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José de Albuquerque; Rocha Geral do • • i&\$&* —- ^..^v-^^üx^í..^ ^«^ t^^v^ü»- u ívjíílv-j i-oumuiaa au wjn-icjiianiCliLU, nu CclòU U JU155 ao passoque a analogiae os princípios geraisdo direitosão métodosde integraçã do ordenamento que recorrem às fontes do próprio ordenamento. No sistema jurídico brasileiro, a eqüidade édedireito estrito. Ojuiz só pode valer-se do seu poder de criar normas, apartir de sua própria consciência, nos casos expressamente indicados na lei. Em suma, no Brasil, o juiz só pode decidir a es pécie, como se fosse ele mesmo legislador, nos casos indicados na lei. 13 Poder Judiciário 1 Definição do Poder Judiciário 2 Poder Judiciário e Unidade do Poder Estatal 3 Poder Judiciário e Função Jurisdicional 4 O Governo do Judiciário 1 DEFINIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO Depois de termos estudado a função jurisdicional do Estado, agora vamos examinar o Poder Judiciário. Vimos que a jurisdição é uma das funções fundamentais do Estado (Capí tulo 9). Igualmente, vimos que, com a palavra função designamos um conjunto de atribuições primárias, consideradas unitariamente, que precisam ser cumpri das para que o Estado alcance seus objetivos. Por conseguinte, dizer que jurisdi ção é uma das funções fundamentais do Estado significa dizer que o Estado tem um conjunto unitário de atribuições que precisa realizar para alcançar seus fins. Acontece, porém, que o Estado, enquanto tal, sendo mero ente da razão, não tem existência física, nem psíquica, ou seja, não tem energia física, nem von tade. Disso resulta que o Estado, enquanto tal, não pode exercer nenhuma ativi dade, nem manifestar nenhuma vontade. Surge, então, a necessidade de criar uma organização que seja capaz de exprimir a vontade do Estado e de realizar as atividades necessárias à consecução de seus fins. Ou seja, para fazer face à tarefa que lhe incumbe de administrar a justiça,o Estadonecessitaorganizarum verdadeiroserviço público da justiça com posto de muitos órgãos dos quais participem muitas pessoas. Pois bem, o Poder Judiciário é, justamente, essa organização do Estado preordenada ao exercício da função jurisdicional. ,*--—, „» ,—liJUJ1LO UIUCiiauu ue pessoas que combinam wi,, esforços eoutros trpos de recursos para arealização da função jurSSonal d0 Mais propriamente, pode-se dizer que o Poder Judiciário é ,,™ „ • cffic?dmeers pessoair materiís^-^«q^ssafica de assegurar odesempenho da função jurisdicional do Estado Da me m maneira como oPoder Legislativo eoPoder Executivo são as organizações a? asseguram odesempenho das funções legislativa eadministrativa, oJudiciário assegura odesempenho da função jurisdicional. Resumindo, oPoder JudTc ário um conjunto sistematizado de juízos etribunais destinado aexercitara TZjurisdicional do Estado.1 exercitar a função 2 PODER JUDICIÁRIO EUNIDADE DO PODER ESTATAL Falamos freqüentemente em Poder Judiciário, Poder Legislativo ePoderExecutivo. Como se compreende aexistência desses três poderes em face da a£ maçao de que o poder do Estado é uno e indivisível? Pelo que acabamos de dizer sobre oPoder Judiciário, eque se aplica aoPoder Legislativo eao Poder Executivo, verificamos facilmente que aeStênda dí2ad°o " na° "^ at£Se ^ UnÍdad£ 6ind™dade *> poder soberano Em verdade, oque acontece éque aexpressão Poder Judiciário usada nasleis ena doutrina deve ser entendida, como afirmamos anterionnente como oconjunto de orgaos -juízos etribunais - que exercem afunção jurisdicional d^Estado Nao se trata, pois, de um poder no sentido substancial da palavra como o LoPo0dtrdo EeíaH0 d° EStad°' "ClUSÍVe P°rqUe ÍSt° ne™ au^ade do referi Estado ' °^ na° ' P0SSÍVd' P°rqUe Ímplicaria a™S^° do próprio r«. °!i m°áu qUS n!° há incomPatibilidade entre aexistência dos três pode-SSSSSSSS?0 EStad° ^ eÍndÍVÍSÍVeL Sã° «*"*" <**- epí- 3 PODER JUDICIÁRIO EFUNÇÃO JURISDICIONAL Depois de tudo quanto dissemos sobre função jurisdicional eoPoder Ju- çtsaemreae0lees.PreC1S0 " ^ eSf°rÇ° ** rad°CÍnÍ° para -pender as rela- Lond^SrevetTsontilS. '^ W^ ^ °f ClaShfen< ^ •*****•. o/justice, Função jurisdicional, já o afirmamos muitas vezes, é uma das funções fun damentais do Estado, e Poder Judiciário é a organização criada para permitir o exercício da função jurisdicional. Em poucas palavras, diríamos que o Judiciário é a organização dentro da qual determinados agentes - os juizes - exercitam a funçãojurisdicional. Nessa altura, porém, cumpre fazer uma importante observação para evi tar equívocos. É que, embora o Judiciário seja a organização destinada precipuamente ao exercício da função jurisdicional do Estado (CF, art. 52, XXXV e XXXVII), no entanto, o exercício desta função não é exclusiva do Judiciário, já que há algu mas situações em que a jurisdição é exercida pelo Poder Legislativo e por árbitros privados. Sirva de exemplo da primeira o julgamento dos crimes de responsabili dade do Presidente da República, que são julgados pelo Senado da República, servindo a Câmara dos Deputadosde órgão acusatório,e da segunda, ojulgamento dos conflitos civis tendo por objeto direitos patrimoniais disponíveis. Por outro lado, é preciso esclarecer que o Judiciário não exerce apenas a função jurisdicional.Ecerto que exercepreponderantemente a funçãojurisdicional, mas, excepcionalmente, exerce a função legislativa, quando elabora seus regimen tos internos e, bem assim, a função administrativa,já que administrasua própria organização. Em resumo, a função jurisdicional é exercida prevalentemente pelo Judi ciário, mas não lhe é exclusiva. De outro parte, o Judiciário, excepcionalmente, exerce as funções legislativa e administrativa. 4 O GOVERNO DO JUDICIÁRIO Dissemos acima que o Judiciário não exerce apenas a função jurisdicional, exercendo também função administrativa (além da legislativa), já que adminis tra sua própria organização. Essa função de governo do Judiciário era, até pouco tempo, completamente ignorada pela doutrina, que só se preocupava com a fun çãojurisdicional. Só recentemente apareceram estudos sobre tão importante atri buição do Judiciário, já que dela depende o controle de todos os recursos neces sários à instituição, como os meios financeiros e materiais, salientando-se o con trole dos juizes, quanto ao recrutamento, nomeação, promoção, disciplina etc. A razão dessa relevante função administrativa do Judiciário decorre do seguinte: em qualquer organização encontramos sempre duas ordens de ativida des - aquelas destinadas a realizar as funções específicasda organização, ou seja, as funções para as quais a organização foi criada, e as atividades necessárias à sua administração ou ao seu governo. O Judiciário, sendo uma organização, como I ((«««(-«rt^j ^^.ow^pcmm essas auas anviaaaes: a de julgar e a adminis troava ou de governo do pessoal e gestão dos recursos materiais e financeiros. Quem exerce o governo do Judiciário e qual o procedimento de escolha das pessoas que ogovernam? OJudiciário égovernado pelos membros dos tribu nais das respectivas Justiças eaescolha desses membros éfeita através de "elei çao na qual só votam os componentes desses tribunais. Trata-se de um governo autocratico, oque oincompatibiliza com oprincípio democrático que caracteriJ o Brasil. id Outros aspectos negativos dessa forma oligárquica de governar oJudicia no são: sua influência nefasta na atuação do juiz, que, estando sujeito ao arbítrio do tribunal para sua promoção, tem aindependência para julgar limitada por essa sujeição; éuma das principais causas da corrupção de alguns membros dos tribu nais, justamente pela falta decontrole desua gestão. Daí a urgente necessidade de democratizar o governo do Judiciário. 14 Arbitragem 1 Definição 2 Arbitragem e Mercado 3 Arbitragem e Constituição 4 Convenção Arbitrai: Compromisso e CláusulaCompromissória 5 Árbitros 6 Sentença Arbitrai 7 Anulação da Sentença Arbitrai 1 DEFINIÇÃO Após as primeiras consideraçõessobre o PoderJudiciário, que, como vi mos, é a organização estatal destinada a exercitar, preponderantemente, a fun ção jurisdicional, agora, vamos abrirum parêntese para estudar, de modo breve, a arbitragem, que é a forma privada de exercício da referida função jurisdicional do Estado.1 A arbitragem estava regulada no Código Civil (arts. 1.037 a 1.048) e no Código deProcesso Civil (arts. 1.072 a 1.102). Aregulação do Código Civil e do Código deProcesso Civil configurava a arbitragem como um meio de solução de litígios por árbitros escolhidos pelas partes, cuja decisão, no entanto, estava su bordinada à homologação dos órgãos do Poder Judiciário, com os recursos que lhe são inerentes. Daí sua inconveniência,já que terminava por transformar-seem uma inútil duplicação daatividade jurisdicional. Em face disso, e tendo em vista crítica). Sobre arbitragem, ver José de Albuquerque Rocha, Alei de arbitragem (uma avaliação Cr6™ a°mênt°' maS SÓ anUlar °U nã° aSentenÇa do árbit™ Por vícios de nprant Aa?ã0.de anul^ão deve ser proposta no prazo de decadência de 90 dia,perante oorgao competente do Poder Judiciário. Diz oart 33 §P da Lei H Arbitragem, que aação de anulação da sentença arbitrai deve observar' ouroL mento comum previsto no Código de Processo Civil. O£ÍKeS£X2í" ser sumário ou ordinário, conforme ocaso concreto °Ceaiment° comumpode 15 Independência do Poder Judiciário 1 Generalidades 2 Independência do Judiciário e Independência do Juiz 3 Independência do Judiciário: Espécies 4 Limitações à Independência do Judiciário 5 Participação do Povo no Judiciário: Espécies. Obstáculos 1 GENERALIDADES Ao estudarmos a função jurisdicional (Capítulo 9), verificamos que desde Aristóteles se distinguem três funções no Estado: Legislativa, Executiva e Jurisdicional. Mas foi só a partir do momento em que o indivíduo passou a ser o centro da vida social, política e econômica, o que aconteceu na Idade Moderna com a emergência da burguesia, que surgiu a preocupação de defender a liberdade des se indivíduo, sobretudo em face do Estado. Foijustamente essa preocupação de defender a liberdade individualdian te do Estado que levou, inicialmente, o inglês John Locke e, depois, o francês Montesquieu a elaborarem a famosa teoria da separação dos poderes que, como vimos, nada mais é do que uma separação de órgãos para exercer as funções do Estado. Em virtude dessa teoria, as prerrogativas do poder público não devem ser reunidas num mesmo órgão, mas devemser repartidasentre corpos distintos, cada um exercendo umaparceladesse poder. Éclaroque a separação dos poderes não é absoluta. Em verdade, trata-se de um equilíbrio entre os poderes de modo a impedir que um deles se subordine aos outros, e nãode uma separação total, que dá a idéia de compartimentação. Poisbem aindependênciadoJudiciárioé um coroláriodo m ecanismoda separaçãodospoderesprevisto n aConstituiçãoFederal,art.2°.Trata-se nois d> divisão m eram enteformaldo exercíciodopoderestatal,istoé,divisãodo exerci ciodopoderentre orgaos e não entre as classes em que sedivide a sociedade O tema porem, exigiria m aisindagaçõespara esclarecer aspectosimportantes es quecidos outratados obscuramentepeladoutrina.1Umadessasindagações seria saberseadivisão m eram enteformaldo exercíciodopoderentre m embrosde um a so classe(burguesia),com o acontece noBrasil,asseguraria aliberdade efetivade todos os componentesde um a sociedadepluralista, com o abrasileira. 2 INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO EINDEPENDÊNCIA DO JU IZInicialmente,éprecisodistinguiraindependênciadoJudiciário enquanto organização,daindependênciadojuiz enquantopessoafísica m embrodessa or ganização.Aqui,trataremosdaindependênciadoJudiciário enquanto organiza ção.Daindependênciadojuiz enquantopessoafísicaintegrado noJudiciário tra tarem os n o capítulo próprio. 3 INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO:ESPÉCIES A independênciadoJudiciário enquanto organizaçãopode ser analisada apartirdedoisângulos:(a) com oindependênciapolítica e(b) com oindependên cia adm inistrativa.2 a)Independênciapolítica.AindependênciapolíticadoJudiciário estáliga da ao exercíciodafunçãoque aConstituiçãolhe atribui:julgare executarojul gado,paradizê-lo sum ariamente.AindependênciapolíticadoJudiciário signifi caque aConstituição,em princípio, reserva-lhe o exercíciodajurisdição Desti na-se, assim, agarantir o exercício dafunçãojurisdicionalpor esse Poder Está previstade m odo expresso pelaConstituição no art.52,XXXV eXXXVII. A naturezapolíticadessadimensãodaindependênciadecorre primeiro de sua relação com o exercíciodopoder estatalqueépolíticoporexcelência(á jurisdição exercidapeloJudiciárioé m odalidadede exercíciodopoder estatal)- segundo,porterfinalidadepolítica,qualseja, adefesadaliberdade contra o ar bítriodetoda espéciedepoder,sobretudodopoderpolítico;finalmente porser a * Ronh l„ wParae"ten^m erlh°r °,temadaindependênciadoJudiciário,verJosédeAlbuquerque R ocha,Estudos sobre o Poder Judiciário. H 4 2 Sobre otema,verRobertStevens,TheIndependence oftheJudiciary. :\;1 ",'• garantiadafunção de controle exercida pelo Judiciário sobre a constitucionali- dadedos atosdosdemaispoderes, oqueimporta o exercíciodeponderávelpar c ela do poderpolítico. b)Independência administrativa.Aindependência administrativa,também chamadade autogoverno da m agistratura, consiste na aptidão doJudiciário de gerenciar,com autonomia,oselementospessoaise osm eios m ateriaisefinancei rosimprescindíveis ao exercício dafunçãojurisdicional. NoBrasil, ogoverno doJudiciário é exercido pelostribunaisde m aneira autocrática, oque contradiz oprincípiodemocráticoinscrito entre osprincípios fundamentaisdaConstituição ederivado,sejadadefiniçãodoEstadobrasileiro com odemocrático,sejada radicaçãopopulardopoderpolítico,com odito no art. ia,e seuparágrafoúnico,daConstituiçãoFederal.Há,pois,necessidadedede m ocratizar o exercíciodopoder nointeriordoJudiciário a significar aparticipa çãode representantesdetodos os segmentosda m agistratura eda sociedade em sua administração.A independência administrativadoJudiciáriodecorrededi versosprincípios constitucionais, entre osquais cabe assinalar o art.96que ou torga competênciaprivativa aostribunaispara suagestão. 4 LIMITAÇÕESÀ INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO O Judiciário brasileiro sofre sériaslim itaçõesà su aindependência,decor rentesdos vínculos institucionais co m o Executivo e o Legislativo. Para term os um aidéiadograudessaslimitações,lembraríamosque todos os m agistradosdostribunaisdasJustiçasdaUnião são escolhidos e nom eadospelo PresidentedaRepública, eventualmente com a aprovação doSenado.Senão ve jamos.Os ministrosdo Supremo TribunalFederal, o m aisimportanteórgão do Judiciário,são escolhidoslivrementepeloPresidentedaRepública,que os nom eia depoisde aprovada a escolhapelo Senado. Os ministrosdoSuperiorTribunaldeJustiça são nom eadospeloPresidente daRepúblicadentre m embrosde outrostribunais,da advocacia edoMinistério Público,depoisde aprovada a escolhapelo Senado. Os m embrosdo TribunalSuperiordo Trabalho edo SuperiorTribunal M ilitar e alguns m embrosdoTribunalSuperiorEleitoralsão igualmente nom ea dospeloPresidentedaRepública,que,também, nom eia osjuizesdosTribunais RegionaisFederais,dosTribunaisRegionaisdoTrabalhoe algunsdosTribunais R egionais Eleitorais. Vê-se,pois,queéimenso opoderdeinfluênciadoChefedoGovernoFe deral sobre a m agistraturadostribunais daUnião. v^,^ u uuuicmno tem uma estrutura hierárquica, a influência do Execi,txvo sobre as cúpulas tem atendência de transmitir-se aos esSSendíS Outro fator de limitação da autonomia do Judiciário éavinculação d,policia judiciaria ao Executivo. vmcuiaçao da Como sabemos, as polícias estaduais efederal são subordinadas ao comando dos chefes dos respectivos Executivos. Ora, aatividade judiciária pSSoXSte na área criminal, depende, basicamente, do trabalho da pS^aspolTc1 sao subordinadas ao Executivo, então, aatuação do Judiciário fica na dependên cia desse poder, oque cria mais uma sujeição da instituição judicial ao Executivo" . Finalmente afalta de recursos financeiros émais um fator de limitação t^Z^V^™ 6P°r SUa P°UCa efí™> que se manifesta so ™™ • hT ! Processos- O™íS grave éque, além dos recursos seremparcos amdat ficam na disponibilidade dos Executivos, que tendo sua posse físS udSárS Para SUa HberaÇã0' mUÍtaS V6ZeS COm° f°rma de PSÍS 5 PARTICIPAÇÃO DO POVO NO JUDICIÁRIO: ESPÉCIES OBSTÁCULOS quatro a^ctcÍÍPaÇã° ^ ^ D° JUdÍdárÍ° P°dem°S **" pd° menOS sobre a) como participação na administração do Judiciário; b) como participação no exercício da função jurisdicional; c) como participação na qualidade de consumidor dos serviços da Justiça. d) como participação na qualidade de colaborador na atividade jurisdicional. a) Aparticipação do povo na administração do Judiciário parece-nos re sultar de imposição constitucional, já que aConstituição proclama oprincípio da soberania popular e o princípio do Estado Democrático. mPn, ^ BraSí!' P°rém' °Judiciári0> como ^mos, éadministrado, automatica mente, pelos tribunais, cujos membros se auto-elegem para os cargos de sua dire- Ç3.0. Nem os juizes de 1- grau têm acesso ou interferência na administraçãojudicial. Sob esse prisma, nao passam de meros objetos das decisões administrati vas adotadas pela cúpula. Anão-participação do povo nos órgãos de administração do Judiciário sobre ser incompatível com ocaráter popular da soberania eanatureza democrá tica do Estado, eresponsável pelo divórcio entre opovo eoJudiciário Ao mesmo tempo, gerou um acendrado espírito corporativo entre seus membros que, basica mente, só se mobilizam na defesa dos próprios interesses. Éurgente, pois, a necessidadede legitimar o Judiciário, abrindo-oà parti cipação dasociedade. Paratanto, há inúmeras maneiras defazê-lo, entre asquais pode-se citar a criação dos chamados Conselhos de Administração do Judiciário, adotados na Europacomexcelentes resultados para a eficiência, independência e democratização da instituição. b) Sobre a participação popular no exercício da funçãojurisdicional, está limitada aos seguintes órgãos: 1. Justiça depaz, que não é propriamente órgãojurisdicional, senão me ramente administrativo; 2. Júripopularnos crimes dolosos contra a vida; 3. Justiça eleitoral, cujas atribuições são, também, em grande parte, de caráter administrativo, pois,quando é chamada a tomar decisões, o faz a respeito de interesses que lhe cumpre primariamente realizar, entre os quais a organização do processo eleitoral. Daí seu poder de autotutela a respeito desses interesses, que se manifesta no poder de iniciativa processual. Pelo visto, é irrisória a participação do povo no exercício da função de julgar. Cumpre, pois, ampliá-la, o que pode ser alcançado através de inúmeras formas, de que é bastante rica a experiência universal. c) Quanto à participação do povo como usuário dos serviços da Justiça, a Constituição, no art. 52, XXXV, garante a todos o acesso ao Judiciário. O disposi tivo em tela é uma clara aplicação do princípio da igualdade. No entanto, esse tipo de aplicação do princípio da igualdade relaciona-se a seu aspecto formal, ou seja, a igualdade perante a lei, a significar que a lei e, por conseguinte, as autoridades judiciais devem tratar as partes de modo igual. Acontece, porém, que, além da igualdade formal, é preciso pôr em práti caa igualdade substancial, procurando eliminar ou atenuar as diferenças de fato entre as partes, as quais podem ser de ordem econômica, social e cultural. AConstituição, de certo modo, preocupou-secomesseproblema,dispon do no art. 52, LXXIV, que o Estado prestaráassistência jurídica integral e gratuita aos dela necessitados e, no art. 134, ao instituir a defensoria pública, órgão de orientação e defesa dos necessitados.3 Cabe, pois, ao Estado organizar a defensoria pública para dar efetividade ao princípio constitucional do acesso à Justiça. 3 Sobre a participação do povo como consumidor dosserviços da justiça, ver Horacio Wanderlei Rodrigues, Acesso à Justiça no direito processual brasileiro.
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