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Biodegradação de compostos aromáticos Introdução Vários compostos aromáticos são encontrados naturalmente no ambiente. Entretanto, nas últimas décadas, o aumento da população e o desenvolvimento de novas tecnologias têm proporcionado um aumento significativo destas substâncias, causando transtornos ecológicos. O crescente acúmulo de compostos aromáticos recalcitrantes na biosfera é decorrente da contaminação com resíduos e substâncias depositados, acumulados, enterrados e infiltrados de forma natural ou por ação antropogênica. O aumento da demanda do consumo de água e a baixa qualidade dos tratamentos de efluentes, tanto domésticos quanto industriais, também têm contribuído para a redução do fluxo de água disponível e também para a diluição dos resíduos depositados no meio ambiente. A contaminação das águas de rios, lagos e lagoas brasileiras com resíduos contendo compostos aromáticos aumentaram cinco vezes na última década, principalmente em conseqüência das atividades agropecuárias e industriais, resultando em mais de 20 mil áreas contaminadas na extensão territorial do país. O que são? Os hidrocarbonetos aromáticos são compostos orgânicos que contêm um ou mais anéis benzênicos, arranjados de forma linear, angular ou em grupos. A energia proveniente do efeito de ressonância das duplas ligações destes anéis estabiliza as ligações entre os átomos de carbono na estrutura do benzeno, tomando-o altamente resistente à degradação, promovendo sua persistência na natureza. Muitos compostos aromáticos apresentam grupos funcionais ou estruturas parciais não naturais, ou seja, foram adicionados por via sintética, sendo denominados compostos xenobióticos, já que são estranhos ao meio ambiente. Compostos aromatizados Estes compostos podem contaminar plantas e animais e reagirem com moléculas biológicas, tornando-se potenciais agentes carcinogênicos e eficientes mutagênicos. Compostos aromáticos naturais e derivados, contaminantes do ambiente Existem compostos aromáticos que estão presentes naturalmente no ambiente, como por exemplo, os ácidos húmicos que estão no solo e constituem a sua reserva orgânica. Estes ácidos são constituídos por polímeros de hidroxifenóis, ácidos hidroxibenzóicos e outras substâncias aromáticas, as quais estão ligadas a outros constituintes orgânicos como carboidratos e proteínas. Os ácidos húmicos são formados a partir da degradação oxidativa e conseqüente polimerização da matéria orgânica depositada no solo. Em condições limitadas de oxigênio, estes ácidos podem ser precursores de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos através da ação microbiana. A flexibilidade e a coesão das fibras vegetais nas plantas são resultantes da presença da lignina, uma molécula aromática complexa, a qual é constituída por seqüências de unidades repetitivas de fenil-propanos ligados a grupos metoxílicos e hidroxílicos. Objetivo O objetivo principal deste processamento é a remoção de parte da lignina para promover o branqueamento e obter a polpa como matéria-prima. O petróleo é outra fonte natural de compostos aromáticos, apesar de ser constituído principalmente de hidrocarbonetos alifáticos e olefinas. A exploração e utilização do petróleo são de grande risco para o meio ambiente, desde o processo de extração, transporte, refino, até o consumo, com a produção de gases que poluem a atmosfera. Resíduos As atividades antrópicas afetam diretamente o ecossistema e depositam compostos aromáticos constantemente na biosfera. A deposição de percolados tóxicos em aterros sanitários, o lançamento de efluentes industriais e a disposição de resíduos agrícolas são as principais fontes de poluição em águas subterrâneas, rios e solos, respectivamente. Os resíduos de defensivos agrícolas depositados no solo ligam-se à matéria orgânica e participam da formação de substâncias húmicas. Posteriormente, são liberados ou absorvidos por microrganismos, mesofauna ou por plantas, e, se não metabolizados por eles também constituirão um sério problema de poluição ambiental. As indústrias têxteis e de tintas despejam toneladas de resíduos no meio ambiente a cada ano, causam uma poluição visual e persistente, uma vez que estes efluentes requerem um tratamento complexo e grande parte destes resíduos é depositada no ambiente de forma inadequada. Dentre os principais corantes químicos utilizados nas indústrias têxteis destacam-se os corantes azóicos, os quais são compostos coloridos constituídos por grupos cromóforos azo. A ligação azo presente nestes corantes é sintetizada quimicamente, não existindo na natureza enzimas capazes de agir sobre estes compostos, o que os tomam persistentes no ambiente. Biodegradação de compostos aromáticos Os processos ideais de degradação levam à mineralização completa dos compostos orgânicos. Também existem as degradações parciais ou ainda simplesmente a biotransformação de um composto aromático em alguns respectivos derivados, que podem ao invés de diminuir, aumentar a toxicidade do meio ambiente. Estes são processos oxidativos avançados, como a fotocatálise heterogênea, ozônio, irradiação ultravioleta e a fotólise. Muitos processos oxidativos têm sido combinados com diferentes tipos de tratamentos biológicos, aumentando de forma eficiente os processos de tratamento de efluentes de indústrias papeleiras, farmacêuticas, queijeiras, entre outras. A remoção da cor destes efluentes não é indicativo da degradação dos compostos tóxicos, porém, a intensidade da coloração dos rios e lagoas interfere significativamente nos processos fotossintéticos naturais e prejudica a flora e fauna da região afetada. Os processos biológicos utilizados nos tratamentos de efluentes e recuperação de solos compreendem principalmente a biodegradação e biorremediação dos compostos orgânicos aromáticos contaminantes e recalcitrantes, responsáveis pela mineralização da matéria orgânica a dióxido de carbono e água, através de óxidoredução envolvendo microrganismos. O potencial de biodegradação de compostos aromáticos depende principalmente do microrganismo utilizado e da sua capacidade de metabolizar as estruturas químicas dos compostos presentes nos resíduos disponibilizados para o tratamento. Meio ambiente A falta de condições ambientais para o crescimento e desenvolvimento dos microrganismos é um problema que vêm sendo observado nos processos de biodegradação de compostos aromáticos. Muitas substâncias depositadas no ambiente são adsorvidas pelo solo na forma de colóides e ácidos humicos, e ficam consequentemente, pouco disponíveis para os microrganismos. Degradação de compostos aromáticos por algas e bactérias O processo de biodegradação dos compostos aromáticos no ambiente aquático é realizado geralmente por um consórcio de microrganismos envolvendo bactérias, cianobactérias e algas. Algumas algas heterotróficas são capazes de degradar hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, principalmente através de vias metabólicas que envolvem a meta clivagem destes compostos. Substâncias como corantes azóicos, anilinas, fenóis e cresóis são degradados obrigatoriamente em aerobiose. Geralmente, as algas e cianobactérias apresentam um papel indireto na degradação, sendo as bactérias aeróbicas e heterotróficas responsáveis pela metabolização dos compostos aromáticos, enquanto que as algas fornecem oxigênio, nitrogênio e matéria orgânica. A prática de processos biológicos que envolvem a presença de microrganismos tanto anaeróbicos como os aeróbicos tem proporcionado resultados eficientes namineralização de compostos aromáticos. A biodegradação de compostos aromáticos é realizada por vias metabólicas específicas para o catabolismo destas substâncias e também através de reações de óxido- redução catalisadas por enzimas extracelulares. Algumas bactérias também podem produzir alguns metabólitos secundários que auxiliam na degradação de compostos aromáticos, como os biossurfactantes. Estes compostos possuem grupos polares e apolares com propriedades tensoativas que possuem função fisiológica de emulsificação, solubilização e transporte de compostos aromáticos insolúveis em água, como os pesticidas. Degradação de compostos aromáticos por fungos e leveduras A produção destas enzimas é fundamental para a aplicação destes fungos em processos de biorremediação e biodegradação de compostos aromáticos. A maioria dos fungos é produtor constitutivo de enzimas envolvidas na degradação de lignina cuja inespecificidade e versatilidade de seus sistemas enzimáticos múltiplos, proporcionam uma grande vantagem para o uso destes microrganismos na biodegradação de xenobióticos. Alguns fungos requerem um período de pré-adaptação na presença de baixas concentrações dos compostos tóxicos para um melhor desempenho no processo de biodegradação. Alguns aromáticos não são oxidados pelas enzimas produzidas pelos fungos ligninolíticos visto que possuem elevado potencial de oxidação A adição de compostos mediadores também pode colaborar nos processos de biodegradação, acelerando o metabolismo de compostos aromáticos pelos microrganismos. A tolerância a diferentes concentrações destes compostos no ambiente também depende do gênero e ou da espécie do fungo. A capacidade de degradação de compostos aromáticos por leveduras não tem sido muito descrita na literatura. Recentemente, leveduras psicrófilas capazes de degradar compostos fenólicos foram isoladas na região dos Alpes Andinos. Embora os compostos aromáticos ocorram naturalmente, o desenvolvimento industrial tem proporcionado um aumento significativo deles, tomando o ambiente tóxico e perigoso para a saúde humana e ambiental. Os microrganismos, independentemente se algas, bactérias ou fungos são as ferramentas imprescindíveis que devem ser estudados para uso em processos de biorremediação. Entretanto, quanto maior o domínio do conhecimento nas áreas de genética, bioquímica e fisiologia de cada grupo microbiano frente ao composto aromático ou grupo de compostos de interesse, maior a possibilidade de sucesso na sua mineralização. Um banco de microrganismos poderá ser criado cadastrando-se mais adequados para cada grupo de compostos aromáticos a serem mineralizados, com as especificações das condições ótimas de crescimento e o tempo necessário para a biodegradação completa do composto aromático desejado. Isto certamente irá favorecer os processos de biorremediaçâo tanto em casos acidentais como para remediar solos, águas e ambientes que estão sendo contaminados gradualmente. O que é necessário é a persistência do homem na pesquisa, para descobrir quais são os microrganismos apropriados para acelerarem a mineralização de cada poluente, na proporção adequada, para preservar a natureza de hoje e de amanhã. Aluno Alcione Contrera Paredes RA: 4062946042
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