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Aula 19 Comercio Internacional

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CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ 
 
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1
Oi, pessoal. 
 
Entramos no último assunto do curso: o Mercosul. Ele é tão importante que foi até 
escolhido como o tema da questão discursiva na prova para ATRFB/2009. 
Os conteúdos programáticos de Comércio Internacional para os concursos de 2009, 
tanto para AFRFB quanto para ATRFB, contemplaram o Mercosul nos seguintes termos: 
(AFRFB/2009) 5. Mercosul. Objetivos e estágio atual de integração comercial. 
5.1. Estrutura institucional e sistema decisório. 5.2. Tarifa externa comum: 
aplicação; principais exceções. 5.3. Regras de origem. 5.4. Valoração 
aduaneira no Mercosul. 
(ATRFB/2009) 5. O Mercado Comum do Sul (Mercosul): objetivos, estrutura e 
processo decisório. 5.1. Solução de controvérsias no Mercosul. 
 
E, no conteúdo programático para Direito Internacional Público, o Mercosul também foi 
pedido de forma bastante abrangente: 
(ATRFB/2009) 6. Direito do MERCOSUL. 
 
O que é o Direito do Mercosul? Em tese, é tudo que diga respeito ao Mercosul. Como a 
expressão Direito do Mercosul é muito vaga, acho que os que estão estudando para 
ATRFB devem estudar também a matéria cobrada para AFRFB. Até mesmo a forma de 
elaboração das provas reforça essa minha sugestão, pois, quando a ESAF contrata as 
pessoas para elaborarem questões para a prova da Receita Federal, ela já o faz para 
as provas de ATRFB e de AFRFB. Isto serve para simplificar e ganhar escala. 
Os elaboradores de questões acabam elaborando uma bateria enorme de questões 
para depois serem sorteadas (ou escolhidas de outra forma). E os elaboradores não se 
preocupam muito com a divisão entre o que consta no edital de AFRFB e de ATRFB. 
Isto levou, por exemplo, a ser pedida, na prova de ATRFB/2005, uma questão sobre 
arbitragem e swap cambiais, quando tais assuntos só constavam no edital para AFRFB. 
Por isso, repito: todo o Mercosul deve ser muito bem estudado tanto por quem visa ao 
cargo de AFRFB quanto ao de ATRFB. 
Nesta aula, veremos os tópicos 5, 5.1 e 5.2 do edital de AFRFB, que englobam 
inclusive o tópico 5 do edital de ATRFB. Na última aula, veremos os tópicos 5.3 e 5.4 
(AFRFB) e o 5.1 do edital de ATRFB (Sistema de Solução de Controvérsias). 
 
MERCOSUL 
 
Antecedentes 
 
O Mercosul, bloco comercial hoje formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi 
criado em março de 1991 pelo Tratado de Assunção. Mas este só entrou em vigor em 
novembro de 1991 depois que houve a ratificação do tratado pelos quatro países. 
Foi resultado de um processo iniciado em 1986 por Brasil e Argentina. Sarney e 
Alfonsin, então presidentes, assinaram a Ata para Integração Argentino-Brasileira. É 
interessante notar que eles aí não haviam decidido ainda o atingimento de nenhum 
estágio de integração. Haviam apenas decidido “aumentar a integração”. 
A forma efetiva de integração só seria decidida depois das reuniões entre os 
representantes dos dois países. 
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2
Veja como isso foi pedido pela ESAF na prova de Analista de Comércio Exterior em 
1997: 
 
1 - (ACE/97) O Tratado de Cooperação Econômica (1986) firmado pelos 
ex-presidentes José Sarney (Brasil) e Raul Alfonsin (Argentina) 
propunha: 
a) Aumentar a integração econômica. 
b) Criar uma área de livre comércio entre Brasil e Argentina. 
c) Estimular o comércio em alguns setores da economia. 
d) Criar uma união aduaneira entre Brasil e Argentina. 
e) Criar um mercado comum entre Brasil e Argentina. 
 
Comentários 
Gabarito direto: Letra A. 
 
Em 1988, ao final de várias discussões, decidiram que os dois países buscariam o 
atingimento do estágio de área de livre comércio para dali a 10 anos. Assinaram 
naquele ano o Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento. 
Mas, quando Collor e Menem assumiram o poder em 1990, a veia liberal saltou. 
Decidiram que o tempo para se promover a integração era muito grande e que o 
estágio então programado (área de livre comércio – ALC) era muito superficial. Em 
suma, aumentaram o objetivo (ALC para mercado comum) e reduziram o tempo para 
implementá-lo (em vez de 10 anos, o novo prazo seria 31/12/1994). 
Em seguida, em 1991, Paraguai e Uruguai se juntaram a Brasil e Argentina e firmaram 
os quatro o Tratado de Assunção, mantendo o mesmo prazo e objetivo de integração. 
(Estamos no ano de 2010 e a Venezuela pretende ser o quinto país-membro do bloco. 
Para isso, é necessário que o Paraguai ratifique o respectivo Protocolo de Adesão. 
Argentina, Uruguai e Brasil já o fizeram. 
Além da Venezuela, foi dada a largada para a entrada da Bolívia no bloco. Isto se deu 
com a criação de um grupo de trabalho a partir da Decisão CMC 01, em 18 de janeiro 
de 2007.) 
 
O aprofundamento e a aceleração da integração, pensados por Collor e Menem, não 
podiam mesmo dar certo. Estamos em 2010 e ainda não foi atingido o nível de 
mercado comum. 
 
Objetivos 
 
Vamos dar uma olhada no artigo 1o do Tratado de Assunção, que define os objetivos 
do bloco. Estes devem estar muito bem guardados, pois são uma das coisas mais 
pedidas nas provas anteriores: 
“Artigo 1o – Os Estados Partes decidem constituir um Mercado Comum, que 
deverá estar estabelecido a 31 de dezembro de 1994, e que se denominará 
Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). 
Este Mercado Comum implica: 
- A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, 
através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não-
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tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito 
equivalente; 
- O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política 
comercial comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e 
a coordenação de posições em foros econômicos-comerciais regionais e 
internacionais; 
- A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados-
Partes – de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e 
de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e comunicações e outras 
que se acordem, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre 
os Estados-Partes; e 
- O compromisso dos Estados-Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas 
pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração.” 
 
Em primeiro lugar, definiu-se o prazo de 31/12/94 para se atingir o mercado comum. 
Atingiu? Não, nem hoje ainda. 
O primeiro item do artigo é óbvio, nem precisava escrever: A teoria de integração 
ensina que, em qualquer mercado comum, há livre circulação de bens, serviços e 
fatores de produção, como vimos na aula anterior. 
O segundo item completa a lista do parágrafo anterior: A teoria de integração também 
ensina que, no mercado comum, há o estabelecimento de uma tarifa externa comum. 
O quarto item complementa os dois primeiros, pois, já que haverá livre circulação de 
bens, serviços e fatores de produção e o estabelecimento de uma TEC, devem ser 
harmonizadas as políticas comerciais intra e extrabloco. Além disso, as políticas 
trabalhista, previdenciária e de capitais devem ser harmonizadas para efetivar a livre 
circulação da mão-de-obra e do capital. 
O terceiro item é um “plus” no Mercosul. Não precisaria dele para se caracterizar o 
mercado comum. O terceiro item fala da coordenação de políticas macroeconômicas 
e setoriais. Isto serviria ou serve apenas para evitar condições inadequadas de 
concorrência entre os Estados-partes, permitindo até que as políticas 
macroeconômicas sejam totalmente diferentes. O que não pode ocorrer, repito, é o 
surgimento de condições inadequadas de concorrência.Não se está falando aqui de 
harmonização de políticas econômicas, pois, se assim o fosse, estaria sendo 
acordada uma união econômica. 
 
O artigo 5o do Tratado é basicamente igual ao 1o. Ele traz as formas de atingimento 
dos objetivos do Mercosul: 
“Artigo 5o – Durante o período de transição, os principais instrumentos para a 
constituição do Mercado Comum são: 
a) Um Programa de Liberação Comercial, que consistirá em reduções tarifárias 
progressivas, lineares e automáticas, acompanhadas da eliminação de 
restrições não-tarifárias ou medidas de efeito equivalente, assim como de 
outras restrições ao comércio entre os Estados-Partes, para chegar a 31 de 
dezembro de 1994 com tarifa zero, sem barreiras não-tarifárias sobre a 
totalidade do universo tarifário (Anexo I); 
b) A coordenação de políticas macroeconômicas que se realizará gradualmente 
e de forma convergente com os programas de desgravação tarifária e 
eliminação de restrições não-tarifárias, indicados na letra anterior; 
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c) Uma tarifa externa comum, que incentiva a competitividade externa dos 
Estados-Partes; 
d) A adoção de acordos setoriais, com o fim de otimizar a utilização e 
mobilidade dos fatores de produção e alcançar escalas operativas eficientes.” 
 
Ora, a única diferença entre os artigos é dizer que o programa de liberação comercial 
será gradual e progressivo para que, no final de 1994, estivesse totalmente 
liberalizado o comércio, sem barreiras tarifárias nem não-tarifárias. 
Claro que a eliminação de tarifas é só para aqueles bens inseridos no universo 
tarifário, ou seja, aqueles bens passíveis de importação. As drogas, as armas e os 
animais doentes não estão no universo tarifário, ou seja, não estão sujeitos a tarifas, 
mas a proibições. Vejamos uma questão da ESAF que trata disso. 
 
2 - (AFTN/1996) Os instrumentos básicos de ação previstos no Tratado 
de Assunção para o MERCOSUL são: 
a) Redução progressiva de barreiras tarifárias e não-tarifárias, até a eliminação 
total das barreiras entre os países-membros; o estabelecimento de uma 
autoridade supranacional com representantes dos países-membros e a 
ampliação gradativa do quadro de países-membros. 
b) Redução progressiva de barreiras tarifárias e não-tarifárias, até a eliminação 
total das barreiras entre os países-membros; o estabelecimento de uma tarifa 
externa comum; acordos setoriais para o mercado de fatores; sistema 
provisório de solução de controvérsias e coordenação gradual de políticas 
macroeconômicas. 
c) Estabelecimento de prazos para a redução das barreiras tarifárias e não-
tarifárias, até a sua total eliminação entre os membros da união; 
estabelecimento de tarifa externa comum; criação de uma moeda comum, num 
prazo previamente acordado, a exemplo da União Européia. 
d) Eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias entre os países-membros; 
estabelecimento de tarifa externa comum e ampliação gradativa do número de 
países-membros para que se fortaleça pela amplidão gradativa dos mercados. 
e) Estabelecimento de tarifa externa comum; criação de sistema de 
compensação para os negócios feitos no âmbito do sistema; eliminação 
progressiva das barreiras tarifárias e não-tarifárias entre os países-membros; 
estabelecimento de um sistema de solução de controvérsia. 
 
Comentários 
Gabarito: Letra B. Podemos pegar o artigo 5o do Tratado de Assunção. 
No Tratado de Assunção, foi firmado o Programa de Liberação Comercial, que 
previa um cronograma semestral de desgravação até que se atingisse, em 
31/12/1994, a liberalização total do comércio em relação aos bens incluídos no 
universo tarifário. 
(Uma pequena impropriedade na letra B: não deveria estar escrito “eliminação 
total das barreiras”, mas “eliminação total das barreiras para os bens 
compreendidos no universo tarifário”. Afinal, não têm que ser eliminadas as 
barreiras sobre drogas, armas, animais doentes, ...) 
Perceba que na letra B está escrito “coordenação de políticas macroeconômicas” 
e não “harmonização”. Se estivesse escrita esta última palavra, a opção estaria 
errada. 
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5
Em relação à “adoção de acordos setoriais”, podemos perceber que a política 
liberal foi resguardada, pois, quando o Tratado diz que vão “otimizar a 
utilização e mobilidade dos fatores de produção”, estão dizendo que cada país 
vai se especializar naquela ou naquelas indústrias que promovam a otimização 
da alocação dos fatores de produção. Cada país vai produzir aquilo onde é bom 
e adquirir o resto por comércio, como ensinava Adam Smith por volta de 1760. 
 
Por que as demais alternativas da questão do AFTN/96 estão erradas? 
A Letra A fala em “autoridade supranacional”. Na aula anterior, vimos que 
autoridades supranacionais são autoridades “acima das nações”, que criam 
normas vinculando as populações e os Governos dos Estados. No Mercosul, as 
instituições não são supranacionais, mas intergovernamentais. Tanto isto é 
verdade que uma norma decidida pelo Mercosul não tem vigência imediata. 
Somente o terá depois que os quatro países tiverem internalizado a decisão 
regional. É o que prevê o artigo 40 do Protocolo de Ouro Preto, a ser estudado 
ao final desta aula. 
A Letra C cita moeda comum. Mercosul com moeda comum? Isso não existe. 
A Letra D indica que o aumento do número de participantes é instrumento 
básico para a integração no Mercosul. Não há este instrumento básico. A 
permissão para que entrem novos membros no Mercosul até existe, mas isto 
não é objetivo básico do Acordo. 
A Letra E fala de sistema de compensação. Não há este objetivo no Tratado de 
Assunção e, no dia da prova, nem havia isso implantado no Mercosul. Só em 
2009, surgiu o chamado Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML). 
Encerrada a solução da questão da prova, podemos falar um pouquinho mais 
sobre os dois sistemas de compensação que envolvem o Brasil, especialmente o 
SML, criado pelo Mercosul. 
 
Sistemas de Compensação 
 
O que é um sistema de compensação de pagamentos? 
É um sistema em que os valores das exportações do país A para o país B são 
compensados com os valores exportados pelo país B ao país A, sendo a transferência 
de recursos realizada uma única vez e com base no saldo das transações realizadas. 
Funciona basicamente como o sistema de compensação de cheques do sistema 
bancário. Se eu deposito, na minha conta na CEF, um cheque relativo a uma conta no 
Itaú, este banco não vai repassar o valor imediatamente para a CEF, pois talvez nem o 
seja necessário. No final do dia, o banco cujos correntistas tiverem emitido mais do 
que os valores recebidos repassa o excesso para o outro banco. 
Por exemplo, milhares de cheques da CEF são depositados no Itaú todos os dias. E 
milhares de cheques do Itaú são depositados em contas da CEF. Se um correntista do 
Itaú deposita um cheque da CEF que recebeu no valor de R$ 100,00 e se um 
correntista da CEF recebeu um cheque de R$ 60,00, por que ficar transferindo R$ 
100,00 para lá e R$ 60,00 para cá a cada cheque depositado? Basta que no final do 
dia, façam a compensação e a CEF transfira para o Itaú o valor de R$ 40,00, que é a 
diferença do total de depósitos. 
Assim funcionam também os sistemas de compensações de pagamentos entre os 
países. Cada Banco Central paga diretamente aos exportadores sediados em seu 
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território, sem que haja movimentação externa de recursos. E o valor das importações 
do país A de mercadorias procedentes de B é pago ao Banco Central e não ao exterior. 
Em outras palavras: o Banco Central do país do exportador paga a estecomo se fosse 
o importador estrangeiro. O Banco Central do país do importador recebe o dinheiro 
deste como se fosse o exportador estrangeiro. Após um período, o Banco Central do 
país A entra em contato com o Banco Central do País B para se acertarem. No 
consolidado das exportações e importações, o Banco Central do país que tiver 
exportado um valor maior do que o das importações, tem direito a receber do outro 
Banco Central o saldo. 
 
Qual é a grande vantagem de um país participar de um sistema de compensação de 
pagamentos? O barateamento das operações. 
Como assim? 
Imagine dois países com moedas fracas, inconversíveis, que não são aceitas nas 
transações internacionais. Você sabe que os EUA não aceitam receber reais nem pesos 
argentinos, quando exportam, respectivamente, para o Brasil ou para a Argentina. O 
real e o peso são moedas fracas. 
Países que têm moedas fracas têm um complicador no comércio, pois as reservas dos 
seus bancos são mantidas em moedas fortes. Os bancos brasileiros não possuem (nem 
querem possuir) pesos argentinos. Da mesma forma, os bancos argentinos não 
possuem reais, mas dólares, euros, libras, ... O normal é que, por questão de 
segurança, os bancos mantenham reservas apenas em moedas fortes, com forte 
aceitação geral. 
Como então se dá uma exportação entre dois países com moedas fracas, por exemplo, 
uma exportação Brasil-Argentina? O exportador brasileiro emite a fatura em moeda 
forte (por questão de estabilidade e segurança), por exemplo, no valor de US$ 100,00. 
O importador argentino vai a um banco de seu país fazer um contrato de câmbio para 
entregar pesos ao banco e conseguir os dólares equivalentes, necessários à liquidação 
de sua importação. O banco argentino, mantendo suas reservas em dólares 
depositados no exterior (ele não possui reais), disponibiliza os dólares ao exportador 
brasileiro. 
O brasileiro, não podendo receber os dólares em espécie aqui no Brasil (existem 
poucas exceções), celebra um contrato do câmbio com um banco no Brasil. Por 
exemplo, o banco Itaú. Este fica com os dólares disponibilizados pelo banco argentino 
e entrega reais ao exportador brasileiro. 
Note que foram feitos dois contratos de câmbio: um para trocar pesos por dólares, 
outro para converter dólares em reais. Essa dupla contratação gera custos grandes 
para as empresas dos países, onerando a transação como um todo. Além do preço fixo 
que um banco cobra para fechar um contrato de câmbio, ainda existe o spread cambial 
(a diferença entre a taxa de compra e a taxa de venda). Com dupla contratação, os 
custos ficam altos, o que, às vezes, pode inviabilizar a transação comercial. 
 
Com o sistema de compensação, deixa de ser necessária a dupla contratação do 
câmbio, barateando as operações regionais. As operações vão sendo liquidadas no 
interior dos países (os Bancos Centrais é que vão comprar e vender para seus 
exportadores e importadores, mas utilizando os bancos comerciais como meros 
intermediários). Eliminam-se os custos com spread cambial e taxas bancárias. Em vez 
de vários contratos de compra e venda de moeda estrangeira celebrados junto aos 
bancos comerciais (ávidos por lucros), os importadores e exportadores utilizam os 
recursos dos Bancos Centrais, que não impõem spread cambial nem taxas. 
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7
Há dois sistemas de compensação envolvendo o Brasil: 
1) o Convênio (ou Sistema) de Créditos Recíprocos – CCR, usado na ALADI e não no 
Mercosul. Pelo CCR, os bancos centrais dos países da ALADI que importaram mais do 
que venderam transferem, a cada quatro meses, o saldo para um banco centralizador, 
o Banco Central do Peru. E este faz a divisão do “bolo” entre os países que exportaram 
mais do que importaram. Sempre a conta fecha, pois a soma das importações do bloco 
é igual à soma das exportações, já que a mercadoria importada por um país é 
exportada por outro. 
2) o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), criado em julho de 2009 para ser 
usado entre os países do Mercosul. Possibilita o uso da moeda local no comércio 
intrabloco. Pela Decisão CMC 09/2009 foram criadas as regras de funcionamento do 
SML, as quais impõem a celebração de acordo bilateral envolvendo os Bancos Centrais 
(BC) dos países. Atualmente, somente existe acordo entre o BC do Brasil com o BC da 
Argentina. Portanto, exportações brasileiras para a Argentina podem ser livremente 
faturadas em reais, assim como exportações argentinas para o Brasil podem ser 
faturadas em pesos argentinos. 
No SML Brasil-Argentina, o saldo das operações entre os dois países é apurado 
diariamente, sendo liquidado no mercado de Nova York por transferência de dólares 
entre os dois bancos centrais. 
 
Estágio atual de integração comercial 
 
A situação atual do Mercosul é de união aduaneira, isto é, já não há barreiras no 
comércio recíproco (há exceções) e, em relação a terceiros países, a alíquota de II 
cobrada é a mesma (também há exceções). 
No Mercosul existem as barreiras não-tarifárias que são legítimas no comércio 
recíproco, que são aquelas permitidas pelos artigos XI, XII, XII, XIV, XV e XX, como 
vimos no artigo XXIV do GATT, citado na aula anterior. 
Também existem no comércio recíproco outras barreiras. Pela ótica brasileira, são 
barreiras ilegítimas, posto que fora daqueles artigos citados acima. (Lembremos que 
existe uma discussão acerca da natureza daquela lista do artigo XXIV: ela é uma lista 
exaustiva ou exemplificativa? Para o Brasil, ela é exaustiva, como veremos na próxima 
aula.) 
 
Pela posição brasileira, as barreiras que já deveriam ter sido eliminadas no comércio 
intramercosul são aquelas impostas no comércio de automóveis, de açúcar e de alguns 
serviços, além das medidas de defesa comercial (direitos antidumping, direitos 
compensatórios e cláusulas de salvaguarda). 
As salvaguardas até tinham deixado de ser usadas. No entanto, Brasil e Argentina 
restabeleceram, nas relações entre eles dois, o direito de imposição das salvaguardas. 
Isto foi em 2006, por meio do Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC). 
As exceções intrabloco referem-se a produtos e serviços considerados sensíveis e, por 
isso, ainda não houve vontade política de liberar este comércio. Mas isso não desvirtua 
o bloco, ou seja, apesar de não haver comércio 100% livre, considera-se atingida a 
união aduaneira. O combinado agora é que os automóveis passarão a circular 
livremente no bloco em 1o/julho/2013. 
Pelo Protocolo de Montevidéu sobre o Comércio de Serviços, a totalidade dos serviços 
somente estará circulando sem barreiras a partir de dezembro de 2015. 
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8
Como exemplo de serviços que não têm liberdade de aquisição entre os países do 
Mercosul, podem ser citados os seguros e transportes. 
No Brasil, pela Lei Complementar 127/2006, os seguros para cobrir a importação de 
bens devem ser contratados com seguradoras brasileiras (há exceções muito 
pontuais), ou seja, não pode contratar com seguradoras argentinas, paraguaias ou 
uruguaias. 
E, em relação ao transporte, consta no Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/2009, 
art. 118) que, em regra, somente bens transportados por navio de bandeira brasileira 
possuem isenção do imposto de importação, não se aceitando navio de bandeira 
argentina, uruguaia ou paraguaia (existe?): 
Art. 118. Observadas as exceções previstas em lei ou neste Decreto, a isenção 
ou a redução do imposto somente beneficiará mercadoria sem similar nacional e 
transportada em navio de bandeira brasileira. 
 
O açúcar não tem data prevista para o livre comércio. 
E o MAC também não tem prazo para acabar, já que começou há pouco tempo. O que 
é ele? É um mecanismo por meio do qual Brasil e Argentina(somente os dois) criaram 
um regime de salvaguardas que consiste no seguinte: 
1) os empresários do país, responsáveis por mais de 35% da produção 
nacional, endereçam uma reclamação ao governo de seu país, contendo 
a descrição dos fatos, tais como o aumento das importações e o dano 
gerado para as indústrias domésticas; 
2) O governo elabora um relatório e o apresenta a uma comissão bilateral 
para que promova uma reunião dos empresários concorrentes dos dois 
países; e 
3) Caso não se chegue a um solução por consenso das partes, o país 
importador poderá adotar um MAC, que consiste em: 
a. definição de uma quota anual de importação do produto; 
b. imposição de tarifa de importação igual a 90% da alíquota da 
TEC, ou seja, as importações entre os dois países serão tarifadas 
somente quando excederem a quota, mas a tarifa não será igual à tarifa 
cobrada de terceiros países. Haverá um “desconto” de 10%. 
 
No Mercosul, existem exceções ao comércio livre entre os países, assim como há 
exceções à TEC. As exceções à TEC são naquelas mercadorias em que os países 
cobram alíquotas próprias, não as da TEC. Veremos tais exceções no próximo título. 
 
Em 2002, caiu a seguinte questão sobre Mercosul: 
3 - (AFRF/2002-1) O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 
março de 1991 tendo como objetivo final: 
a) O estabelecimento de um regime de comércio administrado por meio de um 
sistema de preferências tarifárias no âmbito da Associação Latino-Americana de 
Integração (ALADI). 
b) A completa liberalização do comércio de bens entre os quatro países-
membros no prazo de quatro anos. 
c) A harmonização das políticas comerciais mediante a adoção de uma tarifa 
externa comum. 
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9
d) A liberalização do comércio de bens e de serviços, a livre circulação de mão-
de-obra e de capitais e a coordenação de políticas macroeconômicas entre os 
quatro países-membros. 
e) A unificação das políticas comerciais, cambiais, monetárias e fiscais dos 
quatro países-membros. 
 
Comentários 
A letra A está errada, pois o acordado no Mercosul não é a concessão de 
preferências tarifárias (reduções tarifárias), mas a eliminação das tarifas. 
Eliminar é mais do que reduzir. 
A letra B está errada porque total liberalização nunca existiu nem vai existir em 
nenhum bloco. Basta perguntar o seguinte: Está liberada a entrada de boi com 
febre aftosa? Está liberada a entrada de drogas ilícitas? Está autorizada a 
entrada de armas? 
Por meio do artigo 1º do Tratado de Assunção, decidiu-se que haveria completa 
liberalização no comércio, mas só daqueles bens lícitos para importação. Note 
que o objetivo do Mercosul foi a liberalização da “totalidade do universo 
tarifário” e não a “totalidade de produtos”. 
Universo tarifário é o conjunto de bens para os quais há a cobrança de tarifas. 
A letra C não está errada. Basta ver que o artigo 1o do Tratado de Assunção 
dispõe sobre referida harmonização no quarto item do artigo: 
“Artigo 1o – Os Estados Partes decidem constituir um Mercado Comum, 
que deverá estar estabelecido a 31 de dezembro de 1994, e que se 
denominará Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). 
Este Mercado Comum implica: 
... 
- O compromisso dos Estados-Partes de harmonizar suas legislações, nas 
áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de 
integração.” 
 
Veja que o 4o item do artigo 1o fala de harmonização de legislações NAS ÁREAS 
PERTINENTES. Está falando de harmonização de política econômica? Não, pois 
se assim o fosse, estaríamos falando de união econômica e não mercado 
comum. Mas quais são as áreas pertinentes? 
Ora, basta ver o que será liberado no comércio intrazona: os bens, serviços e os 
fatores produtivos (mão-de-obra e capital). E surgirá também uma TEC a ser 
aplicada às importações extrabloco. Assim, devem ser harmonizadas as políticas 
comerciais intrazona e extrazona. Além disso, as políticas trabalhista, 
previdenciária e de capitais devem ser harmonizadas para que o capital e o 
trabalho estejam submetidos a políticas semelhantes. 
Portanto, harmonização de políticas comerciais é sim objetivo. Mas, como você 
já sabe, com a ESAF não basta encontrar a resposta correta, tem que encontrar 
a mais completa e, por isso, a resposta é a letra D. 
A letra D fala de três coisas que também encontramos no artigo 1º do Tratado 
de Assunção: 1) liberalização de bens e serviços, 2) livre circulação de mão-de-
obra e capital e 3) coordenação de políticas macroeconômicas. 
A letra E é tão absurda que nem merecia explicação, mas vamos lá. Unificação 
das políticas monetária, cambial e fiscal só para bloco de integração econômica 
total, que é o quinto estágio de integração. 
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10
 
Tarifa Externa Comum: Principais Exceções 
 
Em relação ao comércio com terceiros países, existem seis situações em que os países 
do Mercosul têm o direito de não usar as alíquotas da TEC: 
1) as Listas de Exceções; 
2) as Listas de Exceções para Bens de Informática e de Telecomunicações (BIT); 
3) bens que estiverem com problema de desabastecimento; 
4) os ex-tarifários; 
5) como suspensão de concessões assumidas na OMC; e 
6) decorrentes dos limites tarifários consolidados na OMC. 
 
Os dois últimos casos surgiram em dezembro de 2009. 
 
1) As listas de exceções 
 
Os países do Mercosul combinaram que os quatro teriam o direito de definir alguns 
produtos para os quais eles não aplicariam a alíquota comum definida na TEC. 
Isso vem desde a criação da TEC em 1994 e essas já tinham que ter acabado há muito 
tempo, mas a cada ano é dada uma nova sobrevida. O prazo atual é 31/12/2011 para 
Brasil e Argentina e 31/12/2015 para Uruguai e Paraguai, conforme podemos ver na 
Decisão CMC 59/2007, alterada pela Decisão CMC 28, de dezembro de 2009. Esta 
aumentou para Brasil e Argentina o número de itens permitidos como exceção à TEC 
(de 93 para 100 itens NCM) e o prazo final para manutenção destas exceções (passou 
de 31/12/2010 para 31/12/2011): 
 
Decisão CMC 59/2007 
O CONSELHO DO MERCADO COMUM 
DECIDE: 
Art. 1º – Os Estados Partes, de acordo com o cronograma que se detalha a 
continuação, poderão estabelecer e manter uma lista de itens da NCM 
como exceções à Tarifa Externa Comum, sem prejuízo do estabelecido nos 
artigos 2, 3 e 4 da Dec. CMC No 31/03, que continuam vigentes. 
 A lista para Argentina e Brasil poderá conter, como máximo: 
- 100 itens da NCM até 31/01/2009; (em 2009, este prazo foi prorrogado para 
31/12/2011) 
- 93 itens da NCM entre 01/02/2009 e 31/01/2010 (revogado em 2009) 
- 80 itens da NCM entre 01/02/2010 e 31/07/2010 (revogado em 2009) 
- 50 itens da NCM entre 01/08/2010 e 31/12/2010. (revogado em 2009) 
Paraguai e Uruguai poderão manter 100 itens da NCM até 31 de dezembro de 
2015. 
Art. 2 - Os Estados Partes deverão comunicar aos demais Estados, antes de 31 
de janeiro e 31 de julho, por meio da Presidência Pro Tempore, as exceções à 
TEC propostas em aplicação da presente Decisão. 
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11
Art. 3 - Os Estados Partes poderão modificar, cada seis meses, até 20% das 
partidas NCM incluídas nas listas de exceções estabelecidas no âmbito da 
presente Decisão. 
 
É importante registrar que a lista de exceções permite que as alíquotas diferenciadas 
sejam maiores ou menores do que a TEC. Cada um dos quatro países escolhe, de 
forma autônoma, os produtos que quer tributar de forma diferenciada. 
Desde 2005, os países podem substituir, de um semestre para o outro, no máximo 
20% dos códigos NCM incluídos nas listas de exceções. Antes,não havia limite. O 
Brasil podia, por exemplo, do dia para a noite, substituir todos os produtos de sua lista 
e colocar outros totalmente diferentes. 
Hoje, a lista brasileira de exceções consta na Resolução CAMEX 43, de 22 de dezembro 
de 2006. 
 
Sobre as listas de exceções, caiu a seguinte questão em 2005: 
4 - (AFRF/2005) Assinale a opção incorreta. 
a) Segundo as regras atualmente vigentes, o Brasil pode modificar, a cada seis 
meses, até 40% (quarenta por cento) dos produtos de sua lista de exceção à 
Tarifa Externa Comum. 
b) Atualmente, o Brasil pode manter até 100 (cem) itens da Nomenclatura 
Comum do Mercosul como lista de exceção à Tarifa Externa Comum. 
c) A definição da lista de exceção brasileira à Tarifa Externa Comum do 
Mercosul é feita pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior 
(Camex). 
d) Compete ao Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) 
orientar a política aduaneira, observada a competência específica do Ministério 
da Fazenda. 
e) As resoluções da Câmara de Comércio Exterior (Camex) poderão ter, 
excepcionalmente, caráter sigiloso, nos casos previstos na legislação vigente. 
 
Comentários 
A questão foi anulada. 
Antes da anulação, haviam colocado como gabarito a letra A, pois não havia, no 
dia da prova, nenhuma limitação em relação à modificação das listas de 
exceções. Em dezembro de 2005, é que criaram uma regra, mas de apenas 
poder modificar 20% dos itens NCM de um semestre para o outro. Este 
percentual se mantém até hoje. 
Portanto, a letra A realmente está incorreta. 
A letra B estava correta no dia da prova, mas, em 1º de fevereiro de 2009, o 
número de itens caiu a 93. O número de itens voltou a 100 com a Decisão CMC 
28, de dezembro de 2009, citada na página anterior. 
As letras D e E constam da Resolução CAMEX 11/2005, que é o regimento 
interno do órgão: 
“Art. 5º Compete ao Conselho de Ministros da Camex, dentre outros atos 
necessários à consecução dos objetivos da política de comércio exterior: 
... 
V - orientar a política aduaneira, observada a competência específica do 
Ministério da Fazenda;” 
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12
 
“Art. 40. As resoluções da Camex serão firmadas pelo Presidente do 
Conselho de Ministros ou, na sua ausência ou impedimento, pelo seu 
substituto previsto no § 2º do art. 4º e publicadas no Diário Oficial da 
União. 
Parágrafo único. As resoluções da Camex poderão ter, 
excepcionalmente, caráter sigiloso, nos casos previstos na legislação 
vigente.” 
 
Isso é que eu acho um absurdo. Em 2003, no edital para a Receita Federal 
havia a cobrança da estrutura e organização do Ministério da Fazenda e da 
então Secretaria da Receita Federal. E, então, cobravam questões sobre o 
Regimento Interno da Receita. 
Mas, no edital de 2005, o edital já não exigia mais o conhecimento da estrutura 
nem do MF nem da Receita Federal, mas não é que pediram o regimento 
interno da CAMEX? Ora, se a prova é para a Receita Federal, e o regimento 
interno da RFB deixou de ser cobrado, então não deveriam pedir nada sobre o 
regimento interno da CAMEX, pois, se for assim, a partir de agora vamos ter 
que estudar o regimento interno da RFB, da SECEX, do MRE, da CAMEX, do 
Banco Central, enfim de todos os órgãos brasileiros pedidos no edital de 2009... 
Por que então a questão foi anulada? 
Nas aulas escritas pelo Missagia, ele escreveu sobre a CAMEX: é ela quem 
detém a competência de alterar as alíquotas do II, do IE, alíquotas 
antidumping, medidas compensatórias e cláusulas de salvaguarda. Compete 
também à CAMEX definir as listas de exceções à TEC e orientar os ministérios 
envolvidos em comércio exterior. Para isso, ela traça diretrizes e parâmetros, 
opina e avalia as normas relativas ao comércio exterior antes que sejam 
publicadas, para evitar que se invadam competências. 
A definição da lista de exceções é feita pela CAMEX, pois consiste na fixação de 
alíquotas diferenciadas de imposto de importação. E quem fixa alíquotas de II é 
a CAMEX: 
Art. 2º Compete à CAMEX, dentre outros atos necessários à consecução 
dos objetivos da política de comércio exterior: 
XIV - fixar as alíquotas do imposto de importação, atendidas as 
condições e os limites estabelecidos na Lei no 3.244, de 14 de agosto de 
1957, no Decreto-Lei no 63, de 21 de novembro de 1966, e no Decreto-
Lei no 2.162, de 19 de setembro de 1984; 
 
No regimento interno do órgão, definido na Resolução CAMEX 11/2005, foi 
copiado literalmente o artigo 2º acima, mas com uma pequena alteração no 
caput: 
Art. 5º Compete ao Conselho de Ministros da Camex, dentre outros atos 
necessários à consecução dos objetivos da política de comércio exterior: 
... 
 
Agora vem o pulo do gato: O § 3º do artigo 5º do decreto 4.732/2003 dispõe 
que: 
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13
O Presidente do Conselho de Ministros da CAMEX poderá praticar os atos 
previstos nos arts. 2º e 3º, ad referendum do Conselho de Ministros, 
consultados previamente os membros do Comitê Executivo de Gestão. 
 
Portanto, os atos definidos para o Conselho de Ministros podem ser praticados 
pelo seu Presidente, sujeitos a referendo pelo colegiado. 
Desta forma, a opção C, ao afirmar taxativamente que a lista de exceções é 
definida pelo Conselho de Ministros, está incorreta, pois a lista pode ser fixada 
por decisão singular, pelo Presidente do Conselho, depois sujeita a referendo do 
Conselho. 
Por haver duas alternativas incorretas (A e C), a questão, após a análise dos 
recursos, foi anulada. 
 
2) Lista de Exceções para Bens de Informática e telecomunicações (BIT) 
 
Além da lista geral de exceções, uma segunda lista permite que os bens de informática 
e telecomunicações tenham alíquotas diferentes nos países do Mercosul. Esta segunda 
lista também tem prazo para acabar: 2010. 
No caso brasileiro, essa lista de exceções de BIT é definida pela CAMEX na Resolução 
43, de 2006, nos seguintes termos: 
Art. 3o A Lista de Exceções de Bens de Informática e de Telecomunicações 
(BIT), com as respectivas alíquotas do Imposto de Importação, passa a vigorar 
até 30 de junho de 2007, conforme indicado no Anexo III a esta Resolução, 
cujos códigos estão assinalados com o sinal gráfico ‘§’ ao lado de suas 
alíquotas, no Anexo I desta Resolução. 
 
Os bens inseridos nas “Listas de Exceções de Bens de Informática e Telecomunicações” 
podem ser tarifados pelos países sem necessidade de se usar a alíquota da TEC. É uma 
lista apartada daquela lista geral de exceções analisada sob o número 1. 
O prazo para se acabarem com as listas de BIT, citado no artigo 3o (30/06/2007), já 
foi prorrogado conforme a Decisão CMC 58/2008. A princípio, estas exceções poderão 
ser usufruídas até 31/12/2010 por Brasil e Argentina (artigos 10 e 11, abaixo) e até 
31/12/2016 por Uruguai e Paraguai (artigo 12). 
Note que o prazo de 31/12/2010 é para que o Mercosul tenha tempo de chegar a 
acordo sobre as alíquotas definitivas da TEC para estes bens, muito problemáticos sob 
o ponto de vista de interesses tão diversos entre os países do bloco. Por exemplo, 
enquanto o Brasil tem indústrias eficientes de informática, o Paraguai é puramente 
importador. É a busca pela harmonização que levou à redação do artigo 9o abaixo. 
 
MERCOSUL/CMC/DEC. N° 58/08 
O CONSELHO DO MERCADO COMUM 
DECIDE: 
... 
Bens de Informática e de Telecomunicações 
Art. 9° - Instruir o Grupo “Ad Hoc” para os setores de Bens de Capital e de Bens 
de Informática e Telecomunicações a elevar, até o primeiro GMC do segundo 
semestre de 2010, proposta de revisão da Tarifa Externa Comum para 
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bens de informática e telecomunicações, com vistas à sua adoção e 
aplicação a partir de 1º de janeiro de 2011. 
Art. 10 - Até 31 de dezembro de 2010, os Estados Partes poderão aplicar 
tarifas distintas à Tarifa Externa Comum para os bens de informática e 
telecomunicações. 
Art. 11 - Prorrogar até 31 de dezembro de 2010 o prazo indicado no artigo 3º 
da Decisão CMC N° 61/07, para que Argentina e Brasil possam aplicar uma 
alíquota de 0% (zero por cento) às importações de bens de informática e 
telecomunicações, inclusive aqueles que foram objeto de listas apresentadas no 
âmbito da CCM (artigo 5° da Decisão CMC n° 33/03). 
Art. 12 - Prorrogar o disposto nos artigos 3° e 4° da Decisão CMC n° 61/07, 
autorizando Paraguai e Uruguai a importar, até 31 de dezembro de 2016, 
bens de informática e telecomunicações de extrazona com alíquotas de 0% 
(zero por cento), no caso de produtos que constem de listas apresentadas no 
âmbito da CCM (artigo 5° da Decisão CMC n° 33/03), e 2% (dois por cento), 
nos demais casos. 
 
3) Bens com problema de desabastecimento 
 
A terceira situação em que os países podem cobrar alíquotas diferentes daquelas da 
TEC são as exceções para enfrentar o desabastecimento, previstas na Resolução 
69/2000 do Grupo Mercado Comum. 
Em 2000, os países do Mercosul combinaram que os quatro teriam o direito de reduzir, 
por até 12 meses, a alíquota do imposto de importação de alguns produtos para evitar 
o desabastecimento interno. Veja que é uma redução em relação à alíquota da TEC, ou 
seja, redução do II para as importações extrabloco, pois as alíquotas intrabloco já 
estão zeradas, salvo raras exceções. 
A redução do II se aplica àqueles bens que estiverem com risco de desabastecimento, 
sejam agrícolas, sejam manufaturados. E, em regra, em nenhum momento os 
produtos beneficiados podem estar em número maior do que 20. Exceção apenas 
quando houver calamidade pública ou risco à saúde pública. É o que dispõe o artigo 3o 
da Resolução GMC 69/2000: 
Resolução GMC 69/2000 - AÇÕES PONTUAIS NO ÂMBITO TARIFÁRIO POR 
RAZÕES DE ABASTECIMENTO 
CONSIDERANDO 
Que é necessário adotar ações pontuais de caráter excepcional no campo 
tarifário, para garantir o abastecimento normal e fluido de produtos do 
MERCOSUL. 
O GRUPO MERCADO COMUM 
RESOLVE: 
Art. 1 – Faculta-se à Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM) a adoção de 
medidas específicas de caráter tarifário tendentes a garantir um abastecimento 
normal e fluido de produtos nos Estados Partes, de acordo com o disposto nesta 
Resolução. 
Art. 2 - As medidas previstas na presente Resolução serão adotadas 
considerando-se os seguintes parâmetros: 
1. Impossibilidade de abastecimento normal e fluido na região, decorrentes de 
desequilíbrios de oferta e de demanda; 
2. Não implicarão, em nenhum caso, restrições ao comércio intra-MERCOSUL; 
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3. Implicarão, sempre, a adoção de alíquotas inferiores à TEC; 
4. As reduções de alíquotas serão autorizadas com limites quantitativos; 
5. Período de aplicação de até 12 meses; 
6. Não afetarão as condições de competitividade relativa na região tanto dos 
produtos objetos das medidas, como dos bens finais obtidos a partir destes; 
7. Preservarão uma margem de preferência regional; 
8. Para os produtos agropecuários, ter-se-á em conta a sazonalidade da oferta 
intra-MERCOSUL; 
9. Serão levados em consideração outros elementos relevantes, tais como 
eventuais práticas desleais de comércio de terceiros países, assim como os 
investimentos que produzam aumento significativo da oferta regional durante o 
período de execução das medidas. 
Art. 3 – As medidas mencionadas no artigo 1 aplicar-se-ão a um número de 
produtos, identificados pelos respectivos Códigos da NCM (a 8 dígitos), que não 
exceda, em qualquer momento, 20 para cada Estado Parte. 
Os produtos que forem objeto de redução tarifária ao amparo da presente 
Resolução, em decorrência de situações de calamidade ou risco à saúde 
pública não serão computados no limite previsto no caput deste artigo. 
... 
 
Como exemplo, podemos ver que o Brasil, por meio da CAMEX, fez uso deste direito 
em outubro de 2010. Note, no preâmbulo da Resolução 72/2010, a menção à 
Resolução GMC 69/00: 
 
RESOLUÇÃO N° 72, DE 05 DE OUTUBRO DE 2010. 
O PRESIDENTE DO CONSELHO DE MINISTROS DA CÂMARA DE COMÉRCIO 
EXTERIOR, no exercício da atribuição que lhe confere o § 3º do art. 5º do 
Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003, ... e tendo em vista o disposto ... na 
Resolução nº 69/00 do Grupo Mercado Comum do Mercosul, sobre ações 
pontuais no âmbito tarifário por razões de abastecimento RESOLVE, ad 
referendum do Conselho: 
... 
Art. 3º Fica alterada para 2% (dois por cento), ao amparo da Resolução no 
69/00 do GMC, a partir de 24 de novembro de 2010, por um período de 12 
meses, conforme quota abaixo discriminada, a alíquota ad valorem do Imposto 
de Importação da seguinte mercadoria: 
 
NCM Descrição Quota 
0303.71.00 Sardinhas (Sardina pilchardus, Sardinops spp.), 30.000 
sardinelas (Sardinella spp.) e espadilhas (Sprattus toneladas 
sprattus) 
 
4) Ex-tarifários 
 
“Ex-tarifário” significa “exceção tarifária”. 
As listas de exceções antes analisadas permitem que os países escolham itens NCM 
para poderem cobrar alíquotas de imposto de importação (II) diferentes das previstas 
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16
na TEC. O problema é que, ao inserir um código NCM numa lista de exceções, todos os 
bens daquele código se sujeitam à nova alíquota, diferente da alíquota da TEC. 
Começaram a pensar em um jeito de não se alterar a alíquota para todo o código NCM, 
mas para apenas alguns produtos daquele código, surgindo daí os ex-tarifários. 
Os ex-tarifários nada mais são do que a exclusão de uma ou outra espécie de máquina 
de um determinado código NCM, para poder atribuir uma alíquota diferenciada. Por 
exemplo, em 17 de setembro de 2009, foi editada a Resolução CAMEX 52, criando um 
ex-tarifário: 
 
RESOLUÇÃO Nº 52, DE 17 DE SETEMBRO DE 2009 
“Art. 1o Ficam alteradas para 2% (dois por cento), até 31 de dezembro de 
2010, as alíquotas ad valorem do Imposto de Importação incidentes sobre os 
seguintes Bens de Capital, na condição de Ex-tarifários: 
NCM DESCRIÇÃO 
8414.80.19 Ex 048 – Combinações de máquinas para compressão de 
ar, compostas de filtro de sucção de ar com silenciador, 
compressor centrífugo de 5 estágios com pressão de 
sucção 1.013bar (a) e capacidade nominal de 
63.641Nm3/h, acionado por motor elétrico e 
autotransformador d e partida, 4 resfriadores de ar/água e 
2 silenciadores, sistema de lubrificação, resfriador de óleo 
através de trocador de calor óleo/água, com válvulas, 
estruturas metálicas, instrumentação e controle, tubulação 
e acessórios. 
...” 
 
Se procurarmos o código 8414.80.19 na TEC, vamos encontrar o seguinte: 
 
84.14 Bombas de ar ou de vácuo, compressores de ar ou de outros
gases e ventiladores; coifas aspirantes para extração ou
reciclagem, com ventilador incorporado, mesmo filtrantes. 
 
8414.10.00 -Bombas de vácuo 14BK 
8414.20.00 -Bombas de ar, de mão ou de pé 18 
8414.30 -Compressores dos tipos utilizados nos equipamentos frigoríficos 
8414.30.1 Motocompressores herméticos 
8414.30.11 Com capacidade inferior a 4.700 frigorias/hora 18 
8414.30.19 Outros 0BK 
8414.30.9 Outros 
8414.30.91 Com capacidade inferior ou igual a 16.000 frigorias/hora 18 
8414.30.99 Outros 14BK 
8414.40 -Compressores de ar montados sobre chassis com rodas e rebocáveis 
8414.40.10 De deslocamento alternativo 14BK 
8414.40.20 De parafuso 14BK 
8414.40.90 Outros 14BK 
8414.5 -Ventiladores:CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL - PROF. RODRIGO LUZ 
 
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17
8414.51 --Ventiladores de mesa, de pé, de parede, de teto ou de janela, com
motor elétrico incorporado de potência não superior a 125W 
 
8414.51.10 De mesa 20 
8414.51.20 De teto 20 
8414.51.90 Outros 20 
8414.59 --Outros 
8414.59.10 Microventiladores com área de carcaça inferior a 90cm² 0BK 
8414.59.90 Outros 14BK 
8414.60.00 -Coifas com dimensão horizontal máxima não superior a 120cm 20 
8414.80 -Outros 
8414.80.1 Compressores de ar 
8414.80.11 Estacionários, de pistão 14BK 
8414.80.12 De parafuso 14BK 
8414.80.13 De lóbulos paralelos (tipo "Roots") 14BK 
8414.80.19 Outros 14BK 
 
Ao criar o ex-tarifário de número 48 (“Ex 048”), alguns bens foram excluídos da 
alíquota de 14%. Os bens que se caracterizarem como “combinações de máquinas 
para compressão de ar, ...”, tal como descrito na Resolução 52/2009, estarão sujeitos 
à alíquota de 2%. Os demais bens, classificados no código 8414.80.19, mas que não 
forem “combinações de máquinas ...”, estarão sujeitos à alíquota de 14%. 
(Perceba que a Resolução CAMEX 52/2009 criou o ex-tarifário de número 48 dentro do 
código 8414.80.19. Significa que resoluções anteriores já tinham criado ex-tarifários 
de números 1, 2, 3 ... 47, talvez ainda vigentes.) 
 
Pergunta-se: qualquer código NCM é passível de ser “quebrado” para criação de “ex-
tarifários”? 
Não. Em 2006, a CAMEX editou a Resolução no 35, regulando a criação dos ex-
tarifários e dando as informações básicas acerca dessa redução tarifária. Em resumo, o 
ex-tarifário: 
- representa a redução do imposto de importação; 
- objetiva a modernização do parque industrial, estimulando o investimento 
produtivo; 
- só pode ser criado para códigos NCM relativos a bens de capital (BK) ou a 
bens de informática e telecomunicações (BIT); e 
- só pode ser criado para BK e BIT não produzidos no Brasil. 
 
RESOLUÇÃO CAMEX Nº 35 DE 22 DE NOVEMBRO DE 2006 
Art. 1o A redução da alíquota do Imposto de Importação de bens de 
capital, de informática e de telecomunicações, bem como de suas partes, peças 
e componentes, sem produção nacional, assinalados na Tarifa Externa 
Comum (TEC) como BK ou BIT, poderá ser concedida na condição de Ex-
Tarifário, de conformidade com os requisitos e procedimentos estabelecidos 
nesta Resolução. 
Art. 2o A CAMEX publicará, até o final de cada trimestre, Resolução contendo a 
relação de Ex-Tarifários aprovados. 
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18
Parágrafo único. Com vistas a proporcionar maior previsibilidade aos 
investimentos, as resoluções referidas neste artigo terão vigência de até 2 
(dois) anos e deverão observar os compromissos estabelecidos no âmbito do 
Mercosul. 
Art. 3o Os pleitos de redução do Imposto de Importação para bens de capital, 
de informática e de telecomunicações deverão ser dirigidos à Secretaria de 
Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e 
Comércio Exterior e apresentados em 2 (duas) vias ao Protocolo Geral desse 
Ministério, situado à Esplanada dos Ministérios, Bloco J, andar térreo, Brasília 
(DF), CEP 70053-900. 
§1o Os pleitos devem ser apresentados por empresa brasileira ou associação de 
classe, não se admitindo a utilização de fax, telegrama ou semelhantes, sendo 
que cada pleito deve se referir a um único produto ou a um único Sistema 
Integrado (SI). 
 
Veja que a criação do ex-tarifário exige que não haja similar nacional, mas, depois de 
criado, ele poderá ser usado por algum tempo “para proporcionar maior previsibilidade 
aos investimentos”. Isto significa que mesmo se começarem a produzir aqui bens 
similares àqueles incluídos como ex-tarifário, o produto poderá usufruir a redução 
tarifária. A lógica é bem simples: o processo de modernização das empresas demanda 
tempo. De nada adiantaria criar um ex-tarifário sem garantir um tempo razoável para 
planejamento e execução do processo. 
Por outro lado, o tempo de vigência não pode ser longo demais, pois isto poderia 
atrapalhar a vida das empresas brasileiras que viessem a produzir similares no país. 
Logo, será garantido um prazo (para facilitar a vida dos investidores), mas sem que 
ele seja infinito (para facilitar a vida das indústrias que passarem a produzir similares 
nacionais). 
Veja que o ex-tarifário no exemplo da página anterior foi criado para ser usufruído até 
31/12/2010, ou seja, mesmo que hoje comece a ser produzido no Brasil um similar 
nacional, o ex-tarifário poderá ser usufruído até aquela data. Isso é para dar 
“previsibilidade aos investimentos”. 
Guarde isso: 
1) para a CAMEX criar o ex-tarifário não pode haver similar nacional; 
2) na hora de importar, não faz mais diferença se existe similar nacional já que o ex-
tarifário poderá ser usufruído até a data fixada pela CAMEX; e 
3) Como o ex-tarifário é um código específico criado para os bens nele descritos, então 
ele poderá ser utilizado por quaisquer futuros importadores. Em suma, uma empresa 
pede a criação do ex-tarifário, mas todos poderão usar quando ele for criado, já que o 
ex-tarifário é uma redução dada ao produto não à pessoa. 
 
Veja como isso foi pedido em prova. 
5 - (AFRF/2000) A empresa Alfa Bética Indústria de Componentes 
Automotivos Ltda. pleiteou junto ao DECEX redução de alíquota do 
imposto de importação para uma fresadora especial, sem similar 
nacional, para emprego no seu processo produtivo de engrenagens 
cônicas para automóveis, cujo processo, após exaustiva análise, 
culminou com o deferimento do pedido, passando a figurar na TEC como 
"ex-tarifário”. Passados 2 (dois) anos, a empresa encerrou suas 
atividades e a referida máquina foi vendida a outra empresa para ser 
utilizada na produção de engrenagens helicoidais para equipamentos 
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19
navais, sem autorização prévia da Secretaria da Receita Federal para 
manutenção da referida redução de imposto. Ato contínuo, em 
fiscalização na empresa, a Secretaria da Receita Federal 
a) exigirá a totalidade dos tributos dispensados na importação, com os 
acréscimos legais alegando que a redução tributária foi vinculada à qualidade do 
importador, tanto que tal redução foi deferida à empresa mediante processo 
específico, além do que não foi solicitada prévia autorização da autoridade fiscal 
b) exigirá totalidade dos tributos dispensados na importação, com os 
acréscimos legais, alegando que a redução tributária foi vinculada à destinação 
do bem e no caso houve transferência de propriedade para empresa que o 
utilizou para outra finalidade, além do que não houve prévia autorização do 
órgão fiscal 
c) Considerou regulares as operações, deixando de instaurar qualquer 
procedimento fiscal contra a empresa importadora e a adquirente do bem, 
levando em consideração a natureza objetiva da redução tributária 
d) exigirá os tributos dispensados, com depreciação do valor do bem em 25% 
em função de tempo decorrido (24 meses) tendo em vista a redução ter sido 
vinculada à destinação do bem e a transferência de propriedade ter sido feita 
sem prévia autorização da fiscalização 
e) exigirá os tributos dispensados, com depreciação do valor do bem em 25% 
em função do tempo decorrido (24 meses) tendo em vista a redução ter sido 
vinculada à qualidade do importador e a transferência sem autorização prévia 
da autoridade fiscal. 
 
Comentários 
O ex-tarifário é redução de imposto de importação dada ao produto não à 
pessoa, ou seja, a redução é de natureza objetiva, não subjetiva. Logo, a 
redução tarifária está “colada” ao produto para onde quer que ele vá. 
Uma pessoa pede a criação do ex-tarifário. Depois queele for criado, qualquer 
um pode usar. 
Gabarito: Letra C. 
 
Retomando o exemplo do “Ex 048”, mencionado duas páginas atrás: como a indústria 
brasileira queria importar determinado bem do código 8414.80.19, ela acabou vendo 
que é um bem de capital (foi só olhar a sigla “BK” que aparece na TEC ao lado da 
alíquota de 14% do imposto de importação). 
Então, rapidamente ela pensou: “se é um bem de capital, cabe um ex-tarifário”. 
Peticionou então ao governo descrevendo a máquina inteirinha que queria importar: 
“Ô, governo, eu quero importar uma ‘combinação de máquinas para compressão de ar, 
compostas de filtro de sucção de ar com silenciador, compressor centrífugo de 5 
estágios com pressão de sucção 1.013bar (a) e capacidade nominal de 63.641Nm3/h, 
acionado por motor elétrico e autotransformador d e partida, 4 resfriadores de ar/água 
e 2 silenciadores, sistema de lubrificação, resfriador de óleo através de trocador de 
calor óleo/água, com válvulas, estruturas metálicas, instrumentação e controle, 
tubulação e acessórios’. 
Como não há similar nacional, arruma um ex-tarifário aí.” 
 
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Juntou também toda a documentação para que fosse realizada a investigação de 
existência de similar nacional. Depois de constatar que não havia similar nacional, a 
CAMEX criou o ex-tarifário. 
 
5) Exceções à TEC como suspensão de concessões assumidas na OMC 
 
No ano passado e no início deste, foi amplamente noticiada a lide Brasil vs. EUA na 
OMC, acerca dos subsídios concedidos pelo governo norte-americano à produção de 
algodão. Pois bem, o Brasil ganhou o direito de retaliar os EUA, tendo em vista que 
aquele país não cumpriu a decisão condenatória da OMC. 
O grande problema surge aí: como o Brasil vai retaliar os EUA? 
Resposta: Pode aumentar imposto de importação, impor quotas aos bens daquele país 
ou até mesmo quebrar direitos de propriedade intelectual, dentre muitas outras 
possibilidades. É o que permite o sistema de solução de controvérsias da OMC. 
Imaginemos que o Brasil deseje aumentar imposto de importação para produtos norte-
americanos. Será que isso não vai ferir o compromisso dos países do Mercosul em 
cobrar alíquotas de imposto de importação iguais em relação a terceiros países? 
Vai sim, pois o Brasil vai cobrar imposto de importação maior do que o cobrado pelos 
parceiros do Mercosul. E pode? 
Bem, já vimos quatro situações em que os países têm o direito de impor alíquota de 
imposto de importação diferente da prevista na TEC. Mas a retaliação em relação aos 
EUA não caberia como ex-tarifários (que só podem ser criados como redução tarifária) 
nem vinculados aos casos de desabastecimento (que também só pode ser como 
redução tarifária, além de ter que se provar a escassez de produto). Logo, só 
poderíamos cogitar o uso das listas de exceções para retaliar os EUA. 
“Ah! Então quer dizer que se o Brasil aumentar o imposto de importação para produtos 
dos EUA, o Brasil vai ter que usar sua lista de exceções para nela inserir tais 
produtos?” 
De jeito nenhum. Dois são os motivos: 
1) O uso da lista de exceções para punir os EUA seria ruim para o Brasil, tendo em 
vista que cada país do bloco tem um número limitado de produtos a serem inseridos 
em sua respectiva lista. E o Brasil, provavelmente, teria que retirar produtos da lista 
para poder inserir aqueles que deseja retaliar em relação aos EUA. 
2) A lista de exceções é para produtos independentemente do país exportador. O que 
se coloca na lista de exceções é o código do produto. Na lista de exceções não cabe 
escrever “se for dos EUA, alíquota x%. Se for de outro país, alíquota y%”. Portanto, se 
quisesse inserir um produto na lista de exceções para retaliar os EUA, o Brasil acabaria 
cobrando o imposto de importação maior não só de produtos dos EUA, mas de todo e 
qualquer país. 
 
Portanto, era necessário permitir que o Brasil impusesse alíquotas maiores para 
produtos dos EUA, sem impactar a lista de exceções brasileira. E isso foi feito. 
Por meio da Decisão CMC 18, de 7 de dezembro de 2009, os países do Mercosul 
decidiram que o aumento do imposto de importação, em decorrência de retaliações 
autorizadas pela OMC, pode ser realizado sem afetar em nada o direito à lista de 
exceções à TEC. Eis a norma: 
“O CMC decide: 
Artigo 1º - Um Estado Parte poderá elevar acima do estabelecido na TEC, por 
um prazo máximo inicial de dois anos, o direito de importação extrazona que 
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aplica a terceiros países, de maneira consistente com suas obrigações na OMC, 
nas seguintes situações: 
a) quando tenha sido autorizado pelo Órgão de Solução de Controvérsias da 
OMC a suspender concessões ou outras obrigações como conseqüência de um 
procedimento de solução de controvérsias; e 
b) quando, em consonância com o disposto no artigo XXVIII do GATT/1994, 
exerça a faculdade de retirar concessões substancialmente equivalentes que 
tenham sido negociadas originalmente com um membro da OMC que pretenda 
modificar ou retirar tais concessões. 
Artigo 2º - Os produtos para os quais um Estado Parte não aplique a TEC, em 
virtude do estabelecido no artigo 1º, não formarão parte das listas de 
exceções à TEC desse Estado Parte. Os níveis tarifários aplicados a tais 
produtos deverão retornar aos níveis da TEC assim que cesse o motivo que 
originou a elevação, independentemente do prazo de dois anos, estabelecido no 
artigo 1º.” 
 
Perceba, na redação do artigo 2o, que os casos de retaliação serão contados como 
exceções à parte, não entrando nas chamadas “Listas de Exceções à TEC”, analisadas 
anteriormente. 
 
6) Exceções à TEC decorrentes dos limites tarifários consolidados na OMC 
 
Por força do artigo II do GATT, cada país signatário informou aos demais as chamadas 
“tarifas consolidadas”, que são as alíquotas máximas de imposto de importação que 
cada país se comprometia em cobrar. 
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, antes de formarem o Mercosul, já eram 
signatários do GATT e, portanto, já tinham fixado unilateralmente suas tarifas 
consolidadas. Caso, hipoteticamente, os quatro países tivessem fixado a alíquota 
consolidada da camisa, respectivamente, em 10%, 20%, 30% e 40%, e a alíquota da 
TEC tivesse sido decidida com base na média, então ela teria sido fixada em 25%. 
Eis o problema: ao decidirem fixar a alíquota da camisa na TEC em 25%, Brasil e 
Argentina estariam ferindo o compromisso do artigo II do GATT, cobrando mais do que 
suas tarifas consolidadas. A outra opção era Brasil e Argentina cumprirem o 
compromisso do GATT, mas, neste caso, descumpririam a TEC do Mercosul. 
Em dezembro de 2009, os países do Mercosul aprovaram a Decisão CMC 17/2009, 
permitindo que os países-membros descumpram a TEC nesses casos em que a alíquota 
cobrada seria maior do que a consolidada na OMC. No nosso exemplo, Brasil e 
Argentina estarão dispensados pelo Mercosul de cobrar 25% de imposto de importação 
de camisa. Brasil passou a estar autorizado a cobrar apenas 10%, e a Argentina, 20%. 
Estas exceções à TEC são contadas à parte, não entrando nas chamadas “Listas de 
Exceções à TEC”. 
 
 
Concluída a análise das seis exceções à TEC, vejamos uma outra questão que trata 
delas: 
6 - (AFRF/2002-2) A partir de dezembro de 1994, o Mercado Comum do 
Sul (Mercosul) instituiu uma área de livre comércio e uma união 
aduaneira que ainda carecem de aperfeiçoamento. São medidas 
necessárias para tal fim: 
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a) Eliminar barreiras não-tarifárias ainda existentes, promover a liberalização 
dos fluxos de capital e de serviços e coordenar políticasmacroeconômicas. 
b) Aplicar integralmente o Programa de Liberalização Comercial, estabelecer 
regras de origem e incorporar produtos mantidos em listas de exceções à Tarifa 
Externa Comum. 
c) Aperfeiçoar o sistema de salvaguardas intramercosul, implementar um 
regime de compras governamentais e introduzir mecanismo de salvaguardas 
comerciais. 
d) Liberalizar o comércio de serviços, coordenar políticas macroeconômicas e 
estabelecer a livre circulação de capital e mão-de-obra. 
e) Eliminar barreiras não-tarifárias ainda existentes, promover a liberalização 
do comércio de serviços e incorporar à tarifa externa comum produtos mantidos 
à margem da mesma. 
 
Comentários 
Letra E. Esta questão não está muito boa, mas não é por causa da resposta, 
mas da pergunta. Vejamos. 
No enunciado da questão está escrito que o Mercosul instituiu uma área de livre 
comércio (ALC) E uma união aduaneira (UA). Peraí, OU é área de livre comércio 
OU é união aduaneira. Não dá para dizer que a ALC E a UA carecem de 
aperfeiçoamento. 
Já a resposta está perfeita. 
Faço as seguintes perguntas relativas às cinco alternativas: 
1) O Mercosul pretende eliminar barreiras não-tarifárias ainda existentes? 
Sim. Ainda há regime de quotas para alguns produtos como, por 
exemplo, os automóveis. E o retorno do uso de salvaguardas pelo 
Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC), entre Brasil e Argentina. 
2) Pretende promover a liberalização dos fluxos de capital? Sim. 
3) Pretende coordenar políticas macroeconômicas? Sim. Os países devem 
manter políticas monetárias, cambiais e fiscais não-conflitantes. 
(Importante: Se tivessem coordenado as políticas cambiais, não teria 
havido a crise na Argentina a partir de 1999 quando o Brasil mudou seu 
regime cambial, passando das bandas cambiais para o regime de 
flutuação suja, como se vê na história do controle cambial no Brasil) 
4) Pretende aplicar integralmente o programa de liberação comercial? Sim, 
pois ainda existem mercadorias que não estão com o comércio livre: 
automóveis, açúcar e aquelas objeto de medidas de defesa comercial. 
5) Pretende estabelecer regras de origem? Não, pois estas já estão 
definidas, como veremos a seguir. 
6) Pretende incorporar produtos mantidos à margem da TEC? Sim, isto 
significa que pretendem acabar com as listas de exceções à TEC para 
todos cobrarem a mesma alíquota de mercadorias procedentes de fora 
do bloco (Em princípio, Brasil e Argentina podem usar as listas de 
exceções à TEC até 31/12/2011. Paraguai e Uruguai, até 2015) 
7) Pretendem aperfeiçoar o sistema de salvaguardas? Não, pois 
salvaguardas só podiam ser usadas até 31/12/1994, mas lembremos 
que, no ano de 2006, posteriormente à aplicação desta questão de 
prova, permitiram, pelo MAC, o retorno do uso de salvaguardas entre 
Brasil e Argentina. 
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8) Pretendem implementar um regime de compras governamentais? Não, 
disso nem se fala. 
9) Introduzir mecanismo de salvaguardas comerciais? Não, sua 
possibilidade de uso era até 31/12/94, mas, em 2006, tal possibilidade 
foi restaurada, sendo que, pela ótica brasileira, isso é incompatível com 
um bloco comercial. 
10) Liberalizar o comércio de serviços? Sim. Alguns serviços ainda são 
monopolizados pelos brasileiros como, por exemplo, o serviço de 
seguros. Os importadores brasileiros só podem contratar seguro com 
empresa brasileira, ou seja, as seguradoras argentinas, paraguaias e 
uruguaias não têm os mesmos direitos das brasileiras. Cabe exceção 
quanto à regra citada, mas não é exceção para o Mercosul, é para 
seguradora de qualquer país quando não houver interesse ou capacidade 
de seguradoras nacionais. 
11) Pretendem liberalizar a circulação de mão-de-obra e capital? Sim. 
 
Pelas respostas acima, ficamos com a impressão de que há três possíveis 
soluções para a questão: as letras A, D e E. 
Então, por que a resposta é a letra E? 
Por que a pergunta é “O que deve ser feito para completar, aperfeiçoar a UNIÃO 
ADUANEIRA?” 
Para se configurar a união aduaneira, como vimos na aula anterior, basta haver 
o comércio livre de bens e serviços e a aplicação da TEC. 
Para aperfeiçoar então a união aduaneira, precisa liberar integralmente o 
comércio de bens e serviços e acabar com as listas de exceção à TEC, como 
está escrito na letra E. 
Para frisar: Se eles tivessem perguntado: “O que falta para cumprir o decidido 
em relação ao MERCOSUL?”, a resposta seria as letras A, D e E. Mas 
perguntaram “O que falta para aperfeiçoar a UNIÃO ADUANEIRA?“ 
 
 
Estrutura do Mercosul 
 
O Tratado de Assunção trouxe uma estrutura que iria funcionar durante o período de 
transição, ou seja, de 1991 até 31/12/1994. A estrutura provisória era composta por 
apenas dois órgãos: Conselho do Mercado Comum (órgão superior) e Grupo Mercado 
Comum (órgão executivo). As decisões eram tomadas pelo Conselho e deveriam ser 
executadas pelo Grupo Mercado Comum. 
Dentro do Grupo, havia ainda a Secretaria Administrativa do Mercosul, que tinha (e 
tem) a mesma função de qualquer secretaria de qualquer órgão. Servir de apoio 
operacional. 
Mas o próprio Tratado de Assunção definia que, antes de 31/12/94, deveria ser criada 
a estrutura definitiva. Por isso, foi criado em 1994 o “Protocolo de Ouro Preto – 
Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção sobre a Estrutura Institucional do 
Mercosul”. 
 
O Protocolo de Ouro Preto definiu também que “o MERCOSUL terá personalidade 
jurídica de Direito Internacional” (art. 34). 
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Pelo Protocolo, a estrutura passou a ser composta por seis órgãos: 
1) Conselho do Mercado Comum 
2) Grupo Mercado Comum 
3) Comissão de Comércio do Mercosul 
4) Comissão Parlamentar Conjunta (substituída pelo Parlamento do 
Mercosul no início de 2007) 
5) Foro Consultivo Econômico-Social 
6) Secretaria Administrativa do Mercosul 
 
O Conselho do Mercado Comum continuou com a mesma função quando criado pelo 
Tratado de Assunção: é o órgão superior, que decide e encaminha o processo de 
integração. 
O Grupo Mercado Comum também ficou com a mesma função de antes: é o órgão 
que executa as políticas traçadas pelo Conselho. Por isso, é chamado “órgão 
executivo”. 
É fácil entender a relação entre os dois primeiros órgãos a partir do inciso III do artigo 
14 do Protocolo: 
“Artigo 14 - São funções e atribuições do Grupo Mercado Comum: 
... 
III. Tomar as medidas necessárias ao cumprimento das Decisões adotadas pelo 
Conselho do Mercado Comum;” 
 
Como vemos, o GMC está voltado, entre outras coisas, à execução das decisões 
emanadas do CMC. 
A Comissão de Comércio do Mercosul foi criada para fiscalizar o cumprimento das 
políticas comerciais. Como as políticas comerciais (tanto a intrazona quanto a 
extrazona) já estão harmonizadas, alguém tem que fiscalizar para ver se não há 
nenhum país “andando fora da linha”. A CCM é o fiscal das políticas comerciais dos 
quatro países. 
Os órgãos decisórios do Mercosul são os três citados acima, conforme dispõe o 
Protocolo de Ouro Preto. Os últimos são órgãos auxiliares. Estes não criam normas, 
apenas ajudam no processo de integração. Só os três primeiros criam normas para 
serem internalizadas. 
Como as normas decididas pelos três órgãos anteriores devem ser internalizadas pelos 
quatro países para terem vigência, estes decidiram nomear deputados e senadores 
para acompanhar o processo de elaboração das normas do Mercosul. Isto para que 
depois estes parlamentares ajudassem no processo de internalização. Cada país 
mantinha dezesseis parlamentares para comporem a Comissão Parlamentar 
Conjunta. Depois estes parlamentares ajudavam nas várias comissões do seu 
respectivoParlamento. 
A CPC foi substituída em 2006/2007 pelo Parlamento do Mercosul, ou, 
simplesmente, Parlasul. A motivação foi criar um parlamento regional no bloco, 
semelhante ao Parlamento Europeu, que estudamos na aula anterior ao tratarmos da 
União Européia. 
Para a legislatura de 2007 a 2010, os 18 parlamentares de cada país foram escolhidos 
pelos respectivos Parlamentos nacionais. A partir da legislatura 2011-2014, o número 
de deputados seria proporcional às populações dos quatro países. Haveria eleições 
diretas em 2010, mas a falta de consenso em relação ao número de deputados de 
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cada país afundou o cronograma. A proposta atual é que o Brasil terá 75 deputados 
regionais; a Argentina, 35; o Paraguai e o Uruguai, 18 cada um. Mas estamos em 
dezembro e ainda não há nada de concreto definido para a próxima legislatura. 
Ao que parece, teremos no Brasil, em 2012, as primeiras eleições para deputado 
regional, simultaneamente às eleições municipais. 
 
Por enquanto, o Parlasul não cria normas como o Parlamento Europeu nem existe essa 
previsão escrita. Há apenas comentários (ou sonhos) de que vai funcionar assim no 
futuro. Atualmente, a principal atribuição definida para o Parlasul é a função 
consultiva: antes de o órgão de capacidade decisória criar uma norma no Mercosul, ele 
deve consultar o Parlasul. Caso este concorde com a edição da norma, então ela 
receberá um tratamento acelerado para internalização nos quatro países. Caso 
contrário, seguirá o rito ordinário de incorporação de cada um dos 4 países do bloco. 
O Foro Consultivo Econômico-Social tem representantes dos setores econômicos e 
sociais para legitimar a criação de uma norma do Mercosul. No Foro estão 
representantes dos sindicatos, empresários, ONGs, federações de comércio e de 
indústria, entre outros. O Foro é consultado toda vez que uma norma for criada para 
que se saiba a opinião da sociedade sobre aquilo que vai ser criado. O que o Foro 
pensa ou deixa de pensar não vincula as decisões. O órgão decisório não é obrigado a 
atender a opinião da sociedade, mas é óbvio que é bom fazê-lo, pois senão os 
parlamentares serão pressionados na hora de internalizar a norma. 
A Secretaria Administrativa do Mercosul mantém a mesma função de antes, com 
apenas uma diferença. Agora, na estrutura definitiva, ela não está dentro do Grupo 
Mercado Comum. É um órgão independente. 
A partir de 2002, a Secretaria Administrativa do Mercosul passou a ser conhecida 
simplesmente como Secretaria do Mercosul, passando a ter também um caráter 
técnico, além das funções administrativas. Começou, por exemplo, a promover 
estudos, a fazer o controle da consistência jurídica das normas emanadas dos órgãos 
do Mercosul e a elaborar relatórios de avaliação do processo de integração. 
 
Posteriormente ao Protocolo de Ouro Preto, foram criados outros três órgãos: 
1) o Tribunal Administrativo-Laboral (TAL), para julgar questões trabalhistas do 
pessoal da Secretaria do Mercosul; 
2) o Centro Mercosul de Promoção de Estado de Direito (CMPED), para “analisar e 
reforçar o desenvolvimento do Estado, a governabilidade democrática e todos os 
aspectos vinculados aos processos de integração regional, com especial ênfase no 
MERCOSUL”; e 
3) Tribunal Permanente de Revisão – a ser analisado na aula seguinte. 
 
Vamos ver como a ESAF cobra esta estrutura nas provas? 
7 - (ACE/97) Seguindo o modelo da União Européia, o MERCOSUL 
também procurou criar uma série de mecanismos e instituições que 
compõem a sua Estrutura Institucional. Todos os citados abaixo 
descrevem a estrutura do MERCOSUL, exceto: 
a) Conselho do Mercado Comum. 
b) Comissão do Mercado Comum. 
c) Grupo do Mercado Comum. 
d) Comissão Parlamentar Conjunta. 
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e) Foro Consultivo Econômico e Social. 
 
Comentários 
Gabarito: letra B. Comissão do Mercado Comum não existe. O que existe é a 
Comissão de Comércio do Mercosul, que tem a função de fiscalizar as políticas 
comerciais dos países do Mercosul. 
Lembre que a Comissão Parlamentar Conjunta deu lugar ao Parlasul. 
 
8 - (AFTN/98) Identifique, nas opções abaixo, o órgão superior do 
Mercado Comum do Sul (Mercosul), ao qual incumbe a condução 
política do processo de integração e a tomada de decisões para 
assegurar o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Tratado de 
Assunção: 
a) Foro Consultivo Econômico-Social. 
b) Conselho do Mercado Comum. 
c) Comissão de Comércio do Mercosul. 
d) Secretaria Administrativa do Mercosul. 
e) Comissão Parlamentar Conjunta. 
 
Comentários 
Outra questão tranqüila. Vimos que o órgão superior do Mercosul é o Conselho 
do Mercado Comum. Letra B. 
Lembre que a Comissão Parlamentar Conjunta deu lugar ao Parlasul. 
 
9 - (AFTN/98) Não faz parte da estrutura jurídica do Mercosul: 
a) Comissão Parlamentar Conjunta. 
b) Sistema de Solução de Controvérsias. 
c) Foro Consultivo Econômico-Social. 
d) Comissão de Comércio do Mercosul. 
e) Secretaria Administrativa do Mercosul. 
 
Comentários 
Cuidado com a questão. Está perguntando sobre a estrutura do Mercosul. O 
sistema de solução de controvérsias existe e é regido atualmente pelo Protocolo 
de Olivos, que veremos na próxima aula, mas não faz parte da ESTRUTURA 
JURÍDICA do Mercosul. 
Lembre que a Comissão Parlamentar Conjunta deu lugar ao Parlasul. 
 
Em 2009, a Fundação Universa cobrou a seguinte questão: 
10 - (APEX/2009 – Fundação Universa) 45 – Quanto ao Mercosul, o que 
é o Conselho do Mercado Comum? 
a) É órgão de assessoria e de apoio para mediação de conflitos entre os 
interesses empresariais de cada nação. 
b) É o órgão com a incumbência da condução política do processo de 
integração e a tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos 
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estabelecidos pelo tratado de Assunção e para lograr a constituição final do 
mercado comum. 
c) É a designação oficial do encontro de chefes de Estado do Mercosul, que 
ocorre ordinariamente a cada ano. 
d) O Conselho do Mercado Comum delibera mensalmente sobre as políticas 
de tarifação de importações e exportações de produtos comuns produzidos 
pelos Estados membros. 
e) Conselho composto por empresários dos setores produtivos por Estados 
membros, para discussão de políticas comuns de exportação para outros blocos 
econômicos. 
 
Comentários 
Gabarito: letra B. Questão simples. 
 
 
Sistema Decisório do Mercosul 
 
O sistema decisório do Mercosul consta no artigo 37 do Protocolo de Ouro Preto. No 
entanto, é importante olharmos também os artigos 38 a 40 do mesmo: 
Capítulo III - Sistema de Tomada de Decisões 
Artigo 37 - As decisões dos órgãos do Mercosul serão tomadas por consenso e 
com a presença de todos os Estados Partes. 
 
Este artigo é o mais fácil de ser explicado: Não podem fazer reunião trilateral, 
“esquecendo” de chamar um determinado país. Ah! Se pudesse... 
Todos reunidos, as decisões são por consenso. Essas decisões são tomadas nas 
reuniões que os órgãos de capacidade decisória fazem (lembrando que estes órgãos 
são o Conselho do Mercado Comum - CMC, o Grupo Mercado Comum - GMC e a 
Comissão de Comércio do Mercosul - CCM). 
 
Capítulo IV - Aplicação Interna das Normas Emanadas dos Órgãos do Mercosul 
Artigo 38 - Os Estados Partes comprometem-se a adotar todas as medidas 
necessárias para assegurar, em seus respectivos territórios, o cumprimento das 
normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no artigo 2 deste 
Protocolo. 
Parágrafo único - Os Estados Partes informarão à Secretaria Administrativa

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