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Capitulo 3

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26/02/2018 Bookshelf Online: Gestão dos postos de trabalho
https://online.vitalsource.com/#/books/9788582603109/cfi/6/24!/4/32/2@0:100 1/2
CAPÍTULO 3
Equívocos reduzem a eficiência
No gemba, como acabei de mencionar, é importante experimentar. Por exemplo, estou certo que isto é algo
que você vai encontrar em todos os lugares, mas as pessoas pensam que é mais rápido se fizerem um tipo de
trabalho de uma só vez. Quando digo “Faça uma peça de cada vez”, eles respondem que isso vai diminuir a
eficiência. Acham que a eficiência é melhorada – em outras palavras, que a produtividade é melhorada – se
fabricarem a mesma coisa diversas vezes.
Eu estava observando uma jovem mulher realizando um processo de inspeção, e ela estava organizando
diversas peças em uma fila e conferindo-as. Não importava quantas vezes eu dissesse que, em vez de fazer
daquela maneira, seria mais fácil e muito mais eficiente inspecioná-las e colocá-las, uma a uma, em uma
caixa; e ela sempre respondia “Não, desta maneira é mais rápido”.
Nessas situações, eu digo “Está bem, mas tente do meu modo, uma de cada vez”. Quando as pessoas
experimentam, elas acham que é muito enfadonho. Pensam que talvez dessa maneira não sejam capazes de
atingir suas metas. Entretanto, após tentarem isso durante um dia inteiro, descobrem que o que costumava
exigir horas extras para completar cinco mil peças pode ser feito agora, uma por vez, a cada 20 segundos.
Parece que não conseguem acreditar que podem fazer mais com esse ritmo mais lento de trabalho.
Quando trabalham em muitas peças ao mesmo tempo, pegando 20 ou 30 peças em uma mão e organizando
com cuidado em uma fila, elas têm a ideia errada de que podem render mais. Novamente, fazemos com que
experimentem uma peça por vez. Elas podem pensar “Isto não é um trabalho de verdade, é uma brincadeira”.
Como resultado de trabalhar como se estivesse brincando e de terminar o trabalho no horário normal, o
operário não precisa fazer horas extras e sua renda é reduzida. Se seu argumento é de que fazer muitas peças
ao mesmo tempo é melhor financeiramente, não posso contrariar... Ao trabalhar uma peça por vez você pode
trabalhar em um ritmo calmo que não cansa e você pode fazer o mesmo volume sem horas extras. Elas
entendem isso depois de experimentar. Tudo isso é relativamente simples. Porém, a realidade é que esta coisa
simples não é efetivamente feita no gemba.
Esta é uma velha história da Toyota Motor Company, logo após a Segunda Guerra Mundial. No processo
de fazer furos em barras redondas, o trabalhador queria somente fazer furos. A exigência diária era de 80
peças, por isso o jovem operário estava fazendo os furos manualmente. “Por que ele está operando a máquina
manualmente?”, questionei.
O operário explicou que, com operação automática, a máquina continuaria a trabalhar mesmo depois que a
ferramenta de corte ficasse cega e não cortasse tão bem, e isso provocava a quebra da ferramenta ou a
dimensão errada do furo. Operando a máquina manualmente, o operário poderia dizer como estava sendo o
corte. “Assim é mais rápido”, disse ele.
Quando perguntei “Quanto tempo demora para fazer um furo?”, ele respondeu “30 segundos”. “Então”, eu
disse, “se você pode fazer um furo em 30 segundos, pode fazer dois furos em um minuto”. Ele não
respondeu. Esse trabalho era feito em mais de sete horas. Orgulhosamente, o operário disse que havia feito
80 peças em sete horas. Ele disse que estava operando a máquina manualmente e fazendo o melhor possível
para terminar as 80 peças em um dia, como solicitado.
Então, como uma hora tem 60 minutos, eu contestei: “Você pode fazer 120 furos em uma hora”. Ele não
respondeu, pois se sentia orgulhoso em fazer 80 peças em um dia, e ter conhecimento de que podia fazer 120
peças em uma hora foi uma novidade preocupante. Por essa razão, ele não respondeu quando eu disse “você
pode fazer 120 furos em uma hora”. A mensagem era “por que você faz apenas 80 peças em sete horas? Se
você precisa de 80 peças, isso deveria levar 40 minutos. Significa que você está trabalhando apenas 40
minutos por dia”.
“Estou trabalhando ativamente e fazendo o que é preciso. Por que você está reclamando?” perguntou.
E eu respondi: “Filho, pode até ser que você esteja trabalhando ativamente, mas está fazendo apenas 80
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26/02/2018 Bookshelf Online: Gestão dos postos de trabalho
https://online.vitalsource.com/#/books/9788582603109/cfi/6/24!/4/32/2@0:100 2/2
peças em sete horas. Se você vem para o trabalho, dê-nos pelo menos uma hora de trabalho por dia”.
“Me deixe em paz”, disse ele.
Quando você pensa nisso, pode parecer que fazer furos manualmente, na maior velocidade possível, seja a
maneira mais rápida. Fazer um furo no processo automático leva 40 segundos. Fazer um furo manualmente
leva 30 segundos. Dessa maneira, parece que o processo manual é mais eficiente, mas, depois de três furos
consecutivos, com o método manual, a ponta da broca esquenta e isso o torna lento. Faz com que não corte
muito bem. O operário leva a ferramenta de corte até o esmeril para afiá-la, e retorna para fazer mais três
furos. Após dois ou três furos a ferramenta esquenta outra vez, e é preciso retornar ao esmeril e afiar
novamente. E ele pensa estar trabalhando.
Ele acredita que trabalhar muito possibilita que se faça um furo em 30 segundos. Ele tem a ideia errada de
que fazer a mesma tarefa repetidas vezes aumenta a eficiência.
Entretanto, se você usar o processo automático e necessitar de apenas 80 furos por dia, você só precisa
fazer um furo a cada cinco ou 10 minutos.
A velocidade adequada de corte é de 40 segundos por furo. Você pode fazer um furo em 40 segundos e
deixar a ferramenta de corte esfriar durante quatro minutos para que retorne a temperatura ambiente quando
será usada novamente para fazer a próxima peça. Você também pode aplicar um fluido de corte na
ferramenta para baixar a temperatura até a temperatura do fluido de arrefecimento e, assim, você pode usar a
mesma ferramenta para fazer de 30 a 50 furos antes de precisar afiá-la mais uma vez.
Os operários não tinham esmeris individuais. Cinco ou seis pessoas formavam fila na frente do esmeril
esperando para usá-lo. Todos trabalhavam do mesmo jeito. Por exemplo, o torno foi usado para cortar peças
o mais rápido que a ferramenta de corte permitia. Isso endurecia a ferramenta de corte e os operadores do
torno faziam fila para afiar suas ferramentas. Assim, mesmo que eles pudessem afiar a ferramenta em 30
segundos, se estivessem no fim da fila de seis ou sete pessoas, e cada uma delas afiasse sua ferramenta,
levaria 10 minutos antes que retornassem à sua máquina. Se um trabalhador descobrisse que não havia afiado
muito bem sua ferramenta e tivesse que voltar, talvez ele só fizesse duas peças em 10 minutos.
As antigas furadeiras tinham uma pequena mesa, assim, se um trabalhador tentasse fazer muitas peças ao
mesmo tempo, ele teria que retirar da caixa 10 ou 15 peças do material para colocá-las na mesa da furadeira.
Depois ele afastava para o lado 10 ou 20 peças acabadas e as colocava em uma cesta. De novo, ele pegava 10
ou 20 peças de uma cesta e alinhava-as na mesa. A pessoa que fazia tudo isso pensava estar trabalhando. Na
verdade, ela conseguia fazer apenas três ou quatro peças a cada 10 minutos, e, ainda assim, pensava estar
fazendo um bom trabalho pois podia fazer um furo a cada 30 segundos, enquanto que no processo
automático levaria 40 segundos. E pensava: “E estou afiando minhas próprias ferramentas”.
Se um operário precisasse de apenas uma peça a cada cinco minutos, ele poderia deixar a ferramenta de
corte esfriar por quatro minutos e afiar as ferramentas uma vez por dia, e mesmo assim eles afiavam suas
ferramentas a cada três peças. Embora eles se vissem como operários qualificados trabalhando muito, na
verdade, o faziam de uma maneira muito ineficiente.

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