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Produção de Leite Fermentado EQB476 – Tecnologia de Bioprocessos Experimentais – Manhã – 2017.1 INTRODUÇÃO 1925: o Japão apresentava alto índice de mortalidade infantil em virtude de um surto de infecções intestinais e desnutrição. 1930: Selecionada uma espécie de lactobacilos resistentes à acidez do estômago. Primeira embalagem de Yakult, no Japão 1966: Yakult chega ao Brasil. Formato do frasco plástico de Yakult seria inspirado em bonecas japonesas (Kokeshis). Cada frasco de 80 ml do leite fermentado Yakult tradicional possui 16 bilhões de Lactobacillus casei Shirota. Dr. Minoru Shirota 1935: foi desenvolvido o leite fermentado YAKULT. Primeiro alimento com microrganismos probióticos do mundo. CARACTERÍSTICAS DO MICRORGANISMO Agente de fermentação: Lactobacillus casei Bactéria probiótica; Bactéria lática; Microrganismo Gram-positivo; Não possuem esporos; Formato de bastonetes; Não crescem a pH > 6,0; Microaerófilicos. Lactobacillus casei Fermentação Lática Os lactobacilos executam fermentação lática, em que o produto final é o ácido lático. Para isso, eles utilizam como ponto de partida, a lactose, o açúcar do leite, que é desdobrado, em glicose e galactose. Essa glicose é transformada em piruvato na primeira etapa,chamada de glicólise. Na segunda etapa ,ocorre a trasformação do piruvato em ácido lático. Na fermentaçao lática e possível observar a diminuição do pH e também a coagulação do leite. Reação Global da Fermentação É importante notar que não há a formação de gás carbônico nesse tipo de fermentação. +2 ADP+ 2 Ácido pirúvico Glicose 2 + 2 ATP + 2 H+ + 2 H2O Ácido Lático OBJETIVOS Escolher um bioproduto; Utilizar de técnicas de isolamento de colônias; Identificar e selecionar o microrganismo de interesse; Realizar testes bioquímicos; Quantificar a concentração microbiana e elaborar curva de calibração; Avaliar a cinética de crescimento e produção do bioprocesso; Produzir o leite fermentado. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Preparo de meios de cultivos; Isolamento do microrganismo, repique e esgotamento; Análise macroscópica e microscópica; Testes bioquímicos (teste de assimilação de carbono e de fermentação); Teste da catalase; Coloração de esporos; Peso Seco; Curva padrão (Espectrofotometria); Cinética de crescimento(YPL); Quantificação de ART pelo método Somogyi. Preparo de Meios Preparo de Meios Caldo simples; Caldo Sabouraud; MRS; YPL; Teste de assimilação de C; Teste de fermentação. Preparo de Meios Caldo Simples Composição: (g/L) Extrato de carne 3,0 Peptona 10,0 Na2HPO4 1,0 NaCl 5,0 H2O destilada0,5L pH: 7,0– 7,4 CaldoSabouraud Composição: (g/L) Glicose 40,0 Peptona 10,0 H2O destilada0,5L pH: 5,5– 6,0 Bactérias Leveduras Preparo de Meios Meio MRS Composição: (g/L) Dextrose 20,0 Extratode levedura 5,0 Peptona bacteriológica 10,0 Extrato de carne 10,0 Acetato de sódio 5,0 Fosfato de sódio 3,75 Citratode amônia 2,0 Tween80 1,0 Sulfatode magnésio 0,2 Sulfatode manganês 0,05 H2O destilada1L MeioYPL Composição: (g/L) Extrato de levedura 5,0 Peptona 10,0 Lactose 22,5 H2O destilada0,5L Preparo de Meios Fermentação Composição: (g/L) Extrato de levedura 3,0 Peptona 10,0 Fosfato de potássio 1,0 H2O destilada0,1L Assimilação Composição: (g/L) Sulfato de amônio 5,0 Fosfato de potássio 1,0 Sulfato de magnésio 0,5 Cloreto de cálcio 0,1 Cloreto de sódio 0,1 H2O destilada0,5L Preparo de Meios Autoclave 0,5 atm 20 min Ágar Diluições Sucessivas Foram feitas diluições sucessivas a partir de 1mL da amostra de Chamyto para se obter as concentrações de: 10-1 10-2 10-3 10-4 10-5 Plaqueamento Verteram-se em placas de Petri, de forma asséptica, os meios de cultura abaixo: Caldo Simples; Caldo Sabouraud; MRS; MRS modificado. Todos em duplicata, exceto para MRS modificado e diluições 10-5. Após solidificação dos meios, espalhou-se 0,1mL das amostras nas placas, com uma alça de Drigalski, que foram incubadas em estufa a 30 oC. Análise Macroscópica Análise Macroscópica Após o cultivo nos meios preparados, escolheram-se os microrganismos a partir da análise macroscópica de crescimento. Crescimento em MRS Isolamento por Esgotamento Em seguida, selecionaram-se as culturas que tivessem características diferentes para realizar o esgotamento e repique – Diluição de 10-4. Teste de Esporulação Teste colorimétrico utilizando verde de malaquita como corante primário e safranina como corante de contraste. O teste confere cor verde aos esporos e cor vermelha as células vegetativas, podendo ser observadas ao microscópio. Teste de Esporulação Aspecto microscópico do Lula (esquerda) e Pezão (direita) após o teste de esporulação. Analise Microscópica Microscopia Coloração de Gram Método utilizado para diferenciar espécies bacterianas em dois grupos: Gram-positivas (roxas) – Camada espessa de peptideoglicano e ácido teicóico Gram-negativas (rosadas) – Camada fina de peptideoglicano e composta por proteínas, lipoproteínas, lipopolissacarídeos e fosfolipídeos Metodologia Procedimentos Para tal, foram utilizados os materiais necessários: laminas de vidro, alça de platina, bico de bunsen e kit para coloração Preparar esfregaços a partir de culturas plaqueadas; Em uma lâmina, contendo esfregaço seco, cubra-o pingando gotas de violeta-de-metila e deixe agir por 15 segundos; Adicione água ao esfregaço, em cima do violeta-de-metila, cobrindo toda a lâmina. Deixe agir por mais 45 segundos; Após o tempo corrido, escorra o corante e lave o esfregaço em um filete de água corrente. Cubra a lâmina com lugol ou Iodo de Gram e deixe por 60 segundos; Metodologia Escorra todo o lugol e lave em um filete de água corrente; Aplique álcool etílico a 95%, ou acetona, para descorar a lâmina por 10 a 20 segundos; Lave em um filete de água corrente; Cubra toda a lâmina com safarina e deixe corar por aproximadamente 30 segundos; Lave a lâmina em um filete de água; Seque a lâmina com auxílio de um papel de filtro limpo ou deixe-a secar ao ar livre; Aplique uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço e observe no microscópico com objetiva de imersão (100 X). Microscopia - Resultados Figura 1 – Microscopia, técnica de Gram – “Lula” Figura 2 – Microscopia, técnica de Gram – “Pezão” Microscopia - Resultados Figura 3 – Microscopia, técnica de Gram – “Bolsonaro” Figura 4 – Microscopia, técnica de Gram – “Dilma” Testes Bioquímicos Teste de Assimilação de Carbono Objetivo: avaliar o crescimento dos microrganismos tendo como substrato diferentes fontes de carbono Resultado esperado: observar crescimento tanto em meios com pentoses como em meios com hexoses Método: Preparar 6 placas de meio isento de Carbono contendo extrato de levedura, peptona bacteriológica, fosfato de potássio e água destilada Sobre o meio já sólido, espalhou-se as fontes de carbono (xilose, glicose e lactose, cada uma em duplicata) Foram inoculados os microrganismos, que estavam em suspensão salina, cada um com os três diferentes substratos Não houve, entretanto, crescimento em nenhuma placa! Teste de Fermentação Objetivo: Verificar se o microrganismo realiza fermentação, seja láctica (sem CO2) ou alcoólica (com CO2) Resultado esperado: Verificar mudança de cor do meio sem formação de gás Método: Preparo do meio com água destilada, extrato de carne, peptona e indicador Púrpura de Bromocresol Adicionar 4mL do meio em cada um de 18 tubos de ensaio contendo tubos de Durham Adicionou-se solução de três açúcares (xilose, glicose e lactose), cada uma em 3 tubos Introduziu-se os microrganismos de forma a obter triplicata para cada microrganismo Resultados – teste de fermentação Resultado do teste de fermentação – Aparição de coloração amarela Resultado do teste de fermentação – Aparição de bolha Construção da Curva de Peso Seco Peso Seco Suspensão de microrganismo Adição ao enlenmeyer Contendo MRS líquido Crescimento em estufa durante 7 dias T=37°C Pesagem das membranas de filtração Filtração de 30 mL de meio após crescimento Exposição ao Infravermelho por 1 minuto Dessecador Pesagem Peso Seco Membrana Placa+Membrana (g) Placa+Membrana+Células (g) Células (g P.S.) 1 43,088 43,12 0,032 2 35,208 35,268 0,06 3 41,36 41,41 0,05 Média 0,04733 Desvio Padrão 0,01419 Tabela 1. Peso seco microrganismo “Lula” Peso Seco X (g P.S./L) = Média peso seco/Vs = 0,4733/0,03= 1,578 g P.S./L Através do conhecimento da concentração de células e fazendo a série de diluições demonstradas na tabela a seguir, foi possível obter uma curva padrão relacionado absorbância à concentração celular. Peso Seco Fator de diluição Concentração (g P.S./L) Absorbância (570nm) 50 0,031555556 0,145 25 0,063111111 0,282 20 0,078888889 0,3205 15 0,105185185 0,3825 Tabela 2. Diluições da solução-mãe do Lula e suas respectivas absorbâncias Peso Seco Peso Seco Peso Seco Fator de diluição Concentração (g P.S./L) Absorbância (570nm) 50 0,030888889 0,1555 25 0,061777778 0,298 20 0,077222222 0,3125 15 0,102962963 0,4095 Tabela 4. Diluições da solução-mãe do Pezão e suas respectivas absorbâncias Cinética de Crescimento Microbiano Preparo de Pré-inóculo e do Inóculo Caldo YPL Incubação a 37ºC Bom crescimento do MO Inoculação em 200 mL de YPL 40 mL do pré-inóculo Alçadas cheias do MO “Lula” Incubação a 37ºC Curva de Crescimento Microbiano Medição de pH Centrifugação (velocidade 4 por 10 min) Análise de ART Alíquota de 4,0 mL de A1 e A2 Sobrenadante Ressuspensão em 4,0 mL de água destilada Células centrifugadas Diluição Análise espectrofotomética (570 nm) Construiu-se um gráfico de Concentração celular (g/L) x tempo (h) e um gráfico de pH x tempo (h). Calculou-se também a taxa específica de crescimento microbiano (µ) e o tempo de geração (Tg). Curva de Cinética de Crescimento Microbiano A1 (Lula) Tempo (h) Absorvância(570nm) Diluição Concentração celular (g/L) 0 0,047 _ 0,01190 24 0,032 2 0,01621 48 0,006 5 0,0077 72 0,122 5 0,1545 96 _ _ _ Curva de Cinética de Crescimento Microbiano A2 (Lula) Tempo (h) Absorvância (570 nm) Diluição Concentração celular (g/L) 0 0,038 2 0,01925 24 0,628 2 0,3181 48 0,359 5 0,4547 120 0,355 5 0,4496 144 0,300 5 0,3799 f = 0,2533 g/L Curva de Crescimento Microbiano Curva de Crescimento Microbiano Fases de Crescimento: 0h até 24h: fase exponencial; 24h até 48h: fase de desaceleração; 48h até 120h: fase estacionária; 120h até144h: fase de morte. Cálculo da Taxa Específica de Crescimento: X = X0*exp(μt), como X0 = 0,01925 g/L, X = 0,3181 g/L, t = 24 horas, então: μ = 0,1169 h-1. Cálculo do Tempo de Geração (Tg): Tg = ln(2)/μ Tg = ln(2)/0,1169 Tg = 5,93h Curva de Crescimento Microbiano Curva de pH x tempo Tempo (h) pH 0 6,30 24 5,23 48 4,39 120 4,44 144 4,50 Quantificação de ART pelo método Somogyi Método Somogyi Objetivo: Quantificação de açúcares redutores. Soluções: Meio a2: YPL Solução A: Dissolver separadamente 16 g de NaHCO3 (Bicarbonato de sódio), 12 g de tartarato de sódio e potássio (sal de Rochelle), 144 g de Na2SO4 anidro, 24 g Na2CO3 anidro e completar o volume a 800 mL. Solução B: Dissolver 36 g de Na2SO4 anidro em 100ml de uma solução de CuSO45H2O a 4% P/V e completar o volume a 200ml com H2O destilada. Solução C: Dissolver 25 g de (NH4)6Mo7O24H2O em 450ml de água destilada. Adicionar 21 mL de H2SO4 concentrado e misturar. Juntar uma solução contendo 3 g de Na2HASO47h2O (arseniato de sódio). Dissolvidos em 25 mL de água destilada. Homogeneizar e deixar em frasco escuro a 37°C por 1 ou 2 dias. Sobrenadantes do meio A2 Diluições 1:500 , 1:250 , 1:100 Tubo de follin Wu 1ml do amostra diluída + 1mL solução 4:1 Banho-maria Resfriamento 2 mL solução C e agitação até desprender todo o gás Completar os tubos com água destilada a 25 mL Absorvância 540 nm Procedimento Centrifugação meio A2 * f= 0,3 g/L f = 0,3 g/L Curva de Consumo de Substrato Tempo (h) Diluição Abs1 Abs2 Abs média (540 nm) Concentração de ART (g/L) 0 500 0,079 0,093 0,0860 12,900 24 250 0,179 0,21 0,1945 14,588 48 100 0,400 0,451 0,4255 12,765 120 100 0,336 0,421 0,3785 11,355 144 100 0,347 0,36 0,3535 10,605 Cálculo do Fator de Conversão de Substrato em Células (Y x/s): Y x/s = concentração de células formadas/ variação da concentração de substrato. Y x/s = (Δx/- Δs) = (0,4547 g – 0,01925 g)/(12,765 g – 12,900 g) = 3,211 gx/gs. Resultados - Somogyi Conclusão Ao analisarmos todos os dados obtidos durante o semestre, torna-se possível afirmar que o experimento foi bem conduzido, com algumas ressalvas. Na parte dos testes bioquímicos, apesar de os teste de assimilação de carbono e de fermentação não terem fornecido resultados muito conclusivos, as análises macro e microscópicas puderam ser interpretadas corretamente. Tais resultados estavam condizentes com as características do microrganismo, visto que os testes de catalase e de esporos apresentaram resultados esperados. Quanto as curvas, todas elas se mostraram conclusivas, com as curvas de absorbância bem lineares e as de crescimento celular/consumo de substrato mostrando o microrganismo crescendo e o substrato caindo. Além disso, a curva de pH também está de acordo com o esperado, visto que o Lactobacillus Casei libera ácido lático em sua fermentação.
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