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2 RESENHA QUETÃO SOSIAL NA DÉCADA DE 1920 E 1930

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CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 1º SEMESTRE 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
RESENHA CRÍTICA: PARTE II 
CAPITULO I: A QUESTÃO SOCIAL NAS DÉCADAS DE 1920 E1930 AS BASES PA-
RA A IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL 
AUTOR (A): Marilda Villela Iamamonto – Raul de Carvalho 
 
PROFESSOR (A): JULIANA HILÁRIO 
 
 
 
 
 MARIA LEILA DE LIMA SARAIVA 
 
 
 
IGUATU- CE 
 2018
MARIA LEILA DE LIMA EASARIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA: PARTE II 
CAPITULO I: A QUESTÃO SOCIAL NAS DÉCADAS DE 1920 E1930 AS BASES PARA A 
IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
Resenha apresentada para a disciplina de Introdução 
ao Serviço Social, no curso de Bacharelado em Servi-
ço Social - 1º Semestre do Instituto Federal de Ciên-
cias e tecnologia – IFCE. 
Prof.ª : Juliana Hilário 
 
 
 
 
 
 
IGUATU - CE 
2018 
Biografia Marilda Villela Iamamoto 
 
 
 
 
 
Marilda Villela Iamamoto é bolsista de Produtividade em Pesquisa 
do CNPq - Nível 1B. Graduação em Serviço Social pela Universidade 
Federal de Juiz de Fora (1971), mestrado em Sociologia Rural pela 
Universidade de São Paulo (1982) e doutorado em Ciências Sociais 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001). É profes-
sora Titular (aposentada) da Escola de Serviço Social na Universida-
de Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professora titular da Fa-
culdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Ja-
neiro atuando no Programa de Pós-graduação em Serviço Social. Selecionada para o Pro-
grama Produtividade em Ciência (FAPERJ/UERJ), coordenadora do Programa de Estudos e 
Pesquisas Pensamento social e realidade brasileira na América Latina e do Centro de Estu-
dos Octávio Ianni. Ex-coordenadora Adjunta da CAPES para a área de Serviço Social (triênio 
2008-2010). Tem experiência na área de Serviço Social e Sociologia Rural com ênfase em 
Serviço Social, atuando principalmente nos seguintes temas: serviço social, história do servi-
ço social, serviço social na divisão do trabalho, formação profissional e ensino superior. Auto-
ra de livros com várias edições e artigos em revistas nacionais e internacionais. Fonte: Currí-
culo Lattes. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv. 
do?Id=K4780212T9>. Acesso em 23/04/2013. 
 
 
 
 
IAMAMOTO, Marilda Vilela e CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no 
Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo: 2ª. Ed. Cortez, 1983. 
PARTE II – ASPECTOS DA HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL (1930 –1960) 
 
 
 
 
 
Capítulo I – A Questão Social nas Décadas de 1920 e 1930 e as bases para a im-
plantação do Serviço Social 
 
1. A Questão Social na Primeira República. 
A “questão social” relaciona-se à generalização do trabalho livre, numa sociedade com 
marcas da escravidão. Destaca-se o longo processo de transição, através do qual se forma um 
mercado de trabalho em moldes capitalistas, em especial ao momento em que a constituição 
desse mercado está em amadurecimento nos principais centros urbanos. Momento em que o 
capital já “se liberou” do custo de reprodução da força de trabalho, limitando-se a procurar, no 
mercado, a força de trabalho tornada mercadoria. 
A manutenção e a reprodução dessa força de trabalho estão a cargo do operário e de 
sua família, através do salário, advindo da venda da força de trabalho à classe capitalista e não 
a um único senhor. A partir do momento em que a sociedade burguesa vê como ameaça a luta 
defensiva do operário à exploração abusiva a que é submetido, há necessidade que o controle 
social da exploração da força de trabalho seja feito pelo Estado, através de uma regulamentação 
jurídica do mercado de trabalho. 
As Leis Sociais aparecem, então, para responder aos movimentos sociais que lutam 
por uma cidadania social. Esses movimentos refletem e são elementos dinâmicos das profundas 
transformações da sociedade, quando da consolidação de um pólo industrial, pois colocam os 
problemas e exigem modificação na composição de forças dentro do Estado e no relacionamen-
to deste com as classes sociais. 
Portanto, o desdobramento da questão social é também a questão da formação da clas-
se operária e de sua entrada no cenário político, de seu reconhecimento em nível de Estado, da 
implementação de políticas que atendem seus interesses. Sendo assim, a “questão social” cons-
titui-se, essencialmente, da contradição entre burguesia e proletariado. Proletariado este em que 
os laços de solidariedade política e ideológica perpassam seu conjunto. 
A implantação do Serviço Social ocorre no decorrer desse processo histórico, surgindo 
da iniciativa particular de grupos e frações de classe, que se manifestam por intermédio da Igre-
ja Católica. Enquanto que as leis sociais são resultantes da pressão do operariado pelo reconhe-
cimento de sua cidadania social, a legitimação do Serviço Social diz respeito a grupos e frações 
restritos das classes dominantes e a sua especificidade na ausência quase total de uma demanda 
a partir das classes e grupos a que se destina prioritariamente. 
A análise do posicionamento e das ações assumidas e desenvolvidas pelos diferentes 
grupos e frações dominantes e pelas instituições que mediatizam seus interesses na sociedade, 
permite apreender o sentido histórico do Serviço Social. 
A crise do comércio internacional de 1929 e o movimento de 1930 aparecem como 
movimentos centrais de um processo que leva a uma reorganização das esferas estatal e eco-
nômica, apressando o deslocamento do centro motor da acumulação capitalista das atividades 
de agro exportação para outra de realização interna. 
O histórico das condições de existência e de trabalho do proletariado industrial mostra 
a extrema voracidade do capital por trabalho excedente: 
* A população operária amontoava-se em bairros insalubres junto às aglomerações in-
dustriais, com falta absoluta de água, luz e esgoto; 
 * as empresas funcionavam em prédios sem condições mínimas de higiene e seguran-
ça; 
* salários insuficientes para a subsistência; * o preço da força de trabalho, constante-
mente pressionada para baixo devido ao exército industrial de reserva; 
 * a pressão salarial força a entrada no mercado de trabalho de mulheres e crianças; 
* a jornada de trabalho, é no início do século de quatorze horas; * não se tem direito a 
férias, descanso semanal remunerado, licença para tratamento de saúde etc.; 
* dentro da fábrica está sujeito à autoridade absoluta de patrões e mestres; * não pos-
sui garantia empregatícia ou contrato coletivo; * com as crises do setor industrial há dispensas 
maciças e rebaixamentos salariais. 
Frente a estas condições de trabalho e de existência, o operariado se organiza para se 
defender. Uma organização diferenciada em seus diversos estágios de desenvolvimento, desde 
o caráter assistencial e cooperativo ao de resistência operária organizada. A luta reivindicatória 
está centrada na defesa do poder aquisitivo dos salários, na duração da jornada de trabalho etc. 
As duas primeiras décadas são marcadas pelas greves e manifestações operárias. No período de 
1917 a 1920 a densidade e a combatividade das manifestações de inconformismo marcam, para 
a sociedade burguesa, a presença ameaçadora de um proletariado à beira do pauperismo. 
O “liberalismo excludente” do Estado e a elite republicana da Primeira República, 
dominados pelos setores burgueses ligados a agro exportação, são incapazes de tomar medidas 
de peso em prol do proletariado. Somente em 1919 que é implantada a primeira medida ampla 
de legislação social, responsabilizandoas empresas pelos acidentes de trabalho, contudo, não 
representa mudança substantiva na situação dos trabalhadores. 
Na década de 20, são aprovadas leis que abrem caminho à intervenção do Estado na 
regulamentação do mercado de trabalho e leis que cobrem uma parcela chamada “proteção ao 
trabalho”, férias, acidente de trabalho, código de menores, seguro-doença etc. A dominação 
burguesa implica a organização do proletariado, ao mesmo tempo em que implica sua desorga-
nização enquanto classe, isto porque ela necessita de estabelecer mecanismos de integração e 
controle. Sendo assim, na Velha República, as medidas parciais que são implantadas visam 
mais à ampliação de sua base de apoio e a atenuação do conflito social, sem implicarem um 
projeto mais amplo de canalização das reivindicações operárias. 
Por um lado, para o Estado e para setores dominantes ligados a agro exportação, as re-
lações de produção são um problema de empresa, por outro, o movimento operário também não 
consegue estabelecer laços politicamente válidos com outros segmentos da sociedade que cons-
tituem a maioria da população. Assim, a classe operária, apesar de seu progressivo adensamen-
to, permanece sendo uma minoria fortemente marcada pela origem européia, estando social e 
politicamente isolada. 
A preocupação do empresariado com o social aparece apenas a partir da desagregação 
do Estado Novo e término da Segunda Guerra Mundial e representa uma adaptação a nova fase 
de aprofundamento do capitalismo. O patronato, a burguesia industrial, que está solidificando 
sua organização enquanto classe está ancorada nos princípios do liberalismo do mercado de 
trabalho e no privatismo da relação de compra e venda da força de trabalho, como pressuposto 
essencial de sua taxa de lucro e acumulação. A adesão às novas formas de dominação e contro-
le do movimento operário será dada pelo populismo e desenvolvimentismo da era Vargas. 
Dentre os diversos aspectos da prática social do empresariado durante o período de 
1920 a 1930, destacam-se dois elementos relacionados com a implantação e desenvolvimento 
do Serviço Social: 
1. Crítica do empresariado a inexistência de mecanismos de socialização do prole-
tariado, ou seja, da inexistência de instituições que tenham por objetivo produzir trabalhadores 
integrados física e psiquicamente ao trabalho fabril; 
2. O conteúdo diverso da política assistencialista desenvolvida pelo empresariado 
no âmbito da empresa. 
A negativa constante no reconhecimento das organizações sindicais, a não aceitação 
do operariado como capaz de participar das decisões que lhes dizem respeito, a intransigência 
para as reivindicações e sua aceitação apenas em última instância, seu relacionamento com a 
polícia, a prática normal de usar repressão etc., aparecem como a face mais evidente do com-
portamento do empresariado da Primeira República. Ao mesmo tempo, se verifica a existência 
de uma política assistencialista que se acelera a partir dos grandes movimentos sociais do pri-
meiro período após a guerra. A maioria das empresas de maior porte propicia a seus emprega-
dos uma séria de serviços assistenciais como: vilas operárias, assistência médica etc. Isto signi-
fica o controle social aliado ao incremento da produtividade e o aumento da taxa de exploração. 
 
2 – A Reação Católica 
Após os grandes movimentos sociais, a “questão social” fica definitivamente colocada 
para a sociedade. Há que analisar a posição da Igreja frente à “questão social” considerando a 
Igreja não só como Instituição social de caráter religioso, mas também o seu engajamento na 
dinâmica dos antagonismos de classe da sociedade na qual está inserida. 
Após a Contra Reforma, os Estados nacionais europeus são forçados a conceder aos 
movimentos políticos e ideológicos burgueses uma parcela do anterior monopólio mantido pela 
Igreja. Portanto, a religião católica perde sua ampla hegemonia enquanto concepção de mundo 
das classes dominantes. 
Para a desagregação da sociedade civil tradicional e para o declínio de sua influência, 
a Igreja Católica reage. Essa reação tem por base, através de métodos organizativos e discipli-
nares, a constituição de poderosas organizações de massa. 
2.1. Primeira Fase da Reação Católica 
No Brasil, a partir da segunda metade da República Velha, a Igreja inicia o processo 
de reformulação de sua atividade política religiosa, a fim de recuperara os privilégios e as prer-
rogativas perdidos com o fim do Império. Esse movimento condensa-se nos primeiros anos da 
década de 20. O então Bispo, Dom Sebastião Leme, lança documentos contendo as bases do 
que seria o programa de reivindicações católicas, com a finalidade de restabelecer as bases da 
noção de Nação Católica. 
Alteram, substancialmente, a estrutura e a imagem da Igreja, dois processos: 
1. A mudança interna de sua estrutura, com a sua centralização; 
2. A “romanização” do catolicismo brasileiro, ou seja, a referência em Roma, que 
atinge tanto o clero como o movimento leigo. Sendo assim, a mobilização do laicato, que se 
fará a partir desse momento, terá por modelo as organizações que se formaram na Europa, es-
pecialmente na Itália e França. 
Na década de 20, a revista “A Ordem” e o Centro Dom Vital serão os principais apara-
tos de mobilização do laicato, que procuram recrutar uma “aristocracia intelectual” capaz de 
combater política e ideologicamente manifestações que Igreja considere perigosas para seu 
domínio. A “questão social” não atrai a atenção das lideranças católicas. E, ao findar-se a Re-
pública Velha, é cada vez maior a identidade entre Igreja e Estado. 
Com o movimento de 1930, inicia-se um novo período de mobilização do movimento 
católico laico, visto estarem criadas as condições para que a Igreja seja chamada a intervir nas 
dinâmicas sociais de forma muito mais ampla. A hierarquia, explorando a nova situação con-
juntural, irá compor com o novo bloco dominante que emerge. O movimento laico vive uma 
fase de identificação com o espírito das Encíclicas Sociais, o sentido do “Agiornamento”, ou 
seja, a Igreja passa a se envolver nas causas sociais emergentes da população. 
 
2.2. O Movimento Político-Militar de 1930 e a Implantação do Corporativismo 
O desenvolvimento capitalista, tendo por núcleo central da acumulação a economia ca-
feeira, traz contraditoriamente o aprofundamento da industrialização, a urbanização acelerada, 
com a diferenciação social e diversificação ocupacional resultantes da emergência do proletari-
ado e da consolidação dos estratos urbanos médicos. 
A política de defesa permanente do café permite, ainda no primeiro quinquênio de 
1920, um período de apreender prosperidade. A burguesia ligada ao complexo cafeeiro, que 
dirige o Estado, constantemente é ameaçada por outras parcelas da classe dominante, que pro-
curam redefinir, em proveito de sua própria expansão, as diretrizes e benesses da política eco-
nômica e, pela tensão das classes dominadas, que pela sua luta em prol da cidadania social abre 
mais uma área de contradição entre o setor industrial e a fração hegemônica, isto porque algu-
mas medidas sociais são formadas. Portanto, o fim da década de 20 é marcado pela decadência 
da economia cafeeira e pelo amadurecimento das contradições econômicas e complexidade 
social advindas do desenvolvimento capitalista baseado na expansão do café. 
A crise de 1929 acelera o surgimento das condições que possibilitam o fim da supre-
macia da burguesia cafeicultora, porque mantém uma política de equilíbrio financeiro, abando-
nando a política de defesa de preços e subsídios aos produtores. Aglutinam as oligarquias regi-
onais não vinculadas à economia cafeeira, setores do aparelho do Estado e fração majoritária 
das classes médiasurbanas que reclamavam o alargamento da base social do regime, a fim de 
assegurar área de influência para defesa de seus interesses econômicos. Assim, forma-se uma 
coalizão heterogênea sob a bandeira da diversificação do aparato produtivo e da reforma polít i-
ca, que desencadeia o movimento político-militar de 1930, pondo fim a Velha República. 
Não há uma substituição imediata do bloco hegemônico e nem de uma classe por ou-
tra, em relação ao acesso ao poder. O que ocorre, no processo de transição, é que a política 
econômica é orientada para além de preservar a cafeicultura, favorecer também o sistema pro-
dutivo voltado para o mercado interno e para diversificar a pauta de exportações. Para tanto, 
estabelece-se um “Estado de Compromisso”. Só que este está ligado aos interesses mais globais 
que resultam do fortalecimento de um novo polo hegemônico e de uma redefinição da inserção 
na economia mundial. 
Frente à necessidade de redefinição da política econômica, a fim de garantir a acumu-
lação e, uma conjuntura de acirramento das contradições entre as oligarquias regionais, que 
brigam entre si pela supremacia, a mobilização dos setores urbanos médios e o Ascenso da or-
ganização política e sindical do proletariado, o Estado assume paulatinamente uma organização 
corporativa, canalizando para sua órbita os interesses divergentes. 
A política social do Estado Novo está vinculada a uma estrutura corporativista, em que 
reprime e desmantela a organização política e sindical autônoma. As medidas de legislação 
social e sindical são relacionadas à crise de poder e a redefinição das relações do Estado com as 
diferentes classes sociais, acompanhadas de mecanismos que visam integrar os interesses do 
proletariado através de canais dependentes e controlados, com o objetivo de expandir a acumu-
lação, intensificando a exploração da força de trabalho. 
Em termos ideológicos, isola-se a classe proletária e afirma-se o mito do Estado acima 
das classes e representativo dos interesses gerais da sociedade, da harmonia social, benfeitor, 
protetor do trabalho. Pode-se apresentar a criação do Ministério do Trabalho, na década de 30 
como uma ação que veio a contribuir para tal imagem do Estado. 
 
2.3. Relações Igreja-Estado 
A conjuntura política e social (crise de hegemonia entre as frações burguesas e a mo-
vimentação das classes subalternas) abre à Igreja um campo de intervenção na vida social, visto 
desempenhar um importante papel para a estabilidade do novo regime e também por disputar 
com ele a delimitação das áreas e competências de controle social e ideológico, visto ter como 
objetivo a conquista de sólidas posições na sociedade civil. 
O Estado, necessitando de apoio da força disciplinadora da Igreja, procura atrair sua 
solidariedade tomando medidas favoráveis a esta, como a oficialização do ensino do catolicis-
mo nas escolas. A partir daí, Igreja e Estado se empenham, através de projetos corporativos, 
estabelecer mecanismos de influência e de controle na sociedade civil. A Igreja se lança a mo-
bilização da opinião pública católica e à reorganização do laicato, por meio de um projeto de 
cristianização de ordem burguesa. Valendo-se da adaptação à realidade nacional do espírito das 
Encíclicas Sociais Rerum Novarum e do Quadragésimo Ano, de posições, programas e respos-
tas aos problemas sociais via uma visão cristã corporativa de harmonia e progresso da socieda-
de. 
Tendo por base as instituições criadas na década de 20, em especial o Centro Dom Vi-
tal e a Confederação Católica, surge a Ação Universitária Católica, a Liga Eleitoral Católica e 
outras com o fim de programar a Ação Católica. 
A questão social não é monopólio do Estado. A Igreja tem a tarefa de reunificar e re-
cristianizar à sociedade burguesa, harmonizando as classes em conflito e estabelecendo entre 
elas relações de amizade. Deve prevalecer o comunitarismo cristão. A sua ação política será 
conduzida pela mobilização do eleitorado católico e do apostolado social. A campanha antipo-
pular e anticomunista, que se desencadeia na segunda metade da década de 30, estreita ainda 
mais os laços entre a Igreja e o Estado, pois os dois se empenham contra o comunismo. 
As instituições através das quais é mobilizado o laicato, reproduzem os modelos euro-
peus do início do século, modelos estes autoritários, elitistas e cooperativistas, submetidas ao 
controle da hierarquia católica. Também têm intima ligação com a Ação Integralista Brasileira 
(fascismo nacional, ex: TFP – Tradição Família e Propriedade).

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