298/99 regulamenta a Lei nº 7.853/89, que estabelece alguns parâmetros sobre deficiência:
Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
- Deficiência – Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
- Deficiência permanente – Aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos.
- Incapacidade – Uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais, para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.
Convenção da ONU
No ano de 2008, houve uma convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência. O objetivo que norteou tal convenção foi promover, proteger e assegurar os direitos humanos, cidadania e liberdade de todas as pessoas com deficiência.
De acordo com essa Convenção da ONU:
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.
Movimento político das pessoas com deficiência
Para entendermos melhor, vamos fazer uma contextualização do movimento político das pessoas com deficiência no Brasil.
As pessoas com deficiência durante muitos anos foram tratadas de forma desumana, permeadas por exclusão, desrespeito de direitos e negação de cidadania.
Dessa forma, muitos segmentos da sociedade organizaram e promoveram um grande movimento de participação política que foi construído com muitas discussões, embates políticos, lutas e algumas conquistas.
As décadas de 1970 e 1980 foram de grande importância para a organização de muitos movimentos sociais no Brasil, principalmente para o movimento de pessoas com deficiência.
De acordo com Lanna:
Na história do Movimento das Pessoas com Deficiência no Brasil, essa tensão esteve presente nos primeiros debates nacionais organizados no início da década de 1980, quando se agregaram grupos diversos formados por cegos, surdos, deficientes físicos e hansenianos.
 Esses grupos, reunidos, elegeram como estratégia política privilegiada a criação de uma única organização de representação nacional a ser viabilizada por meio da Coalizão Pró-Federação Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes.
 O impasse na efetivação dessa organização única surgiu do reconhecimento de que havia demandas específicas para cada tipo de deficiência, as quais a Coalizão se mostrou incapaz de reunir consentaneamente em uma única plataforma de reivindicações.
 O amadurecimento do debate, bem como a necessidade de fortalecer cada grupo em suas especificidades, fez com que o movimento optasse por um novo arranjo político, no qual se privilegiou a criação de federações nacionais por tipo de deficiência (Lanna, 2010, p. 15).
Dessa forma, o autor relata que atualmente o empenho do movimento é de ampliar os conceitos sobre deficiência e cidadania e possibilitar a efetivação de uma rede sólida de serviços para tal público.
Mudanças na denominação
É de extrema importância destacar que o movimento priorizou romper com o estigma que envolvia os deficientes.
Para isso, o primeiro passo desse movimento foi em 1970, quando foi incluído o substantivo “pessoa” visando evitar a “coisificação”, inferiorização, desvalorização e exclusão.
Lanna destaca ainda que posteriormente foi adotada a expressão “pessoas com deficiência”, com o objetivo de identificar a deficiência como um detalhe da pessoa.
Vale ressaltar que o objetivo principal do movimento não era apenas adotar uma expressão nominal para as pessoas com deficiência e, sim, através do reconhecimento de uma expressão sem estigmas, lutar pela garantia de uma cidadania.
 Dessa forma, na década de 1970 percebemos o surgimento do “movimento político das pessoas com deficiência”, acompanhado de organizações e associações que desenvolviam ações políticas em prol dos direitos das pessoas com deficiência.
Mobilização social
Vale destacar que as pessoas com deficiência possuíam o desejo de serem protagonistas do movimento, o que acarretou uma grande mobilização social no período da redemocratização brasileira.
Retomando Lanna (2010), ressalta-se que:
Esse processo se reflete na Constituição Federal promulgada em 1988.
 A Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988), envolvida no espírito dos novos movimentos sociais, foi a mais democrática da história do Brasil, com canais abertos e legítimos de participação popular.
Os novos movimentos sociais, dentre os quais o movimento político das pessoas com deficiência, saíram do anonimato e, na esteira da abertura política, uniram esforços, formaram novas organizações, articularam-se nacionalmente, criaram estratégias de luta para reivindicar igualdade de oportunidades e garantias de direitos.
Outro fator relevante foi a decisão da ONU de proclamar 1981 como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes (AIPD), sob o tema “Participação plena e igualdade”.
 O advento do AIPD colocou as pessoas com deficiência no centro das discussões, no mundo e também no Brasil (LANNA, 2010, P. 37).
Alguns marcos importantes 
Esses foram os marcos do movimento político de pessoas com deficiência:
- 1980 – O 1º Encontro Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes aconteceu em Brasília, de 22 a 25 de outubro de 1980. A base do encontro foi estabelecer diretrizes para a organização do movimento no Brasil e apresentar uma pauta comum de reivindicações.
- 1981 – O Ano Internacional das Pessoas Deficientes teve como objetivo central promover esforços, nacional e internacionalmente, para possibilitar o trabalho compatível e a plena integração à sociedade; encorajar projetos de estudo e pesquisa visando à integração às atividades da vida diária, aos transportes e aos edifícios públicos; educar e informar o público sobre os direitos de participar e contribuir em vários aspectos da vida social, econômica e política.
O 2° Encontro Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes e o 1° Congresso Brasileiro de Pessoas Deficientes tiveram como atividades palestras, painéis, mesas redondas e grupos de estudos que discutiam diversos temas, como: trabalho, educação, prevenção de deficiências, acessibilidade, legislação e organização do movimento das pessoas com deficiência.
- 1982 – 3° Encontro Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes: o debate que norteou o encontro foi sobre a criação Federal Nacional de Pessoas Portadoras de Deficiências.
- 1985 – Criação do Comitê Nacional para Educação Especial: o objetivo do comitê era desenvolver uma política de ação conjunta para aprimorar a educação especial e integrar à sociedade as pessoas com deficiência e superdotadas.
- 1987 – Criação da Federação Nacional de Educação
e Integração dos Surdos (FENEIS).
- 1989 – Lei n° 7.853, que dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência, sobre as competências da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) e institui tutela jurisdicional dos interesses dessas pessoas.
A lei estabeleceu as responsabilidades do Poder Público para o pleno exercício dos direitos básicos das pessoas com deficiência, inclusive definindo aspectos específicos dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade.
- 1993 – Decreto n° 914, de 6 de setembro de 1993, cujo objetivo era a ação em parceria com o Estado e sociedade civil na criação de mecanismos que assegurassem a plena integração da pessoa com deficiência em todos os aspectos da vida em sociedade.
- 2009 – Criação do Decreto n° 6.980, que transformou a CORDE em Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que conta com um Departamento de Políticas Temáticas dos Direitos da Pessoa com Deficiência em sua estrutura administrativa.
- 2010 – Criação do Decreto 7.256, que aprovou a Estrutura Regimental da Secretaria de Direitos Humanos e criou a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
A nova Secretaria é o órgão da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) responsável pela articulação e coordenação das políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência.
Década das Américas pelos Direitos e pela Dignidade das Pessoas com Deficiência
A Organização dos Estados Americanos (OEA) estabeleceu o período de 2006 a 2016 como a Década das Américas das Pessoas com Deficiência – pelos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência.
Nesse sentido, de acordo com Lanna (2010, p. 87), a OEA vem estimulando os países que integram a Organização a desenvolverem seus programas de ação destinados à promoção da cidadania e qualidade de vida desse segmento.
Os Estados acordaram que, até o ano de 2016, devem apresentar avanços significativos na construção de uma sociedade inclusiva, solidária e baseada no reconhecimento do exercício pleno e igualitário dos Direitos Humanos e liberdades fundamentais.
E ainda que as pessoas com deficiência sejam reconhecidas e valorizadas por suas efetivas colaborações em melhorias em sua comunidade, seja urbana ou rural, os Estados reconheceram também a necessidade de minimizar o impacto nocivo da pobreza sobre as pessoas com deficiência.
Essas muitas vezes são colocadas em situações de vulnerabilidade, discriminação e exclusão, por isso seus direitos devem ser legitimamente reconhecidos, promovidos e protegidos, com particular atenção, nos programas nacionais e regionais de desenvolvimento e na luta contra a pobreza.
Parâmetros do programa
Dessa forma, o Programa de Ação para a Década das Américas pelos Direitos e pela Dignidade das Pessoas com Deficiência estabeleceu alguns parâmetros, como:
1 – Conscientização da sociedade
2 – Saúde
3 – Educação
4 – Emprego
5 – Acessibilidade
6 – Participação política
7 – Participação em atividades culturais, artísticas, desportivas e recreativas
8 – Bem-estar e assistência social
9 – Cooperação internacional
Políticas públicas para pessoas com deficiência
A I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência aconteceu em 2006, de 12 a 15 de maio, em Brasília, e foi um grande e significativo marco histórico, social e político.
A conferência foi desenvolvida pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, por meio do CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência.
A segunda edição aconteceu em 2008 e teve como tema central: “Inclusão, Participação e Desenvolvimento – Um novo jeito de avançar”, a partir de três eixos temáticos:
1 – Saúde e reabilitação profissional;
2 – Educação e trabalho;
3 – Acessibilidade.
Papel do assistente social
É de extrema importância a atuação do assistente social perante as pessoas com deficiência.
O trabalho do assistente social junto a esse público é permeado pela efetivação de direitos; realização de trabalho socioeducativo e empenho na defesa intransigente do direito ao acesso a bens e serviços.
A área de atuação do assistente social junto às pessoas com deficiência é ampla e diversificada.
Podemos destacar alguns exemplos de intervenção, junto:
a) Ao Centro de Referência de Assistência Social;
b) Centro de Assistência Social;
c) Ministério Público;
d) Conselhos de Direitos;
e) Instituições prestadoras de serviços;
f) Hospitais;
g) Clínicas de reabilitação;
h) Instituto Nacional de Seguridade Social.
Prática profissional do assistente social
Vale ressaltar que a prática profissional do assistente social junto às pessoas com deficiência baseia-se, entre outros, em:
Atendimento individual – Atendimento em grupo
Trabalho junto às famílias – Orientações
Entrevistas socioeconômicas – Visitas domiciliares e institucionais
Viabilização de benefícios – Divulgação e ampliação de benefícios e serviços
Nesse sentido, é de extrema relevância o trabalho do assistente social, pois é possível desenvolvermos um trabalho baseado na efetivação e ampliação dos direitos, autonomia do grupo, acesso a serviços e promoção social desse segmento.
Entretanto, temos que lutar pela implantação, avaliação e implementação das políticas públicas de qualidade, acesso universal e sem qualquer tipo de discriminação.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais