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Luto em mulheres submetidas à mastectomia

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
Edlaine Xavier Machado – B746CH1
Gleides Aparecida Ramos Ribeiro – B7120D9
Lilyane Pires de Morais – B88JIJ4
Sônia dos Santos – B720115
Stela Martins – T498597
LUTO EM MULHERES SUBMETIDAS À MASTECTOMIA TOTAL DEVIDO AO CÂNCER DE MAMA:
EM UMA ABORDAGEM PSICANALÍTICA
Relatório de Pesquisa apresentado a Universidade Paulista como requisito parcial da disciplina de Apresentação do Trabalho de Pesquisa, sob a orientação da Professora Anna Rogéria Nascimento de Oliveira.
Campus Flamboyant/Goiânia
2017
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
Edlaine Xavier Machado – B746CH1
Gleides Aparecida Ramos Ribeiro – B7120D9
Lilyane Pires de Morais – B88JIJ4
Sônia dos Santos – B720115
Stela Martins – T498597
LUTO EM MULHERES SUBMETIDAS À MASTECTOMIA TOTAL DEVIDO AO CÂNCER DE MAMA:
EM UMA ABORDAGEM PSICANALÍTICA
Relatório de Pesquisa apresentado a Universidade Paulista como requisito parcial da disciplina de Apresentação do Trabalho de Pesquisa, sob a orientação da Professora Anna Rogéria Nascimento de Oliveira.
Campus Flamboyant/Goiânia
2017
“Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda.” 
Sigmund Freud
“Em nossas vidas, a mudança é inevitável. A perda é inevitável. A felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim.”
Buda
SUMÁRIO
SUMÁRIO	4
RESUMO	5
ABSTRACT	6
1 APRESENTAÇÃO	7
2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO	9
2.1 Câncer de mama	9
2.2 Tratamento	10
2.2.1 Mastectomia	11
2.2.2 Radioterapia	12
2.2.3 Quimioterapia	13
2.2.4 Hormonioterapia	13
2.2.5 Reconstrução	14
2.3 Luto e melancolia para a psicanálise	15
2.4 Feminilidade, autoestima e autoimagem.	17
2.4.1 Feminilidade	17
2.4.2 Autoestima	18
2.4.3 Autoimagem	19
2.5 Corpo em psicanálise	19
2.6 Representação do seio na vida da mulher	20
2.7 Caso clínico	21
2.8 Objetivos	24
2.8.1 Objetivo Geral	24
2.8.2 Objetivos Específicos	24
2.9 Hipótese	24
2.10 Justificativa	24
3 MÉTODO	25
3.1 Sujeitos	25
3.2 Instrumentos	26
3.3 Aparatos de pesquisa	26
3.4 Procedimento para coleta de dados	26
3.5 Procedimento de análise de dados	26
4 RESULTADOS	27
5 DISCUSSÃO	31
6 CONCLUSÕES	35
REFERÊNCIAS	37
			
RESUMO
MACHADO, E. X.; RIBEIRO, G. A. R.; MORAIS, L. P. M.; SANTOS, S. dos; MARTINS, S.; OLIVEIRA, A. R. N. (orientadora). Luto em mulheres submetidas à mastectomia total devido ao câncer de mama: em uma abordagem psicanalítica. Curso de psicologia, UNIP – Universidade Paulista, Campus Flamboyant, Goiânia, 2017.
O câncer de mama é uma doença que causa impacto tanto no físico da mulher, principalmente por conta dos tratamentos químicos, quanto na subjetividade, sobretudo pelas questões ligadas a representação do seio na mulher. Portanto, o objetivo geral do presente estudo foi verificar o processo de luto em mulheres submetidas à mastectomia devido ao câncer de mama dentro de uma perspectiva psicanalítica. Para realização do mesmo, realizou uma pesquisa de recensão bibliográfica, que consiste no levantamento de referências bibliográficas sobre um determinado tema e apresentação textual dos resultados encontrados. Os dados das publicações encontradas foram dispostos em uma tabela, que continham: o título, autoria, ano, periódico, objetivos, metodologia e resultados. Posteriormente tais resultados foram contextualizados numa discussão à luz da psicanálise de maneira a responder os quatro objetivos específicos do presente estudo. Concluiu-se que as mulheres mastectomizadas possuem dificuldade na elaboração do luto, uma vez que é possível observar os impasses que elas vivenciam nessa situação delicada, mas que também, o olhar e a escuta da psicanálise muito podem colaborar para que elas sejam vistas e ouvidas, onde o câncer devastou e só deixou uma ausência cega e muda e sugeriu-se um possível caminho para pesquisas futuras.
Palavras-chave: câncer de mama; mastectomia; luto; psicanálise.
E-mail da orientadora: annarogeria@yahgoo.com.br
ABSTRACT
MACHADO, E. X.; RIBEIRO, G. A. R.; MORAIS, L. P. M.; SANTOS, S. dos; MARTINS, S.; OLIVEIRA, A. R. N. (advisor). Grief in women submitted to total mastectomy due to breast cancer: in a psychoanalytic approach. Psychology course, UNIP – Universidade Paulista, Campus Flamboyant, Goiânia, 2017.
Breast cancer is a disease that has an impact on the physical aspect of the woman, mainly due to the chemical treatments, as well as on the subjectivity, especially for the issues related to the representation of the breast in the woman. Therefore, the general objective of the present study was to verify the mourning process in women submitted to mastectomy due to breast cancer from a psychoanalytic perspective. For the accomplishment of the same one, realized a research of bibliographical recension, that consists in the survey of bibliographical references on a certain subject and textual presentation of the found results. The data of the publications found were arranged in a table, which contained: title, authorship, year, periodical, objectives, methodology and results. Subsequently, these results were contextualized in a discussion in the light of psychoanalysis in order to respond to the four specific objectives of the present study. It was concluded that mastectomized women have difficulties in the elaboration of mourning, since it is possible to observe the impasses that they experience in this delicate situation, but also that the look and the listening of psychoanalysis can very much collaborate so that they are seen and heard , where cancer devastated and left only a blind and mute absence and also suggested a possible path for future research.
Keywords: breast cancer; mastectomy; mourning; psychoanalysis.
Advisor’s e-mail: annarogeria@yahgoo.com.br
1 APRESENTAÇÃO
O câncer de mama é uma doença que deixa a mulher com alguns temores, como em relação à morte ou ao exercício de sua sexualidade, e o tratamento dessa doença, sobretudo a mastectomia, causa mudanças em sua imagem corporal e deixam consequências físicas e psíquicas que precisam cada uma em seu tempo, serem elaboradas. Sendo assim, o problema que norteou tal pesquisa foi: como as mulheres submetidas à mastectomia total vivenciaram o luto do corpo ideal?
Para tanto, fez-se um levantamento bibliográfico do tema dividido em sete capítulos. O primeiro capítulo, intitulado “Câncer de mama”, aborda os aspectos conceituais do câncer de mama, sobretudo dentro da abordagem médica. O segundo capítulo, intitulado “Tratamento”, apresenta e comenta as modalidades de tratamentos utilizadas, quais sejam: mastectomia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia, reconstrução da mama.
O terceiro capítulo, intitulado “Luto e melancolia para a psicanálise”, insere o conceito de luto a partir de um texto clássico de Freud sobre o tema e apresenta algumas concepções complementares e contemporâneas. O quarto capítulo, intitulado “Feminilidade, autoestima e autoimagem”, investiga tais conceitos que são amplamente difundidos, tanto na psicologia quanto no senso comum, e faz uma conceituação psicanalítica dos mesmos em relação ao contexto do câncer de mama. 
O quinto capítulo, intitulado “Corpo em psicanálise”, discute qual é a concepção de corpo dentro da teoria psicanalítica, uma vez que a psicanálise nasce justamente do estudo das manifestações histéricas, ou seja, sintomas no corpo sem causas fisiológicas. O sexto capítulo, intitulado “Representação do seio na vida da mulher”, argumenta sobre o seio como objeto de investimento libidinal, importante desde a constituição da subjetividade do bebê até a as concepções de feminilidade na mulher. 
O sétimo capítulo, intitulado “Caso clínico”, exemplifica os conceitos até então apresentados utilizando-se dos resultados de um estudo de Gonçalves, Arrais e Fernandes
(2007) e de recortes do filme Vidas que se cruzam (The Burning Plain) dirigido por Gillermo Arriaga (2008). A introdução se encerra apresentando os objetivos, a hipótese e a justificativa para o presente estudo.
Na seção dedicada ao método, apresenta-se a abordagem metodológica escolhida para realização da pesquisa, a saber, a recensão bibliográfica, que consiste no levantamento de referências bibliográficas sobre um determinado tema e apresentação textual dos resultados encontrados. Na seção “Sujeitos”, informa-se o nome dos autores dos trabalhos encontrados na busca bibliográfica; em “Instrumentos” constam o nome das plataformas de dados utilizados para a busca bibliográfica, em “Aparatos de pesquisa”, a lista dos equipamentos utilizados; em “Procedimentos para coleta de dados”, apresenta-se de forma detalhada como se deu a busca dos artigos nas plataformas de dados consultadas; em “Procedimentos para análise de dados”, informa-se como foi realizada a leitura e categorização dos artigos e a construção da recensão dos mesmos.
Em “Resultados”, foram apresentados numa tabela os artigos encontrados na busca bibliográfica e suas respectivas autorias, dados da publicação, objetivos, metodologia e resultados. Em “Discussão”, foram comentadas as pesquisas realizadas por cada artigo, bem como os resultados a que chegaram, de foram a correlacioná-los e assim responder os quatro objetivos específicos do presente estudo. A seção “Conclusões” alude à hipótese levantada, encerra o trabalho apresentando uma síntese do que foi encontrado e a partir dela faz sugestões para futuras pesquisas complementares. 
2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
2.1 Câncer de mama
O câncer é uma doença invasiva que se caracteriza fundamentalmente pelo crescimento desordenado de células comprometendo órgãos e tecidos (Ministério da Saúde, 1998). As células de um organismo são organizadas em tecidos que compõem os órgãos, sendo a renovação celular uma constante, no processo de morte celular e, consequente, substituição das mesmas. Quando há uma falha nesse sistema altamente organizado, gerando um acúmulo desordenado de células, há a formação de um tumor gerador de sinais e sintomas próprios do câncer. Quanto à natureza do tumor, este pode ser benigno ou maligno. Os tumores benignos têm o crescimento lento, são bem delimitados, bastante diferenciados, se assemelhando muito às células normais do tecido originário. Este tipo de tumor não dá origem às metástases. Já o tumor maligno, contém células imaturas, indiferenciadas, atípicas, que pouco se assemelham ao tecido original. Seu crescimento acontece de forma irregular, infiltrando-se rapidamente no tecido, podendo alastrar-se para outros órgãos, dando origem as metástases (Del Giglio, 1999).
No início do processo o tumor é móvel, isolado e indolor. À medida que a neoplasia evolui sobrevêm à fixação do tumor e a retração da pele ou do mamilo, podendo aparecer ulcerações, eritema (vermelhidão na pele), dor e adenopatia axilar (Rubim, 1977). A evolução do câncer varia de pessoa para pessoa, uma vez que o comportamento biológico dos tumores é heterogêneo. Alguns tumores, quando descobertos, já estão disseminados pelo corpo, ao passo que em outros casos, o avanço é lento. A doença pode ser descoberta de várias maneiras e em vários estágios, pela própria paciente ou pelo médico.
Minayo (2008) salienta que é preciso transcender a ideologia que fundamentou a medicina ocidental de que as doenças são apenas entidades biológicas. Introduz a necessidade de se considerar os fatores econômicos, sociais, culturais e subjetivos na construção das enfermidades e na promoção de saúde, ao invés de se reduzir esses fenômenos a entidades ou processos biológicos apenas. 
O câncer de mama é o tipo de neoplasia que mais acomete mulheres a nível mundial. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (2001), o câncer de mama representa uma das primeiras causas de óbitos entre mulheres, sendo apenas superado pelas mortes provocadas por doenças cardiovasculares e causas externas (acidentes de transito e violências). Além das implicações que qualquer adoecimento comporta, este tipo de neoplasia é provavelmente um dos mais temidos pelas mulheres, devido aos efeitos psicológicos que afetam a sexualidade e a própria imagem corporal feminina. A possibilidade da doença assusta tanto pela perspectiva da perda da mama quanto pelo medo da morte (INCA, 2012).
Sendo assim, a mulher acometida pelo câncer de mama sofre com a preocupação da mutilação e da interferência em seu bem-estar físico, psíquico e social, pois o membro em questão é fonte de representação da feminilidade, maternidade e sexualidade. Silva e Rey (2011) explicam que as mulheres mastectomizadas sofrem não só com a perda dessas funções, como também com a degeneração da imagem corporal, que as afastam de um ideal de mulher, de acordo com os padrões estéticos. 
Duarte e Andrade (2003) ressaltam que o câncer de mama altera as funções psíquicas da mulher, e a retirada da mama pode ocasionar vários danos, pois após a mastectomia, a mulher pode vir apresentar uma série de dificuldades em reassumir seus papéis sociais ligados aos aspectos básicos da mulher contemporânea, ou seja, retomar sua vida profissional, familiar e sexual. Tendo em vista o desejo do corpo perfeito definido pelos padrões de beleza que permeiam a sociedade existe um preconceito, mesmo que velado, pelo corpo diferente ou incompleto (MELLO FILHO, 2002). Desta forma a busca da mulher contemporânea pelo corpo perfeito está no imaginário feminino, pois vem, sendo construída e alimentada através da mídia, influência na construção da identidade feminina.
2.2 Tratamento
Para que seja definido o tipo de cirurgia que será realizada é necessário que seja feito a confirmação do diagnóstico com a realização de exames de radiografia, mamografia, ultrassonografia, biópsia e logo após deve ser avaliada a extensão em que esse tumor se encontra e realizar avaliação das condições clínicas da paciente. Só após isso é que se dá início ao tratamento mais adequado (INCA, 2012).
O sucesso no tratamento do câncer de mama está aliado ao plano terapêutico que é traçado a partir do conhecimento da história natural da doença, assim como as condições tumorais e a individualidade do doente. As modalidades terapêuticas para o tratamento são escolhidas conforme o estágio da doença, sendo as mais comuns a hormonoterapia, quimioterapia, radioterapia e a cirurgia. Tais modalidades podem ser integradas e, em determinadas circunstâncias, elevam a chance de conservação do órgão envolvido (Del Giglio, 1999). 
Por suas características, o tratamento traz repercussões importantes no que se refere à identidade feminina. Além da perda da mama ou de parte dela, os tratamentos complementares podem impor a perda dos cabelos, a parada ou irregularidade da menstruação e a infertilidade, fragilizando ainda mais o sentimento de identidade da mulher (Wanderley, 1994). Além disso, as representações de dor insuportável, de mutilações desfigurantes e de ameaça de morte não desaparecem com a retirada do tumor, pois há sempre o fantasma da metástase e da recorrência. 
2.2.1 Mastectomia
O diagnóstico de câncer de mama traz consigo o sentimento de impotência e medo da morte, pois além de ser um fato estressante para essa mulher também significa uma mudança em sua vida tanto psicológica quanto em sua sexualidade, já que ocorre uma série de transformações que a doença ocasiona, também há a ameaça da mutilação da mama. A busca pelo tratamento mais adequado é persistente e constante. Pois essas mulheres convivem com uma dor permanente, tanto física como psicologicamente, durante os estágios diferentes que a doença apresenta e diante das sequelas que ficam em seu corpo (VIEIRA; LOPES; SHIMO, 2007).
Deste modo, como já foi dito acima, o câncer de mama representa um processo composto de vários estágios que, segundo o (INCA, 2012) são: estágio de iniciação, onde os genes sofrem ação de fatores cancerígenos;
estágio de promoção, onde os agentes onco promotores atuam na célula já alterada; e estágio de progressão, caracterizada pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula. Uma das sequelas que afligem as mulheres é advinda da mastectomia, que é a perda de parte de seu corpo a mama. Nesta pesquisa consideramos a mastectomia como uma cirurgia de retirada total da mama, associada ou não à retirada dos gânglios linfáticos da axila (esvaziamento axilar). 
Silva (2008) diz que a mastectomia radical (que é a remoção da mama, músculo peitoral e nódulos axilares linfáticos), que é a mais indicada quando o câncer se encontra em um estágio mais avançado, portanto é a mais temida e traumática para a mulher, pois o fato de perder parte de seu corpo a deixa menos feminina diante de seu olhar, sendo assim interfere em sua sexualidade, pois o fato de ficar nua é uma dificuldade sendo vergonhoso para ela. É necessário então que a assistência prestada a essas mulheres seja para atendê-las como um todo, não sendo tratada apenas a doença em si, pois como vimos acima mastectomia traz uma gama de sentimentos, de mudanças de vida e transformações as quais atingem diretamente as pacientes no decorrer do tratamento. Sendo assim, o profissional da saúde assume um papel de extrema importância durante o processo que essa mulher irá passar, desde a confirmação do diagnóstico até após a realização da mastectomia (TREVISAN, 2013).
O câncer de mama causa um impacto forte no universo feminino. A doença pode ter muitas complicações físicas e psicológicas, a retirada da mama pode afetar a percepção da sexualidade e a imagem pessoal da mulher. A mastectomia é um dos métodos mais utilizados para o tratamento do câncer de mama. É uma cirurgia mutiladora que visa remover todo o tumor visível. Como consequência desta técnica, podem ocorrer prejuízos de ordem física, emocional e social. Na ordem física podem ocorrer infecções e há limitação nos movimentos nos braços e ombros, limitando as atividades diárias; o emocional fica abalado, circundado de sentimentos negativos em relação à doença; no campo social, a mulher encontra dificuldade em decorrência do sentimento de vergonha, escondendo a mutilação (SAMPAIO, 2006).
Devido à feminilidade, sexualidade e maternidade estarem associadas a mama, sendo ela um objeto de investimento libidinal, a sua perda pode gerar um processo de luto. Sendo assim, é preciso elaborar o luto desta perda e ressignificar o sentido daquele órgão que foi retirado a fim de ter perspectivas e condições para se reabilitar.
A terminologia utilizada: “mama” e “seio” representa bem a existência conjunta de um corpo biológico e um psíquico, onde o médico comunica que vai retirar a “mama”, mas a paciente recebe a informação de que vai perder o “seio”, ou seja, a mastectomia é a amputação real no corpo da paciente (Quintana, 1999). As mamas além de desempenharem um importante papel fisiológico em todas as fases do desenvolvimento feminino também representam em nossa cultura um símbolo de identificação da mulher e sua feminilidade expressas pelo erotismo, sexualidade e sensualidade. 
2.2.2 Radioterapia
A radioterapia, na maioria das vezes, é associada a outros tipos de tratamento, como a quimioterapia e a cirurgia. Consiste na aplicação da radiação (elétrons acelerados ou raios gama) no local do tumor, tendo como objetivo básico bloquear a divisão de células carcinomatosas. A duração e a frequência do tratamento são definidas em função do tumor, da dose a ser administrada para destruí-lo e da potência da máquina. Durante a radioterapia, a mulher estabelece uma rotina e a vida vai se organizando em torno das consultas semanais ou mensais. Como efeito colateral, há o aparecimento de queimadura na pele onde foi aplicada, a radioepidermite, além de anorexia, náusea e fadiga (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). 
2.2.3 Quimioterapia
Nos casos de doença rapidamente evolutiva, com comprometimento de órgãos vitais, disseminação metástica extensa ou na presença de tumores hormonorresistentes, o tratamento quimioterápico deve ser considerado como uma terapêutica inicial (LAGO,1991).
A quimioterapia pode ser usada mediante aplicação de medicamentos nos estágios pré e pós-operatórios. Abrange todo o corpo visando evitar o retorno e/ou a disseminação do tumor. Pode apresentar efeitos colaterais de acordo com cada medicação, entre eles: pode causar queda de cabelo, mal-estar, náuseas, vômitos, fraqueza, lesões do tubo digestivo ocasionando aftas e diarreia, além da queda da imunidade. De acordo com Batista (2009, p. 5), o tempo de administração da quimioterapia "é variável, sempre seguido de um período de descanso e recuperação de 1 a 4 semanas. O número de ciclos ou sessões dependerá do tipo de câncer, do esquema quimioterápico e de como este responderá aos medicamentos administrados."
2.2.4 Hormonioterapia
A hormonioterapia não é utilizada isoladamente, mas como terapia adjuvante, e se aplica a qualquer etapa do tratamento. Consiste no uso de substâncias capazes de impedir ou limitar a influência hormonal no processo do câncer de mama. Pode ser feito com substâncias que bloqueiam receptores de estrógeno (Tamoxifeno), outras que inibem a formação estrogênica direta (inibidores da aromatase) ou indiretamente e, por fim, deve ser considerada a ofrectomia que também pode ser usada com intuito de diminuir níveis hormonais. Este tratamento é utilizado sempre que o tumor expressa positividade para receptores hormonais de estrogênio, independentemente da idade, do estágio da doença e da mulher ser pré ou pós-menopáusica. Como a quimioterapia a terapia hormonal tem ação sistêmica, o que significa que age em todas as partes do organismo. Antes de se iniciar a hormonioterapia, é necessário que toda paciente faça um teste de receptores de estrogênio e progesterona, para que se possa ter uma comprovação da sensibilidade ao medicamento e avaliar a utilidade da terapia em cada caso (KALIKS, 2009).
2.2.5 Reconstrução
Mesmo realizando a retirada da mama, há atualmente a possibilidade de reconstrução da mesma com a utilização do silicone ou a partir da retirada de tecido do abdômen. A reconstrução de mama neste âmbito representa uma possibilidade e reabilitação bastante atual para as mulheres que necessitam de realizar a mastectomia radical como tratamento principal para o câncer de mama. 
A toda paciente submetida a uma cirurgia radical deve ser oferecida a oportunidade da reconstrução mamária, com o objetivo de devolver-lhe a silhueta natural, reestabelecendo-lhe o equilíbrio e, assim, a reestruturação da imagem corporal deformada. A decisão de realizar a cirurgia, que são disponibilizadas em várias técnicas, é da exclusiva competência da paciente e não do médico. Cada caso deve ser planejado individualmente, havendo o emprego de duas técnicas basicamente: reconstrução imediata, onde se introduz uma prótese de silicone subpeitoral e se reimplanta o complexo auréolo papilar sempre que possível e a reconstrução tardia, onde se utiliza um expansor de pele, seguido de inclusão da prótese de silicone subpeitoral (MENKE; BIAZUS, 1991).
Tais reconstruções auxiliam na trajetória de reconstrução de uma imagem corporal, que não é mais a mesma de antes da cirurgia, pois, de acordo com Mamede (1991) a reabilitação deve ir para além dos aspectos físicos e contemplar a integralidade da mulher.
Segundo Silva (2008), o tratamento mais frequente, em torno de 57% das intervenções realizadas, é a mastectomia radical modificada, aquela que remove toda a mama juntamente com os linfonodos axilares. A mastectomia tem em si um caráter agressivo e traumático para a vida da mulher, principalmente nas mulheres mais novas, pois condiciona alterações na sua imagem corporal, identidade e autoestima, podendo refletir na expressão da sua sexualidade e também ativar sintomas de depressão e ansiedade. Moreira (2009) afirma que isto acontece porque as mulheres mais jovens se preocuparem mais significativamente coma imagem corporal. Em qualquer idade o diagnóstico
de câncer de mama e a própria mastectomia pode originar nas mulheres medos quanto à perda da atratividade sexual e á capacidade de obter prazer sexual, mas em teoria, perder uma mama, pode ser mais angustiante para as mulheres cuja juventude lhes faz criar mais expectativas quanto à beleza física. 
Sabemos que a imagem corporal para mulher é algo que tem um grande significado, sendo assim lidar com a questão de alteração em seu corpo, principalmente a retirada de parte dele, ter algo difícil e doloroso de se lidar, independente da faixa etária em que essa mulher se encontra.
O fato de se olhar no espelho depois de realizada a mastectomia se torna em dor e revolta, afetando a forma de como essa mulher ira se ver, já que lhe foi retirado um órgão que culturalmente representa a feminilidade, comprometendo assim cada vez mais seu estado psicológico e como consequência a sexualidade da mesma, pois parte de sua feminilidade lhe foi retirada. De acordo com Silva (2008), o sofrimento psicológico da mulher que passa pela circunstância de ser portadora de um câncer de mama e de ter de acolher um tratamento difícil, principalmente a mastectomia, transcende ao sofrimento que a própria doença por si causa. É um sofrimento que permite representações e significados atribuídos à doença ao longo da história e da cultura e adentra as dimensões das propriedades do ser feminino, interferindo nas relações interpessoais, principalmente nas mais íntimas e básicas da mulher. Considerar estes aspectos nas propostas de atenção à mulher com câncer de mama é mais que necessário: é indispensável. Principalmente para que seja realizada uma assistência de qualidade a essa mulher diante dessa situação tão difícil.
2.3 Luto e melancolia para a psicanálise
Freud (2006 [1917-1915]) correlaciona Luto e Melancolia, apontando que uma mesma situação de perda pode conduzir a essas duas reações, sendo o luto uma reação esperada, portanto não considerada patológica, diante da perda de um ente querido ou ideal de alguém, ou seja, um objeto no qual a libido se encontrava investida. Já a melancolia seria semelhante ao luto, no que diz respeito ao desinteresse do indivíduo pelo mundo externo, inibição das atividades, mas com o acréscimo da perturbação da autoestima.
Dando continuidade em suas elaborações, Freud (2006 [1917-1915]) se coloca a questão sobre o que consiste o trabalho do luto. Aponta que, uma vez que o ego verifica mediante o teste da realidade que o objeto amado não existe, é necessário que a libido outrora investida nele seja recolhida, no entanto, segundo Freud é aqui que reside o impasse, visto que não é um trabalho fácil tal recolhimento da libido e as pessoas não abrem mão de determinada posição libidinal facilmente, podendo chegar ao que ele chama de um “desvio da realidade a um apego ao objeto por intermédio de uma psicose alucinatória carregada de desejo” (p. 250), o que quer dizer, que ainda que tal objeto não seja mais acessível na realidade, ainda se encontra investido de libido no plano imaginário, o que requer tempo para que “o teste da realidade seja levado a efeito em detalhe” (p. 258), e é isso que Freud denomina por trabalho do luto, a partir do qual, uma vez que se conclui, “o ego fica outra vez livre e desinibido.” (p. 251).
Já na melancolia, segundo Freud (2006 [1917-1915]), o que está em jogo, não é necessariamente a perda de um objeto pela morte, mas a sua perda enquanto objeto de amor. Freud inclusive diz que trata-se de algo mais enigmático, pois o paciente tem consciência da perda que lhe desencadeou o estado de melancolia somente no sentido de que sabe quem ele perdeu, mas não sabe o que perdeu nesse alguém. Freud assinala que em ambos os casos o desinteresse pelo mundo externo se justifica pelo fato de o ego estar absorvido pelo trabalho de elaboração da perda, no entanto, na melancolia diferentemente do luto, não se sabe ao certo o que tanto absorve o ego.
Há ainda que se levar em conta na melancolia a diminuição drástica da autoestima, Freud (2006 [1917-1915]) relata que é comum pacientes em tal estado se apresentarem completamente desprovidos de valor, degradando-se perante os outros, inclusive sustentando um estado de comiseração pelo fato de os parentes estarem ligados a uma pessoa tão desprezível. Entretanto, diante dessa auto depreciação, o melancólico não apresenta remorso ou vergonha pelo seu estado, mas encontra certa “satisfação no desmascaramento de si mesmo” (p. 253) como se ele dispusesse de “uma visão mais penetrante da verdade do que outras pessoas que não são melancólicas” (p. 252).
Diante desse ponto, Freud (2006 [1917-1915]) aponta uma aparente contradição: se o exame do processo de luto nos leva a compreender que há uma perda relativa ao objeto, e tal processo é análogo na melancólica, como se faz presente nela algo que na verdade parece estar mais relacionado a uma perda referente a seu ego? Segundo Freud, o que acontece é que as recriminações que o paciente faz de si, podem facilmente serem transpostas a alguém que o paciente ama, amou ou deveria amar, portanto, tais recriminações se referem a um objeto amado, mas foram deslocados do mesmo para o ego do próprio paciente. O que justifica a ausência de vergonha em seus relatos auto recriminatórios, pois tudo de desprezível que atribuem a si, na verdade, referem-se à outra pessoa. 
Ao se lançar em pensar sobre o sofrimento psíquico que advém do adoecimento e/ou lesão no corpo, Bomfim (2016) se coloca a seguinte questão, se na perspectiva freudiana o trabalho do luto consiste em desinvestir do objeto, como isso se daria se o objeto é o próprio corpo? Para responder recorre às teorizações de Lacan, que afirma que esse manutenção da representação psíquica do objeto amado depois que este não se encontra mais na realidade é na verdade uma tentativa de restabelecer a ligação com o objeto causa de desejo, aquele que ele denomina por objeto a. O luto seria então, uma tentativa de novamente se ligar a tal objeto de maneira a se reposicionar como desejante.
É dessa perspectiva, que Bomfim (2016) afirma que no luto o que comparece é mais uma presença de tal objeto que propriamente sua ausência, e, visto que tal presença comporta algo do real, faz comparecer também a angústia, tanto porque tal perda constitui-se numa experiência traumática para o sujeito quanto porque não foi possível – nunca é - dizer tudo o que se perdeu. Neste sentido, a autora aponta que o trabalho de elaboração da perda nestes casos, não visa diretamente encontrar sentido para o que se apresenta como trauma, visto que tal sentido não há, mas permitir que diante deste enigmático do trauma, o sujeito construa alguma ficção que o permita sustentar um laço não com o padecimento do corpo, mas com a vida.
2.4 Feminilidade, autoestima e autoimagem.
2.4.1 Feminilidade
O conceito de feminilidade em Freud (1931/2006) se liga diretamente ao que está em jogo no complexo de Édipo da menina, uma vez que para ele a feminilidade é uma das três saídas de tal complexo. Sendo as outras duas, uma revulsão geral à sexualidade, caracterizada pela inibição das práticas sexuais e frigidez e a outra, um complexo da masculinidade, onde ocorre uma supervalorização da masculinidade e uma identificação ao pai. Desta maneira, para Freud (1933/2006), a saída pela via da feminilidade se daria no momento em que a mãe até então tida por fálica pela menina, é percebida como castrada, logo, não possuidora do falo, nesse momento a menina a abandona enquanto objeto de amor e volta-se para figura paterna, que seria aquele que lhe pode dar o que lhe falta, a saber, o falo. 
Para Freud (1924/2006) a questão da feminilidade se resolveria no substituto fálico que a mulher receberia do homem, ou seja, um filho. No entanto, para Lacan citado por Soler (2005) ser mãe não é garantia de feminilidade, e o ser mulher se trata mais propriamente de ser ela mesma o falo, na medida em que faliciza o corpo na experiência do amor. Nesta linha, o seio enquanto parte deste corpo falicizado que de certa forma
responde à feminilidade, estaria libidinalmente investido e se encontraria, a princípio, ameaçado pela castração a que seria submetido o corpo pela perda do seio na mastectomia. 
Segundo Silva (2008), diante do diagnóstico de câncer a preocupação imediata é com a sobrevivência e as condições econômicas para realizar o tratamento, passado essa etapa, logo as mulheres se preocupam com a retirada da mama, as consequências estéticas de tal mutilação bem como suas consequências na vida sexual. Segundo os autores, é justamente por isso que o câncer de mama abala a identidade feminina, tanto em seus desdobramentos enquanto mãe, pela simbologia do seio que nutre, quanto em seus desdobramentos enquanto mulher, pela sensualidade e sexualidade envolvidas no mesmo órgão.
2.4.2 Autoestima
Na perspectiva da psicologia do desenvolvimento humano, segundo Hidalgo e Palacios (2004) a autoestima é o atributo valorativo que o indivíduo atribui ao eu, podendo estar satisfeito ou insatisfeito, contente ou descontente consigo. Ainda segundo os autores, autoestima é um produto psicológico e está diretamente ligada as projeções e idealizações, ou seja, como o indivíduo acha que deveria ser, como de fato se é, e, o quanto é possível ir de um a outro. Neste sentido, a retirada da mama pode alterar o valor que a mulher atribui a si diante de uma idealização rígida sobre o que é ser mulher, a saber, alguém que possui as mamas intactas.
Em seu artigo sobre o narcisismo, Freud (1914/2006) tece algumas considerações sobre autoestima, afirmando que ela expressa o tamanho do ego e que está intimamente ligada a libido narcisista, ou seja, não a que se liga aos objetos, mas a que é investida no eu. Freud articula em tal artigo como a autoestima varia conforme a economia libidinal se desloca; segundo ele, ao se investir libidinalmente em um objeto, a autoestima reduz, pois necessariamente a pessoa abre mão de parte de seu narcisismo, no entanto, o fato de ser amado, eleva tal autoestima. Diante da mastectomia, além do processo de luto necessário a ser realizado pela perda do objeto, neste caso, o seio, também ocorrem variações na autoestima da mulher em questão, que pode, por exemplo, sentir-se menos amável do ponto de vista do Ideal-do-eu, depois da cirurgia.
Ao se falar de autoestima, consequentemente fala-se de qualidade de vida, pois apesar de atualmente a doença oncológica não querer dizer necessariamente terminalidade, segundo Amaral (2009), o câncer, seja ele qual for, tem um estigma social que já aumenta o nível de estresse desde o diagnóstico e, ao se tratar do câncer de mama, um dos mais temidos entre as mulheres, ele tem incidência direta na autoestima das mesmas, e consequentemente em seu bem estar e qualidade de vida. 
2.4.3 Autoimagem
Autoimagem pode ser definida, conforme Hidalgo e Palacios (2004), como a imagem que o ser humano faz de si, que condensa um conjunto de características e atributos que o individualizam e concomitantemente o diferem dos demais. Tal concepção de si está fortemente ancorada na estrutura física a partir da qual se depreende o esquema corporal, mas também se relaciona com os aspectos psicológicos e cognitivos do indivíduo.
Essa ancoragem da autoimagem no corpo corrobora com o que diz Freud (1923/2006) em seu artigo O ego e o Id, onde ele defende que o ego, o eu, é, primeiro e acima de tudo, um ego corporal. É esse corpo, que é tanto fonte da pulsão que nele circula quanto base para futuras representações que constituem a vida psíquica do adulto, inclusive a representação de si. 
Já no artigo sobre o narcisismo, Freud (1914/2006) desenvolve alguns conceitos, a partir dos quais é possível a compreensão do conceito de autoimagem numa perspectiva psicanalítica. Ele afirma que existe a princípio um Eu ideal, formado a partir da relação do bebê/criança com a mãe, que portanto se caracteriza pelo ideal de completude, posteriormente com a resolução do complexo de Édipo, se formará o Ideal do eu, que será responsável pelas identificações secundárias, não mais referidas ao período de simbiose com a mãe, mas de exigências a serem correspondidas.
Segundo Almeida (2013), vivemos numa sociedade em que um dos paradigmas contemporâneos é o culto ao corpo, de maneira que a vacilação deste ideal do corpo perfeito e saudável pelo padecimento do mesmo atinge questões concernentes aos conceitos freudianos anteriormente apontados, como golpe no sentimento de onipotência oriundo do Eu ideal e a não correspondência às exigências do Ideal de eu. Tais questões se fazem presentes na clínica cotidiana, e ganham contornos novos e específicos na vivência da mulher mastectomizada.
2.5 Corpo em psicanálise
A medicina reduz o corpo a um organismo, ou seja, o cirurgião se atém somente ao orgânico e na execução de seu trabalho não detém seu olhar sobre a subjetividade. Dessa maneira, o corpo é tomado como um mero aparato fisiológico que ao apresentar algum problema em seu funcionamento torna-se alvo de uma intervenção que visa seu reestabelecimento (FERREIRA, CASTRO-ARANTES; 2014).
A psicanálise, por sua vez, desde o seu início, levou em consideração uma inter-relação entre o psíquico e o somático como é possível observar nos “Estudos sobre histeria” de Freud e Breuer publicado originalmente em 1895. Mais tarde, Freud iria conceber uma instância psíquica denominada de Ego, a qual designaria um status corporal, mas já nestes primeiros textos que fundam a psicanálise, ele se preocupava em compreender como se davam as relações entre o corpo e o psiquismo, uma vez que era provado que os sintomas histéricos não tinham causa fisiológica, mas seus efeitos se faziam vistos no corpo (CASTRO, ANDRADE, MULLER; 2006). 
Sendo assim, o corpo é concebido como consequência de uma construção e não um simples produto orgânico que está pronto desde o nascimento. É, portanto, um corpo pulsional, o que é diferente do organismo do animal que ao nascer é guiado por um instinto de forma a satisfazer todas as suas necessidades fisiológicas. No corpo pulsional, há uma conexão entre o corpo e o psíquico, na medida em a pulsão percorre as zonas erógenas do corpo durante o desenvolvimento da criança, proporcionando experiências de satisfação que mais tarde o sujeito irá querer repetir, ao passo que nesse processo constitui seu corpo a partir das marcas deixadas desde suas primeiras experiências infantis (FERREIRA, CASTRO-ARANTES; 2014).
É por isso que um acolhimento do corpo, dentro de uma perspectiva psicanalítica, não se restringe aos cuidados diretos do organismo que o constitui, mas perpassa pela escuta desse corpo, como ele se apresenta dentro do discurso do paciente, uma vez que o corpo pulsional, como compreendido pela psicanálise não coincide com o organismo biológico, ainda que estejam ligados e interferindo um na constituição do outro (CASTRO-ARANTES, LOBIANCO; 2013).
2.6 Representação do seio na vida da mulher
Freud (1905/2006) em seus “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” situa o seio no início da constituição da sexualidade infantil, é pela boca que o bebê primariamente apreenderá o mundo e fará sua primeira descoberta infantil, o seio, que será seu primeiro objeto de amor infantil, portanto a ele se dirigirá seus primeiros amores e ódios. 
O seio é diferente da mama, no sentido de que ao ser comunicada por algum médico de que será preciso que retire a “mama” a mensagem recebida pela mulher é a de que perderá o “seio”, e é neste último que se concentram as representações de feminilidade, sexualidade e maternidade (SILVA, 2008). Por sua vez, Cantinelli et al (2006) afirma que a mama é a metonímia do feminino, visto que é por meio dela que a mulher se coloca como a mãe que amamenta e também como uma mulher atraente.
Segundo Zecchin (2004) o seio é fundamental na constituição da identidade feminina, a começar pela menina que o almeja desde a infância e cujo ideal identificatório é realizado na puberdade. Daí a problemática de perdê-lo na vida adulta, quando tal ideal identificatório já está estabelecido e, tal
órgão é investido libidinalmente, podendo acarretar constrangimento diante do parceiro sexual e insegurança quanto a sua beleza física.
Portanto, o seio é o primeiro objeto de amor do bebê por intermédio do qual ele estabelecerá sua primeira relação com o mundo e é ponto de identificação para a mulher reconhecer sua feminilidade. E a mutilação do mesmo, por sua vez, pode provocar a atualização da castração primordial (ROCHA; ALMEIDA; RIBEIRO, 2013).
2.7 Caso clínico
A fim de melhor ilustrar e esclarecer os conceitos teóricos previamente apontados se fará referência a um estudo feito por Gonçalves, Arrais e Fernandes (2007), em que entrevistaram participantes do GEPAM – Grupo de Ensino, Pesquisa e Assistência à Mulher Mastectomizada do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, no município de Fortaleza-CE e também um recorte do filme Vidas que se cruzam (The Burning Plain) dirigido por Gillermo Arriaga (2008).
O filme começa com a personagem Sylvia (Charlize Theron) se levantando da cama em que passou a noite com um homem e se colocando nua na janela, de onde duas crianças acompanhadas de mulheres mais velhas, suas prováveis mães, a observam curiosas ao mesmo tempo em que constrangidas. Logo, as senhoras também notam a mulher com os seios de fora na janela e apressam a caminhada na tentativa de privar a visão dos meninos de tal cena, uma vez que Sylvia não parece se constranger, nem se preocupar de estar sendo observada. O que chama a atenção é que apesar de a mastectomia não ser a temática mais central do filme, nem mesmo se referir à personagem previamente citada, a imagem que o diretor primeiro escolhe por em cena, é a do seio da mulher a mostra numa janela, e carregado de seu simbolismo sexual, uma vez que tanto os jovens rapazes quanto as outras mulheres mais velhas se constrangem.
A personagem que passa pelo processo de mastectomia é Gina (Kim Basinger) e somente depois da metade do filme, é que se descobre ser ela a mãe de Sylvia. Não é dado a conhecer ao expectador o processo de descoberta do câncer ou mesmo o período do tratamento, uma vez que a narrativa do filme não é linear, mas retroativa, de maneira que o expectador mediante os fragmentos que lhe são apresentados vai construindo para si uma imagem coerente do que se passa e se passou na vida da personagem. O que estabelece semelhança com o processo clínico da escuta mediante o qual o psicólogo compreende o quadro clínico do paciente a partir de seus relatos por vezes dispersos e de pedaços de memória aparentemente soltos. 
A relação com o marido é comprometida e numa tentativa de manter uma relação sexual, em que ambos estão vestidos com as roupas de cima, blusa e camiseta, o marido diz, “sinto muito, eu não consigo”. Gina experimenta a concretização de um temor que assola as mulheres com câncer de mama conforme a pesquisa de Gonçalves, Arrais e Fernandes (2007) verifica diante da seguinte frase de uma das participantes: “Tive muito medo, chorei muito. Fiquei com medo do meu marido me deixar.” (Ana). Além da fala de outra participante em que tal temor também se concretizou: “Até a cirurgia estava tudo bem, ficou preocupado, com medo; mas depois que ele viu o meu corpo, foi se afastando até que foi embora.” (Luciana).
No caso de Gina, o marido não chega a deixa-la, e ainda que não diga nada diretamente à mesma denegrindo-a, não lhe fornece um olhar que possibilita a ela reconstruir sua autoimagem e reestabelecer sua autoestima nesse momento de maior fragilidade. A postura do marido em relação à ausência da mama se refere ao que Cantinelli et al (2006) afirmaram sobre o seio ser a metonímia do feminino, como se diante da ausência desse símbolo do feminino o marido não conseguisse desejar.
Gina, por sua vez, na tentativa de se reestabelecer, se envolve com Nick, um morador da região, com quem mantém um caso, que começa com encontros fortuitos nas estradas pouco frequentadas da região até se tornarem em encontros rotineiros num trailer no meio de um espaço desértico da cidade. Nos primeiros momentos que são apresentados juntos, ela não permite que ele retire sua blusa e afasta a mão de Nick toda às vezes em que ele tenta tocar em seus seios. Quando questionada do porquê fazia aquilo, ela respondia que era uma parte do corpo que não gostava nenhum pouco. Com a insistência de Nick, ela resolve desabotoar sua blusa, trêmula e visivelmente abalada, mostra sua cicatriz e lhe revela ter tido câncer. Ele beija a cicatriz e diz amá-la como ela é.
Mais algumas falas da pesquisa de Gonçalves, Arrais e Fernandes (2007) fazem ressonância com a atitude de Gina com relação ao próprio corpo, sendo elas a de Simone: “A vergonha era tanta que eu me trancava no banheiro para tomar banho e me vestir.” e a de Paula: “Assim que fiz a cirurgia tinha um verdadeiro horror em me olhar. Me sentia mutilada, achando que nunca mais o meu marido olharia para mim...”. O que tais falas também fazem notar são as implicações da mastectomia na autoestima e na autoimagem. 
Se a autoestima, segundo Freud (1914/2006), diminui na medida em que a libido está mais investida no objeto que no eu, e no processo de luto a libido continua investida no objeto, ainda que ele não mais se encontre na realidade, como é o caso da mama retirada, é esperado até certo ponto, que a autoestima sofra uma redução drástica no percurso do tratamento; e seja necessário um processo de reinvestimento da libido no eu, para que a mulher submetida à mastectomia possa voltar a atribuir uma valoração positiva a si, e consequentemente a seu corpo.
Sendo assim, também é esperado que as mulheres sofram uma perturbação da autoimagem e tenham que se haver com isso, conforme se observa na fala de Andressa no estudo de Gonçalves, Arrais e Fernandes (2007): “No início fiquei com muita vergonha do meu marido porque agora eu tinha um peito só...”. Conforme Freud (1914/2006), o conflito aqui se referiria ao que diz respeito ao Ideal de eu, identificação que restaria da resolução do complexo de Édipo, a qual o indivíduo teria que corresponder. Neste sentido, a relação com Nick, e o afeto que dele advém, parecem lhe auxiliar na tentativa de resolução de tal conflito, uma vez que dois anos depois da mastectomia, começa a considerar realizar a cirurgia de restituição da mama, como uma tentativa de reestabelecer sua autoimagem. 
Gina não chega a realizar a cirurgia, mas o afeto advindo da relação com Nick parece auxiliá-la na reorganização de sua vida psíquica com o novo corpo que passa a ter após a cirurgia, tal vivência também é relatada no estudo de Gonçalves, Arrais e Fernandes (2007) como é possível observar na fala de Andréia: “Ele me deixa muito à vontade, é muito carinhoso, dedicado e se preocupa comigo.”.
Diante do percurso de Gina, o que se verifica, é que a mesma se encontrava no processo esperado de luto e não na melancolia, e à sua maneira, tentando elaborá-lo; como a personagem morre no meio desse processo, não se pode saber que outros caminhos tomaria para prosseguir em tal elaboração. Ainda que se trate de um filme, portanto só pode ser tomado em seu caráter elucidativo e não propriamente como um caso clínico, foi possível estabelecer conexões diretas com a vivência de outras mulheres mastectomizadas conforme os relatos presentes no estudo de Gonçalves, Arrais e Fernandes (2007).
2.8 Objetivos
2.8.1 Objetivo Geral
Verificar o processo de luto em mulheres submetidas à mastectomia devido ao câncer de mama dentro de uma perspectiva psicanalítica.
2.8.2 Objetivos Específicos
Avaliar as possíveis modificações na vida das mulheres mastectomizadas no que se refere às repercussões a nível psicológico.
Identificar como a mastectomia influencia no sentimento de perda da identidade da mulher como pessoa sexualmente desejável.
Investigar a mama como simbolismo materno em mulheres que sofreram mastectomia.
Verificar como se dá o processo de luto em mulheres mastectomizadas.
2.9 Hipótese
Mulheres mastectomizadas têm dificuldade em elaborar o luto
2.10 Justificativa
A relevância do estudo proposto justifica-se pela necessidade de se aprofundar nas pesquisas com relação aos aspectos emocionais do câncer de mama. Além disso, introduz-se um diálogo com a psicanálise abrindo caminho para novos olhares interdisciplinares. 
O presente estudo foi desenvolvido em relação a um tema comum escolhido para a disciplina Apresentação de Trabalho de Pesquisa, tal tema era “Psicologia e Saúde: interdisciplinaridade, promoção e intervenção”. Por conseguinte, a compreensão mais aprofundada do processo de luto na vivência da mulher mastectomizada fornece subsídios para a elaboração de estratégias de intervenção na comunidade, clínicas e hospitais em níveis primários e secundários como a promoção de grupos de autoconhecimento e palestras informativas na prevenção primária, além da elaboração de grupos de apoio, que possibilitem às mulheres uma ressignificação da doença e reestruturação da vida através de um melhor conhecimento de suas emoções. Neste sentido, propõe-se um novo olhar sobre o processo de luto dessas mulheres.
O impacto tanto do diagnóstico quanto da cirurgia está ligado ao contexto sociocultural ao qual a pessoa está inserida, sendo de grande importância no processo de elaboração do luto e, consequentemente, à reconstrução da autoimagem em mulheres mastectomizadas.
3 MÉTODO
Adotou-se como método para o presente estudo, a recensão bibliográfica. Neste método, a coleta de dados se dá a partir do levantamento de referências publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos em revistas ou periódicos. O objetivo de tal tipo de pesquisa é explorar repostas para o problema proposto a partir de informações ou conhecimentos teóricos prévios sobre o problema em questão. (LAKATOS, MARCONI 2005).
A recensão bibliográfica contém tanto informações sobre as obras levantadas quanto um comentário crítico avaliando-as. No que se refere a tal avaliação crítica, ela é tanto interna, avaliando a coerência da obra e os resultados apresentados diante dos objetivos informados, quanto externa, contextualizando-a com um quadro histórico ou teórico maior. No caso do presente estudo, será contextualizada dentro da teoria do luto em psicanálise. 
3.1 Sujeitos
Os sujeitos participantes do estudo em questão foram os textos dos autores apontados pela pesquisa bibliográfica, quais sejam: Baroni e Kahhale (2011), Santos et al. (2013), Hech, Andrade e Cintra (2014), Araújo (2015), Araújo e Lima (2015), Dietterle (2016), Cunha e Paravidini (2017).
 A partir dos textos se explorou como as mulheres submetidas ao processo que vai desde o diagnóstico até a mastectomia reagiram à perda do seio, buscou-se identificar como se deu o processo de luto dessas mulheres.
3.2 Instrumentos
A busca dos artigos foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), na United States National Library of Medicine (PubMED), no portal de periódicos da Capes, utilizando-se descritores controlados
3.3 Aparatos de pesquisa
Os equipamentos empregados na elaboração desta pesquisa foram: computadores, softwares, folhas A4, caneta, lápis, borracha, livros, impressora, artigos e blocos de anotações.
3.4 Procedimento para coleta de dados
A coleta de dados se deu por meio do procedimento de busca bibliográfica nas bases de dados pré-determinadas com os descritores em português: luto, mastectomia, câncer de mama, psicanálise. Os critérios de inclusão foram: (a) pesquisas que investiguem o processo de luto no câncer (b) artigos em português; (c) artigos publicados no período de 2010 à 2017. O critério de exclusão foi: (a) artigos que não tratem do câncer pela perspectiva da psicanálise.
No início da busca foram identificados 94 trabalhos, selecionados pelo título e descritores. Em seguida, procedeu-se à leitura de todos os resumos para a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Da eliminação dos que não atendiam aos critérios e os repetidos, permaneceram 10 publicações. A leitura dos textos na íntegra permitiu refinar ainda mais a busca; restando, então, 7 estudos. 
3.5 Procedimento de análise de dados
Após todos os artigos terem sido devidamente selecionados, foram realizadas outras leituras com o objetivo da confecção da recensão crítica. 
No processo de estruturação da recensão crítica se buscou responder os objetivos da pesquisa em questão, ou seja, saber como se dá o processo de luto a partir de uma perspectiva psicanalítica, em mulheres que passaram pelo procedimento da mastectomia. Para tanto, se buscou identificar a partir dos resultados apresentados por cada trabalho como foi à elaboração desse luto em tais mulheres.
Além do mais, se valeu da teoria psicanalítica conforme apresentada no levantamento bibliográfico, como viés para a avaliação e contextualização dos artigos levantados no processo de comentário crítico de cada obra no decorrer da recensão. 
4 RESULTADOS
As publicações que tiveram como foco principal a abordagem do câncer de mama e da mastectomia a partir do referencial teórico-metodológica da psicanálise consistem em quatro artigos/periódicos, duas monografias e uma dissertação de mestrado. Totalizando sete estudos, todos localizados no Brasil, portanto publicados em língua portuguesa.
Para melhor compreensão e visualização, os trabalhos estão apresentados no quadro 1, dispostos sob os itens: autoria e dados da publicação, objetivos, metodologia e resultados.
	Autoria/
Periódico/
Ano
	Objetivos
	Metodologia 
	Resultados
	
BARONI, Claudia Sofia Ferrão;
KAHHALE, Edna Maria Peters 
Possibilidades da psicanálise lacaniana diante da terminalidade: uma reflexão sobre a clínica da urgência
Psicologia Hospitalar, 2011
	Refletir a respeito das possibilidades do atendimento da
psicanálise lacaniana diante da terminalidade na clínica de urgência.
	Estudo teórico,
que a partir das obras de Freud, Jaques Lacan buscam apontar os operadores que auxiliam na escuta analítica da história de pessoas vivendo a finitude somática de forma que elas possam reconstruir as cadeias significantes que as constituem como sujeitos singulares. Para ilustrar, utilizaram-se “vinhetas” de casos clínicos.
	Conclui-se que cabe ao psicanalista que se insere na clínica da urgência estar sustentado pelos conceitos da clínica da demanda que precisará ser apresentada em palavras, pois refere-se a uma aposta no sujeito, buscando modificar a situação de urgência onde o sujeito está desprovido de palavras, inserindo-o novamente na cadeia significante.
	SANTOS, Manoel Antônio dos et al; 
A (in)sustentável leveza dos vínculos afetivos: investigando a sexualidade em mulheres que enfrentam o tratamento do câncer de mama
Vínculo – Revista do NESME,
2013
	Analisar as repercussões dos tratamentos do câncer de mama na vida sexual e na intimidade de mulheres acometidas
	Foram realizadas observações de encontros grupais com pacientes, distribuídas ao longo do contínuo de cuidados típicos do primeiro ano de enfrentamento do tratamento. Em tais encontros o método clínico-qualitativo fundamentado nos princípios básicos da psicanálise foi utilizado.
	Os efeitos do tratamento mais comumente discutidos nos grupos, em relação ao funcionamento sexual e à intimidade, foram: queda do cabelo, ganho ou perda de peso, fadiga crônica, náuseas, perda parcial ou total da mama e o sentimento de não ser mais uma mulher completa. Barreiras adicionais foram relatadas tais como: estigma social, ausência ou inconsistência do apoio familiar, necessidade de afastamento do trabalho. O funcionamento sexual e os aspectos da intimidade foram considerados importantes para a preservação da qualidade de vida. Ainda que a maioria dos efeitos do câncer tenha sido valorada negativamente, muitos participantes identificaram melhorias na vida íntima após a experiência da doença.
	HECH, Ana Beatriz Veneroni;
ANDRADE, Mikhaéle Vanessa de Sousa;
CINTRA, Nayara Maciel.
O sofrimento da mulher mastectomizada diante das demandas do contemporâneo: um olhar psicanalítico 
Monografia
2014
Analisar sob a ótica da psicanálise a relação entre a feminilidade, estética e a experiência corporal das mulheres, identificando a interferência deste processo nos papéis sociais, e compreendendo assim o sofrimento decorrente da mastectomia.
	Foram entrevistadas seis mulheres que tiveram o diagnóstico do câncer de mama e que realizaram tratamento de neoplasia mamária submetendo-se à mastectomia preventiva, sendo essas usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo serviço de Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Lins-SP. Utilizou-se a entrevista semiestruturada como instrumento para coleta de dados, o conteúdo obtido foi categorizado por itens e subitens, analisados posteriormente sob a ótica da psicanálise.
	Percebeu-se que o câncer possui a representação de uma ameaça à vida, suscitando sentimentos na pessoa enferma e nos sujeitos que compartilham dessa vivência. Por decorrência desse evento, ocorreu uma reorganização familiar podendo consolidar ou fragilizar os laços afetivos, sendo este um fator importante a ser cuidado, pois a família é uma das principais fontes de apoio a essas mulheres. A proposta cirúrgica provocou medo e ansiedade diante dos padrões estéticos postulados na contemporaneidade, visto que o procedimento propiciou modificações na vida social e pessoal da paciente, produzindo alterações na autoimagem e autoestima, influências na vivência da feminilidade e sentimentos de valor e papel diminuído.
	ARAÚJO, Ronaldo Sales
Os efeitos da mastectomia sobre a sexualidade feminina, a partir da clínica psicanalítica
Dissertação de mestrado,
2015
	Abordar os efeitos da cirurgia de mastectomia sobre as mulheres em atendimento ambulatorial no Hospital Alberto Cavalcanti (HAC) da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) na cidade de Belo Horizonte/MG.
	Utilizou-se a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso. O referencial teórico privilegiado para esta reflexão foi a psicanálise de orientação lacaniana. Os principais temas que sustentaram a discussão teórica foram: corpo, imagem corporal, belo, olhar e sexualidade feminina.
	Os casos clínicos analisados mostraram que, para essas mulheres, a mutilação do seio teve o efeito de um confronto com o real, despertando a angústia. A mastectomia provocou o abalo na imagem corporal e a perda da referência significante que as localizavam no campo das identificações sexuais, como mulheres. Constatamos que a noção de feminilidade, para elas, estava ligada à beleza corporal. Identificamos dois tipos de resposta do sujeito a esse confronto com o real: a perda da identificação com a referência identificatória feminina com o desinvestimento na imagem corporal; e o reinvestimento na imagem corporal com a reconstrução da referência simbólica identificatória feminina.
	ARAÚJO, Ronaldo Sales de;
LIMA, Nádia Laguárdia de 
A clínica psicanalítica no hospital com mulheres em tratamento de câncer de mama
Tempo psicanalítico, 2015
	Abordar os efeitos da cirurgia de mastectomia sobre as mulheres em atendimento ambulatorial em um hospital geral
	Para realizar essa investigação dos efeitos da amputação do seio sobre a percepção da imagem corporal, utilizau-se a pesquisa bibliográfica em psicanálise e fragmentos de casos clínicos atendidos pelos pesquisadores no ambiente ambulatorial/hospitalar. 
	Ao analisar, em especial, os efeitos dessa intervenção médica sobre a imagem corporal. Destaca um fato comum a todas as pacientes atendidas no ambulatório, que é a ausência do tema da morte em suas falas, mesmo nos casos mais avançados da doença. Elas abordam principalmente o tema da beleza, associando-a à feminilidade. Para essas mulheres, a mutilação do seio tem o efeito de um confronto com o real, despertando a angústia. A partir das contribuições de Lacan, o artigo discute a função do belo de fazer uma barreira protetiva em relação à Coisa, permitindo suportar o trágico
	DIETTERLE, Patricia Duarte 
Aspectos subjetivos do câncer de mama feminino: uma leitura psicanalítica
Monografia,
2016
	Identificar as interferências subjetivas que o câncer de
mama tem sobre a subjetividade feminina.
	Seguindo o
método de trabalho qualitativo, o estudo se deu através de uma revisão da literatura
sobre o tema, alicerçado pela orientação psicanalítica
	 Verificou-se que não é somente
o corpo orgânico que sofre os efeitos avassaladores da doença em questão, mas
também toda subjetividade da mulher é ferida, a imagem que ela tem de si é afetada.
Sublinhou-se a visão parcial que a psicanálise tem do seio, que está para além de
nutridor, visto que é também um dos referenciais da identidade feminina. Observou-se ser possível considerar possibilidades de restauração para essa ferida que o câncer deixa na
subjetividade feminina.
	CUNHA, Gizelle Mendes Borges;
PARAVIDINI, João Luiz Leitão 
A relação transferencial na prática psicanalítica junto ao paciente com câncer
Cadernos de Psicanálise – SPCRJ,
2016
	Discutir a prática psicanalítica junto ao paciente com câncer, focalizando a relação transferencial como possibilidade de novas subjetivações
	Estudo de caso com uma paciente de 58 anos que recebeu o diagnóstico de câncer de mama três anos antes dessa busca pela análise cuja queixa a princípio era a angústia frente à possibilidade de estar sendo novamente traída pelo marido.
	O evento traumático promove singulares respostas quanto aos efeitos psíquicos para cada sujeito, tendo como saída não só o desenvolvimento de uma possível neurose traumática. Para ilustração, um caso clínico é apresentado, através do qual se faz ressaltar o movimento histérico ao se ter a sexualidade despertada pelo adoecimento.
Em relação à abordagem metodológica, todos os estudos são qualitativos, havendo predominância de pesquisa bibliográfica/revisão teórica (BARONI; KAHHALE, 2011; ARAÚJO, 2015; ARAÚJO;LIMA, 2015; DIETTERLE, 2016). Outros métodos utilizados foram, observação de um grupo (SANTOS et al, 2013), entrevistas semiestruturadas (HECH; ANDRADE; CINTRA, 2014), estudo de caso (ARAÚJO, 2015; CUNHA; PARAVIDINI, 2017). A faixa etária das mulheres que participaram desses estudos variou de 32 a 66 anos.
Não houve homogeneidade quanto à perspectiva psicanalítica adotada para os estudos, ainda que tenha havido uma predominância da perspectiva lacaniana (BARONI; KAHHALE, 2011; HECH; ANDRADE; CINTRA, 2014; ARAÚJO, 2015; ARAÚJO;LIMA, 2015; DIETTERLE, 2016). Houve um estudo utilizando uma perspectiva estritamente freudiana (SANTOS et al, 2013) e um outro partindo de conceitos tanto de Freud quanto de Ferenczi (CUNHA; PARAVIDINI, 2017). 
5 DISCUSSÃO
A partir do primeiro objetivo, o de avaliar as possíveis modificações na vida das mulheres mastectomizadas no que se refere às repercussões a nível psicológico, foi possível observar que, apesar de o câncer ser uma doença com determinado estigma social de mortalidade, em se tratando do câncer de mama, às questões que mais comparecem não se referem à morte propriamente dita. A possibilidade da morte leva os sujeitos a se questionarem, tanto com relação à vida que já viveram quanto com relação ao que ainda desejam viver, e tal impasse se faz presente no câncer de mama tanto quanto em outras doenças com o estigma de terminais; no entanto, diferentemente das outras doenças, conforme se verificaram nas pesquisas do presente estudo, o que está em jogo durante o tratamento e após o mesmo são as questões referentes à feminilidade (BARONI; KAHHALE, 2011; ARAÚJO, 2015; ARAÚJO;LIMA, 2015).
No estudo de Araújo (2015), o autor chega a observar que a morte não comparece nas falas das participantes, nem mesmo nos casos em que a doença se encontra em um estado mais avançado, em contrapartida, é recorrente em suas falas a preocupação com a imagem corporal por conta da mutilação do seio e as repercussões da mastectomia, como inibições sexuais frente ao parceiro, chegando, em alguns casos a recusa do ato sexual. Cunha e Paravidini (2017), por sua vez, verificam no estudo de caso que realizaram que
o impacto do câncer reavivou a sexualidade da participante e revelou seus impasses com o feminino, a paciente demanda análise por suspeitar de traições do marido. Os autores, ainda, salientam que o processo que desenrolou desde a descoberta do câncer serviu para atualizar uma série de sentimentos de abandono que remetiam a conflitos edipianos marcados pela ausência do pai e desencontros com a mãe.
Segundo Hech; Andrade e Cintra (2014), as principais modificações a nível psicológico se referiam a um sentimento de diminuição da autoestima e a uma perda de papel social, uma vez que no processo do tratamento, desde a cirurgia até a radioterapia e/ou quimioterapia, as participantes relataram momentos de dependência física de familiares ou amigos, abandono do emprego e a dificuldade ou mesmo impossibilidade de realização de serviços domésticos. 
Complementando as considerações apontadas nos parágrafos anteriores, as observações de um grupo de apoio por Santos et al (2013), mostraram que as modificações mais frequentes eram: queda do cabelo, ganho ou perda de peso, fadiga crônica, náuseas, perda parcial ou total da mama; e tais mudanças causavam impasses em relação ao funcionamento sexual e à intimidade, um sentimento de não ser mais uma mulher completa. Estes dados também se referem ao segundo objetivo, o de identificar como a mastectomia influencia no sentimento de perda da identidade da mulher como pessoa sexualmente desejável.
Ainda segundo Santos et al. (2013) o relato das mulheres do grupo de que sentem-se mulheres incompletas se deve ao fato dessa alteração na imagem corporal, tão carregado está o seio do simbolismo de feminilidade, que em sua ausência, tais mulheres sentem-se menos femininas. Uma das pacientes do grupo, divorciada, relata que ao receber o diagnóstico do câncer rompeu com um novo relacionamento que vivenciava na época antecipando a rejeição que presumia por parte do parceiro por saber que perderia os cabelos e uma das mamas.
Numa vinheta de caso clínico, Baroni e Kahhale (2011) elucidam o dilema da perda indenitária decorrente da retirada da mama, a paciente em questão, sofreu perda capilar, alterações no corpo, parou de estudar, de fazer esportes e ao procurar a análise questiona todos os projetos de vida que tinha em questão. Todas as suas queixas se davam em torno de um “quem sou eu agora?” uma vez que ao olhar para o corpo que sofrera alterações não se reconhecia nele, o vivenciava como um corpo estranho a si.
Hech; Andrade e Cintra (2014) retomam o lugar importante que o seio ocupa na abordagem psicanalítica, visto que é um órgão de extrema relevância na vida da mulher; por estar libidinalmente investido, ao ser retirado fere a própria essência da feminilidade. E à semelhança dos outros estudos apontam que a mastectomia abre margem para diminuição da autoestima, sentimentos de inferioridade bem como medo da rejeição. 
Por outro lado, Araújo e Lima (2015) observaram que apesar do impacto na identidade e do abalo do sentir-se desejada, nem todas as mulheres respondem sucumbindo ao medo da rejeição com inibição ou fuga, mas apresentam uma diversidade de respostas para lidar com o vazio deixado pelo seio ausente. Os autores apontam que é comum as mulheres buscarem o reestabelecimento da imagem corporal não unicamente pela via da reconstrução da mama, mas também, por intermédio do zelo com que se apresentam para o atendimento: adornos que utilizam em seus corpos como perucas e lenços, maquiagens, além dos “enchimentos”; e tudo isso funciona como um véu que visa tanto atrair o olhar quanto velar o vazio.
O terceiro objetivo consistia em investigar a mama como simbolismo materno em mulheres que sofreram mastectomia. É partindo dessa articulação que Araújo (2015) aborda um dos casos. A paciente afirma que não precisa mais da mama, já que não há mais necessidade para amamentar um filho, ou seja, ela faz uma equivalência entre o seio enquanto objeto libidinalmente investido e a mama a serviço da amamentação. Esta paciente não toma o seio em sua dimensão de causa de desejo, mas apenas como um órgão que serve para nutrição do bebê. A partir disso, os autores apontam toda a problemática que se abre, em que sua dificuldade não parece ser com relação à maternidade, mas com a feminilidade, faz uma equivalência entre a mulher e a mãe, e toma o filho como falo.
Sobre isso, Dietterle (2016) chama a atenção para o fato de que a satisfação alcançada no seio materno através da amamentação é comumente abordada, inclusive como o primeiro dos prazeres do sujeito. Entretanto, pouco se fala da função do seio no momento da amamentação para a pessoa da mãe na díade mãe/bebê, onde não apenas a criança pode ser tomada como objeto sexual fálico, mas também, o próprio seio pode funcionar como o primeiro instrumento de dominação materna sobre a criança.
O seio amparado na função orgânica da mama, a de amamentar, pode assumir significado de nutridor, se desdobrando na subjetividade de mulher, como a mãe que nutre. Nesse sentido, além do golpe na sua feminilidade, a mastectomia também atinge essa dimensão materna da mulher, onde mesmo quando os filhos não precisam mais de cuidados maternos elas relatam não conseguir desempenhar esse papel, como se verificam nos estudos em que dentro da nova dinâmica familiar é pungente a tentativa da mulher com câncer em desempenhar o papel de cuidadora do lar, se preocupando com as questões domésticas e se atentando para as necessidades emocionais dos filhos e do marido (HECH; ANDRADE; CINTRA, 2014), ao mesmo tempo em que encontra-se mais debilitada física e emocionalmente, por vezes, não conseguindo realizar as mesmas atividades que fazia antes sozinha e agora necessita de ajuda (SANTOS et al, 2013). 
O quarto e último objetivo específico consistia em verificar como se dá o processo de luto em mulheres mastectomizadas e, como em todo processo de luto, foi possível identificar diferentes enfrentamentos. Algumas das mulheres recorrem à reconstrução mamária como forma de restituir tal objeto, reconstruir sua imagem corporal e tentar minimizar a angústia e sentimentos de inferioridade advindos da perda do seio (HECH; ANDRADE; CINTRA, 2014).
Outras, por sua vez, seguem no processo de luto, se recusando justamente a fazer a reconstrução mamária, de tal forma, que essa postura pode ser compreendia como uma recusa de tamponar a falta de uma parte do corpo com uma prótese, um mero objeto da ciência. Nesse sentido, os autores apontam que é necessário um tempo de elaboração do luto pela perda do seio, tempo este que é singular, portanto varia para cada sujeito. E ainda assim, mesmo depois desse luto ter se concretizado, algumas mulheres podem optar por não recorrer à prótese e se se sentem bem na ausência da mesma (ARAÚJO, 2015).
Conforme Araújo e Lima (2015), no processo de elaboração do luto pela perda do seio, as mulheres apresentam basicamente duas modalidades de resposta. Por um lado, buscam reconstruir a imagem corporal, dar uma forma ao vazio o adornando, servindo-se do que pode desempenhar a função de véu como apontado anteriormente. Por outro lado, algumas reagem com uma perda da capacidade de investimento na imagem corporal após a cirurgia. Tais mulheres, não recobrem o vazio, mas o corpo inteiro, evitam tanto olhar a si mesmas no espelho quanto ser olhadas por outrem, por meio de um comportamento que pode ir de uma inibição a uma completa recusa de manter uma vida sexual, se dizendo não desejáveis.
É possível estabelecer um correlato entre tais posicionamentos e a concepção de luto e melancolia em Freud (2006 [1917-1915]), uma vez que as mulheres do primeiro grupo estariam mais próximas de um processo de luto, em que, ainda que o objeto, no caso, o seio, não se encontre mais na realidade, as mesmas, investem em substitutos imaginários e simbólicos para dar conta da perda e elaborá-la ao poucos; ao passo que as mulheres do segundo grupo, estariam mais próximas de um estado melancólico, em que há a retira total da libido dos objetos externos investindo-a no eu de
forma autodepreciativa. É claro, que se soma nesse processo de luto, questões delicadas referentes à feminilidade, uma vez que não se trata da perda de um objeto externo, como um ente querido, mas uma parte do corpo tão emblemática quanto o seio, uma insígnia do feminino.
Ainda sobre a elaboração do luto, Santos et al (2013) destacam o papel desempenhado pelo compartilhamento com outras mulheres que passaram pela mesma situação ou situações semelhantes, tanto no relato de sua própria história quanto na escuta da narrativa das outras. Uma vez que através da interação umas com as outras, as mulheres presentes no grupo, conseguiram costurar um recobrimento imaginário ao vazio que a perda do seio deixou. A identificação com outras mulheres em situações correlatas também propicia o reestabelecimento da imagem corporal tão abalada pelo potencial destrutivo do câncer. 
Dessa forma, verificou-se a diversidade da elaboração do luto das mulheres submetidas à mastectomia, e faz-se relevante destacar a importância da psicanálise nesse processo, visto que, se apresenta como teoricamente abrangente na compreensão do fenômeno bem como efetiva na prática, com uma escuta que permite tais mulheres reconstruírem algo sobre o vazio que as assola de forma ainda mais pungente, com o acometimento do câncer, como se verifica nos estudos com viés clínico e interventivo (BARONI; KAHHALE, 2011; ARAÚJO, 2015; ARAÚJO;LIMA, 2015; CUNHA; PARAVIDINI, 2017).
6 CONCLUSÕES
O presente trabalho por meio da recensão bibliográfica realizada conseguiu responder aos quatro objetos específicos que compõem o objeto geral, que visava compreender como ocorre o processo do luto de mulheres mastectomizadas a partir de uma perspectiva psicanalítica. 
Foi possível avaliar as diferentes modificações que acometem a mulher desde o momento em que recebe o diagnóstico e no decorrer do tratamento, como as alterações fisiológicas que ocasionam estresse, a intervenção cirúrgica e seu impacto na autoestima e na autoimagem. Identificou-se que tantas modificações interferem na noção de identidade que a mulher tem e em alguns casos pode deixa-la insegura e sentindo-se sexualmente indesejável; de certa forma, é inevitável não se confrontar com tais sentimentos diante do câncer de mama, no entanto, elas recorrem as mais diversas alternativas para reestabelecer a estima por si e sua sexualidade.
Além do seio como insígnia do feminino, também foi investigado o simbolismo materno e os impasses que advém da sobreposição dos dois, de tal maneira que em alguns casos não é fácil para a mulher à diferenciação entre o seio e a mama, seu caráter sensual e sua função nutritiva, a mãe e a mulher. Verificou-se que o processo de luto nas mulheres mastectomizadas é complexo e pode ser um caminho trilhado por diversas direções, podendo efetuar a reconstrução da mama ou não, utilização de adornos, ou ainda, recusando-se a vivenciar sua sexualidade.
Diante do exposto, o trabalho em questão, contribui com a discussão acerca da condição de ser mulher em um contexto tão específico quanto à mastectomia e o enlutamento que ela implica. Sendo assim, confirma-se a hipótese inicial do estudo de que as mulheres mastectomizadas possuem dificuldade na elaboração do luto, uma vez que é possível observar os impasses que elas vivenciam nessa situação tão delicada e sofrida, mas também é perceptível, que o olhar e a escuta da psicanálise muito podem colaborar para que elas sejam vistas e ouvidas, onde o câncer devastou e só deixou uma ausência cega e muda.
Por este estudo se tratar de uma recensão bibliográfica e parte dos trabalhos pesquisados também partirem de tal método, houve um enfoque abrangente no aspecto teórico. Como perspectiva para estudos futuros, sugere-se pesquisas com maior enfoque em aspectos metodológicos, buscando compreender as possibilidades e especificidades das intervenções em psicanálise na situação de mulher mastectomizada, e seus desdobramentos na área da saúde e no contexto hospitalar. 
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