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FILOSOFIA/SOCIOLOGIA – PB VEST 2014 PROF. DINHO ZAMBIA (Wanderson Alberto da Silva / Mat.: 173397-4) UNIDADE 1 A FILOSOFIA Capítulo 1 Por que estudar Filosofia? Ao contrário do que se pensa os temas trabalhados pela filosofia não são cabeludos, coisa de adulto. Eles fazem parte do universo humano, independente da idade. Mas há um desafio: tornar os textos escritos pelos filósofos, muitas vezes complexos, em algo que os jovens entendam e achem legal. Para isso, os professores podem utilizar livros didáticos, filmes, música, obras artísticas etc. Mas o mais importante é que o aluno entenda que algo tão próximo a ele como a liberdade e o livre-arbítrio, por exemplo, são problemas enfrentados pelos filósofos ao longo dos séculos e que eles têm algo a nos dizer sobre isso. Os professores têm o desafio de fazer com que as teses filosóficas façam sentido e tenham relevância para os adolescentes. E isso depende da boa didática do professor. "É necessário abordar os conceitos com base nas experiências do jovem", diz Darcísio Muraro, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e coordenador do Instituto de Filosofia da Philosletera. Toda criança é naturalmente filosófica. É curiosa, questionadora. Mas o dia-a-dia, em meio à escola e à vida dos adultos, reprime esse instinto. A criança cresce sem saber o quanto é importante questionar por que as coisas são assim e não assado. O contato com a filosofia no Ensino Médio é capaz de resgatar essa capacidade que vem da infância. Além dos textos, é indicado o uso de filmes, música, poesia e outros recursos para serem trabalhados com o texto filosófico. O aluno também deve ter a oportunidade de repensar suas ideias iniciais. "O professor precisa reservar um momento para que os alunos coloquem suas novas ideias, seja por texto, teatro, desenho", conta Darcísio Muraro. As aulas de filosofia servem como estímulo para o raciocínio e para o aprendizado de muitas outras disciplinas. Além disso, o aluno consegue perceber que não há resposta certa para muitos assuntos, como ética e moral. Diversos conceitos que foram trabalhados ao longo da história para explicar questões problemáticas, muitas vezes apresentam apenas soluções provisórias. Responda o seguinte questionamento: Por que a Filosofia apresenta soluções apenas provisórias para as problemáticas sociais? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____ Capítulo 2 O que é Filosofia? Marilena Chauí, em “Iniciação à Filosofia” explica que podemos dizer que a filosofia surge quando os seres humanos começam exigir provas e justificativas racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas. Por que racionais? Por três motivos: 1. Porque racional significa argumentado, debatido e compreendido; 2. Porque racional significa que, ao argumentar e debater, queremos conhecer as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os dos outros; 3. Porque racional significa respeitar certas regras de coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido, chegando a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas por outros. A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não aos "pré-conceitos", aos "pre-juízos", aos fatos e as ideias da experiência cotidiana, ao que "todo mundo diz e pensa", ao estabelecido. Numa palavra, e colocar entre parênteses nossas crenças para poder interrogar quais são suas causas e qual e seu sentido. A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também urna interrogação sobre “ porque e como disso tudo e de nós próprios."O que e?", "Por que é?", "Corno é?". Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica. A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica. Por que "crítica"? Em geral, julgamos que a palavra crítica significa" ser do contra", dizer que tudo vai mal, que tudo está errado, que tudo é feio ou desagradável. Crítica lembra mau humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe mais que os outros. Mas não é isso que essa palavra quer dizer. 2.1. Crítica - Palavra proveniente do grego; possui três sentidos principais: 1) "capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente"; 2) "exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem prejulgamento"; 3) "atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma idéia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artística ou científica" . A filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do dia a dia para que possam ser avaliados racional e criticamente. Por isso diz que não sabemos o que imaginávamos saber ou, como dizia Sócrates, começamos a buscar o conhecimento quando somos capazes de dizer: "Só sei que nada sei". Para Platão, o discípulo de Sócrates, a filosofia começa com a admiração ou, como escreve seu discípulo Aristóteles, a filosofia começa com o espanto. Admiração e espanto significam que reconhecemos nossa ignorância e exatamente por isso podemos superá-la. Responda o seguinte questionamento: As pessoas costumas dizer que a critica é negativa ou positiva. Tomando-se como referência o texto acima, porque os filósofos vêem na critica algo sempre positivo? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____ 2.2. Definição de Filosofia A filosofia surge enquanto ciência na Grécia Antiga, como uma atividade especial do homem sábio, o amigo do saber (filo + sophia = amor à sabedoria). Desde então inúmeras foram as tentativas de definir exatamente o que procura e o que faz um filósofo. Todos reconhecem a sua importância e a imensa utilidade, são porém imprecisos e divergem em relação a determinar qual a sua verdadeira ciência. Aristóteles, discípulo de Platão e fundador do Liceu, uma escola voltada para o saber e a ciência que ele instalou em Atenas no século IV a.C., fez uma das mais claras exposições sobre as qualidades da filosofia. A principal característica que Aristóteles vê num filósofo é que ele não é um especialista. O sophós, o sábio, é um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma ciência específica. O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do cosmo e da physis, a natureza, como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posição original, agindo como alguém que encontra uma estátua jogada no fundo do mar coberta de musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua bela forma e esplendor (a verdade entre os gregos está associada ao belo). Sendo o filósofo um “amante do conhecimento” isso significa que ele não é dono do saber, nem uma espécie de guru ou sábio dogmático. O filósofo é apenas um amigo e amante da verdade que está fora de seu domínio, seu papel é buscar a sabedoria, relacionar-se com ela e dividi-la com os outros. Na época de Sócrates existia uma classe de sábios chamados sofistas. Eram célebres pensadores que discursavam seus conhecimentos para o público interessado em participar ativamente na política do estado.Agiam com se fossem donos do saber e não endossavam o pensamento crítico. Platão os descreve como aproveitadores e mestres didáticos, mais preocupados com o ganho, com a comercialização do conhecimento, do que com a busca pela verdade. A filosofia contrapõe-se a sofística, pois os sábios sofistas buscavam justificar verbalmente suas teorias usando de artifícios retóricos, e não tinham nenhum compromisso com a verdade. O filósofo, como amante do saber, não dispõe necessariamente deste saber, e o que ele pode fazer de fato é levar outros a buscar junto com ele, o conhecimento. Sócrates compara o trabalho do filósofo ao de uma parteira que “ajuda” a mulher a dar a luz um filho ou filha, da mesma forma o filósofo “ajuda”, “auxilia” no parto das idéias, para que elas brotem para fora de seu discípulo. Este conceito foi aplicado mais tarde ao termo educação, quando se passou a usar a palavra “educere” que significa “conduzir para fora”, associada ao termo original “educare” que significa “nutrir”. Responda o seguinte questionamento: Como podemos relacionar o ato de educar com a Filosofia? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ______ Capítulo 3 Principais Filósofos na História Sabemos que nas provas do ENEM a Filosofia tem sido disciplina constante e cada vez mais aprofundada, principalmente porque as questões priorizam os conceitos e trabalhos desenvolvidos pelos principais filósofos no decorrer da história da humanidade. Sendo assim, vamos também focar nas preferências dos últimos anos do ENEM. 3.1. Pré-História A chmada Pré-história se inicia com o surgimento do Homem na Terra e dura até cerca de 4.000 a.C., quando é inventada a escrita no Crescente Fértil, mais precisamente na Mesopotâmia. Caracteriza-se pelo nomadismo, e pelas atividades de caça e de coleta. Nessa época temos o surgimento da agricultura e da pecuária, o que após alguns anos levou os homens pré-históricos ao sendentarismo e a criação das primeiras cidades. Nesse período foram feitas grandes descobertas sem as quais hoje seria muito difícil viver. No paleolítico tivemos a descoberta do fogo e, mais tarde na Idade dos Metais ou Metalurgia, a de que os metais poderiam ser fundidos e até misturados uns aos outros. Responda o seguinte questionamento: Nesse período da História, mesmo ainda não havendo a ciência Filosofia, propriamente dita, como podemos afirmar que já existia a Vontade Filosófica? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____ 3.2. Idade Antiga A filosofia grega, que é a própria filosofia em si, entendida como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem e causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego. Evidentemente, isso não quer dizer, de modo algum que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses, o hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América, não possuam sabedoria, pois possuíam e possuem. Não quer dizer que todos esses povos não tivessem desenvolvido o pensar e as formas de conhecimento da Natureza e dos seres humanos, pois desenvolveram e desenvolvem. E isso tudo sem ao menos mencionar a sabedoria dos antigos egípcios. Os chineses desenvolveram um pensamento muito profundo sobre a existência de coisas, seres e ações contrárias ou opostos, que formam a realidade. Deram às oposições o nome de dois princípios: Yin e Yang. Yin é o principio feminino passivo na Natureza, representado pela escuridão, o frio e a umidade; Yang é o principio masculino ativo na Natureza, representado pela luz, o calor e o seco. Os dois princípios se combinam e formam todas as coisas, por isso, são feitas de contrários ou de oposições. O mundo, portanto, é feito da atividade masculina e da passividade feminina. Responda o seguinte questionamento: Por que, mesmo sabendo que haviam povos contemporâneos, ou até anteriores aos gregos, atribui-se à Filosofia, uma criação da Grécia Antiga? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ___ FILOSOFIA GREGA A filosofia é um modo de pensar e exprimir os pensamentos que surgiu especificamente com os gregos e que, por razões históricas e políticas, tornou-se, depois, o modo de pensar e de se exprimir predominante da chamada cultura européia ocidental, da qual, em decorrência da colonização portuguesa do Brasil, nós também participamos. Através da filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos de razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte. Alias, basta observarmos que palavras como lógica, técnica, ética, política, monarquia, anarquia, democracia, física, zoológico, farmácia, entre muitas outras, são palavras gregas, para percebemos a influencia decisiva e predominante da filosofia grega sobre a formação do pensamento e das instituições das sociedades européias ocidentais. Por causa da colonização européia das Américas, nós também fazemos parte – ainda que de modo inferiorizado e colonizado – do Ocidente europeu e assim também somos herdeiros do legado que a filosofia grega deixou para pensamento ocidental europeu. Responda o seguinte questionamento: Qual o legado da filosofia grega para a nossa sociedade atual? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ______ Em suma, a filosofia grega surge quando se descobriu que a verdade do mundo e dos humanos não era algo secreto e misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao contrario, podia ser conhecida por todos, através da razão, que é a mesma em todos; quando se descobriu que tal conhecimento depende do uso correto da razão ou do pensamento e que, alem de a verdade poder ser conhecida por todos, podia, pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida. Responda o seguinte questionamento: Que relação podemos fazer entre Mito e Filosofia? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ _____ Filosofia Pré-Socrática (séc. VII-V a.C.) Período Naturalista pré-socrático, em que o interesse filosófico é voltado para o mundo da natureza. Surge e floresce fora da Grécia propriamente dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália meridional, da Sicília, favorecido sem dúvida na sua obra crítica e especulativa pelas liberdades democráticase pelo bem-estar econômico. Os filósofos deste período preocuparam-se quase exclusivamente com os problemas cosmológicos. Estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, na sua origem e nas contínuas mudanças a que está sujeito, é a grande questão que dá a este período seu caráter de unidade. TALES DE MILETO (624-548 a.C.) – “ÁGUA” De origem fenícia, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Tales não deixou nada escrito, mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o movimento dos astros para orientar a navegação. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filósofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro. ANAXIMANDRO DE MILETO (611-547 a.C.) “Ápeiron” Geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantitativamente infinita e qualitativamente indeterminada. Deste apeíron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de separação ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Supõe também a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens. Anaximandro imagina a terra como um disco suspenso no ar. Eterno, o ápeiron está em constante movimento, e disto resulta uma série de pares opostos - água e fogo, frio e calor, etc. - que constituem o mundo. O ápeiron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém dando um passo a mais na direção da independência do "princípio" em relação às coisas particulares. Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron (ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon (relógio de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega). Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total. Diz- se também, que preveniu o povo de Esparta de um terremoto. Anaximandro julga que o elemento primordial seria o indeterminado (ápeiron), infinito e em movimento perpétuo. ANAXÍMENES DE MILETO (588-522 a.C.) “Ar” Segundo Anaxímenes, a arkhé (comando) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas do ar. As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem- se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol. HERÁCLITO DE ÉFESO Heráclito nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, de família que ainda conservava prerrogativas reais (descendentes do fundador da cidade). Seu caráter altivo, misantrópico e melancólico ficou proverbial em toda a Antigüidade. Desprezava a plebe. Recusou-se sempre a intervir na política. Manifestou desprezo pelos antigos poetas, contra os filósofos de seu tempo e até contra a religião. Sem ter sido mestre, Heráclito escreveu um livro Sobre a Natureza, em prosa, no dialeto jônico, mas de forma tão concisa que recebeu o cognome de Skoteinós, o Obscuro. Floresceu em 504-500 a.C. - Heráclito é por muitos considerados o mais eminente pensador pré-socrático, por formular com vigor o problema da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das coisas particulares e transitórias. Estabeleceu a existência de uma lei universal e fixa (o Lógos), regedora de todos os acontecimentos particulares e fundamento da harmonia universal, harmonia feita de tensões, "como a do arco e da lira". PITÁGORAS DE SAMOS Segundo o pitagorismo, o princípio essencial de que são compostas todas as coisas, é o número, ou seja, as relações matemáticas. Os pitagóricos, não distinguindo ainda bem forma, lei e matéria, substância das coisas, consideraram o número como sendo a união de um e outro elemento. Da racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas, passa-se à visão fantástica de que o número seja a essência das coisas. Não consideramos apenas lenda o que se escreveu sobre essa vida maravilhosa, porque há, nessas descrições, sem dúvida, muito de histórico do que é fruto da imaginação e da cooperação ficcional dos que se dedicaram a descrever a vida do famoso filósofo de Samos. ZENÃO DE ELEIA Zenão floresceu cerca de 464/461 a.C. Nasceu em Eléia (Itália). Ao contrário de Heráclito, interveio na política, dando leis à sua pátria. Tendo conspirado contra a tirania, sendo preso, torturado e, por não revelar o nome dos comparsas, perdeu a vida. Escreveu várias obras em prosa: Discussões, Contra os Físicos, Sobre a Natureza, Explicação Crítica de Empédocles. - Considerado criador da dialética (entendida como argumentação combativa ou erística), Zenão erigiu-se em defensor de seu mestre, Parmênides, contra as críticas dos adversários, principalmente os pitagóricos. Defendeu o ser uno, contínuo e indivisível de Parmênides contra o ser múltiplo, descontínuo e divisível dos pitagóricos. A característica de Zenão é a dialética. Ele é o mestre da Escola Eleática; nela seu puro pensamento torna-se o movimento do conceito em si mesmo, a alma pura da ciência - é o iniciador da dialética. DEMÓCRITO DE ABDERA O ponto de partida de Demócrito é acreditar na realidade do movimento porque o pensamento é um movimento. Esse é seu ponto de ataque: o movimento existe porque eu penso e o pensamento tem realidade. Mas se há movimento deve haver um espaço vazio, o que equivale a dizer que o não-ser é tão real quanto o ser. Se o espaço é absolutamente pleno, não pode haver movimento. São características de seu pensamento: - Gosto pela ciência. Viagens; - Clareza. Aversão ao bizarro; - Simplicidade do método; - Arrojo poético (poesia do atomismo); - Sentimento de um progresso poderoso; - Fé absoluta em seu sistema; - O Mal excluído de seu sistema; - Paz de espírito, resultado do estudo cientifico. Pitágoras; - Inquietações míticas: racionalismo; - Inquietações morais: ascetismo; - Inquietações políticas: quietismo; - Inquietações conjugais: adoção de filhos. Responda o seguinte questionamento: Relacione os principais filósofos pré-socráticos com os elementos da natureza __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________ _____ A Filosofia Socrática SÓCRATES Mostrou ao mundo o caminho para as estrelas. Tinha a profissão de escultor, mas raramente nela trabalhou. Preferia moldar idéias abstratas, em vez de afeiçoar estátuas concretas. Sua maior ambição era ser não somente um mestre, mas um benfeitor da humanidade. Seu coração era tão grande quanto seu pensamento. Desejava ver a justiça social estabelecida em todo o mundo. Tratava dos negócios alheios e esquecia os seus. Para os jovens atenienses, Sócrates era um deus. Convidavam-no a ir a suas casas e o escutavam cheios de admiração, quando ele desenvolvia suas extraordinárias idéias. Afim de transmitir o saber, jamais respondia a perguntas. Pelo contrário, fazia perguntas. Afirmava com insistência que nada sabia. "Sou o homem mais sábio de Atenas, dizia, porque só eu sei que nada sei." Por isso tentava aprender de todos e no processo de aprender, ensinava a seus mestres. A essência de todo o seu ensinamento pode ser condensada nestas palavras: Conhece-te a ti mesmo. O saber, de acordo com Sócrates, é uma virtude. Se os homens cometem crimes é que são ignorantes. Não conhecem outra coisa melhor. Sócrates acreditava que o melhor remédio para o crime era a educação. Por isso deu como objetivo à sua vida ensinar aos outros. Os políticos de Atenas não gostavam de seu método de fazê-los parar na rua para dirigir-lhes perguntas embaraçantes. E então se reuniram e resolveram livrar-se de Sócrates. Um dia, quando chegava ele ao mercado, para seu cotidiano debate filosófico, encontrou o seguinte aviso, colocado na tribuna pública: "Sócrates é criminoso. É ateu e corruptor da mocidade, A pena de seu crime é a morte." Os juízes consideraram-no culpado. Quando lhe perguntaram qual deveria ser a sua punição, ele sorriu sarcasticamente e disse: "Pelo que fiz por vós e pela vossa cidade, mereço ser sustentado até o fim de minha vida a expensas públicas." Mas os juízes não podiam concordar com semelhante coisa. Condenaram-no à morte. Despediu-se deles com as mesmas imortais palavras, com que se dirigira aos juízes que o haviam julgado: "E agora chegamos à encruzilhada dos caminhos. Vós, meus amigos, ides para vossas vidas; eu, para a minha morte. Qual seja o melhor desses caminhos, só Deus sabe". PLATÃO O estupendo prestidigitador de idéias Sua filosofia baseava-se na vaidade das coisas e na importância das idéias. As coisas desaparecem, as idéias ficam. As coisas desfazem-se em pó; as idéias permanecem. As coisas, em suma, são mortais, as idéias são eternas. "O mundo em que vivemos, dizia ele, não é senão uma prisão, escura cela em que nada mais podemos ver e ouvir senão fracos esboços de belas imagens. É como se estivéssemos acorrentados numa caverna, onde podemos ver as coisas apenas parcialmente, e, como que através dum baço espelho, os esplendores dos céus que se desdobram lá por fora, por cima da entrada da caverna. Os objetos que vemos nesse espelho embaciado (o espelho de nossos sentidos terrenos) são simples sombras da realidade. O mundo perfeito, o mundo real, existe como uma Idéia Divina no céu, e o mundo em que vivemos é apenas uma imagem imperfeita dessa Idéia Divina." Sua República é a primeira Utopia da história. Lancemos um olhar a essa imaginária terra desejada pelos corações. As crianças dessa República ideal estão sob especial cuidado do estado. Até a idade dos vinte anos, recebem todas a mesma educação. Essa educação consistirá, em larga escala, de ginástica e música, ginástica, para desenvolver a simetria do corpo e música, para desenvolver a harmonia da alma. Para Platão, o estado ideal, insiste Platão, deve ser governado por filósofos. "A menos que os filósofos se tornem governantes, ou os governantes estudem filosofia, não terão fim os dissabores humanos." A finalidade desses governantes-filósofos é estabelecer a justiça universal entre os homens. Na cidade perfeita de Platão não existem poetas “Porque os poetas enchem nossas cabeças de histórias imaginárias e isso nos incapacita para a vida prática.” Lucro e honestidade não “Um comerciante, portanto, é um homem digno de desprezo. Um criminoso, por outro lado, é um homem digno de piedade. Se um homem comete um crime, é porque é ignorante ou louco. Se é ignorante, deveis tentar ensiná-lo; se é louco, deveis tentar curá-lo. Em nenhuma condição, deveis puni-lo com espírito de vingança.” A doença física, como a doença mental, são devidas à ignorância. Curai os doentes e educai-os para ser sãos. Os que não podem ser curados, devem ser misericordiosamente condenados à morte. O crime e a doença devem, pois, ser eliminados por meio duma sábia educação. Advogou, entre outras coisas, o amor livre, a restrição da natalidade, a igualdade dos sexos, a abolição da propriedade privada, a proibição do álcool e o casamento eugênico. Acima de tudo, porém, pregou a doutrina da justiça social e da universal fraternidade humana. ARISTÓTELES O mais versátil filósofo da história Reunia ele na sua cabeça a sapiência de centenas de homens. Era aprendiz de todos os negócios e profissões e entendido em tudo. Podia falar e escrever, com igual autoridade, de assuntos tão diversos, como política, drama, poesia, física, medicina, psicologia, história, lógica, astronomia, ética, história natural, matemáticas, retórica e biologia. Foi talvez o mais harmonioso e o mais lógico pensamento, que jamais existiu. Diferente da maioria dos filósofos, Aristóteles foi um homem do mundo. Não somente gostava de pensar sobre a vida, mas gostava de vivê-la. Quando Platão morreu, Aristóteles abriu escola própria. Sua reputação como professor cresceu tão prontamente que o rei Filipe da Macedônia chamou-o a palácio, para se tornar o tutor de Alexandre. Este jovem filho do velho guerreiro macedônio foi o mais indomável aluno da história. Aristóteles foi relativamente bem tratado pelo real maroto. Foi apenas jogado de escadas abaixo umas poucas vezes. Alguns dos outros professores de Alexandre, que ousaram admoestá-lo, quando se encontrava embriagado, foram mortos imediatamente. A sabedoria de Aristóteles chegou até nós numa série de livros notáveis. Mas estes representam um simples balde d’água tirado do oceano de seu gênio. Foi o pai da Lógica: ensinou a todos quantos vieram depois dele a pensar com clareza. Foi o fundador da Biologia; ensinou ao mundo como observar corretamente. Foi o organizador da Psicologia: mostrou à humanidade como estudar a alma cientificamente. Foi o mestre da Moral: demonstrou como é possível amar e odiar racionalmente. Foi professor de Política: ensinou os governantes a governar com justiça. E deu origem à Retórica. O fim desse grande homem foi trágico. Quando Alexandre morreu, irrompeu em Atenas uma grande explosão de ódios, não somente contra o conquistador macedônio, mas contra todos os seus admiradores e amigos. Ora, um dos mais íntimos amigos de Alexandre era Aristóteles. Estava prestes a ser preso, quando conseguiu escapar em tempo. Deixou Atenas, dizendo que não daria à cidade oportunidade de cometer segundo crime contra a filosofia. Pouco tempo depois do exílio que se impusera, adoeceu. Desiludido com a ingratidão dos atenienses, decidiu pôr fim à vida bebendo, como Sócrates, uma taça de cicuta. E assim, depois de tudo, foi Atenas culpada dum segundo crime contra a filosofia. EPICURO O profeta do prazer É uma das ironias da sorte que o homem, que deu origem à filosofia epicurista do prazer desenfreado, não tivesse sido ele próprioum epicurista. A palavra epicurista hoje indica a excessiva indulgência no comer e no beber. É sinônima de intemperança. Contudo Epicuro, o fundador dessa escola filosófica, foi um dos homens mais temperantes do mundo. Longe de comer em excesso, contentava-se com uma simples refeição de bolo de cevada e água. Como aconteceu então que Epicuro aparece na história como o filósofo do prazer? A resposta é que há duas espécies de prazer: os prazeres do estômago e os mais tranquilos prazeres do pensamento. Epicuro advogou essa segunda espécie de prazer. Epicuro era na realidade um pessimista. Mas um pessimista sorridente. A vida, dizia ele, é quando muito uma tragédia. Não somos os filhos de Deus, asseverava ele, mas os enteados da Natureza. Nascemos, vivemos e morremos por acaso. E depois da morte não há outra vida. Epicuro não acreditava na imortalidade. Mantinha contudo que era um dever do homem tornar a sua vida presente a melhor possível. E a melhor espécie de vida, dizia ele, era uma vida de prazer — não de prazer turbulento, mas de prazer refinado. Cultivai a felicidade da vida simples. Aprendei a gozar do pouco que tendes, e evitai os excitamentos de ambicionar mais. Sede contentes. Cultivai um tranquilo senso do humor. Adiantai-vos, por assim dizer, pelas linhas laterais do desordenado jogo da vida. Aprendei a sorrir diante das loucas ambições de vossos amigos. Mas aprendei também a auxiliá-los nas suas necessidades. Desenvolvei o talento de adquirir amigos. Não podeis ser mais felizes do que quando partilhais vossa felicidade com vossos amigos. De todos os prazeres do mundo, o maior e o mais duradouro é a amizade. E assim a filosofia de Epicuro baseia-se no prazer, da amizade. O próprio Epicuro tinha o talento da amizade. Sua maior felicidade era comer na presença de seus amigos. "E’ mais importante, dizia ele, saber com quem comeis, do que o que comeis." Epicuro foi dessa forma o profeta do prazer e o apóstolo da amizade. E, além disso, tem outro motivo de ser lembrado. Foi o primeiro homem da história, pelo que sabemos, a sugerir a teoria darwiniana. Escreveu um esboço, extraordinariamente moderno, da evolução, 2.300 anos antes de Darwin. Responda o seguinte questionamento: Como podemos resumir a essência dos principais filósofos socráticos? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ _____ FILOSOFIA ROMANA CÍCERO: Ensinamentos sobre a origem da amizade e as qualidades e condições dos amigos. As virtudes e a amizade. As obrigações respectivas dos amigos. Sobre viver a verdadeira amizade nos dias de hoje. “O prazer dos banquetes não está na abundância dos pratos e, sim, na reunião dos amigos e na conversação.” PLOTINO: Um dos grandes filósofos da antiguidade, deixou um legado místico e de riqueza para o desenvolvimento de nossa vida interior. Abordando diversos temas sobre as qualidades humanas, Plotino tem deixado muitos ensinamentos pertinentes à nossa forma de ver o mundo em sua essência. “A beleza e o bem devem ser buscados no mesmo caminho.” “Três coisas conduzem a Deus: A música, o amor e a filosofia.” “Ensinar é indicar o caminho, mas na viagem cada um vai ver o que quiser ver.” “Os olhos não veriam o sol se não fossem parecidos com o sol e a alma não verá a beleza se ela não for bela.” “A natureza não tem mãos para fabricar as mãos.” EPÍTETO: Com sua simplicidade peculiar, o filósofo Epíteto mostra como é possível viver de maneira harmônica, tornando-se efetivamente livre e feliz, para além de qualquer circunstância ou vicissitude. “É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe.” “Nada de grande se cria de repente.” MARCO AURÉLIO: "Compete a você!" Com essa e outras sentenças registradas em suas Meditações, o grande filósofo e imperador Marco Aurélio foi exemplo vivo de que antes de liderar aos demais é preciso primeiro liderar a si mesmo. “O mundo é uma transformação perpétua e a vida somente uma opinião.” “O homem ambicioso tem seus fundamentos nas ações dos outros. O homem voluptuoso nas suas sensações e o homem sensato em sua próprias ações.” “Encontrarás conforto para as vãs fantasias do mundo se fizeres cada ato da tua vida como se fosse o último.” “O melhor modo para se defender de um inimigo é não se comportar como ele.” “Viver á mais parecido com a luta do que com a dança.” “A vida de um homem é o que seus pensamentos fazem dela.” “Nunca discuta com um superior, você corre o risco de ter razão.” “Os homens, façam o que façam, serão sempre homens.” “Cada dia vivido é um dia a menos para se viver.” “O que não é útil para o enxame não pode ser útil para a abelha.” “Vivemos somente por um instante para depois cairmos no completo esquecimento e no vazio infinito do tempo.” “Todo o que existe vai se desintegrar e tudo o que for criado pela natureza está destinado a morrer.” “Desejos nos levam à permanente preocupação e decepção.” Responda o seguinte questionamento: Como podemos apontar as principais características da filosofia romana? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ _____ FILOSOFIA MEDIEVAL A Idade Média é computada de 476 d.C. até 1453, quando ocorre a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos e consequente queda do Império Romano do Oriente. Caracterizou-se pelo modo de produção feudal. A Filosofia Medieval foi bastante influenciada pelo cristianismo. Neste período temos pensadores como Santo Agostinho, Santo Anselmo, Tomás de Aquino e Guilherme de Ockham. As Características e principais questões debatidas e analisadas pelos filósofos medievais: - Relação entre razão e fé; - Existência e natureza de Deus; - Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana; - Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis. Principais estágios da Filosofia Medieval Transição para o Mundo Cristão (século V e VI) Muitos pensadores deste período defendiam que a fé não deveria ficar subordinada a razão. Porém, um importante filósofo cristão não seguiu este caminho. Santo Agostinho de Hipona (354 – 430) buscou a razão para justificar as crenças. Foi ele quem desenvolveu a ideia da interioridade, ou seja, o homem é dotado da consciência moral e do livre arbítrio. Escolástica (século IX ao XIV) Foi um movimento que pretendia usar os conhecimentos greco- romanos para entender e explicar a revelação religiosa do cristianismo. As ideias dos filósofos gregos Platão e Aristóteles adquirem grande importância nesta fase. Os teólogos e filósofos cristão começam a se preocupar em provar a existência da alma humana e de Deus. Para os filósofos escolásticos a Igreja possuía um importante papel de conduzir os seres humanos à salvação. No século XII, os conhecimentos passam a ser debatidos, armazenados e transmitidos de forma mais eficiente com o surgimento de várias universidades na Europa. Um dos mais expressivos representantes dessa conciliação foi Santo Agostinho, que entre os séculos IV e V defendeu a busca de explicações racionais que justificassem as crenças. Em suas obras “Confissões” e “Cidade de Deus”, inspiradas em Platão, ele aponta para o valor onipresente da ação divina. Para ele, o homem não teria autonomia para alcançara própria salvação espiritual. A ideia de subordinação do homem em relação a Deus e da razão à fé acabou tendo grande predominância durante vários séculos no pensamento filosófico medieval. A chamada filosofia escolástica apareceu com o intuito de promover a harmonização entre os campos da fé e da razão. Entre seus principais representantes estava São Tomas de Aquino, que durante o século XIII lecionou na universidade de Paris e publicou “Suma Teológica”, obra onde dialoga com diversos pontos do pensamento aristotélico. Acreditava que nem todas as coisas a serem desvendadas no mundo dependiam única e exclusivamente da ação divina. Dessa maneira, o homem teria papel ativo na produção de conhecimento. Apesar dessa nova concepção, a filosofia escolástica não foi promotora de um distanciamento das questões religiosas e, muito menos, afastou-se das mesmas. Mesmo reconhecendo o valor positivo do livre-arbítrio do homem, a escolástica defende o papel central que a Igreja teria na definição dos caminhos e atitudes que poderiam levar o homem à salvação. Com isso, os escolásticos promoveram o combate às heresias e preservaram as funções primordiais da Igreja. Responda o seguinte questionamento: Quais os principais expoentes da filosofia escolástica? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ FILOSOFIA MODERNA Frequentemente, os historiadores da filosofia designam como filosofia moderna aquele saber que se desenvolve na Europa durante o século XVII tendo como referências principais o cartesianismo — isto é, a filosofia de René Descartes —, a ciência da Natureza galilaica — isto é, a mecânica de Galileu Galilei —, a nova idéia do conhecimento como síntese entre observação, experimentação e razão teórica baconiana — isto é, a filosofia de Francis Bacon — e as elaborações acerca da origem e das formas da soberania política a partir das idéias de direito natural e direito civil hobbesianas — isto é, do filósofo Thomas Hobbes. A inauguração da idéia moderna da política como compreensão da origem humana e das formas do Poder, como compreensão do Poder enquanto solução que uma sociedade dividida internamente oferece a si mesma para criar simbolicamente uma unidade que, de fato, não possui, é uma inauguração bem anterior ao século XVII, pois foi feita por Maquiavel. Por outro lado, a idéia de que a política é uma esfera de ação laica ou profana, independente da religião e da Igreja, tema caro aos filósofos modernos, foi desenvolvida no final da Idade Média por um jurista como Marsílio de Pádua. A idéia do valor e da importância da observação e da experiência para o conhecimento humano aparece nos fins da Idade Média com filósofos como Roger Bacon ou Guilherme de Ockam. A extrema valorização da capacidade da razão humana para conhecer e transformar a realidade — a confiança numa ciência ativa ou prática em oposição ao saber contemplativo — é uma das características principais do chamado Humanismo, desenvolvido durante a Renascença. A idéia de imitação aparece na teoria política quando alguns humanistas (sobretudo os humanistas cristãos como Erasmo e Thomas Morus) consideram que as qualidades (virtudes ou vícios) dos governantes são um espelho para a sociedade inteira, de tal modo que num regime tirânico os súditos serão tiranos também. A erudição, uma das principais características dos humanistas, não é acúmulo de informações, mas uma atitude polêmica perante a tradição (recusar a apropriação católica da cultura antiga). Isto aparece com grande clareza nos historiadores que procuram conhecer fontes primárias e documentos originais a fim de elaborar uma história objetiva e patriótica, isto é, uma história nacional que seja, por si mesma, a refutação da legitimidade da dominação da Igreja Romana e do Império Romano Germânico sobre os Estados Nacionais. A erudição também serve, juntamente com a retórica, para um tipo muito peculiar de imitação dos antigos: aquela que é feita pelos escritores com a finalidade de criar uma língua nacional culta, rica, bela e que substitua o imperialismo do latim. Assim, em todas as esferas das atividades culturais pode-se perceber que a famosa "renascença dos antigos" não tem uma finalidade nostálgica e sim polêmica e criadora, que diz respeito ao presente e às suas questões. Responda o seguinte questionamento: Quais as principais características da filosofia maquiavélica? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 4.2.5. Idade Contemporânea Já a Idade Contemporânea compreende o espaço de tempo que vai da Revolução Francesa aos nossos dias. Portanto, é importante lembrar que somos parte da história contemporânea, da história atual. O que acontece agora é responsabilidade nossa. A Idade Contemporânea está marcada de maneira geral, pelo desenvolvimento e consolidação do regime capitalista no ocidente e, consequentemente pelas disputas das grandes potências européias por territórios, matérias-primas e mercados consumidores. No seu início, a Filosofia Contemporânea foi bastante marcada pela corrente filosófica iluminista. O iluminismo representava o período em que novas luzes ou novas ideias surgiam na mente humana, apontando para um tempo em que somente a razão humana iria predominar. Filósofos iluministas como Monstequieu, Voltarie, Diderot, Adam Smith e também Immanuel Kant elevavam a importância da razão. Havia um sentimento de que as ciências iriam sempre descobrindo novas soluções para os problemas humanos e que a civilização humana progredia a cada ano com os novos conhecimentos adquiridos. Algumas perguntas que são típicas da Filosofia Contemporânea: Será que a ciência poderá resolver todos os problemas da humanidade? O homem deve confiar apenas na razão? A tecnologia impedirá o fim da humanidade? Ouça o que disse Horkheimer, famoso filósofo do século XX, em seu livro “Eclipse da razão”: “Parece que enquanto o conhecimento técnico expande o horizonte da atividade e do pensamento humanos, a autonomia do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade de opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação de massas, o seu poder de imaginação e o seu juízo independente sofreram uma redução. O avanço dos recursos técnicos de informação se acompanha de um processo de desumanização.” Horkheimer opõe o conhecimento técnico e autonomia do homem enquanto indivíduo. Parece que a tecnologia tem diminuído a capacidade do ser humano em se opor aos mecanismos de manipulação do sistema capitalista. Responda o seguinte questionamento: Você concorda com o filósofo? Será que a tecnologia desumaniza o homem? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ _____ O filósofo Auguste Comte foi um dos principais teóricos a pensar a idéia de progresso. Tanto a razão quanto o saber científico caminham na direção do desenvolvimento do homem (o lema da bandeira brasileira, ordem e progresso, é inspirado nas idéias de Comte). As utopias políticas elaboradasno século XIX, como o anarquismo, o socialismo e o comunismo, também devem muito à ideia de desenvolvimento e progresso, como caminho para uma sociedade justa e feliz. A ideia de que a história fosse um movimento contínuo e progressivo em direção ao aperfeiçoamento sofreu duras restrições durante o século XX. A idéia de que a razão, a ciência e o conhecimento são capazes de dar conta de todos os aspectos da vida humana também foi pensada criticamente por dois grandes filósofos: Karl Marx e Sigmund Freud. Este, no campo da psique, abalou o edifício das ciências psicológicas ao descobrir a noção de inconsciente – como poder que atua sem o controle da consciência. Para fazer face a essa realidade, um grupo de intelectuais alemães, conhecido como Escola de Frankfurt, elaborou uma teoria que ficou conhecida como teoria crítica. Desta escola fazia parte filósofos, como Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Theodor Adorno, aos quais se pode ligar o pensamento de Habermas. Um dos principais filósofos desse grupo é o já comentado Max Horkheimer. Ele pensou que as transformações na sociedade, na política e na cultura só podem se processar se tiverem como fim a emancipação do homem e não o domínio técnico e científico sobre a natureza e a sociedade. O filósofo Jean-Paul Sartre também pensou as questões do homem frente à liberdade e ao seu compromisso com a história. Utilizando também as contribuições do marxismo e da psicanálise, o filósofo elaborou um pensamento sistemático que põe em relevo a noção de existência em lugar da essência, é o existencialismo. O estudo da linguagem científica, dos fundamentos e dos métodos das ciências tornou-se um foco de atenção importante para a filosofia contemporânea. O filósofo Edmund Husserl propôs à filosofia a tarefa de estudar as possibilidades e os limites do próprio conhecimento. Husserl desenvolveu uma teoria chamada fenomenologia. As formas e os modos de funcionamento da linguagem foram estudados pelo filósofo Ludwig Wittgenstein. A filosofia analítica é uma disciplina que se vale da análise lógica como método e entende a linguagem como objeto da filosofia. Bertrand Russel e Quine também estudaram os problemas lógicos das ciências, a partir da linguagem científica. A Filosofia de Hegel – Alemanha, 1770 Talvez ninguém como o filósofo alemão Georg Hegel, que nasceu em 1770 e faleceu em 1831, tenha conseguido montar um sistema filosófico tão completo. Nas pesquisas do professor Gilberto Cotrim, Hegel é apontado como o ponto culminante do racionalismo, da crença que a razão é o elemento solucionador dos problemas humanos. Hegel integra o grupo de pensadores que defendiam o idealismo. Esse modo de pensar ficou conhecido como Idealismo Alemão. Ele escreveu importantes ensaios como “Fenomenologia do espírito”, “Princípios da filosofia do direito” e “Lições sobre a história da filosofia”. O que é a realidade? Esta é uma pergunta que Hegel responde com clareza. Hegel via a realidade como uma unidade orgânica, uma unidade que não estava numa condição estável mas num constante processo de desenvolvimento. Achou difícil? Então, vamos lá. A realidade está sempre em processo de construção. Como cantava Cazuza, um dos maiores artistas brasileiros da década de 1980, “o tempo não pára, não pára não”. A meta final do desenvolvimento da realidade é a obtenção do auto-reconhecimento e do auto-entendimento. Hegel chamava a contradição de movimento dialético ou dialética. Ele quis captar em sua filosofia o movimento dialético da realidade. Imaginemos uma planta. Assim como um botão precisa desaparecer para que uma flor surja, e a flor desaparece para que surja o fruto, da mesma forma, todas as coisas passam por um processo dinâmico de transformações que leva a uma síntese superior. A dialética não é uma forma de pensar a realidade, mas sim o movimento real da realidade. Por isso, para acompanhar a realidade, o pensamento também deve ser dialético. A realidade é um contínuo devir, vir a ser. Um momento prepara outro momento mas, para que esse outro momento aconteça, o anterior tem de ser negado. Esses três momentos são comumente chamados de tese, antítese e síntese. É um movimento circular que não se fecha, pois cada momento final, que seria a síntese, se torna a tese de um movimento posterior, de caráter mais avançado. Para compreender, preste atenção no nosso resumo. A filosofia de Hegel declara que a história é um processo social dirigido por contradições entre sistemas de idéias que competem entre si. Para Hegel, é nossa compreensão da história, e não da ciência, que nos oferece a melhor maneira de compreendermos a nós mesmos e ao nosso meio ambiente. O fato de ter perguntado “o que é a história?” e “em que direção caminha a história” faz dele um filósofo de importância suprema. Karl Marx - Alemanha, 1818. Marx foi um homem e um filósofo preocupado com a exploração dos trabalhadores. Ele não conseguia acompanhar a exploração injusta do capitalismo, por isso desenvolveu suas teorias. Ele pensava que foi negado à maioria da população trabalhadora a oportunidade de se desenvolver integralmente como indivíduos, por terem sido forçados a vender sua força de trabalho para capitalistas exploradores: homens de negócios gananciosos para quem os trabalhadores eram fonte de lucro e não seres humanos. Os indivíduos viam-se, assim, reduzidos a mercadorias abstratas que podiam ser trocadas por qualquer outra. No famoso “Manifesto Comunista”, Marx afirma que toda a história humana pode ser entendida como uma série de lutas de classes. O motor da história moderna sob o capitalismo, para Marx, seria a luta política entre a burguesia e o proletariado. Essa luta levaria à extinção do capitalismo e daria origem a uma sociedade comunista na qual todos viveriam de acordo com a máxima de cada um segundo suas habilidades, para cada um segundo suas necessidades. O grande trabalho filosófico de Marx foi o livro “O Capital”. Descrito com a bíblia da classe operária numa resolução da Associação Operária Internacional. O Capital foi publicado em Berlim em 1867. No que viria a ser um dos livros mais influentes do século XIX, Marx previa a substituição do capitalismo pelo socialismo. Apenas o primeiro volume foi concluído em vida de Marx: o segundo e o terceiro volumes foram editados por Friedrich Engels, o maior companheiro de Marx. Engels compartilhava das mesmas ideias de Marx e foi um importante filósofo. Com Engels, Marx escreveu “O Manifesto Comunista”: “A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e aprendiz; numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta.” Schopenhauer Alemanha, 1788. O que você responderia se alguém perguntasse: a vida é essencialmente um sofrimento? No sistema de Schopenhauer, a vontade é a raiz metafísica do mundo e da conduta humana; ao mesmo tempo, é a fonte de todos os sofrimentos. Ou seja, todos nós somos donos de uma vontade insaciável. Desejamos o tempo todo. Sua filosofia é, assim, profundamente pessimista, pois a vontade é concebida em seu sistema como algo sem nenhuma meta ou finalidade, um querer irracional e inconsciente. Sendo um mal inerente à existência do homem, ela gera a dor, necessáriae inevitavelmente, aquilo que se conhece como felicidade seria apenas a interrupção temporária de um processo de infelicidade e somente a lembrança de um sofrimento passado criaria a ilusão de um bem presente. “Viver é sofrer”. Schopenhauer influenciou uma geração de artistas, como o cantor e compositor brasileiro, Renato Russo. O líder do Legião Urbana revelava em várias de suas músicas, o que podemos chamar de “dor de viver”. Em discos aclamados pela crítica musical, como o famoso “Cinco” e “A tempestade” as composições de Renato Russo, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá são permeadas de um pessemismo arrebatador. Na música “Quando o sol bater na janela do teu quarto”, Renato Russo cita Schopenhauer literalmente: “tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor”. A suprema felicidade somente pode ser conseguida pela anulação da vontade. Tal anulação é encontrada por Schopenhauer no misticismo hindu, particularmente o Budismo; a experiência do Nirvana constitui a aniquilação desta vontade última, o desejo de viver. Somente neste estado, o homem alcança a única felicidade real e estável. Nietzsche - Alemanha, 1844. “Não sou um homem, sou uma dinamite”, escreveu Nietzsche. O pensamento de Nietzsche é desafiador. Para compreender este grande intérprete da alma humana é necessário deixar de lado as nossas ideias pré-concebidas, ou seja, os nosso preconceitos. Nietzsche nos desafia, ele critica a moral cristã, analisa a ideia de bem e mal imposta pelo pensamento religioso na Europa de sua época. O pensamento de Nietszche pode ser considerado como uma tentativa de descobrir uma nova síntese entre o cristianismo protestante (com sua crença no indivíduo heróico) e o paganismo clássico (com sua adoração ao poder da natureza). Toda a filosofia de Nietzsche pode ser vista com a tentativa de responder a esta única pergunta: como podemos viver em um mundo sem algo (um Deus) que garanta que a vida tenha sentido? Em 1882, Nietzsche admitiu, enfim, que Deus estava morto, iniciando sua longa busca por uma resposta não religiosa ao significado da vida, tentando escapar à sensação de desespero que seguiu sua perda de fé no cristianismo. Essa condição, que ele chamou de niilismo – a crença de que nada tem sentido – foi para ele o principal problema enfrentado pelo mundo moderno. As suas principais obras são: “A origem da tragédia”, “Humano, demasiadamente humano”, “Aurora”, “Assim falou Zaratrusta”, “Além do bem e do mal” e “Genealogia da moral”. O Dionisíaco e o Apolíneo: Nietzsche apresenta uma interpretação da Grécia, que tem grande alcance para a sua filosofia. Distingue dois princípios, o apolíneo e o dionisíaco, quer dizer o que corresponde aos dois deuses gregos Apolo e Dionísio. O primeiro é o símbolo da serenidade, da claridade, da medida, do racionalismo; é a imagem clássica da Grécia; no dionisíaco, pelo contrário, encontra o impulsivo, o excessivo transbordante, a afirmação da vida, o erotismo, a orgia como culminação deste afã de viver, de dizer sim à vida, apesar de todas as suas dores. Nietzsche põe a vontade de viver no centro de seu pensamento. O Além-homem: Nietzsche opõe-se a todas as correntes igualitárias, humanitárias e democráticas da época. É um afirmador da individualidade poderosa. O máximo bem é a própria vida, que culmina na vontade de poder. O homem deve superar-se, terminar em algo que esteja acima de si, como o homem está acima do macaco; este é o além- homem, termo que em várias traduções para do alemão para o português aparece como super-homem. Nietzsche toma como seus modelos as personagens renascentistas, sem escrúpulo e sem moral, mas com magníficas condições vitais de força, de impulsos e de energia. E isto leva-o a uma nova idéia da moral. Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distorções e confusões. Algumas delas: 1. “A filosofia é o exílio voluntário entre montanhas geladas.” 2. “Como são múltiplas as ocasiões para o mal-entendido e para a ruptura hostil!” 3. “Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? – Vitória!”. 4. “Há homens que já nascem póstumos.” 5. “O Evangelho morreu na cruz.” 6. “A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada.” 7. “Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no “além” – no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade.” 8. “Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é necessária.” 9. “O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo.” 10. “A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade.” 11. “As convicções são cárceres.” 12. “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.” 13. “Até os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente sabem.” 14. “Aquilo que não me destrói fortalece-me” 15. “Sem música, a vida seria um erro.” 16. “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.” 17. “Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.” 18. “Torna-te quem tu és!” 19. “O padre está mentindo.” 20. “Deus está morto mas o seu cadáver permanece insepulto.” 21. “Acautela-te quando lutares com monstros, para que não te tornes um.” 22. “Da escola de guerra da vida: o que não me mata, torna-me mais forte.” Martin Heidegger - Alemanha, 1889. A existência: o homem é lançado ao mundo, sem saber por quê. Ao despertar para a consciência da vida, já está aí, sem ter pedido. O desenvolvimento da existência: o ser humano estabelece relações com o mundo (ambiente natural e social historicamente situado). Para existir, o homem projeta sua vida e procura agir no campo de suas possibilidades. Assim, move uma busca permanente para realizar aquilo que ainda não é. Em outras palavras, existir é construir um projeto. A destruição do eu: tentando realizar seu projeto, o homem sofre a interferência de uma série de fatores adversos que o desviam de seu caminho existencial. Trata-se do confronto do eu com os outros. Um confronto no qual o homem comum é, geralmente, derrotado. O seu eu é destruído, arruinado, dissolve-se na massa humana. Em vez de tornar-se si mesmo, o homem torna-se aquilo que os outros desejam. Sartre - França, 1905. Um dos principais fundamentos da condição humana é a liberdade. É o exercício da liberdade que impulsiona a conduta humana, que gera a incerteza, que leva à procura de sentidos, que produz a ultrapassagem de certos limites. Outros filósofos franceses do século XX se destacaram por produzirem um pensamento pertinente e inovador, entre eles podemos destacar Maurice Merleau-Ponty, Jaques Lacan, Louis Althusser, Michel Foucault e Jaques Derrida. O existencialismo expandiu- se entre outros filósofos como Gabriel Marcel, Karl Jaspers Léon Chestov e Martin Buber. O existencialismo ateu de Sartre esteve presente também na obra de escritores e pensadores como Albert Camus. Camus - Argélia, 1913. Camus foi o escritor que cunhou a expressão “absurdo” ou “o absurdo” para escrever a situação em que os seres humanos exigem que suas vidas tenham significado num universo indiferente que é, ele mesmo, totalmente desprovido de sentido ou propósito. Absurdo é aquilo que acontece, mas não poderia acontecer. É o impossível que se torna realidade. É o não aceitável que, embora acontecido, continua como inaceitável. A revolta é capaz de nos fazer transcender, a única transcendênciade que Camus faz conta e é luta contra o absurdo, a única capaz de reivindicar clareza e ordem num universo que parece pouco razoável. A grandeza da revolta contra todo ataque à dignidade humana reside igualmente na afirmação implícita da transcendência do espírito humano, o único capaz de julgar em nome de uma justiça que somente ele pode conceber. O diálogo possível Paulo Freire (Brasil, 1921). O pensador e educador brasileiro Paulo Freire compreende o diálogo como o alicerce fundamental de seus métodos educacionais. Sem o diálogo não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação. Em seu importante ensaio, Pedagogia do Oprimido (1970), o pensador brasileiro apresenta as bases de uma teoria da ação dialógica. Para ele a dialogicidade é a essência da educação como prática da liberdade. Por isso afirma que: “Se ao dizer suas palavras, ao chamar o mundo, os homens o transformam, o diálogo impõe-se como o caminho pelo qual os homens encontram seu significado enquanto homens; o diálogo é, pois, uma necessidade existencial”. Freire afirma: “O momento deste buscar é o que inaugura o diálogo da educação como prática da liberdade. É o mesmo em que se realiza a investigação do que chamamos de universo temático do povo ou o conjunto de seus temas geradores”. Enquanto na prática bancária da educação, antidialógica por essência, por isto, não comunicativa, o educador deposita no educando o conteúdo programático da educação, que ele mesmo elabora ou elaboram para ele, na prática problematizadora, dialógica por excelência, este conteúdo, que jamais é depositado, se organiza e se constitui na visão do mundo dos educandos, em Responda o seguinte questionamento: Quais dos filósofos contemporâneos você mais se identificou? Por que se identificou com estes? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____________ SOCIOLOGIA UNIDADE 2 A SOCIOLOGIA Capítulo 1 Por que estudar Sociologia? A Sociologia tem uma função importante que é nos fornecer instrumentos para uma melhor compreensão do mundo que nos cerca, e em especial, das diversas redes sociais que se formam em torno de nós... Especialmente, nesse momento, com o fortalecimento da globalização, em que o mundo tem suas fronteiras estreitadas, os países se tornam mais acessíveis bem como as culturas se entrecruzam... Pois a sociedade global é um campo de desenvolvimento desigual e de contradições novas, marcando um momento histórico de transição, e como quase todos os momentos de mudança, de transição, são períodos turbulentos, de crise e de dinâmicas indeterminadas, inaugurando também renovação de paradigmas. E possibilitando também outros modos de reinventar o mundo social, em suas crenças e práticas… A aplicação da sociologia no Brasil como matéria obrigatória no currículo escolar é recente. Em 1971, as disciplinas de filosofia e sociologia deixaram de ser lecionadas nas escolas por determinação da ditadura militar. Somente em 2001 o Congresso Nacional aprovou o retorno das disciplinas nas escolas de ensino médio, mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (sociólogo) vetou a aprovação alegando que não existiam professores suficientes para lecionarem as matérias. Para o professor Dirley Lopes, A sociologia é o estudo da sociedade. É a busca pelo conhecimento dos fenômenos sociais, do comportamento das instituições e das relações de convivência entre os seres humanos.O ser humano é um ser social, isso quer dizer que em algum momento, todos tiveram ou terão algum contato com outro ser humano ao longo da sua vida. Para viver em sociedade é necessário que sejam estabelecidas normas e regras de convivência. Responda o seguinte questionamento: Qual a principal função da Sociologia nos dias de hoje? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____ Capítulo 2 O que é Sociologia? A Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia. Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos. Cobrindo todas as áreas do convívio humano desde as relações na família até a organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o comportamento religioso, a Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do saber. Entretanto, o maior interessado na produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente é o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica. Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da Sociologia transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, consequentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais. A Sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas; e também se interessa por eventos únicos sujeitos à inferência sociológica (como, por exemplo, o surgimento do capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), procurando explicá-los no seu significado e importância singulares. Capítulo 3 A Origem da Sociologia A Sociologia surgiu como uma disciplina no século XVIII, na forma de resposta acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo está ficando mais integrado, a experiência de pessoas do mundo é crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos não só esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também desenvolver um "antídoto" para a desintegração social. Responda o seguinte questionamento: Por que se faz necessário estudar a Sociologia? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____ Capítulo 4 Principais Sociólogos AUGUSTO COMTE (1798-1857) Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu em Montpellier a 19 de janeiro de1798. Foi o fundador do Positivismo. Fez seus primeiros estudos no Liceu de Montpellier, ingressando depois na Escola Politécnica de Paris, de onde foi expulso em 1816 por ter se rebelado contra um professor. Foi então estudar Medicina em Montpellier, mas logo regressou a Paris, onde passou a viver de aulas e colaboração em jornais. Em 1826, começou a elaborar a lições de Curso de Filosofia Positiva. Sofrendo, porém, sério esgotamento nervoso, viu-se obrigado a interromper seu trabalho. Já recuperado, publicou, de 1830 a 1842, sua primeira grande obra: Curso de Filosofia Positiva, constituída de seis volumes.A partir de 1846 toda a sua vida e obra passaram a ter um sentido religioso. Desligou-se do magistério, dedicando-se mais às questões espirituais. Deixou de ser católico e fundou a Religião da Humanidade. Para propagar sua nova religião, manteve correspondência com monarcas, políticos e intelectuais de toda parte, tentando pôr em prática suas idéias de reformador social.Sociologia, que a princípio Comte denominou "Física Social", é um vocábulo criado por ele no seu Curso de Filosofia Positiva. Para Comte, a Sociologia procura estudar e compreender a sociedade, para organizá-la e reformá-la depois. Acreditava que os estudos das sociedades deveriam ser feitos com verdadeiro espírito científico e objetividade. O pensamento de Comte provocou polêmicas no mundo todo e reformulações de teorias até então incontestáveis. Sua influência foi imensa, quer como filósofo social, quer como reformador social, principalmente sobre os republicanos brasileiros. O lema da Bandeira Nacional "Ordem e Progresso", criador por Benjamin Constant, é de inspiração comtista.Suas principais obras são: Curso de Filosofia Positiva (1830-1842) e Sistema de Política Positiva (1851-1854).Morreu em Paris a 5 setembro de 1857. Responda o seguinte questionamento: Como podemos relacionar a filosofia positivista com a proclamação da República Federativa do Brasil? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____ KARL MARX (1818-1883) Karl Heinrich Marx, filósofo e economista alemão, nasceu em Trier (atual Alemanha Ocidental) a 5 de maio de 1818. Estudou na Universidade de Berlim, interessando-se se principalmente pelas idéias do filósofo Hegel. Formou-se pela Universidade de Iena em 1841.Em 1842 assumiu o cargo de redator-chefe do jornal alemão Gazeta Renana, editado em Colômbia, onde tinha a postura política de um liberal radical. No ano seguinte transferiu-se para Paris. Lá conheceu Friedrich Engels, um radical alemão de quem se tornaria amigo íntimo e com quem escreveria vários ensaios e livros. De 1845 a 1848 viveu em Bruxelas, onde participou de organizações clandestinas de operários e exilados.Em 1847 redigiu com Engels o Manifesto comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada maxismo. No Maxismo Marx convoca o proletariado à luta pelo socialismo. Em 1848, quando eclodiu o movimento revolucionário em vários países europeus, Marx voltou à Alemanha, onde editou a Nova Gazeta Renana, primeiro jornal diário francamente socialista e que procurava orientar as ações do proletariado alemão. Com o fracasso da revolução, Marx fugiu para Londres, onde viveu o resto de sua vida.Fundou, em 1864, a Associação Internacional dos Trabalhadores, depois chamada Primeira Internacional dos Trabalhadores com o objetivo de organizar a conquista do poder pelo proletariado em todo o mundo. Em 1867 publicou o primeiro volume de sua obra mais importante. O capital, em que fez uma crítica ao capitalismo e à sociedade burguesa. Marx é o principal idealizador do socialismo do comunismo revolucionário. O marxismo — conjunto de idéias político-filosóficas de Marx — propunha a derrubada da classe dominante, a burguesia, através de uma revolução do proletariado. Marx criticava o capitalismo e seu sistema de livre empresa que, segundo ele, pelas contradições econômicas internas, levaria a classe operária à miséria. Propunha uma sociedade na qual os meios de produção fossem de toda coletividade.Suas principais obras são: O capital (1867-1894), Manuscritos econômico-filosóficos (escrita em 1844 e publicada em 1932), A miséria da Filosofia ( 1847). Escreveu em parceria com Engels: A sagrada família (1844), A ideologia alemã (1845-1846), Manifesto comunista (1847).Marx morreu em Londres a 14 de março de 1883. Responda o seguinte questionamento: Em que se fundamentava o Materialismo Dialético marxista? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____ DURKHEIM (1858-1917)David Émile Durkheim, sociólogo francês, nasceu em Épinal a 15 de abril de 1858. Estudou na École Normale Supérieure de Paris, tendo-se doutorado em Filosofia. Em 1885 foi estudar na Alemanha, sendo muito influenciado pelas idéias do psicólogo Wilhelm Wundt.Ocupou a primeira cátedra de Sociologia criada na França, na Universidade de Bordéus, em 1887. Aí permaneceu até 1902, quando foi convidado a lecionar Sociologia e Pedagogia na Sorbonne.É considerando o fundador da Sociologia moderna. Foi um dos primeiros a estudar mais profundamente o suicídio, o qual, segundo ele, é praticado na maioria das vezes em virtude da desilusão do indivíduo com relação ao seu meio social.Para Durkeim, o objeto da Sociologia são os fatos sociais, os quais devem ser estudados como "coisas".O sistema sociológia de Durkheim baseia-se em quatro princípios fundamentais: - A sociologia é uma ciência independente das demais Ciências Sociais e da Filosofia. - A realidade social é formada pelos fenômenos coletivos, considerados como "coisa". - A causa de cada fato social deve ser preocupada entre os fenômenos sociais que o antecedem. Para explicar um fenômeno social, deve-se procurar sua casa. - Todos os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, formando uma realidade específica. Segundo Durkeim, o homem é um animal que só se humaniza pela socialização. Suas principais obras são: A divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1894), O suisídio (1897). Durkheim morreu em Paris a 15 de novembro de 1917. MAX WEBER (1864-1920) Max Weber, sociólogo alemão, nasceu em Erfurt, na Turíngia, a 21 de abril de 1864. Foi professor de Economia nas universidades de Freiburg e Heidelberg. Após 1897 teve de interromper o exercício do magistério, devido a uma grave enfermidade psíquica. Participou da comissão que redigiu a Constituição da República de Weimar. Foi por muito tempo diretor da importante revista Arquivo de Ciências Sociais e Política Social e colaborador do Jornal de Frankfurt. Ardente nacionalista alemão. Weber é considerado um dos mais importantes pensadores modernos. Fundou a disciplina Sociologia da Religião, fazendo estudo comparado da História da Economia e da História das Doutrinas Religiosas. Para Weber o objeto da Sociologia é o sentido da ação humana individual que deve ser buscado pelo método da compreensão. Suas obras principais são: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e Economia e sociedade (publicada postumamente em 1922). MANNHEIM (1893-1947) Karl Mannheim, sociólogo alemão de origem húngara, nasceu em Budapeste a 27 de março de 1893.
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