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Prof. Me. José Luciano Gabriel – Introdução ao Estudo do Direito – 1º período 3 / 4 FACULDADE DE DIREITO DO VALE DO RIO DOCE “A sociedade cria o Direito e, ao mesmo tempo, submete-se a seus efeitos”(p.21). Capítulo III – O DIREITO COMO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO SOCIAL 8. O Fenômeno da adaptação humana “Para alcançar a realização de sues projetos de vida – individuais, sociais ou de humanidade – o homem tem de atender às exigências de um condicionamento imensurável: submeter- se às leis da natureza e construir o seu mundo cultural...”. Para sobreviver o homem precisa passar por adaptações internas e externas. As adaptações internas são promovidas pela força da natureza, não dependem da vontade do homem, simplesmente acontecem. As adaptações externas são consciente e intencionalmente criadas pelo homem, por isso, “ao homem compete, com esforço e inteligência, complementar a obra da natureza. As necessidades humanas. Não supridas diretamente pela natureza, obrigam-no a desenvolver esforço no sentido de gerar os recursos indispensáveis. [...] Em conseqüência de seu esforço, perspicácia e imaginação, surge o chamado mundo da cultura, composto de tudo aquilo que ele constrói visando a sua adaptação externa: a cadeira, o metrô, uma canção, as crenças, os códigos etc.” (p. 18). A criação do mundo cultural e a consequente adaptação gerada por este mundo decorre de uma necessidade que a natureza não foi capaz de suprir. O ser humano cria a cultura como forma de conseguir se adaptar a e superar condições “insuportáveis” de vida. 9. Direito e adaptação Duplo sentido: De um lado o Direito é elaborado como forma de viabilizar a adaptação da sociedade ao mundo; do outro o direito também deve se adaptar ao que a sociedade almeja. O Direito não é uma obra acabada e estática, ao contrário, é dinâmico e “flexível” às necessidades sociais. “Por não ser criado pelo homem, o Direito Natural, que corresponde a uma ordem de justiça que a própria natureza ensina aos homens pelas vias da experiência e da razão, não pode ser admitido como processo de adaptação social. O Direito Positivo que o Estado impõe à coletividade, é que deve estar adaptado aos princípios fundamentais do Direito Natural, cristalizados no respeito à vida, à liberdade e a seus desdobramentos lógicos” (p. 19). “Aspas” Diferença entre natural e cultural! Direito Positivo.... Direito Natural... É o Direito que emana da natureza humana. Não foi criado pelo Estado, portanto, independe dele para existir. É abstrato! - é Eteno, Imutável e Universal; - é percebido pela razão e pela experiência humana; - apresenta fundamentos diferentes ao longo da história: cosmológico, divino e antropológico. É o Direito criado e posto pelo Estado. É o conjunto de normas em vigor em um determinado Estado e em determinada época. É o ordenamento jurídico em vigor... - goza de certa concretude, ou seja, existe em função de alguma situação histórica. - é criado pelo Estado, mutável e particular de cada Estado. Prof. Me. José Luciano Gabriel – Introdução ao Estudo do Direito – 1º período 4 / 4 FACULDADE DE DIREITO DO VALE DO RIO DOCE “As necessidades de paz, ordem e bem comum levam a sociedade à criação de um organismo responsável pela instrumentalização e regência desses valores. Ao Direito é conferida esta importante missão. [...]. O Direito não corresponde às necessidades individuais, mas a uma carência da coletividade. A sua existência exige uma equação social. só se tem direito relativamente a alguém. O homem que vive fora da sociedade vive fora do império da leis O homem só, não possui direitos e deveres” (p. 19). O Direito não possui um fim em si mesmo, ao contrário, a razão de ser do Direito é a geração de processos de adaptação a fim de que se torne possível a convivência e o progresso social. O principal instrumento utilizado pelo Direito para o processo de adaptação são as normas jurídicas, consideradas “células do Direito, modelos de comportamento socais que fixam limites à liberdade do homem, mediante imposição de condutas” (p. 20). As normas não podem ser criadas ao bel prazer do ‘legislador’. “Na expressiva síntese de Consentini, ‘... o Direito não é uma criação espontânea e audaciosa do legislador, mas possui uma raiz mais profunda: a consciência do povo... o Direito nasce da vida social, se transforma com a vida social e deve se adaptar à vida social’” (p. 20). É importante considerar que o não cabe apenas ao Direito organizar a sociedade. Os seres humanos criaram também outras formas de “controle e adaptação”: “a Moral, a Religião, as Regras de Trato Social, igualmente zelam pela solidariedade e benquerença entre os homens” (p. 20)2. Concluindo, Pontes de Miranda sintetiza: “Direito é processo de adaptação social, que consiste em se estabelecerem regras de conduta, cuja incidência é independente da adesão daqueles a que a incidência da regra jurídica possa interessar” (p. 20). Luis Recasens Siches sintetiza: “o Direito é algo que os homens fabricam em sua vida, sob o estímulo de umas determinadas necessidades, algo que vivem em sua existência com o propósito de satisfazer àquelas necessidades” (p. 21). Aprofundando o conhecimento – use seu caderno para resolver as seguintes questões: Questão 01: O Direito foi estudado neste capítulo como um sistema de adaptação. Apresente duas consequências práticas para a vida social, considerando a hipótese de o Direito não existisse. Questão 02: Considerando os conceitos e as características do Direito Natural e do Direito Positivo, classifique os “direitos” abaixo como sendo de Direito Natural ou Positivo e explique resumidamente a classificação. a) Mateus tem direito de requerer as horas-extras que não recebeu enquanto trabalhava para 171 ltda. b) Marcos tem direito de se defender do ataque planejado por Caim. c) Lucas tem direito, em tempos de paz e ordem, a transitar livremente na praça central de Ágora-city. d) João, habilitado regularmente pelo DETRAN-MG, tem direito de dirigir seu carro a qualquer hora. Questão 03: Elabore um mapa conceitual com as informações deste capítulo. 2 Oportunamente estudaremos estas formas de “controle social” e analisaremos as relações existentes entre elas.
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