Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
______________________________Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R ; práticas, PIII, pag.1_____________ Aula Prática no 3 Tema: Relevo e índice de refração dos minerais Relevo As seções ou fragmentos de um mineral ao microscópio petrográfico, são caracterizados por superfícies desiguais, irregulares e algumas vezes, porosas (feições morfológicas ou textura da superfície de um mineral). Ao maior ou menor contraste destas feições dá-se o nome de relevo. O relevo depende das diferenças entre os índices de refração do mineral e do meio que o envolve. Quando o índice de refração de um mineral é igual, ou muito próximo, do índice de refração do meio envolvente o seu contorno e as suas feições morfológicas se tornam praticamente invisíveis. As seções delgadas para estudo petrográfico, são montadas sobre o Bálsamo do Canadá cujo índice de refração é de 1,54 Tipos de relevo É definida uma escala de relevo quanto a diferença entre os índices de refração do mineral e do meio que o envolve (Δn), com as seguintes características: 1- Relevo Forte: Δn ≥ 0,12 – contorno, traços de clivagem e planos de fratura dos minerais são acentuados. A superfície dos cristais parece ter aspecto áspero. 2- Relevo Moderado: 0,04 > Δn < 0,12 - contorno, traços de clivagem e planos de fratura dos minerais são distintos. A superfície dos cristais tem textura, ondulações são perceptíveis. 3- Relevo Baixo: Δn ≤ 0,04 - contorno, traços de clivagem e planos de fratura dos minerais são fracamente visíveis. A superfície dos cristais parece ser lisa. Sinal do Relevo Costuma-se atribuir sinais ao relevo, comparando-se o índice de refração do mineral (nm) em relação ao seu meio envolvente (nb). Sendo o relevo: Positivo quando nm > nb, Negativo quando nm < nb ______________________________Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R ; práticas, PIII, pag.2_____________ Observe e compare os diferentes relevos dos vários minerais apresentados abaixo, representando-os de forma esquemática. (Obs: as lâminas foram montadas em bálsamo do Canadá). Moderado Negativo Fraco negativo Fraco Positivo Lâminas: 321-330; 1201-1210 Mineral Fluorita n= 1,433 Lâminas: 1351-1370. Mineral: Microclina, n∝= 1,518, nβ= 1,522, nγ= 1,525 Lâminas: 281-290, 1241-1250. Mineral: Quartzo nε= 1,553; nω= 1,544 Moderado Positivo Forte Positivo Lâminas: 1521-1540 Mineral: Apatita nε= 1,630; nω= 1,633 Lâminas: 331-340 Mineral: Granada n= 1,800. Relevo Indefinido Todo raio de luz ao atravessar um mineral anisotrópico sofre o fenômeno da dupla refração, ou seja, há o aparecimento de dois raios de luz (rápido e lento) que atravessam o mineral vibrando com direções ortogonais entre si. Se, entretanto, rotacionarmos a platina do microscópio de forma a que o raio proveniente do polarizador inferior coincida com uma destas direções do mineral (raios rápido ou lento), a outra direção não aparecerá. Assim, o relevo exibido pelo mineral, será o daquela cuja direção é paralela a do polarizador. ______________________________Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R ; práticas, PIII, pag.3_____________ Para a grande maioria dos minerais, a diferença entre os valores dos índices de refração entre os raios lento e rápido do mineral é pequena (ou seja a birrefringência é baixa), e assim a variação do relevo com a rotação da platina também é pequena. Porém há exceções. Por exemplo, examinemos o caso da calcita, que é um mineral uniaxial cujos índices de refração nε= 1,486 e nω= 1,658, ou seja tem sinal óptico negativo (pois nε < nω). Se um cristal de calcita estiver imerso em bálsamo do Canadá, cujo índice de refração é 1,54 (nb), quando o cristal de calcita estiver orientado de forma a seu raio rápido (direção E, cujo índice de refração é nε= 1,486) estiver paralelo a direção do polarizador, o mineral terá relevo moderado negativo (pois 1,486 - 1,54= nε - nb= -0,054) – caso (a) da figura abaixo. Porém quando o mesmo cristal de calcita for rotacionado na platina do microscópio de forma que o seu raio lento (direção O cujo índice de refração nω= 1,658) fique paralelo a direção de vibração do polarizador o mineral terá agora relevo forte positivo (pois 1,658 – 1.54= nω - nb= 0,118), conforme mostrado no esquema (b) da figura abaixo. Em posições intermediárias entre estas duas, o mineral apresentará relevos intermediários entre estes dois extremos. Observe a variação do relevo da calcita com a rotação da platina do microscópio, nas lâminas da série 1221-1230 (pó) e nos cristais de calcita das seções delgadas de carbonatito da série 2469-2478 (rocha constituída por: calcita + apatita + magnetita). Perceba, inclusive, que o relevo chega a ser nulo. Faça esquemas mostrando essas variações extremas, um para a seção de grão e outro para a seção delgada. Lâmina de Grãos: 1221-1230 ou 351-360 Seção Delgada: 2469-2478 Relevo: Sinal: Relevo: Sinal: Relevo: Sinal: Relevo: Sinal: ______________________________Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R ; práticas, PIII, pag.4_____________ Determinação do índice de refração de um mineral em relação a um meio de imersão Método da Linha de Becke: • Utilizando-se de uma das lâminas do item anterior (preferencialmente granada ou fluorita), focalize com a objetiva de médio aumento linear, o contato do mineral com o meio de imersão. • Feche ligeiramente o diafragma íris • Com o auxílio da cremalheira micrométrica do ajuste vertical da platina, levante ou abaixe a platina lentamente. • Com este movimento, observe uma linha fina e sutil, bastante brilhante, de coloração amarela-azulada que se movimenta em direção do interior ou exterior do mineral, dependendo do sentido da movimentação vertical da platina. Esta linha recebe o nome de linha de Becke. Obs: É de fundamental importância que você aprenda a distinguir com facilidade a linha de Becke. Assim tome como regra: Abaixando-se a platina do microscópio a linha de Becke se move para o meio de maior índice de refração. 9 Utilizando-se das lâminas abaixo, represente de forma esquemática para cada uma delas, a morfologia do grão, seu relevo e a linha de Becke. Moderado Negativo Fraco negativo Fraco Positivo Lâminas: 321-330; 1201-1210 Mineral Fluorita n= 1,433 Lâminas: 1351-1370. Mineral: Microclina, n∝= 1,518, nβ= 1,522, nγ= 1,525 Lâminas: 281-290, 1241-1250. Mineral: Quartzo nε= 1,553; nω= 1,544 ______________________________Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R ; práticas, PIII, pag.5_____________ Moderado Positivo Forte Positivo Lâminas: 1521-1540 Mineral: Apatita nε= 1,630; nω= 1,633 Lâminas: 331-340 Mineral: Granada n= 1,800. 9 Determine o relevo dos minerais das seguintes lâminas: Lâmina Relevo (tipo e sinal) 1076-1080 ou 361-380 Mineral: cianita nα= 1,712; nβ= 1,720; nγ= 1,728 2201-2220 Mineral: espodumênio nα=1,651; nβ= 1,665; nγ= 1,677 1261-1270 Mineral: berilo nε= 1,564; nω= 1,568 Método da Iluminação Oblíqua A comparação entre os índices de refração entre duas substâncias, pode também ser feita através do método da iluminação oblíqua, que é particularmente interessante quando se está estudando lâminas de fragmentos de cristais (ou pó), pois permite visualizar um conjunto de cristais simultaneamente. O método consiste em escurecer a metade do campo de visão do microscópio, introduzindo a parte opaca do analisador. Com isso, deve-se observar que os grãos minerais, apresentam uma sombra, que se estiver voltadapara o campo escurecido, indica que o mineral possui índice de refração maior do que o do meio envolvente e ______________________________Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R ; práticas, PIII, pag.6_____________ assim, relevo positivo. Caso contrário, se as sombras exibidas pelos grânulos estiverem voltadas para o lado oposto a aquele escurecido, o mineral possui índice de refração menor do que o do meio envolvente e por conseqüência, relevo negativo. 9 Aplique agora para os minerais das lâminas indicadas o método da iluminação oblíqua, fazendo esquemas para cada uma delas e observe o resultado obtido. Represente o observado nas figuras abaixo em especial a parte do campo escurecido, a sombras e os relevos dos minerais. Lâmina: 1076-1080 Mineral: cianita Lâmina: 2201-2220 Mineral: espodumênio Lâmina 1261- 1270 Mineral: berilo O relevo de um mineral é função das diferenças entre seus índices de refração com o do meio que o envolve. Assim, um mineral pode ter relevo muito baixo num meio de imersão, mas muito alto em um outro. Por isso, em montagens permanentes emprega- se sempre um mesmo meio de imersão, ou seja, Bálsamo do Canadá, que . possui índice de refração constante e igual a 1,54 Como o relevo de um mineral depende da nossa percepção do contraste de suas feições morfológicas, muitas vezes a presença de inclusões, fraturas, variações muito grandes de espessura em um mesmo grão, cores muito fortes, etc, podem mascarar o relevo, ou seja este se mostra muito mais alto ou baixo do que deveria ser se considerada apenas a diferença entre os índices de refração do mineral e do meio de imersão. A esta anomalia, damos o nome de relevo aparente. O relevo de um mineral pode variar dependendo do índice de refração do meio que o envolve, porém, o(s) seu(s) índice(s) de refração não. Identificando diferentes minerais através do relevo: 9No conjunto de lâminas 2668-2677, que corresponde a uma lâmina de pó, em montagem permanente, cujo meio de imersão é o bálsamo do Canadá, há dois minerais com relevos distintos. Examine a lâmina e individualize estes minerais. Caracterize o relevo de cada um deles. Esquematize na figura abaixo as diferenças encontradas, destacando a diferença entre seus relevos. ______________________________Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R ; práticas, PIII, pag.7_____________ Mineral 1: Relevo: _______________ Mineral 2: Relevo: ________________ Como pode-se observar, muitas vezes o relevo, por si só, é uma propriedade que permite a individualização e mesmo a identificação de um mineral. Relevo dos minerais em seções delgadas Até agora só observamos o relevo dos minerais em montagens permanentes de pó de mineral em meio ao bálsamo do Canadá. As seções delgadas, de espessura constante, também utilizam o bálsamo do Canadá. Porém, como mineral e bálsamo devem estar em contatos verticais entre si, só poderemos comparar seus índices de refração nas bordas da lâmina. Assim devemos estar atentos que na maioria das vezes o relevo de um mineral será devido a diferenças entre seu(s) índice(s) de refração em comparação com os demais minerais que o cercam. 9 Na lâmina 2548-2555 (gnaisse aluminoso c/ córindon) determine qual é o mineral que apresenta maior relevo comparado aos demais. Faça um desenho esquemático mostrando este mineral, bem como os demais, preocupando-se em ressaltar seus relevos. Há informações acerca desta aula em: www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/elearn.html. Nardy, 2007
Compartilhar