CAP. II 23 03 2018

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AULA DE METODOLOGIA 22/03/2018
EXPLICACÇÃO CAPÍTULO II
O que significa explicar algo dentro da metodologia científica?
Explicar algo em metodologia significa associar uma causa a um efeito.
Exemplo: Você esta com febre, vai ao médico, o médico te examina e te diagnostica com uma infecção bacteriana na garganta. 
É possível estabelecer que a CAUSA da febre é a infecção. Essa relação é uma relação direta entre uma coisa e outra: a infecção está causando um efeito que é a febre, logo, a infecção é a explicação para a febre.
Como você explica o fato de estar com febre? Simples, você tem uma infecção. Então explicar alguma coisa é relacionar um determinado sintoma a sua causa.
O efeito é sempre o fenômeno observado e a causa é sempre aquilo que você encontra quando você investiga. (Eu tenho um efeito e vou investigar a causa desse efeito, quando eu encontro a causa para aquele efeito que eu estou investigando o que eu estabeleço é uma explicação do fenômeno)
Essa perspectiva da explicação é uma derivação direta das características da visão positivista (Empirismo, experimentação, Objetividade, validade, lei e previsão).
No fenômeno humano já começamos a enfrentar algumas dificuldades. E uma das primeiras dificuldades metodológicas que encontramos é o fato de que ele é extremamente complexo.
O que significa dizer que o fenômeno humano é complexo? O que significa complexidade?
Complexidade é característica de algo que tem mais variáveis do que aquelas que nós conseguimos prever e controlar.
 O ser humano é imprevisível, e por isso não conseguimos controlar a experimentação e não conseguimos ter objetividade suficiente. Porque para cada fenômeno humano se tem uma gama muito grande de possíveis causas. Logo, por causa da sua complexibilidade o ser humano também possui a característica da multicausalidade (um determinado fenômeno pode ter várias causas). 
Exemplo: O que faz um indivíduo cometer um ato de violência? Pode ser cometido por uma decadência moral, por causa de uma situação de necessidade material, ou por conta de uma oportunidade que ele viu de conseguir alguma coisa que ele precisa, ou por causa da falta de políticas públicas que não atende as necessidades do indivíduo, entre outras. 
Então podemos ter causas individuais, causas sociais, políticas, entre outras, e todas elas estão no jogo para produzir os fenômenos que a gente observa no mundo, ou seja, muitas causas estão atuando sobre o indivíduo para produzir os fenômenos humanos que podemos observar. Por esses motivos não dá para explicar o fenômeno humano, não conseguimos reduzi-lo a uma única causa.
A multicausalidade torna difícil o estudo dos seres humanos. Nós não explicamos o fenômeno humano, nós o compreendemos. 
Como se dá o método compreensivo? Observando um fenômeno, você vai descrever todas as causas que considerar relevantes, quanto mais precisa for sua descrição, quanto mais dados você considerar, mais consistente será o seu trabalho. 
Então o método compreensivo das ciências humanas vai buscar descrever o maior número de causas possíveis para aquele determinado fenômeno, buscando estabelecer a ligação de cada uma delas com ele. Mas, não é uma relação de tentar explicar que o fenômeno acontece por causa dessa, dessa, dessa e daquela causa. Essa ou essas foram as causas que este estudo considerou mais relevante, mas não quer dizer que elas sejam as únicas, podem haver outras. Inclusive, é por isso que em ciências humanas existe alguma possibilidade que dois cientistas dessa área realizem um trabalho semelhante do mesmo objeto, no mesmo tempo, no mesmo espaço e encontrem resultados, cheguem a conclusões absolutamente diferentes, na maioria das ciências exatas e naturais isso não é possível. 
Quando se explica a ciências humanas o sujeito da pesquisa e o objeto da pesquisa são o mesmo. 
Como podemos falar em objetividade? Como permanecer neutro? A neutralidade em ciências humanas é um mito (no sentido de falso), ela não existe. Parte-se sempre de um posicionamento, então, nas ciências humanas questionamos a neutralidade e a objetividade. 
Não tem como ser absolutamente neutro porque você também é ser humano, então você já tem uma escala de valores, uma perspectiva de um mundo que vai condicionar a sua investigação, e vai gerar resultados diferentes. O problema é que na perspectiva positivista vimos que um determinado conhecimento só pode ser chamado de ciência se ao conduzir uma determinada experiência você alcança sempre o mesmo resultado (Característica da validade). Se o resultado que você alcançou foi diferente, das duas uma, ou a sua experiência está incorreta e você tem que testar de novo, ou aquele conhecimento está incorreto, precisa ser superado. Então quando alguém produz uma experiência que demonstra que aquele conhecimento anterior está incompleto, porque ele não explica determinados fenômenos que podem ser observados e aí você tem uma série de outros cientistas que reproduzem o mesmo experimento e colhem os mesmos resultados, você tem a validade da ciência, de acordo com a perspectiva positivista. 
Sabendo que nas ciências humanas não da pra ter objetividade porque o sujeito e o objeto de descrição é o mesmo, não dá pra ter neutralidade porque o indivíduo que pesquisa é o ser humano, e enquanto ser humano já possui um paradigma, um túnel de realidade, perspectiva a partir da qual ele vê o mundo. O que atribui caráter de cientifico as ciências humanas? 
Resposta: A característica da objetivação, a pesquisa em ciências humanas não é objetiva, mas o conhecimento que se produz, pode ser objetivado. 
Como objetivamos um conhecimento em ciências humanas? A objetivação se dá de duas maneiras, a primeira é a partir da coleta de dados do mundo real, ou seja, você tem que mostrar que o seu trabalho está lidando com a realidade humana. 
O que é realidade? O que podemos chamar de real? “A realidade é tudo aquilo que, quando você deixa de acreditar, não vai embora” (Philip K. Dick).
Existem duas formas de coletar esses dados e apresenta-los. Eles podem ser coletados através do método: 
Quantitativo - apresenta dados numéricos, sejam números absolutos (números inteiros) ou relativos (porcentagem) 
Qualitativo - descrevem uma situação.
Então, a primeira coisa que precisamos fazer para que o trabalho em ciências humanas seja um trabalho válido é apresentar dados coletados do mundo real. Quando apresentamos dados que não condizem com a realidade, está caracterizada fraude. Quer dizer que fraudamos a pesquisa. 
E a outra característica que faz com que o resultado do trabalho seja objetivado e tenha validade é que a forma como interpretamos esses dados e o apresentamos na pesquisa tem que estar estruturados de forma lógica, a argumentação a partir dos dados coletados precisa respeitar os critérios da lógica (Falácia: erro da lógica discursiva, ou seja, é um erro de lógica no discurso).
Quando você apresenta dados do mundo real e estrutura a interpretação desses dados a partir de uma argumentação lógica, você está atribuindo validade ao seu trabalho de pesquisa científica. Então isso é a característica que a gente chama de objetivação. O trabalho não é objetivo, mas você está objetivando o resultado do seu trabalho, porque ele foi apresentado de forma a considerar dados reais e argumentos lógicos. Então você pode ter estudos sobre o mesmo assunto que no fim das contas apresentem resultados diferentes. Se ambos coletam dados do mundo real e apresentam esses dados de forma lógica então ambos são válidos mesmo que eles discordem um do outro.
O que faz com que a ciências humana seja chamado de ciências? É a objetivação, a coleta de dados, a apresentação de argumentos lógico.
Qual a diferença de objetividade para objetivação? A objetividade é você não interferir na sua experiencia, ou seja, é você se manter distante do seu objeto de estudo, é ser neutro na pesquisa e objetivação é a coleta de dados com argumentação lógica. 
Porque que não dá para ter objetividade nas ciências humanas? Porque não
dá para ser neutro pois o sujeito e objeto é a mesma coisa.