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Aula 10 Comercio Internacional

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Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
1
AULA 10 
 
(PONTO 1 DO PROGRAMA AFRFB/2009) 
(PONTO 1 DO PROGRAMA ATRFB/2009) 
 
Olá pessoal. Na aula de hoje (primeira parte) e na próxima (segunda parte), 
veremos as políticas comerciais dos países e suas implicações no crescimento 
econômico. Analisaremos também as diversas barreiras alfandegárias impostas 
pelos países como mecanismo de contenção do comércio externo, e como isso tem 
variado ao longo dos anos. Trata-se de um assunto que apresenta poucas 
alterações em relação à aula de 2009. 
 
POLÍTICAS COMERCIAIS 
As relações comerciais entre os países (compras, trocas e vendas) podem sofrer 
diferentes níveis de intervenção governamental. Os governos podem introduzir 
normas que incentivem ou que restrinjam essa atividade, seja em um sentido 
(importações) ou no outro (exportações), ou seja, podem ser protecionistas ou 
liberais. 
A política comercial de um país é a forma como o governo conduz as relações 
econômicas com o mundo exterior (demais países), ou seja, importações e 
exportações. O incentivo às exportações e a restrição das importações são 
mecanismos normalmente utilizados quando o país precisa melhorar a sua Balança 
Comercial (Exportações menos Importações), que é um item importante do Balanço 
de Pagamentos1. Com a geração de divisas (moeda estrangeira) oriundas das 
exportações, o país consegue obter os recursos necessários (divisas) para custear 
as importações de que necessita. 
O crescimento econômico é normalmente o objetivo maior da adoção de uma 
política comercial. Como vimos, dois extremos podem ser observados, sob o ponto 
de vista de abertura do país ao comércio exterior: o protecionismo e o livre-
cambismo. 
Desde a formação dos Estados modernos, o comércio mundial tem passado por 
períodos de maior ou menor liberação, ou seja, tem encontrado mais ou menos 
resistência por parte dos países. Essa política externa dos países sempre sofreu 
grande influência da situação político-econômica do mundo moderno (1ª e 2ª 
Guerras, Depressão de 1930, queda do Muro de Berlim, Globalização dos anos 
1990, Crises Cambiais da década de 1990, Crise Econômica de 2009 etc.) 
Os economistas clássicos afirmavam que o livre comércio eleva o padrão de vida 
mundial em função do aumento da produção. Adam Smith era o grande ícone desta 
turma. Porém, o que se observou na história (e se vê ainda nos dias atuais) foi que 
os países agem de acordo com seus interesses, ou seja, pregam a liberação 
comercial apenas quando esta lhes seja favorável. 
Na prática, quando um país A fala em livre-cambismo é porque está interessado 
em que os outros países (B, C, D,...) abram seus mercados para as mercadorias 
exportadas por ele (A). Por acaso vocês conhecem algum país que se encaixe no 
perfil do país A? Eu conheço. Chama-se Estados Unidos da América. 
 
1 Balanço de Pagamentos é um relatório emitido pelas autoridades monetárias nacionais (Banco Central), que evidencia e discrimina o total enviado e o total recebido 
do exterior em divisas (moeda estrangeira), relativamente a importações, exportações, financiamentos, juros, lucros, empréstimos etc. A Balança Comercial é um dos 
itens do Balanço de Pagamentos. Ela evidencia o total das importações e compara com o total das exportações do país. É muito comum esse item ser divulgado pela 
imprensa. Esse item tem sido cobrado na disciplina de Economia no concurso AFRFB. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
2
Na segunda metade do século XX, diversos países (inclusive o Brasil) tentaram 
incrementar seu parque industrial, por meio da implantação de um sistema de 
restrições às importações para viabilizar o processo de industrialização e 
crescimento. Em suma, um sistema protecionista. 
Outras nações, como EUA, Inglaterra e França, já possuíam indústrias maduras e 
potencial exportador bem mais avançados nessa época. Mas estes (os países 
desenvolvidos) também se utilizaram desta política de restrições às importações, 
protegendo suas indústrias nascentes e seus empregos, com o objetivo de atingir o 
crescimento econômico. Na verdade, os EUA sempre foram muito protecionistas 
com relação a sua agricultura. Por outro lado, em franco crescimento, aparecem os 
blocos econômicos de integração entre nações (NAFTA, União Européia, Mercosul 
etc.), que objetivam a liberação e o crescimento do volume de trocas entre países, 
por meio da redução de boa parcela destes entraves ao comércio. 
Vejamos as características principais destas duas políticas comerciais (livre-
cambismo e protecionismo), conferindo suas vantagens e desvantagens. 
LIVRE-CAMBISMO 
O termo "livre-cambismo" se refere a um pensamento econômico no qual os 
governos devem eliminar todo e qualquer entrave ao comércio internacional. Essa é 
a essência do pensamento. É o que seria o livre-cambismo puro (ou teórico). Na 
prática, sabemos que isso não existe, pois os governos, amparados ou não pelas 
regras da OMC, mesmo se dizendo liberais economicamente, sempre intervêm no 
comércio exterior impondo algum tipo de restrição ou proteção. Vide o caso dos 
EUA. 
O aumento do volume de comércio, e consequentemente da burguesia, exigia a 
menor intervenção estatal possível para que os comerciantes pudessem executar 
suas atividades sem burocracia e sem impedimentos. Isso aplicado ao comércio 
internacional implica queda de barreiras, ou livre comércio. Os economistas 
clássicos sempre seguiram nessa linha, ou seja, a de que “o livre comércio levará 
ao crescimento econômico”. Seu defensor mais ilustre foi Adam Smith, que pregava 
em seu livro A Riqueza das Nações que, “o indivíduo, ao procurar o seu próprio 
interesse (lucro), também estaria promovendo o interesse e o bem-estar da 
sociedade”. O que vocês acham disso? 
Ora, esse pensamento significa que seria melhor o Estado deixar a economia se 
regular por si só, ou seja, de acordo com o mercado, pois os empresários, ao 
criarem seus negócios (empresas), com o objetivo de geração de lucro, iriam, 
naturalmente, gerar empregos, o que por sua vez aumentaria a renda dos 
trabalhadores, que poderiam consumir produtos fabricados pelas indústrias de 
outros países, a preços mínimos, e assim a coisa caminharia, num ciclo de geração 
de renda, sem intervenção estatal, rumo ao crescimento, elevando o bem-estar da 
sociedade como um todo. Tudo muito bonito, não é mesmo? 
Veremos que na contramão desse pensamento havia os ideais protecionistas. 
Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas2, por meio da qual os países 
deveriam se especializar na produção daqueles bens em que fossem mais 
eficientes. Essa maior eficiência na produção de determinados bens poderia ocorrer 
em função de aspectos como recursos naturais (ex: o solo e o clima da França são 
favoráveis à produção de vinho), capital ou recursos humanos. 
Essa teoria justifica a abertura comercial dos países. 
 
2 Esse assunto não consta mais no programa do concurso AFRFB explicitamente, mas entendemos que 
sua compreensão superficial seja importante para a prova. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
3
Assim, suponha que o Brasil produza sapatos de forma mais eficiente que o 
Japão, conseguindo colocá-los a preços menores no mercado internacional. O 
Japão, por sua vez, fabrica televisores com muito mais eficiência que os brasileiros, 
e por esse motivo suas TVs são vendidas a preços bem menores e com qualidade 
superior. 
Na situação acima, segundo Smith, não valeria a pena o Brasil fabricar 
televisores. O melhor a fazer seriaconcentrar toda a mão-de-obra e o capital na 
produção dos bens onde se possua mais eficiência. Conseqüentemente, o Brasil 
fabricaria somente sapatos, e exportaria o excedente para o Japão, que fabricaria 
somente televisores, exportando o excedente para o Brasil. Esse é o modelo 2x2 
(duas nações, dois produtos). 
Isso aplicado em todos os países, somente com absoluta liberdade de 
movimentação de mercadorias, serviços e capitais de um país para o outro, faria 
com que os mesmos atingissem um nível ótimo de bem-estar, já que o mundo teria 
se transformado em um único mercado, onde os bens são negociados a preços 
mínimos, independentemente do país onde sejam produzidos. 
Porém, como vocês devem ter percebido, tal teoria estava um pouco afastada da 
realidade. Posteriormente, a mesma foi aprimorada por Ricardo, que criou a Teoria 
das Vantagens Relativas (ou Comparativas), onde provou que, mesmo um país (A) 
sendo mais eficiente na produção dos dois produtos, ainda assim valeria a pena 
comercializar com o exterior (país B), devendo o país A se especializar na produção 
do bem em que fosse mais eficiente. Por outro lado, o país B, menos eficiente na 
produção dos dois produtos, deveria se especializar na fabricação daquele em que 
fosse menos ineficiente. 
Essas teorias levam as nações a uma especialização da produção, ou a uma 
divisão internacional do trabalho, e dependem totalmente da liberação comercial 
para serem postas em prática. Isso quer dizer que, segundo os clássicos, a 
imposição de barreiras poderia prejudicar a alocação ótima dos recursos de 
produção, e possivelmente geraria um custo muito grande para o país, por manter 
uma indústria ineficiente funcionando, como seria o caso, em nosso exemplo 
hipotético, da fabricação de televisores no Brasil e de sapatos no Japão. 
A grande vantagem disso tudo é que a especialização da produção possibilitaria 
ao país produzir em larga escala (ganhos de escala), ou seja, com os mesmos 
custos fixos produzir mais unidades. Isso aumentaria a oferta da produção, fazendo 
com que o preço final do produto ficasse reduzido. Para o consumidor, certamente 
é a melhor opção, pois permite a possibilidade de escolha no mercado 
internacional, caso o produto nacional seja ruim e/ou caro. 
O livre-cambismo é, portanto, uma política comercial baseada na livre 
concorrência, na desregulamentação das atividades de comércio exterior (não 
intervenção estatal), na especialização internacional na produção. Todos esses 
fatores levariam ainda, segundo seus defensores, a uma maior solidariedade entre 
as nações. Que beleza.... 
Diversas vantagens são apontadas pelos defensores do livre-cambismo, tais 
como (isso cai muito em prova): 
a) Aumento da competitividade e, conseqüentemente, da qualidade das 
mercadorias fabricadas pelos produtores-exportadores; 
b) Exportações a preços mínimos com vantagens comparativas; 
c) Geração de emprego e renda nos países em desenvolvimento; 
d) Menores gastos com importações, melhorando a situação da Balança 
Comercial do país; 
e) Distribuição ótima dos fatores de produção. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
4
 
Fatores de produção são terra, trabalho (mão-de-obra), capital, tecnologia etc. 
Ex: se o Brasil é bom (eficiente) na fabricação de sapatos, mas não é bom 
(ineficiente) na fabricação de vinhos, é melhor ele distribuir seus recursos (fatores) 
de produção para fabricar sapato. Os trabalhadores brasileiros sabem fazer melhor 
sapato do que vinho (por hipótese), portanto a alocação ótima dos recursos 
produtivos brasileiros seria na produção de sapatos. Assim, deixaríamos o vinho 
para importar dos argentinos ou dos chilenos. Se deslocássemos uma parte da 
terra, da mão-de-obra e do capital também para fabricar vinho, estaríamos com 
uma distribuição ineficiente dos recursos produtivos. Essa é a essência da teoria 
das vantagens absolutas (Smith). 
No sistema livre-cambista, o Estado não interfere diretamente nas atividades 
econômicas, ficando seu papel restrito a tarefas como: 
a) Manutenção da soberania nacional; 
b) Preservação da justiça; 
c) Manutenção da lei e da ordem; 
d) Complementação das atividades (produção, importação, exportação) 
onde não houvesse interesse do setor privado; 
e) Redução das barreiras relativas ao comércio exterior. 
 
Veja algumas perguntas postadas em curso anterior: 
Pergunta: “Olá professor, estou com uma dúvida quanto às vantagens que são 
apontadas pelos defensores do livre-cambismo: Como ocorre o aumento da 
competitividade se cada país se especializa em um produto que é mais eficiente? 
Isso não quer dizer que só ele produzirá?” 
 
 Resposta: “O livre-cambismo é caracterizado pela eliminação (ou tentativa de 
eliminação) de barreiras ao comércio entre os países. Assim, o produtor nacional 
sofrerá a concorrência dos produtos importados, pois o governo não poderia impor, 
indiscriminadamente, barreiras às importações dos similares estrangeiros. Isso 
acontecia no Brasil com os carros, com setor de informática, até mais ou menos a 
década de 1990. 
Com a abertura comercial, aumentou a concorrência. As empresas brasileiras 
tiveram que se modernizar para concorrer com os produtos importados. 
A teoria das vantagens absolutas utiliza um modelo 2x2 (dois produtos, dois 
países) para explicar o contexto geral. Não significa que, na prática, uma só 
empresa funcionará em cada setor, afinal, a concorrência (quando leal) é saudável 
para tornar as indústrias mais eficientes e os produtos com mais qualidade. 
Ats. Missagia” 
 
Pergunta: “Professor sobre o livre cambismo não entendi sobre as vantagens 
apontadas na aula a que diz respeito sobre 'menores gastos com importações, 
melhorando a situação da BP'. Como haveria menos gastos com importações sendo 
que o mercado esta aberto e cada pais esta especializado em algo gerando então 
maiores trocas ou seja tanto importação quanto exportação?” 
 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
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Resposta: “Os menores gastos com importações surgiriam como uma 
consequência da competitividade e desenvolvimento da produção interna (outros 
aspectos ligados ao livre-cambismo). Com o produto nacional ficando mais 
competitivo e de melhor qualidade, o consumidor tenderia a comprar mais do 
nacional e menos do estrangeiro. É isso. 
Ats. Missagia” 
 
............ 
 
Por outro lado, diziam os opositores do livre-cambismo que essas oportunidades 
comerciais não são apresentadas para os países subdesenvolvidos ou em 
desenvolvimento. Isso quer dizer que os países com perfil de produção agrícola 
teriam de se especializar somente na produção de bens primários para exportá-los. 
Como o mercado consumidor desse tipo de bem não é crescente, a tendência é que 
esses países se tornem eternos produtores rurais, exportando produtos a preços 
baixos no mercado internacional, e pagando salários cada vez menores. 
EM 1959, no âmbito da Comissão Econômica da ONU para a América Latina 
(CEPAL), o economista argentino Raul Prebisch levantou esse problema, e criou 
uma teoria chamada de Deterioração dos Termos Internacionais de Troca. Segundo 
essa teoria, esses países (produtores agrícolas) só tinham a perder com o modelo 
do livre-cambismo e com a divisão internacional do trabalho. 
Isso porque a demanda pelos produtos primários (produzidos e oferecidos pelos 
países em desenvolvimento) não se estica tanto quanto a procura por produtos 
industrializados (oferecidos pelos países industrializados), quando ocorre aumento 
na renda do consumidor, ou seja, possui baixa elasticidade-renda da demanda. 
Nessa situação, satisfeitas as condições básicas de sobrevivência (alimentação, 
moradia e vestuário), aprocura por alimentos não sofrerá grandes variações a 
partir de então. Por outro lado, a procura por bens mais sofisticados, de alto valor 
agregado, oferecidos pelos países desenvolvidos, será tanto maior quanto maior a 
renda do consumidor. 
Vamos ver um exemplo hipotético: você ganha salário mínimo no Brasil 
(coitado....). Como sabemos, sua renda mal dá pra comer e morar. Aliás, não dá 
nem pra isso. No máximo você consegue pôr arroz e feijão na mesa para sua 
família, mas não todos os dias. Aí finalmente você consegue um emprego um pouco 
melhor e passa a incluir no cardápio carnes, legumes, verduras e frutas. Depois 
você consegue outro emprego ainda melhor, que lhe permite pagar plano de saúde 
e alugar uma casa melhor. Depois você é promovido, e seu salário já dá pra pagar 
um colégio particular para os filhos e pra comprar um carrinho velho. Se o salário 
aumentar, você pode querer comprar um carro melhor, DVD, home-theater, 
computador etc. Se aumentar mais ainda, você vai querer um outro carro e trocar 
seus aparelhos eletrônicos por outros melhores, além de comprar novos video-
games para seu filho, e assim por diante. 
E o arroz com feijão? Por que o indivíduo, quando teve aumento de salário, não 
comprou mais e mais arroz e feijão? Porque ele não precisava mais disso. A comida 
é uma necessidade básica do ser humano. Porém, quando atendida essa 
necessidade, você não vai querer ficar comprando mais e mais comida. Chega um 
momento em que essa demanda estaciona. Já o consumo de bens mais elaborados 
(eletrônicos, por exemplo) não tem limite. Se a renda do indivíduo aumentar, ele 
vai querer carros melhores, novos computadores, MP3 players, DVDs, IPhone, 
Smartphone etc. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
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Vejam outro fato que contribuiu para reduzir ainda mais a demanda mundial 
pelas matérias-primas exportadas pelos países subdesenvolvidos. Quando se 
desenvolve um novo produto sintético nos países desenvolvidos, o mercado fica 
ainda pior para os países exportadores de produtos básicos. Ora, se o Brasil 
exporta algodão, por exemplo, para fabricação de roupas, a descoberta de fios 
sintéticos (poliéster, nylon, poliamida etc.) certamente teria impacto negativo nas 
nossas exportações. 
Prebisch defendeu então que esses países deveriam se industrializar, pois a 
riqueza só seria distribuída com a exportação de bens industrializados. Exportar 
produtos primários não estava com nada. Foi implantado na região (América 
Latina), em conseqüência dessa tese, o modelo de substituição das 
importações, utilizado com certo sucesso, até a década de 70/80. Trata-se de um 
modelo protecionista, onde basicamente os países limitavam as importações que 
pudessem concorrer com os produtos fabricados por suas indústrias incipientes. 
No mesmo contexto, para não ter de concorrer diretamente com as economias 
avançadas (EUA, Inglaterra, França etc.), surgiu a idéia de integrar o continente em 
uma só região econômica, sem barreiras na comercialização de bens entre as 
partes, que procurariam desenvolver suas indústrias de forma complementar, e não 
concorrente. Por outro lado, para que essas indústrias pudessem sobreviver em 
suas fases iniciais de implantação, sistemas de proteção seriam aplicados às 
importações de países de fora do bloco. Surgia a ALALC (Associação Latino-
Americana de Livre Comércio), em 1960, que não logrou sucesso, e veio a ser 
substituída pela ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) em 1980. 
Resumidamente, a ALALC objetivava ser uma zona de livre comércio, onde não 
há restrições à movimentação de mercadorias e serviços de um país para o outro. 
Não deu certo basicamente porque a época (anos 60 e 70) era de grande 
instabilidade política na região (ditaduras nacionalistas) e os principais países 
(Brasil e Argentina) não estavam dispostos a abrir mão de possuir alguma indústria 
para importar do vizinho. Aí não há bloco econômico que vá adiante. Já a ALADI 
iniciou com objetivo mais brando no curto prazo, qual seja, a instalação de zonas 
preferenciais na região, contemplando reduções tarifárias para listas de produtos 
negociados. A ALADI vigora até hoje. 
Voltando à CEPAL, podemos dizer que Raul Prebisch levantou a voz em favor dos 
países em desenvolvimento da América Latina exatamente em uma das reuniões da 
Comissão, que consiste em uma espécie de grupo criado para discutir problemas 
relacionados aos países que vivem ao sul dos Estados Unidos. Como se chegou à 
conclusão de que o comércio livre não estava resolvendo os problemas destes 
países, a solução proposta foi instituir o modelo de "substituição das importações" 
na região, e um bloco econômico onde as indústrias seriam complementares e as 
mercadorias circulariam livremente entre esses países, da América Latina. Daí 
surgiu a ALALC. Com relação ao comércio com terceiros países seriam impostas 
barreiras. Não deram certo nem o sistema de substituição de importações nem a 
ALALC. 
Talvez o principal argumento contra os livre-cambistas fosse de que a queda de 
todas as barreiras ao comércio beneficiaria, de imediato, apenas os países cujas 
indústrias já se encontrassem em estágios avançados (as indústrias maduras). Essa 
tese foi criada por Frederich List, economista alemão, exatamente para justificar a 
proteção às indústrias nascentes da Alemanha no século XIX, por meio da 
imposição de barreiras às importações, para que estas não tivessem que concorrer 
com as já maduras indústrias inglesas. 
Segundo List, o processo de industrialização de um país possui cinco etapas. 
Segundo ele, à época, Inglaterra e França já estariam na etapa final de 
desenvolvimento industrial, e a Alemanha não. Para atingir a fase mais avançada 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
7
de industrialização, a única maneira seria protegendo suas indústrias nas etapas 
inicias, ou seja, enquanto o país não possuísse indústrias maduras em determinado 
setor, para que se alcance o desenvolvimento industrial pleno, seria imperioso 
impor tarifas às importações de produtos concorrentes. 
Essa seria a única maneira de as indústrias jovens conseguirem sobreviver. É o 
que se chama de proteção às indústrias nascentes. Esse tipo de barreira está 
previsto na Organização Mundial do Comércio (OMC), desde o GATT/47, sob certas 
condições, e por prazo suficiente para que a indústria se estabeleça. 
Os opositores afirmavam também que o livre-cambismo, até como conseqüência 
do que já foi dito, concentraria a renda na mão dos mais ricos, ou seja, não 
propiciaria a tão sonhada distribuição de renda. Os países que não conseguissem 
gerar exportadores competitivos teriam problemas com sua balança comercial. 
Essa concentração de renda para grandes empresas poderia levar ao que se 
chama de desvios do comércio (subsídios, trustes, cartéis, dumping). Vale 
lembrar que o GATT/OMC possui um Acordo sobre a aplicação de direitos 
antidumping. 
PROTECIONISMO 
O temor gerado pelos possíveis efeitos negativos que o livre-cambismo puro 
poderia trazer para suas economias levou alguns países a se desenvolveram 
adotando, invariavelmente, alguma forma de proteção a seus mercados. 
No sistema protecionista puro, o Estado controla toda a atividade produtiva, a 
promoção das exportações, a entrada de produtos estrangeiros no mercado 
nacional, as barreiras impostas para proteger as indústrias nacionais, enfim, regula 
o mercado com o objetivo de levar o país ao desenvolvimento econômico. Também 
é um sistema que, nos dias atuais, não teria como dar certo. 
Vimos que a CEPAL defendeu a adoção de um modelo protecionista como forma 
de sobrevivência do parque industrial das economias da América Latina, regime que 
funcionou até osanos 80, quando se iniciaram os processos de abertura econômica 
na região. Era o modelo de substituição das importações, implantado em parte 
no Brasil, já que possuíamos um sistema híbrido, também voltado para as 
exportações. 
O mecanismo de proteção às indústrias nacionais por parte dos governos se dá 
por meio de barreiras ao comércio internacional. Essas imposições 
governamentais dificultam aos exportadores penetrar no mercado nacional em 
igualdade de condições com o fabricante doméstico, reservando o consumidor 
nacional para o produtor local, que com isso não sofre concorrência externa e pode 
cobrar preços mais elevados dos consumidores. Por esse motivo, o protecionismo é 
considerado uma política discriminatória, pois, com o objetivo de alcançar o 
crescimento, o governo coloca as indústrias nacionais em uma situação privilegiada 
em relação aos produtores estrangeiros, distorcendo a concorrência. 
Os protecionistas defendiam então que o desenvolvimento econômico viria com o 
crescimento das indústrias nacionais e conseqüentemente da renda. Haveria 
melhoria no balanço de pagamentos, em virtude da queda das importações. O 
crescimento da produção local também tenderia a gerar mais empregos para o país 
que impusesse a barreira. 
Uma das conseqüências ruins do protecionismo seria o aumento de preços no 
mercado interno, considerando a falta de concorrência estrangeira. A reboque 
desse aspecto, viria a redução da poupança, da renda e dos investimentos. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
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Como conseqüência natural, a indústria nacional tenderia a se tornar ineficiente, 
reduzindo o nível do emprego, abrindo assim caminho para o surgimento e 
monopólios e de oligopólios. 
Considerando esse quadro, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT/47), 
celebrado em 1947 para impulsionar o comércio mundial após a 2ª Guerra Mundial, 
pregou o livre-cambismo como regra geral, estabelecendo, porém, diversas 
situações (exceções) onde os países poderiam impor medidas protecionistas 
(barreiras), sob as mais diversas justificativas. O Acordo do GATT é estudado por 
completo em outro ponto do curso, com todas essas exceções, mas vamos resumir 
algumas dessas justificativas para imposição de barreiras. 
Dentre as justificativas para a imposição de barreiras ao comércio estão: 
a) segurança nacional; 
b) proteção às indústrias nascentes; 
c) melhoria do balanço de pagamentos; 
d) razões políticas; 
e) defesa comercial; 
f) redução do desemprego; 
g) melhoria dos termos de troca (substituição das importações). 
 
O GATT, à época de sua criação, estabeleceu diversas situações onde um país 
poderia impor barreiras às suas importações, ou seja, utilizar uma política 
protecionista. São as exceções ao sistema de livre comércio. Por hora vamos 
comentar algumas dessas situações. 
Um país poderá impor restrições ao comércio de artigos considerados essenciais 
à segurança nacional, como é o caso de material bélico e de outros produtos 
negociados em tempos de guerra. Também é considerada de questão nacional a 
escassez de alimentos, quando se permite a imposição de restrições à exportação. 
Por questões de sobrevivência e abastecimento, a agricultura local deve ser 
incentivada, mesmo que mais ineficiente que a do concorrente estrangeiro. Sobre 
produtos alimentícios, o GATT previu ainda a imposição de barreiras à importação 
ou à exportação necessárias para a aplicação de normas, regulamentos, 
classificação, controle de qualidade ou comercialização de produtos destinados ao 
comércio internacional. 
Esse dispositivo vem sendo interpretado de forma distorcida pelos países, 
propositalmente, permitindo a adoção de exigências muitas vezes impossíveis de 
serem atingidas pelo exportador, que na realidade encobertam uma forma de 
proteção à indústria nacional. É o caso dos produtores agrícolas da União Européia, 
que, com o objetivo de proteção ao seu mercado doméstico, fazem de tudo para 
impedir a importação de produtos concorrentes. Para isso alegam que os mesmos 
não se enquadram em normas técnicas exigidas por autoridades destes países. Por 
esse motivo, a OMC procura estabelecer regras para a imposição desse (e de 
qualquer outro) tipo de exigência, para que não se transforme em uma barreira 
comercial com fins de proteção ao mercado doméstico, a chamada barreira técnica. 
Para este fim a OMC possui o Acordo de Barreiras Técnicas (TBT). 
A justificava de imposição de barreiras para proteção às indústrias nascentes de 
um país já foi comentada quando falamos sobre os estágios do desenvolvimento 
industrial de um país, estabelecidos pelo alemão Friderich List. A OMC permite a 
adoção de barreiras às importações de mercadorias de determinado setor quando o 
país importador está apenas começando seu parque industrial naquele setor. 
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Reparem. Não estamos falando de criação de firmas (empresas), mas sim de um 
ramo industrial. Assim, por exemplo, caso um país não possua indústria automotiva 
e comece a criar essa indústria, por meio da instalação de fábricas, poderia impor 
barreiras às importações de veículos, somente enquanto permanecesse nesse 
estágio de desenvolvimento. 
Outra justificativa (prevista no GATT) é a imposição de barreiras comerciais com 
o objetivo de ajustar o saldo deficitário do balanço de pagamentos. Esta situação 
ocorre quando o país importa mais do que exporta e, conseqüentemente, registra 
mais saída de divisas do que entrada. Com a imposição de barreiras às 
importações, o país espera deslocar recursos de sua atividade mais eficiente para a 
menos eficiente. Ora, esse pensamento vai na contramão da Teoria das Vantagens 
Comparativas, pois o país estará investindo em uma indústria não eficiente, ao 
invés de comprar no exterior, onde o produto sai mais barato, e direcionar seus 
recursos para o setor mais produtivo. Em um primeiro instante, se atingirá a 
redução das importações. Porém, em uma segunda etapa, não se terá o benefício 
desejado, conforme as explicações acima. Muitos recursos estarão sendo gastos 
com uma atividade ineficiente. 
Assim, digamos, o GATT entende que esse tipo de justificativa não pode 
perdurar a vida inteira. Se um país está com problemas crônicos em seu Balanço de 
Pagamentos, deve procurar investir em infra-estrutura, recursos humanos, 
tecnologia etc., para que também possa auferir ganhos com o comércio 
naturalmente, e não impondo barreiras às exportações dos demais países. O GATT, 
assim como o FMI (Fundo Monetário Internacional), prevê situações nas quais um 
déficit crônico no Balanço de Pagamentos do país pode ser corrigido por meio da 
imposição de barreiras. 
Uma das justificativas para a imposição de restrições comerciais mais discutidas 
na OMC é a proteção contra as chamadas práticas desleais de comércio (dumping e 
subsídios). Nesse ponto, nos limitaremos a chamar a atenção ao fato de que, se um 
país pratica dumping (exportação a preços menores que o praticado nas vendas 
internas) ou subsídios (fornecimento de auxílio financeiro governamental a 
empresas), causando algum tipo de dano às indústrias domésticas do país do 
importador, este (o país importador) poderá adotar medidas restritivas 
(protecionistas) para combater a atitude desleal da outra parte. A OMC possui 
acordos nesse sentido, que prevêem a adoção de medidas antidumping (para 
combater o dumping), compensatórias (para combater os subsídios) e de 
salvaguarda (para cortar os efeitos de aumento substancial de importações de 
determinada mercadoria). A aplicação dessas medidas é um ato protecionista, 
porém há um rito definido pelos Acordos da OMC para que um país possa introduzir 
uma barreira comoessa às suas importações. 
 
POLÍTICAS COMERCIAIS NA HISTÓRIA RECENTE 
Até o século XVIII, a política econômica dos grandes países era 
fundamentalmente baseada no mercantilismo. Tratava-se de uma orientação 
político-econômica onde a única forma possível de crescimento era a acumulação 
de moedas preciosas (ouro e prata). Além das minas existentes nas metrópoles e 
nas colônias, a outra forma de gerar essa acumulação seria exportando mais do 
que importando. Era o protecionismo comercial a qualquer custo. 
Apesar do pensamento liberal de Adam Smith ter suplantado o mercantilismo, 
diversos foram os países que se utilizaram de políticas protecionistas para se 
desenvolverem, não mais com o argumento da acumulação de ouro e prata, mas 
com as justificativas analisadas no tópico anterior. 
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10
Os Estados Unidos, mesmo sendo uma nação de extensões territoriais e solo 
favoráveis à agricultura, impôs barreiras pesadas às importações com o objetivo de 
desenvolver suas indústrias no século XVIII. 
A Alemanha, por estar em situação desfavorável na Europa com relação a 
Inglaterra e França no século XIX, fez o mesmo, amparado pelo estudo de F. List, 
que determinava que os países em estágios menos avançados de industrialização 
somente atingiriam novos degraus se adotassem algum tipo de proteção às suas 
indústrias nascentes. 
O Japão e a extinta União Soviética também se desenvolveram limitando a 
liberdade comercial. 
Percebe-se que, para atingir o patamar de desenvolvimento das atuais potências 
industriais, por algum período de tempo na história, invariavelmente se fez 
necessária a adoção de sistemas protecionistas nos momentos iniciais de 
implantação do parque industrial. 
Isso não vai na contramão das tendências do comércio mundial. Após a 2ª 
Guerra Mundial, para reduzir a tendência protecionista dos países que tentavam se 
recuperar e se industrializar, foi assinado o GATT (Acordo Geral de Tarifas e 
Comércio), cujo centro nervoso era a liberdade nas transações comerciais entre 
países e a regulação das medidas de exceção. Assim, o GATT (e posteriormente a 
OMC) determinava quando, como, porque e por quanto tempo poderia ser imposta 
uma restrição ao comércio por parte de algum país signatário. 
Após a consolidação da OMC e a regulação e limitação do montante das barreiras 
tarifárias (imposto de importação), os países passaram a procurar brechas nos 
textos do Acordo, onde regras de exceção estabelecem a imposição de medidas 
restritivas às importações por outros motivos (medidas sanitárias, fitossanitárias, 
de segurança etc.). 
Nesse sentido, começaram a se utilizar de barreiras com esses argumentos, com 
o objetivo de acobertar o real interesse das nações, qual seja, a proteção a setores 
específicos da economia, como é o caso da agricultura americana e européia. Esse 
é o protecionismo moderno, quando, por exemplo, uma nação determina que 
não pode permitir a importação de um tipo de fruta porque esta não se enquadra 
nas normas técnicas daquele país. 
------------------------- x--------------------- 
Veja pergunta de curso anterior: 
Pergunta: “Prof. Poderia dar uma breve explicação sobre a diferença entre 
crescimento e desenvolvimento econômico?” 
Resposta: “Sinceramente, para a nossa disciplina não vejo muita diferença 
entre os dois termos. Há diversas definições sobre ambos na literatura. Se você for 
buscar nos livros de economia, encontrará algo como PIB ligado ao crescimento 
econômico, e, por outro lado, melhoria do bem-estar, do padrão de vida etc. da 
população em relação ao desenvolvimento econômico. Mas são aspectos muito 
resumidos. Pra ter uma informação melhor sobre o tema, sugeriria uma consulta ao 
professor de economia, se achar necessário. 
Ats. Missagia” 
 
............ 
RESUMO 
 
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1) Política comercial ou política econômica externa de um país é a forma 
como este regula as transações comerciais entre empresas situadas no 
país com empresas situadas no exterior. Consiste em incentivar ou 
restringir as atividades de importação e de exportação. 
2) Livre-cambismo é a política econômica na qual o governo não deve intervir 
nas negociações privadas, se limitando a atividades como manutenção da 
ordem e da segurança, da soberania nacional e complementação das 
atividades privadas onde não houver interesse empresarial. Importações e 
exportações não sofrem quaisquer restrições por parte dos países. 
3) Dentre as vantagens do livre-cambismo estão a livre iniciativa, a 
desregulamentação, a livre concorrência, preços mínimos e possibilidade 
de escolha para o consumidor. 
4) Adam Smith foi o grande defensor do livre-cambismo, tendo criado a 
Teoria das Vantagens Absolutas. Por meio dessa, cada país deveria se 
especializar na produção daquilo que fosse mais eficiente, se tornando um 
exportador desse produto, além de abandonar suas indústrias ineficientes 
para adquirir a preços mais baratos no exterior (importar) os produtos que 
deixasse de fabricar. A conseqüência disso é uma divisão internacional do 
trabalho (especialização da produção). 
5) Protecionismo econômico é a doutrina que sustenta que o livre-cambismo 
não tem condições de levar ao crescimento econômico, sendo necessária a 
imposição de barreiras para se atingir o desenvolvimento. Os defensores 
do protecionismo alegam que o livre-cambismo só tem efeitos para os 
países que possuem indústrias maduras. 
6) Há diversos argumentos protecionistas, sendo que alguns deles viraram 
regras de exceção no GATT para imposição de barreiras, tais como: 
segurança nacional, proteção de indústria nascente, defesa comercial 
contra práticas desleais e melhoria do balanço de pagamentos. 
7) Problemas que podem ser gerados pelo protecionismo: indústria nacional 
ineficiente com preços altos, tomando renda da população, limitação da 
oferta ao consumidor, formação de monopólios e oligopólios. 
8) Não há uma regra sobre a definição de qual o melhor sistema, 
protecionista ou livre-cambista. A proteção total é absurda, mas a história 
mostra que as grandes potências industriais utilizaram alguma forma de 
proteção para desenvolver suas indústrias nascentes. Isso quer dizer que o 
livre-cambismo puro (ideal) também é algo utópico. 
 
 
 
 
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 EXERCÍCIOS COMENTADOS 
1. (AFTN/96): O livre-cambismo é uma doutrina de comércio que parte do 
pressuposto de que a natureza desigual dos países e regiões torna a especialização 
uma necessidade, sendo o comércio o meio pelo qual todos os participantes obtêm 
vantagens dessa especialização. Cada país deveria especializar-se na produção de 
bens onde consegue maior eficiência, trocando o excedente por outros bens que 
outros países produzem com mais eficiência. O principal argumento contra o livre-
cambismo, desde o século XIX (A. Hamilton e F.List), se concentra na idéia de que: 
a) O livre-cambismo é incapaz de promover a justiça social; 
b) No livre-cambismo, somente se beneficiam do comércio os países que 
apresentam uma pauta de exportações onde a maioria dos produtos possui 
demanda inelástica. Quando isso não ocorre, a concorrência é predatória; 
c) O livre-cambismo é bom para os países de economia madura, mas os países 
com indústrias nascentes necessitam de alguma forma de proteção; 
d) O livre-cambismo atende apenas aos interesses dos grandes exportadores, 
que usam a liberdade econômica para estabelecer monopólios e cartéis; 
e) Na verdade não existe livre-cambismo na prática. Todos os paísessão 
protecionistas em razão da intervenção do Estado. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
Até o século XVIII, a maioria dos países acreditava que a melhor forma de 
proporcionar o crescimento econômico seria por meio do aumento das exportações, 
a qualquer custo, e a restrição das importações, gerando, dessa forma, uma 
acumulação de riqueza nas nações. Assim, os países procuravam produzir 
internamente as mercadorias em substituição às importações, mesmo que essa 
produção fosse a um custo bem maior do que a compra no exterior. Era o 
mercantilismo, que visava apenas a acumulação de ouro e prata, com um forte 
cunho protecionista e intervenção estatal na economia. 
Em oposição a esse pensamento, Adam Smith pregava, em seu livro a Riqueza 
das Nações, que “o indivíduo, ao procurar o seu próprio interesse (lucro), também 
estaria promovendo o interesse e o bem-estar da sociedade”. Isso significou uma 
completa inversão na direção do pensamento econômico, ou seja, o Estado não 
deveria mais intervir na economia, nem no comércio exterior. Os países deveriam 
se especializar na produção daquilo em que fossem melhores, para produzir 
maiores quantidades a preços menores. Surgia a especialização da produção, e o 
Estado não deveria intervir nas relações privadas, deixando o fluxo do comércio 
internacional a cargo do mercado. 
Dentre as correntes contrárias ao livre-cambismo (List e Hamilton), destacou-se 
o argumento de que, sem a devida proteção às indústrias nascentes, os países em 
desenvolvimento não conseguiriam se estabelecer no mercado internacional, pois 
os grandes concorrentes, com seus preços inferiores, sempre venceriam a disputa 
com os produtores jovens. Argumentava-se que toda indústria nascente necessita 
de alguma forma de proteção para se estabelecer no mercado. 
Vamos às alternativas: 
(a) (ERRADA) Dizer que o livre-cambismo era incapaz de produzir a justiça social 
até poderia ser dito pelas correntes contrárias ao pensamento, mas isso nem o 
protecionismo era capaz de garantir. Os pensamentos eram econômicos, e não de 
cunho social. Assim, esse jamais foi o principal argumento contra o livre-cambismo. 
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(b) (ERRADA) A demanda inelástica é aquela que não se altera (ou se altera 
pouco) conforme o preço do produto, dada a essencialidade do mesmo, ou a falta 
de concorrência. É o caso dos produtos agrícolas exportados pelos países em 
desenvolvimento, pois a procura por esses produtos não sofre grandes variações, 
nem mesmo em função da renda do consumidor. Na verdade, quem se beneficia 
mais do livre-cambismo são os países que exportam produtos com demanda 
elástica da renda (aumenta com o aumento da renda), como é o caso dos países 
exportadores de produtos industrializados. 
(c) (CORRETA) Os países cujos produtores-exportadores já se estabeleceram no 
comércio internacional (indústrias maduras) se beneficiam mais do livre-cambismo, 
pois têm condições de enfrentar a concorrência com preços reduzidos. Já as 
indústrias nascentes podem quebrar se tiverem de enfrentar, inicialmente, a 
concorrência internacional sem a devida proteção. 
(d) (ERRADA) De fato os grandes exportadores podem se beneficiar do livre-
cambismo, mas os pequenos que conseguirem penetração em mercados externos 
também podem obter benefícios com o comércio. Muito cuidado quando 
aparecerem palavras como “somente”, “apenas”, “nunca”, “jamais”, “sempre” e 
semelhantes nas alternativas. 
(e) (ERRADA) De fato alguma forma de intervenção estatal, mesmo que mínima, 
sempre haverá. Porém, este jamais foi um argumento contra o livre-cambismo, que 
era o que se perguntava na questão. 
Resposta: Letra C 
 
2. (AFRF/98) Não é verdadeiro, em relação ao Livre-Cambismo, que: 
a) Todas as moedas devem ser conversíveis em ouro. 
b) O governo deve remover todos os obstáculos legais para o funcionamento de 
um comércio livre. 
c) Existe uma divisão internacional do trabalho. 
d) O governo deve se limitar à manutenção da lei e da ordem. 
e) Existe uma especialização de funções, motivada pela distribuição desigual de 
recursos naturais ou por outros motivos. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
(a) (ERRADA) A conversão das moedas em ouro é característica de sistema 
monetário, no caso o sistema de Bretton Woods. O livre-cambismo é política 
comercial. 
(b) (CORRETA) A característica do livre-cambismo puro é essa mesma, qual 
seja, a remoção de barreiras ao comércio, apesar de sabermos que, na prática e na 
OMC, há exceções institucionais previstas para a imposição de barreiras em 
situações específicas. 
(c) (CORRETA) As teorias das vantagens absolutas e comparativas 
determinavam que os países deveriam se especializar na produção dos artigos nos 
quais fossem mais eficientes, levando assim à divisão internacional do trabalho. 
(d) (CORRETA) No livre-cambismo o governo não deve interferir na economia, 
deixando-a ao sabor do mercado. Suas atribuições seriam somente as típicas de 
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Estado, como a manutenção da lei, da ordem, da justiça e a atuação (como agente) 
no mercado somente nas atividades onde inexistir o interesse privado. 
(e) (CORRETA) Os países divergem em recursos naturais, humanos e de capital. 
Uns têm terra boa para plantio de uva, outros de soja, outros detêm tecnologia 
para produção de eletrônicos, e assim por diante. Esse é o motivo, segundo as 
teorias das vantagens absolutas e comparativas, para que cada um se especialize 
naquilo que conseguir produzir com mais eficiência. 
 
Resposta: Letra A 
 
3. (AFRF/98) Indique a opção que não está relacionada com a prática do 
mercantilismo: 
a) O comércio exterior deve ser estimulado, pois um saldo positivo na balança 
fornece um estoque de metais preciosos. 
b) O princípio segundo o qual o Estado deve incrementar o bem-estar nacional. 
c) O conjunto de concepções que incluía o protecionismo, a atuação ativa do 
Estado e a busca de acumulação de metais preciosos, que foram aplicadas em toda 
a Europa homogeneamente no século XVII. 
d) A riqueza da economia depende do aumento da população e do volume de 
metais preciosos do país. 
e) Uma forte autoridade central é essencial para a expansão dos mercados e a 
proteção dos interesses comerciais. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
Essa questão foi realmente incrível. Com tantos assuntos mais modernos para 
serem exigidos, aparece uma questão sobre MERCANTILISMO na prova. Não há de 
ser nada. O mercantilismo consistia em um pensamento econômico onde o Estado 
assumia a responsabilidade por praticamente TUDO na vida da sociedade, atuando 
nas áreas política, econômica, social, financeira etc. 
No campo econômico, o objetivo era a obtenção, a qualquer custo, de saldo 
positivo na balança comercial, obtido com a imposição de barreiras comerciais, 
visando a acumulação de moedas preciosas. Entendia-se que esta seria a única 
forma de atingir o desenvolvimento. 
A única alternativa que não tem a ver com o que foi dito e contém uma parte 
incorreta é a letra c, pois afirma que os princípios mercantilistas foram aplicados de 
forma homogênea na Europa do século XVII, o que não é verdade, pois os países 
se encontravam em estágios diferentes de desenvolvimento. 
Resposta: Letra C 
 
4. (AFRF/98) Entre as opções abaixo, indique aquela que não constitui 
argumento utilizado pelo protecionismo: 
a) É preciso manter as indústrias de um país em um nível tal que possam 
atender à demanda em caso de um corte de fornecimento externo devido a uma 
guerra. 
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15
b) O comércio e a indústriasão mais importantes para um país do que a 
agricultura e, portanto, devem ser submetidos a tarifas para evitar a concorrência 
com produtos estrangeiros. 
c) A adoção de tarifas favorece a criação de empresas nacionais. 
d) Quando há capacidade ociosa, as tarifas contribuem para aumentar o nível 
de atividade e de emprego, e, portanto, de renda de um dado país. 
e) As indústrias-chave da defesa nacional devem ser protegidas para evitar a 
ação de fornecedores estrangeiros. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
Reparem que as alternativas assinaladas como “correta” são aquelas que 
caracterizam argumentos utilizados pelos protecionistas. A resposta é a alternativa 
que não representa argumento a favor do protecionismo. 
 
(a) (CORRETA) A imposição de barreiras para manter indústrias e garantir o 
abastecimento em caso de corte de fornecimento externo é previsto como um das 
questões de segurança nacional. Esse corte pode ocorrer nos casos de guerra, por 
exemplo. 
(b) (ERRADA) Nenhum dos defensores do protecionismo declarou que comércio e 
indústria são mais importantes que a agricultura. Prebisch dizia que os países 
produtores agrícolas teriam perdas internacionais cada vez maiores com suas 
trocas em relação aos produtos industrializados que adquirissem. Por isso pregava 
a sua industrialização a qualquer custo. Digamos que ele defendeu que seria 
fundamental o país possuir indústrias para competir no mercado externo, mas não 
que estas fossem mais importantes do que a agricultura. De forma oposta, a 
agricultura é de fato tão importante para um país que o GATT previu a imposição 
de barreiras a importações de produtos agrícolas em algumas situações, pois a 
produção de alimentos é considerada estratégica para os países. 
(c) e (d) (CORRETAS) A imposição de tarifas fará, teoricamente, com que as 
indústrias se desenvolvam, gerando renda e emprego para o país que as impôs, a 
despeito dos efeitos negativos que essa tarifa possa causar. 
(e) (CORRETA) A proteção às indústrias-chave do país, como a indústria bélica 
ou a produção de alimentos, é considerada uma questão de segurança nacional, 
sendo por esse motivo um dos casos previstos de imposição de tarifas, inclusive no 
GATT/OMC. A afirmativa da letra A é uma conseqüência dessa previsão. 
 
Resposta: Letra B 
 
5. (AFRF/2000) Julgue as opções abaixo e assinale a correta: 
a) O livre-cambismo é uma doutrina de comércio estabelecida através de 
tarifas protecionistas, a subvenção de créditos, a adoção de câmbios diferenciados. 
b) O livre-cambismo só beneficia os países em desenvolvimento, que 
apresentam uma pauta de exportações onde a maioria dos produtos possui 
demanda inelástica. 
c) O livre-cambismo é uma doutrina pela qual o governo não provê a remoção 
dos obstáculos legais em relação ao comércio e aos preços. 
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d) O livre-cambismo defende a adoção de tarifas em situação de defesa 
nacional. 
e) O livre-cambismo rege que a livre troca de produtos no campo internacional, 
os quais seriam vendidos a preços mínimos, num regime de mercado, se 
aproximaria ao da livre concorrência perfeita. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
(a) (ERRADA) Tarifas protecionistas, subvenção de créditos (subsídios) e câmbio 
diferenciado são exatamente características de sistemas comerciais protecionistas, 
e não de livre-cambismo. O câmbio diferenciado pode ser aplicado sob mais de uma 
forma: pode ser uma taxa para importação e outra para exportação, ou utilizar 
uma taxa para produtos essenciais e outra para produtos supérfluos. É um 
instrumento de correção do déficit do BP (Balanço de Pagamentos) proibido pelo 
FMI e pela OMC. 
(b) (ERRADA) Se ao invés de “o livre-cambismo só beneficia os países em 
desenvolvimento...” constasse “o livre-cambismo normalmente não beneficia os 
países em desenvolvimento...”, estaria correta a assertiva, pois a pauta de 
exportações dos países em desenvolvimento em geral contempla uma maioria de 
produtos básicos. A demanda por esse tipo de bem (arroz, frango, laranja etc.) não 
aumenta na mesma proporção que a renda do consumidor, pois garantido o 
abastecimento essencial (roupa, comida, habitação), o consumidor que dispuser de 
excedente de renda não comprará mais comida ou outros produtos básicos, mas 
procurará bens mais sofisticados. Isso significa que a demanda por esses bens 
(básicos) é inelástica (varia pouco) em relação à renda do consumidor. 
(c) (ERRADA) É exatamente o oposto. O livre-cambismo prega a eliminação das 
barreiras ao comércio. 
(d) (ERRADA) Atenção !!! O livre-cambismo puro não prevê adoção de tarifas! É 
claro que isso é utópico, não existe. O argumento de proteção à indústria nacional, 
como o próprio nome diz, é um argumento protecionista, inclusive previsto na OMC. 
(e) (CORRETA) É a essência do sistema livre-cambista. Sem intervenção estatal 
na economia, os produtores se especializariam na fabricação/produção de bens nos 
quais fossem mais eficientes. O consumidor, por sua vez, poderia escolher o melhor 
produto entre o nacional e o importado, considerando qualidade e preço. Como não 
há tarifa, a competição entre produtores domésticos e estrangeiros seria 
equiparada, aproximando-se do regime de concorrência perfeita. 
 
 
Resposta: Letra E 
 
6. (AFRF/2000) Para explicar a relação entre comércio de produtos primários e 
industrializados, a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) apresentou 
uma série de estudos e propostas. Acerca da CEPAL pode-se fazer as seguintes 
afirmativas abaixo, exceto: 
a) A CEPAL teve um papel decisivo na criação da ALALC. 
b) Os países produtores de bens primários deveriam diversificar sua produção, 
deixando de ser produtores de monoculturas. 
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c) Os países em desenvolvimento deveriam abrir suas economias para torná-
las mais competitivas e assim conquistarem espaço no comércio internacional. 
d) Os países em desenvolvimento deveriam procurar exportar produtos 
manufaturados. 
e) O comércio internacional tendia a gerar uma desigualdade básica nas 
relações de troca (uma deterioração nas relações de troca) pois os preços das 
matérias-primas (dos países em desenvolvimento) tendia a declinar a longo prazo, 
enquanto o preço dos produtos manufaturados (fabricados em geral em países 
desenvolvidos) tendia a subir. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
(a) (CORRETA) A ALALC foi concebida no contexto dos estudos de Raul Prebisch 
sobre a dificuldade dos países latino-americanos em competirem com as indústrias 
dos países desenvolvidos. Então a idéia foi integrar economicamente o continente, 
aplicando barreiras às importações de terceiros países, mas liberando o comércio 
intra-bloco, de forma que as economias se complementassem. 
(b) (CORRETA) Prebisch entendia que não havia outra forma que não a 
industrialização para melhorar os termos internacionais de troca, e assim obter 
ganhos com o comércio. 
(c) (ERRADA) É exatamente o oposto. Segundo a CEPAL, os países em 
desenvolvimento deveriam impor barreiras às importações de produtos 
industrializados, para poderem desenvolver suas próprias indústrias. 
(d) (CORRETA) A exportação de produtos manufaturados traria mais benefícios 
aos PED (países em desenvolvimento) do que se estes exportassem somente 
produtos agrícolas, segundo a CEPAL. 
(e) (CORRETA) Já comentado. É a tese de deterioração dos termos 
internacionais de troca. 
Resposta: Letra C 
 
7. (AFRF/2000) Entre as razões abaixo, indique aquela que não leva à adoção 
de tarifas alfandegárias. 
a) Aumento de arrecadação governamental; 
b) Proteção à indústria nascente; 
c) Estímulo à competitividade de uma empresa; 
d)Segurança nacional (defesa); 
e) Equilíbrio do Balanço de Pagamentos. 
 
RESOLUÇÃO: 
(a) (CORRETA) Apesar de não ser o objetivo principal de uma tarifa de 
importação a arrecadação, se mesmo com a tarifa o volume de importações for 
significativo, o país registrará um aumento em sua arrecadação tributária. 
(b) (CORRETA) Em várias ocasiões nesse trabalho já foi citado o argumento de 
proteção à indústria nacional nascente como favorável ao protecionismo. 
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18
(c) (ERRADA) É exatamente o oposto. Com a tarifa, os fornecedores externos 
acabam não participando do mercado doméstico, e as empresas nacionais não 
sofrerão com essa competição estrangeira. Foi o que ocorreu no Brasil durante 
muitos anos com diversos bens, como os automóveis e os bens de informática. 
(d) e (e) (CORRETA) Também já foram citados esses dois argumentos 
(segurança nacional e equilíbrio do BP) como favoráveis ao protecionismo, 
incentivando a adoção de tarifas. 
Resposta: Letra C 
 
8. (ACOMEX/2002) O argumento em favor da proteção às indústrias nascentes 
ganhou força com a publicação do “Report on Manufactures”, de Alexander 
Hamilton, que defendeu o desenvolvimento nos Estados Unidos da América e o uso 
de tarifas para promovê-lo. A respeito dos instrumentos de proteção a indústrias 
nascentes é correto afirmar que: 
a) o argumento que analisa as economias de escala produzidas pela proteção a 
indústrias nascentes defende como instrumento principal as firmas, em vez de 
indústrias, uma vez que, ao concentrar os benefícios nas mãos de poucos agentes 
privados, preferencialmente um monopólio, criam-se condições para que a indústria 
local se desenvolva mais rapidamente. 
b) desde que ocorra, a proteção a indústrias nascentes atinge os resultados 
pretendidos a custos semelhantes, não importando muito se utiliza instrumentos 
tais como cotas, subsídios ou tarifas. 
c) o argumento que analisa a aquisição de experiência pela economia nacional, 
baseado no princípio de se “aprender fazendo”, o que permite justificar a proteção 
a tais indústrias por tempo indeterminado, preferencialmente longo, já que a 
inovação é condição necessária à manutenção da competitividade industrial. 
d) entre as principais críticas aos instrumentos utilizados para proteger 
indústrias nascentes estão os argumentos que apontam algumas de suas 
implicações, a exemplo da dificuldade de se escolher corretamente as indústrias 
que devem receber proteção, a relutância das indústrias a dispensar a proteção 
recebida e seus efeitos deletérios sobre outras indústrias. 
e) entre as principais críticas aos instrumentos utilizados para proteger 
indústrias nascentes estão os argumentos que apontam algumas de suas 
implicações, a exemplo da dificuldade de se combinar as indústrias que devem 
receber proteção com o modelo de substituição de importações, a concordância das 
indústrias em dispensar a proteção recebida e seus efeitos deletérios sobre outras 
indústrias. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
(a) (ERRADA) Monopólio é considerado desvio de comércio. O país que impõe 
barreiras ao comércio para prover proteção à indústria nacional não objetiva com 
essa atitude desenvolver monopólios em setores produtivos. O foco da proteção às 
indústrias nascentes são as indústrias (setor produtivo), e não as firmas 
(empresas). Assim, só caberia a imposição de tarifas quando for o caso de 
implantação de um setor industrial em um país (ex: setor automotivo), e não pelo 
surgimento de novas firmas de um setor já maduro. 
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Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
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(b) (ERRADA) O custo para o governo em conceder um subsídio é maior do que 
o custo de se aplicar uma tarifa. O governo gasta para conceder subsídios, 
enquanto que arrecada com a imposição de tarifas. 
(c) (ERRADA) A proteção às indústrias nacionais defendida é por tempo 
DETERMINADO, enquanto o setor produtivo específico ainda não for maduro o 
suficiente para competir com o fornecedor externo. 
(d) (CORRETA) Quando se vai proteger o mercado nacional, o governo tem de 
selecionar o setor que receberá a proteção (automotivo, brinquedos, informática 
etc.). Imaginem a disputa dos fabricantes nacionais por proteção ao seu setor. Isso 
pode gerar inúmeras “negociações” entre governo e produtores, e até mesmo a 
corrupção. Difícil também para o governo é a tarefa de determinar o período de 
vigência da proteção. De fato, toda indústria nascente necessita de alguma forma 
de proteção. Isso é verdade, pois é muito difícil para que um setor produtivo 
iniciante consiga florescer competindo abertamente com o concorrente estrangeiro 
já maduro. Isso é questão de necessidade. A outra coisa é a escolha governamental 
de qual indústria proteger. Isso já é questão POLÍTICA. O fato de uma indústria 
necessitar de proteção não quer dizer que o governo necessariamente colocará uma 
tarifa de importação naquele setor, assim como vale o contrário: às vezes, mesmo 
uma indústria não sendo iniciante recebe proteção governamental (barreiras às 
importações). Isso acontece bastante. 
(e) (ERRADA) As empresas não têm que concordar em dispensar a proteção. O 
governo é que tem que definir por quanto tempo ela valerá. 
 
Resposta: Letra D 
 
9. (ACE/MDIC/2008) Julgue o item seguinte, relativo aos instrumentos básicos 
de política comercial. 
Embora o GATT proíba, como regra geral, a aplicação de medidas restritivas de 
caráter quantitativo, a imposição de cotas de importação é reconhecida como 
medida de política comercial legítima, quando de caráter condicional, excepcional e 
temporário, para a correção de desequilíbrios do mercado doméstico. 
 
RESOLUÇÃO: 
Conforme vimos, o GATT prega a não aplicação de medidas restritivas 
(principalmente cotas). Porém, há diversos casos de exceções legítimas previstas 
pelo próprio acordo (vide artigos XI e XII do GATT na aula respectiva). 
Resposta: Certa 
 
 
GABARITO 
 
1 – C 
2 – A 
3 - C 
4 - B 
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20
5 - E 
6 - C 
7 - C 
8 - D 
9 – C

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