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FFAACCUULLDDAADDEE DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA SSÃÃOO PPAAUULLOO -- FFEESSPP Notas de aula Prof. Paulo Takashi Nakayama paulo.nakayama2@gmail.com São Paulo / 2017 SUMÁRIO 1. Conceitos básicos de Saneamento 2. Qualidade de água 3. Sistema de abastecimento de água 4. Consumo de água 5. Mananciais 6. Captação 7. Instalação de recalque 8. Linhas adutoras e órgãos acessórios 9. Noções de tratamento de água 10. Reservatórios de distribuição 11. Rede de distribuiçãp 12. Sistema de esgotos sanitários 13. Dimensionamento de rede de esgotos 14. Interceptores de esgoto 15. Tratamento dos esgotos 16. Problema dos esgotos no meio rural BIBLIOGRAFIA Além Sobrinho, Pedro & Tsutiya, Milton Tomoyuki. Coleta e transporte de esgoto sanitário. 1ª ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1999. Dacah, N.G. – Sistemas urbanos de água – Livros Técnicos e Científicos Editora, 1979. Drenagem urbana – Manual de projeto – 3ª Edição. São Paulo: CETESB/ASCETESB, 1986. Jordão. E.P. & Pessoa, C.A. Tratamento de esgotos domésticos. Rio de Janeiro: ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2009. Nuvolari, A. Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso agrícola. São Paulo: Edgar Blücher, 2003. Pereira, José Almir Rodrigues & Silva, Jaqueline Maria Soares da. Rede coletora de esgoto sanitário: projeto, construção e operação. 2ª ed. rev. ampl. Belém: 2010. Tsutiya, Milton Tomoyuki. Abastecimento de água. 2ª Edição – São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2005. Tucci, Carlos Eduardo Morrelli & Barros, Mario Tadeu Leme de. Drenagem urbana. 1ª edição – Porto Alegre: ABRH/Editorada Universidade, 1995. Conceitos básicos de Saneamento Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1-1 1 CONCEITOS BÁSICOS DE SANEAMENTO 1.1 Algumas definições Saneamento: é o conjunto de ações, obras e serviços que têm por objetivo alcançar níveis crescentes e sustentáveis de salubridade ambiental. Salubridade ambiental: qualidade ambiental capaz de prevenir a ocorrência de doenças veiculadas pelo meio ambiente e de promover o aperfeiçoamento das condições mesológicas, favoráveis à saúde da população urbana e rural. Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Degradação da qualidade ambiental: alteração adversa das características do meio ambiente. Poluição: degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; c) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Poluidor: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental Saúde: estado de completo bem-estar físico-mental e social (não apenas de doença ou enfermidade). Saúde pública: ciência e arte de promover, proteger e recuperar a saúde, através de medidas de alcance coletivo e de motivação da população. Engenharia Sanitária: campo da engenharia relativo às obras de saneamento. Saneamento do meio: conjunto de obras e medidas que promovam o saneamento. As atividades do saneamento do meio envolve principalmente: - abastecimento de água; - coleta, tratamento e disposição dos esgotos sanitários; - drenagem de águas pluviais; - proteção contra inundações; - coleta, tratamento e disposição do lixo; - controle de insetos, ratos, etc.; - poluição atmosférica; Conceitos básicos de Saneamento Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1-2 - higiene das habitações; - higiene industrial; - educação sanitária. 1.2 A importância da água e dos sistemas públicos de abastecimento O homem tem necessidade da água de qualidade adequada e quantidade suficiente para todas as suas necessidades. - À medida que as aglomerações humanas aumentam, o problema de conseguir água torna-se cada vez mais difícil. - Regiões não-urbanizadas (sítios, fazendas) água proveniente de poços rasos e córregos. - Crescimento da população qualidade de água degradada nos mananciais e sua quantidade insuficiente prejuízo para a saúde das populações há necessidade de sistemas públicos de abastecimento de água. - Necessidades fundamentais do uso da água pelo homem da cidade: a) consumo direto e preparo de alimentos; b) higiene pessoal; c) higiene da casa; d) higiene de locais públicos; e) irrigação de hortaliças; f) veiculação de águas servidas; g) lavagem de roupas. - Existe relação íntima entre saúde pública e sistemas de abastecimento de água a água é um dos principais veículos de transmissão de doenças. - Principal problema sanitário do Brasil abastecimento inadequado nas periferias das grandes cidades, onde há extrema pobreza e habitação densa ocorrência de epidemias de doenças como cólera, tifo, esquistossomose, etc. - Importância econômica do abastecimento de água: a) aumento da vida média da população e diminuição de horas perdidas com doenças; b) a água é matéria-prima para diversas indústrias (bebidas, farmacêuticas, químicas, etc.); c) a água é ainda utilizada em outros tipos de indústrias em caldeiras, resfriamentos, etc. Conceitos básicos de Saneamento Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1-3 1.3 Planejamento de Recursos Hídricos Uma vez que a água é utilizada para diversas finalidades, o seu uso em uma região deve obedecer à um planejamento adequado, que geralmente é feito para grandes bacias hidrográficas. O uso da água é gerenciado por órgãos governamentais, sendo em São Paulo o DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica. A nível federal, o gerenciamento é feito pela ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. O controle de qualidade de água, em São Paulo, cabe à CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Básico, que é uma companhia estatal da Secretaria do Meio Ambiente. Qualidade da água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 2-1 2 QUALIDADE DA ÁGUA 2.1 Conceitos fundamentais - A água tem as suas características alteradas ao percorrer o ciclo hidrológico. Dessa forma não existe água quimicamente pura na natureza. - Características físicas, químicas e biológicas das águas naturais podem não atender aos requisitos necessários para o consumo determina a necessidade de determinados processos de tratamento. - Água poluída tem suas características alteradas em nível que a torna inadequada ao consumo. - Água contaminada torna-se nociva à saúde quando consumido. É caso particular de poluição. - Casos mais comuns de poluição de água de abastecimento: no escoamento superficial em contato com lixo, detritos ou vegetais, fertilizantes, inseticidas, etc.; infiltração no solo em contato comcamadas geológicas que transmitem à água características químicas inadequadas; despejos diretos de águas residuais e lixo; represamentos que favorecem o aparecimento de algas. 2.2 Impurezas - São de origem natural ao percorrer o ciclo hidrológico ou artificial, decorrentes das atividades humanas. - Principais impurezas: a. Em suspensão: bactérias, algas, protozoários, areia, silte, argila, lodos. b. Estado coloidal: substâncias vegetais, silica, vírus. c. Dissolvidas: Sais de cálcio e magnésio: carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, cloretos; Sais de sódio e potássio: carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, fluoretos, cloretos; Sais de ferro e manganês; Gases: oxigênio, CO2, H2H, nitrogênio, metano; Substâncias albuminóides e amoniacais: nitritos, nitratos. d. dissolvidos provenientes de atividades industriais: fenóis. e. dissolvidos provenientes do escoamento superficial por terra de lavouras: compostos organo clorados, nitratos e fosfatos. Qualidade da água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 2-2 2.3 Características da água 2.3.1 Características físicas As principais características físicas são: a. Cor, devido às substâncias dissolvidas, em grande maioria de natureza orgânica vegetal; b. Turbidez, devido à presença de materiais em suspensão, sólidos finos, colóides e microorganismos; c. Sabor e odor, geralmente são considerados em conjunto, causados por substâncias orgânicas em decomposição, resíduos industriais, gases, algas, quantidades excessivas de sais, etc. - De um modo geral, as características físicas não apresentam problemas sanitários. Os problemas são de ordem estética, já que a água boa para o abastecimento deve ser cristalina, incolor, sem odor ou sabor e de temperatura refrescante. 2.3.2. Características químicas a. Salinidade devido a bicarbonatos, cloretos, sulfato; b. Dureza Característica conferida por sais alcalino-terrosos (cálcio, magnésio, etc.) e alguns metais. Sais de bicarbonatos (cálcio, magnésio, etc.) causam dureza chamada temporária. A característica da água é não fazer espuma com sabões. As águas duras podem incrustar as tubulações. c. Alcalinidade Presença de bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos. Em geral não constituem problema além de efeitos laxativos. Alcalinidade excessiva pode tornar a água corrosiva e incrustante. d. Agressividade Tendência de corroer os metais: causada por ácidos, oxigênio, CO2 e H2S. e. Ferro e manganês Conferem à água cor e sabor. As águas ferruginosas mancham as roupas e aparelhos sanitários. Podem provocar depósitos nas tubulações. f. Impurezas orgânicas, nitratos e nitritos A matéria orgânica ao se oxidar tem o nitrogênio presente transformando-se, na seqüência, em: nitrogênio orgânico, nitrogênio amoniacal (NH4), nitrogênio nitroso Qualidade da água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 2-3 (NO2), nitrogênio nítrico e nitratos (NO3) de maneira que a análise da forma em que o nitrogênio se encontra na água, pode levar a algumas conclusões com relação à fonte de poluição. A amônia constitui substância poluidora, já que reage com o cloro usado no tratamento reduzindo a sua eficácia. Outras substâncias orgânicas são as decorrentes do contato da água com inseticidas, herbicidas e fertilizantes. g. Características benéficas Determinados minerais devem estar presentes na água dentro de certos teores, abaixo dos quais haverá problemas de saúde. Exemplo: ferro, iodo e flúor. h. Toxidez Compostos tóxicos, geralmente resíduos das atividades humanas (agrícolas e industriais principalmente). É o caso de cianeto cromo hexavalente (cromatos), arsênico, cobre, chumbo, zinco, mercúrio, etc. i. Fenóis e detergentes Combinados com o cloro produzem gosto e cheiro desagradável. j. Acidez e basicidade Medida de fator pH. 2.3.3. Características biológicas - Organismos vivos em suspensão: bactérias, protozoários, algas, fungos, vermes, etc. 2.4 Padrões de qualidade, amostragem e exames da água de abastecimento 2.4.1 Parâmetros de qualidades 2.4.1.1 Amostragem da água - Para se conhecer as características físicas, químicas e biológicas as amostras são coletadas de tal forma que represente o universo o melhor possível. - Qualidade da água determinada através do estudos das 3 características feito por meio de determinação de valores de parâmetros adequados, nas amostras colhidas. 2.4.1.2 Características químicas - Os parâmetros considerados serão as concentrações de cada elemento que serão determinados pelos processos usuais da química analítica. Qualidade da água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 2-4 - Parâmetros mais utilizados: oxigênio consumido, ferro, cloretos, sulfatos, alcalinidade de hidróxidos e carbonatos, nitrogênio amoniacal, nitratos e nitritos, dureza, sólidos dissolvidos, sólidos totais. - Quando há suspeita de poluição por resíduos domésticos e industriais outros parâmetros podem ser pesquisados, como por exemplo metais pesados (chumbo, mercúrio, cromo). - Essas concentrações são medidas em mg/l. - Outros parâmetros para a pesquisa das qualidades químicas: Acidez ou basicidade definidas pelo fator pH Cálcio Cloro residual (Cl2) Fenóis Flúor (em F) 2.4.1.3 Características físicas Cor – é devida à existência de substâncias dissolvidas. Dessa forma, a cor é medida em mg/l. É determinada por comparação com soluções padrões. A comparação é feita por discos coloridos. Turbidez – também é medida por comparação com soluções padrões. É expresso também em mg/l. Os aparelhos utilizados são baseados no processo de nefelometria, que medem por meio de uma célula fotoelétrica. Sabor e odor – não existem padrões para comparação. A avaliação é pessoal, sendo desejável que a água não tenha sabor e odor. 2.4.1.4 Características biológicas - Dentre os organismos vivos de maior interesse em relação ao abastecimento de água pode-se citar: Vegetais: algas, bactérias; Animais: protozoários, vermes, larvas, crustáceos; Vírus. - As características biológicas são avaliadas através de exames bacteriológicos e hidrobiológicos. Nos exames bacteriológicos normalmente se pesquisa o seguinte: Contagem do número total de bactérias; Pesquisa de bactérias do grupo coliforme serve de indicação do grau de contaminação. Essas bactérias estão presentes nos organismos dos animais superiores. Qualidade da água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 2-5 Não são causadoras de doenças, porém a sua presença na água é considerada como suspeita de estar contaminada. Sua determinação se faz pela técnica de contagem através de exame microscópico; os resultados são expressos em “número mais provável (NMP)” existente em 100 ml de água da amostra. Exame biológico das águas feito em microscópio e inclui a contagem e identificação dos organismos. Não é exame de rotina. 2.4.2 Padrões de potabilidade - Para cada tipo de uso (doméstico, industrial, etc.) a água deverá ter sua qualidade caracterizada pelos valores dos parâmetros descritos anteriormente. - Padrões de potabilidade quantidades limites dos diversos elementos, que podem ser tolerados nas águas de abastecimento. 2.4.3 Controle de qualidade da água - Proteção de mananciais, controle do uso do solo, proteção contra água de enxurradas, etc. - Monitoramento da qualidade da água através de coleta de amostras, suas análises e comparação dos resultadoscom os padrões de qualidade. - Inspeção em todas as partes do sistema; - Estação de tratamento tem como objetivo a modificação das características da água bruta de maneira a torná-la potável. - Existem diversos processos de tratamento de acordo com as características da água bruta. - Processo convencional deve ser utilizado para águas turvas e/ou coloridas consiste em decantação acelerada por um processo de floculação e precedida por filtração. - A desinfecção da água com cloro é obrigatória em qualquer caso, mesmo que não haja necessidade de nenhum tratamento. - Estação convencional reduz a cor, turbidez e ferro; os microorganismos são eliminados pela cloração, desde que a água efluente tenha baixa turbidez (< 1 mg/l). - Para garantir a ausência de vírus a turbidez deve ser menor que 0,1 mg/l. Sistema de abastecimento de água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 3-1 3 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA 3.1 Definição O sistema de abastecimento de água representa o conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água potável de uma comunidade para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros usos. 3.2 Órgãos Constitutivos - Manancial – fonte onde se retira a água (poços, rios regularizados ou não, represas, etc.); - Captação – conjunto de equipamentos e instalações de tomada d’água; - Adução – transporte de água bruta e/ou água tratada; - Estações elevatórias ou de recalque – instalações de bombeamento destinadas a transportar água a pontos mais distantes ou mais elevados ou para aumentar a vazão de linhas adutoras; - Tratamento – melhoria das características qualitativas da água dos pontos de vista físico, químico, bacteriológico para fins de consumo. Todo esse processo é realizado nas chamadas ETA’s – Estação de Tratamento de Água; - Reservação – armazenamento da água para atender a diversos propósitos, como variação de consumo e a manutenção da pressão mínima na rede de distribuição; - Rede de distribuição – condução da água para os edifícios, residências, indústrias, etc., por meio de tubulação instaladas nas vias públicas. 3.3 Esquemas gerais de um sistema de abastecimento de água As figuras 3.1 a 3.3 a seguir mostram algumas configurações de sistemas de abastecimento de água. Figura 3.1 – Esquema geral de um sistema de água (em planta). Sistema de abastecimento de água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 3-2 Figura 3.2 – Esquema de um sistema de água em perfil. Figura 3.3 - Esquema de um sistema de água perfil para uma cidade plana. 3.4 Projetos de Sistemas de Água 3.4.1 Etapas de um projeto a. Estudo preliminar, na qual é feita a concepção do sistema; b. Projeto Técnico, na qual é feito o dimensionamento do sistema e a elaboração dos desenhos básicos; c. Projeto Executivo, na qual são feitos os projetos complementares, como arquitetura, estrutura, eletricidade, etc. 3.4.2 Atividades necessárias ao desenvolvimento de um projeto de sistema de água Estudo Preliminar a. Levantamento de dados - Topográficos e cartográficos; - Sócio-econômicos; - Consumo de água; - Sistema existente; - Hidrológicos e hidrogeológicos; - Energia elétrica. b. Estudos demográficos; d. Parâmetros de consumo; e. Cálculo das demandas; Sistema de abastecimento de água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 3-3 f. Diagnóstico do sistema existente; g. Disponibilidades hídricas; h. Concepção dos esquemas alternativos; i. Dimensionamento dos esquemas alternativos; j. Estudos econômicos e seleção de alternativas. Na fase “estudo preliminar” é feito o estudo das soluções alternativas e selecionadas as alternativas mais interessantes. As alternativas selecionadas são pré-dimensionadas e estudadas economicamente; é adotada como solução final a alternativa que propicia o menor custo. 3.4.3 Alcance e etapas de projeto Alcance: 20 anos Etapas: 2 de 10 anos mais comum no Brasil Costuma-se descontar 1 ou 2 anos para execução do projeto e obtenção do financiamento. Ex.: 2001 (Projeto + financiamento) 2002: Início do plano 2012: Fim da 1ª etapa e início da 2ª 2022: Fim do plano. Consumo de Água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 4-1 4 CONSUMO DE ÁGUA 4.1 Estudo Populacional Finalidades do estudo populacional: - Fazer a projeção da população para o horizonte de projeto adotado; - Determinar as áreas de densidade demográfica homogênea. Métodos mais utilizados para o cálculo da população a. Método aritmético É representado pela seguinte equação: P = P0 + r ( t – t0 ) (4.1) onde r = razão de crescimento no intervalo ( t – t0 ). - Este método pressupõe taxa de crescimento constante; - Pode-se calcular as razões para vários intervalos ou ainda fazer ajustes matemáticos; - Representação gráfica – reta no papel milimetrado. Figura 4.1 – Crescimento aritmético. Exemplo: cidade de Santos (população fixa) 1940 ............... 155.985 1950 ............... 198.405 1960 ............... 262.048 1970 ............... 341.070 Taxa de crescimento no intervalo 1940-1950: hab/ano 1,242.4 10 984.155405.198 r Consumo de Água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 4-2 Para o intervalo 1950-1960: r = 6.364,3 hab./ano Para o intervalo 1960-1970: r = 7.926,9 hab./ano Se adotar a razão do intervalo 1960-1970, a população estimada para o ano 2000 seria P = 341.070 + 30 x 7.926,9 = 578.877 hab. Outra forma de fazer a projeção da população pelo método analítico é através de reta ajustada analiticamente a partir de dados conhecidos. A equação de uma reta é dada por: y = a.x + b (4.2) onde a e b são parâmetros determinados a partir dos pares de pontos (x, y). No presente caso, x é o ano e y é a população. Aplicando o método dos mínimos quadrados, pode-se obter os valores de a e b da seguinte forma: n i i n i ii xnx yxnyx a 1 22 1 . .. (4.3) xayb . (4.4) Ajuste de reta com os dados da cidade de Santos: Pop. x 10 3 (y) Ano (x) xi.yi xi 2 155,985 198,405 262,048 341,070 1940 1950 1960 1970 302.610,90 386.889,75 513.614,08 671.907,90 3.763.600 3.802.500 3.841.600 3.880.900 Soma 957,508 7820 1.875.022,63 15.288.600 Média 239,377 1955 189,6 19554600.288.15 377,2391955463,022.875.1 2 a b = 239,377 – 6,189 x 1955 = -11.860 Desta forma, resulta a equação y = 6,189.x – 11.860. Extrapolação gráfica dessa curva: 1980 ............... 394.220 1990 ............... 456.110 2000 ............... 518.000 Consumo de Água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 4-3 y = 6,189x - 11860 R 2 = 0,9827 0 100 200 300 400 500 600 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 Tempo (ano) Po pu la çã o (h ab . x 1 0^ 3) Figura 4.2 – Projeção de população pelo método aritmético. b. Método geométrico O método é representado pela seguinte equação: )( 0 0ttqPP (4.5) onde q = taxa de crescimento no intervalo ( t – t0 ). Considerações sobre o método: - O crescimento é constante; - O crescimento anual é mais rápido do que o método aritmético (exponencial); - Representação gráfica – curva exponencial. (no papel monolog é expressa em reta). Figura 4.3 – Crescimento geométrico. No exemplo de Santos, tomando o intervalo 1960-1970: 301,1 070.262 070.34110 q Consumo de Água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 4-4 1,027 301,110 qq Utilizando esta taxa, têm-se as seguintes projeções: 1980 ............... 445.193 1990 ............... 581.102 2000 ............... 758.502 c. Método da Curva Logística O Método da Curva Logística é aplicado para ambientes confinados com limites definidos. Como exemplo temos a cidade de Santos, onde praticamente não há mais espaço para o seu crescimento. A curva logística é representada pela seguinte equação: tbae K P 1 (4.6) onde: P é a população para o ano t; t é o ano desejado menos t0; e é a base do logaritmo neperiano (e = 2,7183); K é o limite superior para a população P da área (valor da população de saturação da área); b é a razão de crescimento da população; a é um valor tal que para t = a/b há uma inflexão na curva. 0 0ln P PK a ou 0 0log 4343,0 1 P PK a )( )( ln 1 10 01 PKP PKP d b ou )( )( log 4343,0 1 10 01 PKP PKP d b onde d é o intervalo de tempo entre t0 e t1. A curva típica do método logístico está mostrada na Figura 4.4 abaixo. Figura 4.4 – Crescimento logístico. Consumo de Água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 4-5 - Condições de aplicabilidade de uma curva logística: I. São conhecidas três populações P0, P1 e P2 correspondentes às datas t0 , t1 e t2 ; II. Os 3 pontos são equidistantes cronologicamente to = 0 ; t1 = d ; t2 = 2d III. 2 120 20 2 12102 PPP PPPPPP K onde 2 110 PPP Exemplo de aplicação aos dados de Santos: P0 = 198.405 - t0 = 1950 P1 = 262.048 - t1 = 1960 d = 10 anos P2 = 341.317 - t2 = 1970 - Verificação da aplicabilidade: 2 120 PPP P0.P2 = 198.405 x 341.317 = 67.718.999.385 P1 2 = 262.0482 = 68.669.154.304 Portanto, a fórmula é aplicável. - Cálculo dos elementos da equação: K = 1.653.411 hab. a = 1,993 b = 0,0323 A equação fica: tP 0323,0993,1718,21 411.653.1 Valores das populações estimadas: 1980 (t = 30) ............... 436.912 1990 (t = 40) ............... 548.255 2000 (t = 50) ............... 672.292 - Ponto de inflexão: Ocorre para anos 62 0323,0 993,1 b a t Ponto de inflexão = 1950 + 62 = 2012 onde P2012 = 826.706 hab. Observação: Colocou-se também no gráfico da Figura 4.5, a curva para população total (fixa + flutuante). a. População flutuante – é a população que se estabelece em núcleo urbano por curto período de tempo, ocupando os edifícios de uso ocasional, hotéis, pensões, camping, etc. É significativa no caso de estâncias climáticas, balneárias e hidrominerais. Consumo de Água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 4-6 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 Tempo (ano) Po pu la çã o (h ab . x 1 0^ 3) População fixa urbana População fixa urbana + flutuante Figura 4.5 – Projeção de população pelo método logístico. b. Dados censitários do IBGE (março/1981) para Santos: população fixa de 416.783 hab. Vê-se, portanto, que os dois últimos critérios se aproximam mais deste valor. A prazo maior, o método logístico é mais confiável para Santos, pois esta cidade está saturada, crescendo apenas na vertical. 4.3 Vazões de Projeto a) Consumo “per capita” populaçãodias 365 populaçãoà odistribuíd anual Volume q O valor de q varia de 100 a 250 l/hab.dia. Em geral, adota-se no projeto q = 200 l/hab.dia. b) Coeficiente de reforço - Coeficiente do dia de maior consumo (K1) ano do médio consumo ano do diário consumomaior 1 K K1 varia de 1,0 a 2,0 normalmente adota-se K1 = 1,20 Consumo de Água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 4-7 Figura 4.6 – Variação de consumo no ano. - Coeficiente da hora de maior consumo (K2) ano do médio horário consumo dia do horário consumomaior 2 K K2 varia de 1,5 a 3,0 normalmente adota-se K2 = 1,50 Figura 4.7 – Variação de consumo diária. c) População abastecível A população abastecível é diferente da população total, pois há parcela que não usufrui dos benefícios de serviços públicos urbanos. Pop. abastecível = 90 98% da pop. total d) Exemplo de estimativa de vazões Consumo de Água Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 4-8 Dados: - População total para 20 anos: 56.250 hab. - População abastecível: 90% - K1 = 1,20 ; K2 = 1,50 - q = 200 l/dia.hab. - Consumo médio regularizado industrial: 2.160 m3/dia - Água para lavagem dos filtros: 4% do volume tratado. I. Cálculo das vazões nos trechos A, B, C, D e E População abastecível: 0,9 x pop. total = 0,9 x 56.250 = 50.625 hab. l/s 2,117 400.86 625.50200 mQ Qmax.horária = K1.K2.Qm = 1,2 x 1,5 x 117,2 = 211,0 l/s Vazão no trecho E QE = K1.K2.Qm = 1,2 x 1,5 x 117,2 = 211,0 l/s Vazão no trecho D l/s 251000 400.86 160.2 DQ Vazão no trecho C QC = QE + QD = 211,0 + 25,0 = 236,0 l/s Vazão no trecho B QB = K1.Qm + QD = 1,2 x 117,2 + 25,0 = 165,6 l/s Vazão no trecho A QA – 0,04. QA = QB l/s 172 96,0 BA Q Q II. Considerando funcionamento das bombas de apenas 16 horas/ dia l/s 258172 16 24' AQ l/s 4,2486,165 16 24' BQ Mananciais e Captação 5-1 5 MANANCIAIS E CAPTAÇÃO 5.1 Introdução A quantidade de água existente no planeta mais facilmente utilizável para o consumo do homem é muito pequena. Por esse motivo, a preservação dos recursos hídricos é essencial para a garantia da qualidade da água consumida pelas populações. A Terra possui 1,36 x 10 18 m 3 de água, distribuídos da seguinte forma: - água do mar .........................97,0% - calotas polares ou geleiras......2,2% - água doce................................0,8% água subterrânea.....97,0% água superficial.........3,0% Figura 5.1 Mananciais são toda fonte de água, superficiais ou subterrâneos, de onde é retirada a água para abastecimento. 5.2 Tipos de Mananciais Os mananciais disponíveis podem ser divididos nos três grandes grupos explicados abaixo: Figura 5.2 Mananciais e Captação 5-2 Manancial Superficial É toda parte de um manancial que escoa na superfície terrestre, compreendendo os córregos, ribeirões, rios, lagos e reservatórios artificiais. Manancial Subterrâneo É a parte do manancial que se encontra totalmente abaixo da superfície terrestre, compreendendo os lençóis freáticoe profundo, tendo sua captação feita através de poços rasos ou profundos, galerias de infiltração ou pelo aproveitamento das nascentes. Água de Chuvas Pode ser utilizada como manancial abastecedor, sendo armazenada em cacimbas ou cisternas. As cacimbas são reservatórios que acumulam água da chuva captada nos telhados dos prédios, ou a que escoa pelo terreno. 5.3 Escolha de um manancial A escolha do manancial se constitui na decisão mais importante na implantação de um sistema de abastecimento de água, seja ele de caráter individual ou coletivo. Havendo mais de uma opção, sua definição deverá levar em conta, além da pré-disposição da comunidade em aceitar as águas do manancial a ser adotado, os seguintes critérios: 1º critério: previamente é indispensável a realização de análises de componentes orgânicos, inorgânicos e bacteriológicos das águas do manancial, para verificação dos teores de substâncias prejudiciais, limitados pela resolução nº 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA); 2º critério: vazão mínima do manancial, necessária para atender a demanda por um determinado período de anos; 3º critério: mananciais que dispensam tratamento, incluem águas subterrâneas não sujeitas a qualquer possibilidade de contaminação; 4º critério: mananciais que exigem apenas desinfecção: inclui as águas subterrâneas e certas águas de superfície bem protegidas, sujeitas a baixo grau de contaminação; 5º critério: mananciais que exigem tratamento simplificado: compreendem as águas de mananciais protegidos, com baixos teores de cor e turbidez, sujeitas apenas a filtração lenta e desinfecção; 6º critério: mananciais que exigem tratamento convencional: compreendem basicamente as águas de superfície, com turbidez elevada, que requerem tratamento com coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção. 5.4 Formas de Captação da Água De acordo com o manancial a ser aproveitado, podem ser utilizadas as seguintes formas de captação: superfície de coleta (água de chuva); caixa de tomada (nascente de encosta); galeria filtrante (fundo de vales); Mananciais e Captação 5-3 poço escavado (lençol freático); poço tubular profundo (lençol subterrâneo); tomada direta de rios, lagos e açudes (mananciais de superfície). Figura 5.3 – Formas de captação. 5.4.1 Água de Chuva A água de chuva pode ser armazenada em cisternas, que são pequenos reservatórios individuais. A cisterna tem sua aplicação em áreas de grande pluviosidade, ou em casos extremos, em áreas de seca onde se procura acumular a água da época chuvosa para a época de estiagem com o propósito de garantir, pelo menos, a água para beber. A cisterna consiste em um reservatório protegido, que acumula a água da chuva captada da superfície dos telhados das edificações. A água que cai no telhado vem ter às calhas, e destas, aos condutores verticais e, finalmente, ao reservatório. Os reservatórios mais simples são os de tambor, de cimento amianto e os de plástico. Deve-se abandonar as águas das primeiras chuvas, pois lavam os telhados onde se depositam a sujeira proveniente de pássaros, de animais e a poeira. A cisterna deve sofrer desinfecção antes do uso. A água armazenada, quando for usada para fins domésticos, deve ser previamente fervida ou clorada. Cálculo de Um Sistema de Captação de Água de Chuva Quantidade de água para as necessidades mínimas de uma família com cinco pessoas: - consumo diário: 22 litros/pessoa x 5 pessoas = 110 litros; - consumo mensal: 110 litros/dia x 30 dias = 3.300 litros; Mananciais e Captação 5-4 - consumo anual: 3.300 litros/mês x 12 meses = 39.600 litros. Figura 5.4 – Corte de uma cisterna bem projetada. Capacidade da Cisterna Para se obter a capacidade da cisterna, deve-se considerar somente o consumo durante o período de estiagem. Assim, se a previsão for de 6 meses sem chuva, deveremos ter a seguinte capacidade de reservação: 3.300 litros/mês x 6 meses = 19.800 litros. Superfície de Coleta Para se determinar a área da superfície de coleta, deve-se conhecer a precipitação pluviométrica anual da região, medida em mm. Mananciais e Captação 5-5 Considerando uma residência com área da projeção horizontal do telhado igual a 40 m 2 e precipitação pluviométrica anual igual a 800 mm, poderemos captar a seguinte quantidade de água. 40m 2 x 0,8m (800mm) = 32m 3 = 32.000 litros/ano. Considerando ainda um coeficiente de aproveitamento, para os casos de telhado, igual a 0,80, já que nem toda área pode ser aproveitada, a quantidade máxima de água a ser captada será de: 32.000 litros x 0,8 = 25.600 litros/ano, suficiente para suprir a cisterna dimensionada neste exemplo. 5.4.2 Caixa de Tomada - Fonte de Encosta O aproveitamento da água de encosta é realizado através da captação em caixa de tomada. Para prevenir a poluição da água essa caixa deve ter as paredes impermeabilizadas, tampa, canaletas para afastamento das águas de chuvas, bomba para retirada da água, ser convenientemente afastada de currais, pocilgas, fossas e ter sua área protegida por uma cerca. Figura 5.5 – Caixa de tomada – fonte de encosta. A caixa deve ter, além das proteções citadas: a) um ladrão telado; b) um cano de descarga de fundo provido de registro, para limpeza; c) uma abertura de 0,80 x 0,80m na tampa, que permita a entrada de um homem para fazer a limpeza. Essa abertura deve ser coberta com outra tampa e selada de preferência com argamassa fraca. Quando se constrói a proteção da fonte, deve-se ter o cuidado de aproveitar adequadamente as nascentes. O fundo da caixa deve ter uma camada de pedra britada grossa para diminuir a entrada de areia. Mananciais e Captação 5-6 Depois de protegida, a fonte deve ser desinfetada; a técnica é a mesma utilizada para poços, fontes ou caixas d’água. 5.4.3 Galeria de Infiltração - Fonte de Fundo de Vale O aproveitamento da fonte de fundo de vale é conseguido por meio de um sistema de drenagem subsuperficial sendo, em certos casos, possível usar a técnica de poço raso para a captação da água. Normalmente, a captação é feita por um sistema de drenos que termina em um coletor central e deste vai a um poço. A construção e a proteção do poço coletor são feitas obedecendo-se aos mesmos requisitos usados para o poço raso ou fonte de encosta. Os drenos podem ser feitos de pedra, bambu, manilhas de concreto ou cerâmica e de tubos de PVC perfurados. A duração dos drenos de concreto depende da composição do terreno; terrenos ácidos corroem os tubos de concreto não protegidos. Os mais duráveis são os de manilha vidrada e os de PVC. Os diâmetros mais empregados são os de 10 a 20cm; excepcionalmente, empregam-se os de 30cm. Para captar mais água, é preferível estender a rede em vez de aumentar os diâmetros. Os drenos devem ser colocados nos fundos de valas abertas no terreno. As valas devem ter fundo liso, protegido por camada de cascalho, e a inclinação deve ser uniforme. A profundidade mínima das valas deve ser de 1,20m; declividade mínima de 0,25m por 100m, declividade máxima 3,0m por 100m. Os drenos principais devem ter sempre declividade superior aos drenos laterais ou secundários: declividade mínima 0,5m por 100m (0,5%). Figura 5.6 – Galeria de infiltração. Figura 5.7 – Fonte de fundo de vale. 5.4.4 Poços Escavados Também conhecidos como poços rasos ou freáticos, com diâmetro mínimo de 90 centímetros, são destinados tanto ao abastecimento individual como coletivo. Mananciais e Captação 5-7 Esta solução permite o aproveitamento da água do lençol freático, atuandogeralmente, entre 10 a 20 metros de profundidade, podendo obter de dois a três mil litros de água por dia. Um exemplo de poço raso, de técnica mais apurada, é o poço tipo amazonas. Figura 5.8 – Poço raso (Fonte: Barros et al., 1995). Locação Em primeiro lugar, a construção do poço só será viável se houver indícios de água subterrânea na área pretendida e possibilidade de ser atingido o lençol. As referidas condições poderão ser determinadas por meio de métodos científicos e emprego de tecnologia apropriada. Na área rural, bons resultados serão obtidos através de algumas indicações de ordem prática aliadas à experiência dos moradores da área. Por exemplo: - verificar se há poços escavados na área, sua profundidade, quantidade e características da água fornecida; - ouvir a opinião dos moradores vizinhos e do poceiro local sobre o tipo de solo, profundidade do lençol, variação da quantidade de água nas épocas de seca e de chuva; - em terrenos fáceis de perfurar, como os argilosos e os arenosos, pode-se recorrer à sondagem; - para isso, utilizam-se trados de pequeno diâmetro (50 a 150mm); - convém observar que as águas subterrâneas normalmente correm em direção aos rios e lagos e perpendicularmente a eles. Geralmente seguem a mesma disposição da topografia do terreno. Mananciais e Captação 5-8 - certos vegetais seguem o rastro da água e são indicadores de mananciais subterrâneos (ex: carnaúba); - a escolha do local para construção do poço deverá levar em conta os riscos de contaminação do lençol por possíveis focos localizados na área; - respeitar a distância mínima de 15 metros entre o poço e a fossa do tipo seca, e, de 45 metros, para os demais focos de contaminação, como chiqueiros, estábulos, valões de esgoto, galerias de infiltração e outros; - construir o poço em nível mais alto que os focos de contaminação; - evitar os locais sujeitos a inundações. Construção - A época adequada para escavação do poço é no período de estiagem; - Durante a construção, não se deve penetrar no interior do poço, sem ter meios de escape e sem a estabilidade das paredes; - A escavação poderá ser manual usando-se ferramentas comuns: picareta, cavadeira, enxadão ou trados; - O poço deverá ter o formato cilíndrico, com diâmetro mínimo de 90 centímetros; - A profundidade será a necessária para atingir o lençol freático, porém, não inferior a três metros, que é a altura mínima do revestimento de proteção; - Nos terrenos frágeis, é necessário revestir toda a parede do poço, a fim de evitar o seu desmoronamento. Uma boa técnica é fazer o revestimento com manilhões de concreto; - Em terrenos firmes, não sujeitos a desmoronamentos, dispensa-se o revestimento do poço. Mesmo assim, deverá ser feito, pelo menos, até três metros de altura, a fim de possibilitar a proteção sanitária. Proteção A proteção do poço escavado tem a finalidade de dar segurança à sua estrutura e, principalmente, evitar a contaminação da água. Possíveis meios de contaminação do poço e as respectivas medidas de proteção: a) Infiltração de águas da superfície, através do terreno, atingindo a parede e o interior do poço. - proteção: impermeabilizar a parede até a altura mínima de três metros e construir plataforma (calçada) de concreto com 1 metro de largura, em volta da boca do poço; - durante a infiltração das águas de superfície no terreno, suas impurezas ficam retidas numa faixa do solo, a qual, para segurança dos poços, é indicada com três metros. Por essa razão, o revestimento impermeabilizado deve atingir esta cota. A construção da calçada em volta do poço visa a evitar lamaçal e impedir, também, a infiltração das águas de superfície na área. b) Escoamento de águas da superfície e enxurradas através da boca do poço, para seu interior. - proteção: construir uma caixa sobre a boca do poço, feita de concreto ou alvenaria de tijolos. A referida caixa poderá ser construída, fazendo-se o prolongamento externo da Mananciais e Captação 5-9 parede de revestimento do poço. Deverá ter altura entre 50 e 80 cm, a partir da superfície do solo. c) Entrada de objetos contaminados, animais, papéis, etc, através da boca do poço. - proteção: fechar a caixa da boca do poço com cobertura de concreto ou de madeira, deixando abertura de inspeção com tampa de encaixe. Figura 5.10 – Poço construído adequadamente. Retirada da Água Bomba Hidráulica A retirada de água será feita através de bomba, pois permite manter o poço sempre fechado. Além disso, é de fácil operação e maior rendimento. Existem dois tipos de bomba: - hidráulica centrífuga submersa, com funcionamento a motor elétrico; - de embolo, com operação manual. Mananciais e Captação 5-10 Figura 5.9 - Operação de Bomba Manual. Desinfecção Após a construção das obras o poço deverá ser desinfetado. Só assim a água a ser fornecida estará em condições de uso. o Os agentes desinfetantes mais comumente usados são os compostos de cloro: - Hipoclorito de cálcio (superior a 65% de Cl2); - Cloreto de cal (cerca de 30% de Cl2); - Hipoclorito de sódio (cerca de 10% a 15% de Cl2); - Água sanitária (cerca de 2% a 2,5% de Cl2). o Quantidade de desinfetante a usar: - solução a 50 mg/l de Cl2 – tempo de contato 12 horas; - solução a 100 mg/l de Cl2 – tempo de contato 4 horas; - solução a 200 mg/l de Cl2 – tempo de contato 2 horas. o Técnica de desinfecção: - cubar o reservatório ou poço a ser desinfetado; - calcular o desinfetante a ser usado; - preparar a solução desinfetante a 5%, pesando o produto e despejando-o em água limpa. Agitar bem e depois deixar em repouso; Mananciais e Captação 5-11 - desprezar a borra e derramar a solução no poço. o O cálculo do desinfetante é feito de acordo com o produto, o tempo de contato e a cubagem do poço: - Calcular a quantidade de cloro necessário por meio de regra de três. Exemplo: 2.000 litros de água e 12 horas de contato. 1 litro de água -------------- 50 mg de Cl 2.000 l de água ------------- x mg de cloro; - A quantidade x de cloro encontra-se em diferentes proporções nos produtos. Exemplo: em cloreto de cal a 30%, logo: 100 mg de cloreto ----------------- 30 mg de Cl y mg de cloreto --------------------x mg de Cl Agitar o mais possível e deixar a solução permanecer em contato com o poço o tempo necessário, de acordo com a dosagem, 2 - 4 - 12 horas. Findo o prazo, esgotar o poço até que nenhum cheiro ou gosto de cloro seja percebido na água. Se possível, confirmar o resultado da desinfecção pela análise bacteriológica antes de utilizar a água para bebida. Observação: - A desinfecção com solução forte de 100mg/l de Cl2 deve ser precedida de limpeza, com escovas, de todas as superfícies do poço, paredes, face interna da tampa, tubo de sucção; - As amostras para análise bacteriológica devem ser colhidas depois que as águas não apresentem mais nenhum odor ou sabor de cloro; - A desinfecção de um poço elimina a contaminação presente no momento, mas não tem ação sobre o lençol de água propriamente dito, cuja contaminação pode ocorrer antes, durante e depois da desinfecção do poço. EXERCÍCIO-EXEMPLO: Desinfecção de água de poço (Provão 2000): Um cliente seu adquiriu uma propriedade rural. Como não existia abastecimento de água no local, foi necessário cavar um poço freático. Quando as obras do poço ficaram concluídas, e antes de utilizar a água para consumo, o cliente resolveu fazer uma desinfecção da água do poço e solicitou os seus serviços, passando-lhe as seguintes informações: - diâmetro do poço = 2,0 m; - profundidade do poço = 9,0 m, abaixo do nível do terreno; - profundidadedo nível da água = 6,0 m, abaixo do nível do terreno. Pesquisando a bibliografia especializada, você resolveu que o produto indicado seria o cloro, sendo que: - a dosagem de cloro a ser aplicada deveria ser de 51 mg/l; - o produto comercial escolhido deveria apresentar 68% de cloro ativo; - o desinfetante deveria ser aplicado através de uma solução a 5%. Mananciais e Captação 5-12 Considerando todo o exposto, responda, com os respectivos desenvolvimentos, às perguntas abaixo, apresentadas pelo seu cliente. a) Qual a quantidade necessária, em quilogramas (kg), do produto desinfetante que devo comprar ? b) Qual o volume, em litros (l), de solução desinfetante a ser aplicada no poço ? Dados/ Informações adicionais: - Massa específica do produto desinfetante: = 1.000 kg/m3 Solução: a) Quantidade de cloro ? Volume do poço: 3 2 m 42903 4 02 ,, ),( V = 9.420 l - produto comercial = 68% de cloro ativo a dosagem do desinfetante deve ser de mg/l 75 680 51 , - Quantidade de cloro necessário = 75 x 9.420 = 706.500 mg = 706,5 g = 0,7065 kg b) Volume da solução desinfetante ? 0,7065 kg a 5% - Como = 1.000 kg/m3 = 1 kg/l 1 70650 70650 l kg , , ou 100% 050 70650 , l kg x , 1314 050 70650 , , , x VS = 14,13 litros Método Expedido para a Medida Aproximada da Vazão de um Poço o a vazão deve ser medida, de preferência, na época de estiagem; o o teste deve ser feito da seguinte maneira: - instala-se a bomba no poço. A mesma deverá ter um registro na saída para regular sua descarga; - bombeia-se durante um período mínimo de uma hora até que o nível da água, no poço, se estabilize, para uma vazão que, aproximadamente, se deseja obter do poço. Isso pode ser controlado regulando-se a abertura do registro de saída da bomba. Pela descarga da bomba pode-se ter uma idéia aproximada da vazão; - para medir, com maior precisão, a vazão do poço, para as condições acima mencionadas, basta cronometrar o tempo de enchimento de um recipiente de volume conhecido como, por exemplo, um tambor de 200 litros. Mananciais e Captação 5-13 Fórmula Práticas para Determinar a Vazão Quando o bombeamento for contínuo, a determinação da vazão poderá ser feita utilizando- se as seguintes fórmulas: a) Tubo horizontal totalmente cheio Q = 0,24 A.L onde: Q - vazão em litros por minuto; A - área em da seção do tubo em cm 2 ; Figura 5.11- Tubo horizontal totalmente cheio. L - distância em cm, determinada a partir de extremidade do tubo, pelo ponto em que a distância de 30 cm do jato de água encontra o nível superior do tubo. b) Tubo na posição vertical HDQ 206,2 onde: Q - vazão em litros por minuto; D - diâmetro em cm; H - altura da água em cm. Figura 5.12 – Tubo vertical totalmente cheio. Melhorias do Poço Raso Escavado A melhoria do poço raso pode ser obtida com limpeza, retirada de lama e areia, que propicia, também, um aumento de sua vazão. Outra medida que pode dar bom resultado é aprofundar o poço. Um recurso usado para evitar ou diminuir a entrada de areia na bomba é o filtro invertido, que consiste em depositar no fundo do poço diversas camadas de cascalho em ordem crescente de diâmetros, de baixo para cima. 5.4.5 Poço Tubular Profundo Os poços tubulares profundos captam água do aqüífero denominado artesiano ou confinado, localizado abaixo do lençol freático, entre duas camadas impermeáveis e sujeitas a uma pressão maior que a atmosférica. Nesses poços o nível da água, em seu interior, subirá acima da camada aqüífera. No caso da água jorrar acima da superfície do solo, sem necessidade de meios de elevação mecânica, o poço é dito jorrante ou surgente. Caso a água se elevar dentro do poço sem contudo ultrapassar a superfície do solo, o poço é dito semi-surgente. Mananciais e Captação 5-14 Figura 5.13 – Corte do terreno mostrando os lençóis de água. A quantidade de água que um poço tubular profundo pode fornecer depende das características geológicas do local, que influenciam na capacidade de armazenamento e circulação da água no aqüífero. Por isso, a produção de água só pode ser estimada a partir de estudos hidrogeológicos ou pela observação de registros operacionais de poços existentes na região. O diâmetro, normalmente de 150 mm ou 200 mm, é determinado em função da vazão a ser extraída. Quanto à profundidade, esta pode variar de 60 a 300 metros ou mais, dependendo da profundidade em que se encontra o aqüífero. Os poços profundos são construídos por meio de perfuratrizes, que podem ser: De Percussão Mais simples, requerem menos conhecimento técnico; aplicam-se em qualquer tipo de terreno e em áreas de rocha mais dura; exigem muito pouca água durante a operação; Rotativas Exigem maiores conhecimentos do operador; requerem muita água durante a operação; levam vantagem em terrenos de rocha mais branda, e são mais rápidas em terrenos sedimentares. A proteção do poço é feita com tubos de revestimento em aço ou PVC, destinados a impedir o desmoronamento das camadas de solo não consolidadas e evitar sua contaminação. A retirada da água do poço, normalmente é realizada através de bombas centrífugas submersíveis, ou bombas a compressor - “AIR LIFT”. Mananciais e Captação 5-15 Para a montagem do poço e dimensionamento do conjunto elevatório são necessárias as seguintes informações fornecidas pelo perfurador: - diâmetro do poço determinado pelo diâmetro interno do tubo de revestimento; - vazão: vazão ótima que visa o aproveitamento técnico e econômico do poço, definida pela curva característica do poço (curva-vazão/rebaixamento); - nível estático: nível que atinge a água no poço quando não há bombeamento; - nível dinâmico: nível em que a água se estabiliza no poço, durante o bombeamento; - profundidade de instalação da bomba: definida em função da posição prevista para o nível dinâmico, correspondente a vazão de bombeamento. Normalmente é localizada 10,00 metros abaixo do nível dinâmico; - outros: condições de verticalidade e alinhamento do poço, características físico- químicas da água, características da energia elétrica disponível, distância do poço ao ponto de abastecimento (reservatório por exemplo) e desnível geométrico. Figura 5.14 – Perfil padrão de um poço tubular profundo em região de rochas cristalinas. Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-1 6 CAPTAÇÃO 6.1 Introdução Entende-se por mananciais superficiais os cursos d´água (rios, córregos), os lagos e reservatórios. A escolha do manancial depende de: - localização; - condições sanitárias; - qualidade física química e bacteriológica; - vazão mínima (atender Q máxima diária do fim do plano); - variação do nível; - facilidade de captação (topografia, geologia e acesso). As obras de captação devem ser projetadas, tendo em vista: a. o seu funcionamento ininterrupto durante qualquer época do ano; b. permitir a retirada de água para o sistema de abastecimento em quantidade suficiente ao abastecimento e com melhor qualidade possível; c. permitir o acesso durante todo o tempo, para a operação e manutenção do sistema. Na maioria das vezes o manancial encontra-se em cota inferior à da cidade. Nesse caso, as obras de captação são associadas de obras de estação elevatória, devendo o seu projeto dar condições ao bom funcionamento das bombas. Basicamente, há 3 tipos de captação: a. em mananciaiscom pequena variação de nível d´água; b. em curso d´água com grande variação do nível d´água; c. em reservatórios de acumulação; como neste caso, há também grande variação do nível d´água, os itens b e c apresentam soluções semelhantes. 6.2 Captação em cursos d´água com pequena variação de nível 6.2.1 Partes constitutivas Quando a vazão a ser retirada é menor que a vazão mínima do manancial, a captação é feita a fio d´água. Quando existem períodos do ano em que essa vazão é maior, haverá necessidade de construir um reservatório de regularização. Neste caso, a vazão média do rio deve ser maior que a vazão a ser retirada. Os esquemas de instalação variam de acordo com as condições do rio, da variação do seu nível, topografia, etc. A figura 6.1 da página seguinte mostra um esquema típico de captação. Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-2 Figura 6.1 – Esquema típico de uma captação de água. Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-3 Descrição dos principais órgãos constituintes: a. Barragem de elevação de nível É uma barragem construída ao longo de toda a seção do curso d´água para manter o nível mínimo da água em cota tal que garanta a submergência adequada. É recomendada a barragem com altura mínima de 1m e com perfil tipo Creaguer, já que este tipo de barragem provoca pouca erosão. Figura 6.2 – Barragem de elevação de nível. O vertedor deve ser calculado para a vazão máxima do rio, estudada para um período de recorrência de 50 a 100 anos. 2/32,2 HLQrio (Fórmula de Francis) (6.1) onde L = largura do vertedor em m, H = altura da lâmina sobre o vertedor em m. Esquematicamente: Figura 6.3 b. Tomada d´água É a estrutura ou dispositivo para a captação da água. Pode ser uma tubulação no curso d´água ou um canal que desvia a parte de água do rio para a captação. Figura 6.4 Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-4 Para o dimensionamento do canal, utilizar as seguintes equações: continuidade Q = V.A Manning n IR V H 2/13/2 n concreto = 0,013 c. Gradeamento Objetivo: retenção de sólidos grosseiros em suspensão, que devem ser impedidos de entrar no sistema (folhas, galhos, peixes, répteis e outros). A figura 6.5 abaixo mostra uma grade de proteção do dispositivo de captação. Figura 6.5 – Grade de proteção na captação. Classificação: Quanto ao espaçamento: 1. grossa - e = 3 a 10 cm; 2. Média - e = 2 a 4 cm; 3. Fina - e = 1 a 2 cm. t e Quanto às barras: 1. grossa - (3/8 x 2) (3/8 x 2½) (½ x 1½) (½ x 2) 2. média - (5/16 x 2) (3/8 x 1½) (3/8 x 2) 3. fina - (¼ x 1½) (5/16 x 1½) (3/8 x 1½) Instalação com inclinação de 90 a 45 com a horizontal Limpeza manual ou mecanizada d. Caixa de areia Dispositivo para a retenção de areia em suspensão, que não devem seguir ao longo do sistema. A retenção da areia é feita em decantadores, que são estruturas onde a água passa com velocidade reduzida havendo um processo de sedimentação. Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-5 e. Dispositivo de controle São comportas e válvulas que permitem controlar o fluxo da água e permitir a operação do sistema. f. Canais e tubulações de interligação Ligam as diversas partes da captação. 6.3 Captação em mananciais com grande variação de nível A tomada d´água é feita por torres de tomada, que possibilitam a retirada de água em diversas profundidades (figura 6.6). Em reservatórios, na superfície existe a possibilidade de formação de algas que conferem gosto e cheiro à água. Desta forma, a tomada deve ser sempre construída a uma certa profundidade, porém não muito próximo ao fundo, já que as camadas inferiores podem conter matéria orgânica em decomposição. Por esses motivos, nos reservatórios os dispositivos de tomada devem possibilitar a captação em diversas profundidades (figura 6.7). Figura 6.6 – Tomada d’água em rios com grande variação de nível. Figura 6.7 – Tomada d’água em represas. Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-6 6.4 Dimensionamento de Captações Superficiais 6.4.1 Dimensionamento das grades Condições de dimensionamento (PNB-589) velocidades limites: - no canal da tomada de água Vmin = 0,30 m/s (para que não ocorra sedimentação) - através das grades Vmax = 0,60 m/s (para não ocorrer carreamento de material) Dimensionamento Seção útil: Su = n.e.H onde Su – seção útil do escoamento; H – lâmina líquida; e – espaçamento; n – número de espaço entre barras. Recomenda-se Hmín = 0,50 m Considerando-se: 1. V = velocidade de passagem na grade ( V 0,60 m/s) 2. Qf = vazão de bombeamento ou captação (final de plano) 96,086400 1 qPK Q f (6.2) 3. Continuidade: Qf = Su.V como Su = n.e.H, a equação acima fica Qf = n.e.H.V Ao instalar a barra a face menor deverá estar frente ao fluxo. Largura útil na grade: LT = (n+1).t + n.e onde t = espessura ou da grade. Perda de carga nas grades Calcular considerando-se 50 % obstruída. Dessa forma: u f S Q 2V 2 V S Q uf A perda de carga pode ser calculada pela equação geral da perda de carga localizada: 2 22 canalG GG VV K (6.3) onde: G – perda de carga localizada nas grades; Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-7 KG – coeficiente de perda de carga localizada nas grades; VG – velocidade de escoamento através das grades; Vcanal – velocidade de escoamento no canal da tomada de água. Em decorrência da perda de carga nas grades, haverá desnível entre as linhas d´água de montante e jusante, conforme pode ser visto na Figura 6.8. Figura 6.8 Exemplo: Dimensionamento de uma grade. P = 50.000 hab. q = 200 l/hab./dia K1 = 1,2 Perda na ETA = 4% l/s 7,144 96,0400.86 2,1200000.50 Q gguf VHenVSQ adotando-se: H = 0,50 m e = 0,02 m Vg = 0,60 m/s - Área de cada espaço: 0,50 x 0,02 = 0,01 m2 - 2m 24,0 60,0 1447,0 g f u V Q S - Número de espaços = 0,24/ 0,01 tem-se n = 24 espaços - para barra retangular 10 x 40 mm, tem-se: LT = (24 + 1) x 0,01 + 24 x 0,02 = 0,72 m > 0,60 m OK! - Se adotarmos Lcanal = 0,80 m m/s 0,30 m/s 36,0 50,080,0 1447,0 canal f canal S Q V OK! - Número de grades: LT = 0,80 = (n + 1).t + n.e 0,80 = (n + 1) x 0,01 + 26 x 0,02 n = 26 Su = n.e.H = 26 x 0,02 x 0,50 = 0,26 m 2 Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civilda FESP 6-8 m/s 56,0 26,0 1447,0 u grade S Q V OK! - Para 50% obstruído: 'gradeV 0,56 x 2 = 1,12 m/s - Perda de carga na grade: m 04,0 81,92 )36,0()12,1( 7,0 22 G h = 0,04 m 6.4.2 Dimensionamento do Poço de Sucção 6.4.2.1 Dimensões em planta Uma vez determinado o número de bombas necessário e o diâmetro das tubulações de sucção, as NB recomendam como dimensões mínimas as indicadas na figura 6.9. Poço de sucção em planta. Poço de sucção em corte. Figura 6.9 – Poço de sucção. Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-9 6.4.2.2 Dimensões em corte A altura geométrica de sucção hs deve ser tal que: NPSHdisp. > NPSHreq. + folga recomendada pelo fabricante. Essa relação mostra que a posição do eixo das bombas e o nível mínimo da água são interdependentes. 6.4.3 Cálculo da Cota do Nível d’água em Cada Parte da Captação Considerando a figura 6.1. Cota NA3 = cota NA4 + perdas de carga no percurso 3-4 (H3-4) Perdas de carga: a. Localizadas: g V K 2 2 onde K é o coeficiente de perda localizada e V é a velocidade do fluxo. A tabela abaixo mostra os valores usuais de K, aproximados: Tabela 6.1 – Valores de K para diferentes singularidades. Singualaridade K Redução excêntrica 0,4 Curva de 90 0,3 Registro de gaveta 0,3 Válvula borboleta aberta 0,3 Válvula de pé c/ crivo 2,0 Entrada na tubulação 0,5 Entrada no poço de sucção 1,0 Saída da caixa de areia 1,0 Comportas abertas 1,5 - Perdas de carga através das grades: g VV K gg 2 2 2 2 1 onde V1 é a velocidade através das grades 50% sujas; V2 é a velocidade a montante das grades; Kg é o coeficiente de perda de carga nas grades (Kg = 0,7). b. Ao longo das tubulações Quando as tubulações são extensas, a perda de carga distribuída pode ser calculada pela fórmula de Hazen-Williams: 87,485,1 85,1 643,10 DC Q J e H = J x L Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-10 onde J é a perda de carga unitária em m/m, Q é a vazão em m 3 /s, D é o diâmetro em m, L é o comprimento em m e C é o coeficiente de rugosidade de Hazen-Williams. As Normas Brasileiras sugerem a utilização da fórmula universal: g V D L fH 2 2 onde V é a velocidade em m/s, D é o diâmetro em m, L é o comprimento em m e f é o fator de atrito, que depende da rugosidade da tubulação, diâmetro e viscosidade cinemática do fluido. O cálculo dos níveis d’água é feito do poço de sucção para montante, até se chegar à cota mínima em que se deve ficar o nível d’água no manancial; por comparação com as cotas naturais do rio, pode-se verificar se há ou não necessidade da construção de barragem de nível. No caso de condutos livres, a perda de carga pode ser calculada pela fórmula de Manning: 3/2 HRA n i Q e H = i x L onde Q é a vazão em m 3 /s, L é o comprimento em m, i é a declividade em m/m, A é a área da seção de escoamento em m 2 , RH é o raio hidráulico em m e n é o coeficiente de rugosidade de Manning. 6.4.4 Dimensionamento da Caixa de Areia Finalidade de remoção da areia. - Evitar abrasão; - Eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução nas unidades. Deve haver no mínimo duas unidades (uma para manutenção). A PNB recomenda dimensionar cada câmara para a vazão máxima a ser aduzida (gravidade ou por bombeamento). Deve ser adotado o caso mais crítico de lâmina d´água, isto é, para o nível de água mínimo no rio. As caixas de areia podem ser de limpeza manual ou mecanizada. No caso de limpeza manual deve possuir um espaço adequado para acúmulo do material, chamado “espaço morto”. A quantidade a depositar vai depender das condições do rio, bacia hidrográfica, freqüência da chuva, etc. Para efeito do projeto, adotar o valor mínimo de 0,2 m 3 /dia e 0,8 m 3 /dia de máximo como taxa de sedimentação. Dimensionamento de Caixas de Areia: São dimensionadas para reter partículas de diâmetro 0,2 mm. Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-11 Partículas 0,2 mm 100% de remoção Velocidade de sedimentação = 0,02 m/s dessas partículas Figura 6.10 – Caixa de areia. Velocidade horizontal máxima = 0,30 m/s. Se V < 0,30 m/s deposita matéria orgânica V > 0,40 m/s não deposita areia Se a partícula mais alta e mais distante de deposita garante-se que todas as demais irão se depositar. Para remover 100% de partículas de 0,2 mm o tempo que a partícula leva na vertical deve ser o mesmo da horizontal, ou seja, H V L V t t H V e t L V SHSH Para partículas de areia de 0,2 mm: VH = 0,30 m/s e VS = 0,02 m/s HL 02,030,0 L = 15 H Admitindo coeficiente de segurança de 50% para compensar efeitos de turbulência ou caminhos preferenciais da água por influência da distribuição de entrada, tem-se: L = 22,5 H. Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-12 Largura da caixa B Da equação da continuidade Q = S.V, tem-se: Q = B.H.V ou B = Q/H.V onde Q é a vazão final de projeto destinada a passar em cada câmara. O Projeto de Norma Brasileira (PNB-589) estabelece larguras mínimas para as caixas de areia em função de sua altura total ou profundidade, a fim de facilitar acesso e limpeza: Profundidade Largura mínima (B) 1 m 0,60 m 1 a 2 m 0,90 m 2 a 4 m 1,20 m 4 m 2,00 m Taxa de escoamento superficial (QS): LB Q QS 600 QS 1.200 m 3 / m 2 .dia Geralmente adota-se a lâmina mínima h e a largura B e verifica-se VH, L e taxa superficial QS. Exemplo de dimensionamento: Nº. de câmaras = 2; Q de cada câmara = 200 l/s Adota-se: H = 0,50 m Considera-se: VH = 0,30 m/s m VH Q B H 33,1 30,050,0 200,0 Pela tabela, a profundidade pode ser até 4,0 m. Por conveniência B pode ser 1,5 a 2,0 m. Adotando-se B = 2,0 m, tem-se: m/s BH Q VS 20,0 250,0 200,0 Como H V L V SH , tem-se: 50,0 02,020,0 L L = 5,0 m x 1,5 L = 7,5 m Taxa superficial: diamm LB Q Q 3S 2/152.1 5,70,2 86400200,0 OK ! Adotando-se a taxa de sedimentação de 0,5 m 3 /dia com limpeza a cada 2 dias: Vacum = 0,5 x 2,0 = 1,0 m 3 Vacum = L x B x hacum = 7,5 x 2,0 x hacum hacum = 0,07 m Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-13 6.4.5 Exemplo de dimensionamento de captação superficial Dimensionar uma captação que tem esquema idêntico ao da figura 6.1 da apostila, considerando as seguintes condições: - Vazão de captação: 100 l/s; cota do NA mínimo: 98,00 m; do fundo: 97,00 m; largura do rio no NA mínimo: 9,0 m; vazão de enchente = 6,0 m 3 /s. - NPSH requerido pelas bombas: 4,5 m (adotar folga de 1,0 m); - Cota do terreno: 100,00 m; -Cota do eixo da bomba: 100,50 m; - Extensão da adutora por gravidade: 100 m; diâmetro da adutora: 250 mm; - Velocidade da água na tubulação de sucção da bomba: 1,5 m/s; extensão da tubulação de sucção: 7 m; diâmetro da tubulação: 300 mm; - Velocidade máxima na caixa de areia: 0,3 m/s; - Grade grossa: barra de 2,0 cm de largura; espaçamento: 10 cm; - Grade fina: barra de 1,0 cm de largura; espaçamento: 2,5 cm; - Caixa de areia com 2 câmaras, uma para 100 l/s; comportas quadradas a serem dimensionadas; - pa/ = 10,33 m; pv/ = 0,6 m; - rugosidade das tubulações: k = 0,15 mm; Solução: a. calcular a cota do NAmin no poço de sucção para o bom funcionamento da bomba, a partir daí, cota do eixo da bomba. NPSHdisp > NPSHreq + 1 m NPSHdisp = 4,5 + 1 = 5,5 m NPSHdisp = pa/ - pv/ - hs - HS Cálculo a altura de sucção (hS): hS = pa/ - NPSHdisp - pv/ - HS Cálculo das perdas na sucção (HS): Perdas localizadas: g V K 2 2 V = 1,5 m/s Singularidade K Entrada na tubulação 0,5 Válvula de pé com crivo 2,0 Curva de 90 0,3 Redução excêntrica 0,4 Total 3,2 Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-14 Perdas localizadas: m 37,0 81,92 )5,1( 2,3 2 Perdas distribuídas ao longo da tubulação: g V D L fH 2 2 Admitindo que o escoamento é turbulento rugoso: 22 30071,3 15,0 log2 71,3 log2 D k f = 0,017 81,92 )5,1( 3,0 7 017,0 2 H 0,05 m Perda total na sucção: Hs = 0,37 + 0,05 = 0,42 HS = 0,42 m Altura de sucção: hs = 10,33 – 5,5 – 0,6 – 0,42 = 3,81 hs = 3,81 m no máximo. Cota do NA mínimo no poço de sucção: NAmin = 100,50 – 3,81 = 96,69 m (NA4) b. Perda de carga na adutora por gravidade - localizadas: Singularidades K Entrada na adutora 0,5 Saída no poço de sucção 1,0 Total 1,5 m/s 04,2 )25,0( 10,044 22 D Q V m 32,0 81,92 )04,2( 5,1 2 - ao longo da tubulação pela fórmula universal: 2 25071,3 15,0 log2f 0,017 m 44,1 81,92 )04,2( 25,0 100 017,0 2 H - perda total: Ha = 1,44 + 0,32 = 1,76 m c. NA na saída da caixa de areia (NA3) NA3 = 96,69 + 1,76 = 98,45 m Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-15 d. Comportas da caixa de areia Adotar V = 0,7 m/s; 2m 143,0 7,0 1,0 A O que vai dar 0,38 x 0,38 adotar 0,40 x 0,40 m/s 63,0 40,040,0 10,0 V Perda de carga na comporta: 81,92 63,0 5,1 2 comp 0,03 m d. NA na caixa de areia (NA2) NA2 = 98,45 + 0,03 = 98,48 m e. NA a montante da caixa de areia (NA2A) NA2A = 98,48 + 0,03 = 98,51 m f. Canal de acesso Como a extensão é pequena, a perda de carga nesse trecho é desprezível. A velocidade no canal deve ser suficientemente elevada para não haver deposição de areia (V 0,30 m/s). Velocidade adotada = 0,30 m/s Cálculo da área molhada: 2m 33,0 30,0 1,0 A Largura do canal: L = 0,60 m (adotada) Lâmina d’água: m 55,0 6,0 33,0 H g. Perda de carga na grade fina Cálculo do número de grades e espaços: Espessura da barra = 0,01 m; espaçamento = 0,025 m L = (n + 1).t + n.e 0,6 = (n + 1) x 0,02 + n x 0,025 n = 17 Para a largura de 0,6 m resultarão 17 barras com 0,01 m de espessura, espaçadas de 0,025 m. Área útil: Autil = 14 x 0,025 x 0,55 = 0,234 m 2 Velocidade através das barras: m/s 43,0 234,0 10,0 GFV ; para a grade 50% suja, V2 = 0,43 x 2 = 0,86 m/s Velocidade à montante das barras: V1 = 0,30 m/s (adotada) Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-16 Perda de carga: 81,92 )30,0()86,0( 7,0 2 222 1 2 2 g VV KGFGF 0,023 m Cota do NA à montante da grade fina: NAmon_GF = 98,51 m + 0,02 = 98,53 m h. Perda de carga na grade grossa Cálculo do número de grades e espaços: Espessura da barra = 0,02 m; espaçamento = 0,10 m L = (n+1).t + n.e 0,6 = (n +1) x 0,02 + n x 0,10 n = 5 Para a largura de 0,6 m resultarão 5 barras com 0,02 m de espessura, espaçadas de 0,10 m. Área útil: Autil = 5 x 0,10 x 0,55 = 0,275 m 2 Velocidade através das barras: m/s 36,0 275,0 1,0 GGV ; para a grade 50% suja V2 = 2 x 0,36 = 0,72 m/s Velocidade à montante das barras: V1 = 0,30 m/s (adotada) Perda de carga: 81,92 )30,0()72,0( 3,0 2 222 1 2 2 g VV KGGGG 0,01 m Cota do NA à montante da grade grossa: NAmon_GG = 98,53 m + 0,01 = 98,54 m (NA1) Como a cota do NA resultante é maior que o NA mínimo, haverá necessidade de pequena barragem de elevação de nível. Recomenda-se que essa elevação seja feita com folga, para a maior segurança. Sugere-se: hcrista = 98,54 + 0,10 – 97,0 = 1,64 m i. Altura da barragem Com a vazão de enchente (Q = 6,0 m 3 /s) e adotando a largura do vertedor igual a 8,0 m, pode-se obter a sua altura aplicando a fórmula de Francis, dada por Q = 2,2.L.H 3/2 . 6,0 = 2,2 x 8,0 x H 3/2 m 49,0 0,82,2 0,6 3 2 H Deixando a borda livre (b) de 0,10 m, tem-se a altura da barragem necessária: hbarragem = hcrista + H + b = 1,64 + 0,49 + 0,10 = 2,23 m j. Dimensionamento da caixa de areia Deseja-se que a caixa de areia sedimente partículas com diâmetro igual ou maior a 0,2 mm. A velocidade de sedimentação de uma partícula de areia com esse diâmetro é de 2 cm/s. Velocidade na caixa de areia: V = 0,3 m/s (adotada) Largura da caixa: B = 0,8 m (adotada) Captação Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 6-17 Q = V.A = V.B.H m 42,0 8,03,0 10,0 BV Q H Admitindo que o tempo de percurso de partícula sólida na caixa é igual ao tempo de sua sedimentação, pode-se escrever: H V L V SH 42,0 02,03,0 L m 3,6 02,0 42,03,0 L Por segurança, adota-se 50% de folga L’ = 6,3 x 1,5 = 9,45 m Instalação de Recalque Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1 7. INSTALAÇÃO DE RECALQUE 7.1 Conceitos gerais Sistema de recalque é um conjunto de tubulações, acessórios, bombas e motores que permite transportar um fluido, de um ponto para outro, inclusive vencendo desníveis geométricos (da cota Z1 para Z2). Figura 7.1 – Esquema de uma instalação de recalque. Um sistema de recalque é composto, em geral, de três partes: a) Tubulação de sucção: constituída pela canalização que liga o reservatório inferior à bomba, incluindo os acessórios necessários como válvula de pé com crivo, registro, curvas, redução excêntrica, etc. b) Conjunto elevatório: constituído por uma ou mais bombas e respectivos motores; c) Tubulação de recalque: constituída pela canalização que liga a bomba ao reservatório superior, incluindo registros, válvula de retenção, curvas, etc. 7.2 Altura manométrica (Hm)
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