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Questões Formação Economica do Brasil

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​ ​Quais foram os efeitos da Grande Depressão sobre a política econômica 
brasileira? Que mecanismos de defesa do café foram utilizados durante a 
Grande Depressão? De que forma a desvalorização cambial atendia ao objetivo 
de defesa do café? 
O Brasil era o principal produtor de café já no século XIX e atuava no mercado 
internacional como semi-monopolista, com grande vantagens comparativas. Por outro 
lado, a única alternativa para alocar o capital obtido da cafeicultura era o 
reinvestimento na produção de mais café, resultando em crises de superprodução. 
Assim, desenvolveram-se diversos mecanismos de defesa do café, um dos quais, a 
depreciação da moeda nacional nos momentos de queda dos preços de exportação, 
procedimento que diminuía as perdas de receitas dos cafeicultores. Os mecanismos 
foram se sofisticando, tal que o governo passou a comprar os excedentes de produção 
financiada por empréstimos externos. 
Quando a crise mundial de 1929 atingiu a cafeicultura, esta se encontrava em situação 
extremamente vulnerável. Para uma produção de 28 milhões de sacas, apenas 14 
milhões foram exportadas. A política de defesa do café, sem mecanismos efetivos 
para conter a superprodução, só agravava esse desequilíbrio. Nossa economia ainda 
era imensamente dependente do café – uma de suas únicas rendas – portanto, mais 
uma vez, lançou-se mão do mecanismo cambial para sua defesa. Entretanto, o preço 
continuava caindo. 
Evidentemente a preservação da renda dos cafeicultores era paga pelo conjunto da 
sociedade (“socialização das perdas”, nos termos de Celso Furtado). Essas medidas 
não foram suficientes, assim, o governo tomou a decisão de utilizar uma solução 
econômica lógica, embora aparentemente absurda: a diminuição da oferta de café pela 
queima de excedentes (cuja compra era financiada por impostos sobre a exportação 
de café e pela pura e simples expansão do crédito). Devido a esse mecanismo de 
defesa de renda da cafeicultura, a queda na renda nacional foi da ordem de cerca de 
30%, um valor razoável se comparado à economia americana que declinara 50%. 
Para Furtado, o financiamento público da compra de excedentes anteciparam outras 
intervenções estatais, com o objetivo de manutenção do nível de emprego e da 
demanda agregada e em função disso, já em 1933 a renda nacional voltou a crescer 
com níveis de investimento equivalentes aos de 1929. Considerando que a economia 
mundial só voltou a dar sinais de recuperação em 1934, pode-se inferir que a 
recuperação econômica se deu por fatores internos. 
 
 Que papel assumiu o mercado interno após a Grande Depressão? 
Durante a Depressão o preço dos importados subiu cerca de 33%, causando uma 
redução das importações na ordem de 60%. Parte da procura, antes satisfeita com 
importações, passou a ser atendida pela oferta interna. Assim, a demanda interna 
passaria a ter importância crescente como elemento dinâmico nessa conjuntura de 
recessão mundial. Tratava-se de uma situação nova com a preponderância do setor 
ligado ao mercado interno no processo de formação de capital e no conjunto de 
investimentos do país. 
A crise do café afugentava os capitais investidos na cafeicultura. Parte desses capitais 
foi absorvida pela própria agricultura exportadora, particularmente o algodão. 
No lado da indústria, embora o aumento da produção requeira o aumento da 
importação de máquinas, isso não foi necessário, pois era possível usar a capacidade 
ociosa preexistente, como no caso da indústria têxtil. Posteriormente, foi possível 
importar equipamentos usados mais baratos, decorrentes das fábricas fechadas 
durante o período da Depressão. Num terceiro momento, o crescimento da procura por 
bens de capital e o forte aumento dos preços de importação desses bens, devido à 
desvalorização cambial, criaram condições propícias à instalação de uma indústria de 
bens de capital no país. 
Como resultado, a renda nacional aumentou 20% no período, enquanto a renda per 
capita subiu 7%. Na mesma época, os Estados Unidos ou países de desenvolvimento 
semelhante ao Brasil que seguiram políticas ortodoxas de combate à crise, ainda 
estavam em depressão em 1937. 
 
 O que caracteriza o modelo de industrialização dos substituição de 
importações? 
Segundo Maria da Conceição Tavares, a Grande Depressão foi um momento de 
ruptura com o modelo primário-exportador da economia brasileira em favor de um 
modelo de desenvolvimento voltado para o mercado interno. O conceito de 
substituição das importações, além de significar o início da produção interna de um 
bem antes importado, denota também uma mudança qualitativa na pauta de 
importações do país, ou seja, conforme aumenta a produção interna de bens de 
consumo anteriormente importados, aumenta a importação de bens de capital e bens 
intermediários necessários a essa produção. 
 
 Explique o conceito de industrialização restringida: 
Apesar de a dinâmica da economia brasileira ter passado, a partir dos anos 30, a ser 
determinada internamente, tratava-se de um processo de industrialização ainda 
incompleto, uma vez que os setores produtores de bens de capital e de bens 
intermediários, os chamados bens de produção, eram muito pouco desenvolvidos no 
país. Por isso, João Manuel Cardoso de Mello denominou esse período, que se 
estende até o início da implantação do Plano de Metas no governo JK de 
“industrialização restringida”. Nesse quadro, as bases técnicas e financeiras da 
acumulação são insuficientes para que se implante, num golpe, o núcleo fundamental 
da indústria de bens de produção, que permitiria à capacidade produtiva crescer 
adiante da demanda, autodeterminando o processo de desenvolvimento industrial. 
 
 Qual foi o projeto nacional que se tentou implantar durante o Estado Novo? 
Além de representar o fim da descentralização republicana, fruto do próprio 
enfraquecimento da oligarquia cafeeira, o Estado Novo foi uma tentativa de afirmação 
de um projeto nacional, no qual caberia ao Estado assumir o papel de indutor do 
desenvolvimento industrial, quer implantando agências governamentais para a 
regulação das atividades econômicas, quer estabelecendo uma nova legislação 
trabalhista, quer ainda assumindo o papel de produtor direto, com a construção da 
usina siderúrgica de Volta Redonda, marco do desenvolvimento industrial nacional. 
Analistas observam que, nos processos de industrialização do século XX, período do 
capitalismo monopolista, com predomínio das grandes corporações, as escalas 
técnicas e financeiras requeridas para o avanço da industrialização estavam muito 
acima das forças dos capitalistas locais. Como na década de 30 ainda não fazia parte 
da estratégia das empresas capitalistas produzir em outros países (especialmente nos 
países subdesenvolvidos), a única possibilidade de implantar grandes projetos de 
indústrias de bens de produção concentrava-se na ação estatal – essa era a proposta 
de Vargas. 
Logo após o golpe de 1937, o forte aumento das importações provocou escassez de 
divisas e forçou o governo a adotar o monopólio cambial, com uma taxa única 
desvalorizada e com um sistema de controle cambial similar ao vigente entre 1931-34. 
O objetivo imediato era reduzir o nível agregado de importações. Era uma repetição de 
uma situação comum na economia brasileira: a convivência quase permanente com 
crises cambiais, permeadas por alguns momentos particulares de tranquilidade 
relativamente às divisas externas e à capacidade de cumprimento dos compromissos 
assumidos pelo país. 
Somente em 1941 a balança comercial passou a ser superavitária, com o aumento das 
exportações e recuperação dos preços do café. Apesar da diminuição das 
importações, a produção industrial, após sofrer forte queda no crescimento, voltou a 
crescer mesmo com a séria escassez de bens de capital importados. 
 
Como evoluiu o crescimento industrial do país no pós-guerra, durante o 
Governo Dutra?A posição liberal inicial do governo Dutra, bem como sua contraposição ao 
intervencionismo de Vargas, apoiava-se no que Besserman Vianna chama de “ilusão 
de divisas” (pois o volume de reservas internacionais do país parecia bastante 
confortável) e na certeza de que o Brasil era credor político dos EUA por sua 
colaboração na 2a GM. Acreditava-se que uma política liberal de câmbio seria capaz 
de atrair investimentos diretos estrangeiro, equilibrando o estruturalmente o balanço de 
pagamentos brasileiro. Assim, o mercado livre foi instituido, com a abolição das 
restrições e do controle dos fluxos de divisas por parte do governo (existentes desde 
os anos 1930). O resultado foi a queima de divisas, só em parte gasta com importação 
de máquinas e matérias-primas essenciais. 
Em 1947, diante da impossibilidade de sustentar a política anterior, voltam os controles 
cambiais, enquanto o país enfrente uma escassez de moedas fortes. O sistema de 
licenciamento de importações reduziu o déficit comercial. 
A conjugação de uma taxa de câmbio sobrevalorizada com controle cambial, a partir 
de 1947, produziu um triplo efeito em benefício da industrialização substantiva de 
importações: 
1. Subsídio às importações de bens de capital e bens intermediários 
2. Protecionismo contra importação de bens competitivos 
3. Aumento da rentabilidade da produção para o mercado interno 
Além disso, a política do Banco do Brasil de crédito à indústria foi bastante importante. 
a) A Grande Depressão foi um evento durante o qual a economia dos EUA passou por 
uma violenta recessão após a quebra da Bolsa de Nova York. Nesse contexto, as 
empresas produziram em quantidades que não equivaliam ao poder de compra do 
mercado e, por esta razão, tiveram que abaixar o preço dos produtos e despedir 
milhares de trabalhadores. No mercado externo, a Grande Depressão pôde ser sentida 
nas nações europeias que dependiam fortemente dos recursos financeiros 
emprestados pela economia norte-americana. A partir da crise, os governos europeus 
também foram vitimados pelo retrocesso da economia dos Estados Unidos da 
América. 
b) As implicações da Depressão na economia brasileira foram bastante significativas. 
O descontrole da economia norte-americana reduziu drasticamente os lucros obtidos 
com a exportação do café. Por esse mesmo motivo, vários setores do comércio e da 
indústria também foram obrigados a fechar postos de trabalho, tendo em vista que 
também dependiam dos lucros do café para ampliarem. 
 Explique quais são os setores ou departamentos da economia: 
Os setores ou departamentos da economia seriam dois: o departamento I, produtor de 
bens de capital e de bens intermediários, isto é, os bens de produção; e o 
departamento II, produtor de bens de consumo. O departamento II poderia ainda ser 
subdividido em um departamento produtor de bens de consumo dos capitalistas (bens 
de consumo de luxo ou bens duráveis) e um departamento produtor de bens de 
consumo dos trabalhadores (bens simples ou não duráveis). 
A análise departamental está presente nas mais interessantes tentativas de 
interpretação dos rumos da economia brasileira. Paul Singer, por exemplo, 
especialmente em Desenvolvimento e crise no Brasil e em A crise do milagre, procura 
articular essa análise departamental no entendimento do crescimento da economia 
brasileira. O desequilíbrio departamental, com um desenvolvimento insuficiente do 
departamento I, resultaria em pontos​ ​de estrangulamento que limitariam e diminuiriam 
o ritmo de crescimento, conduzindo a economia à crise. 
 
 Quais foram as bases econômicas da nova tentativa de Vargas de implementar 
um projeto nacional no início dos anos 1950? 
Numa conjuntura marcada pela Guerra Fria, os interesses estratégicos 
norte-americanos estavam concentrados na reconstrução europeia e japonesa, logo, 
aliados latino-americanos como o Brasil foram deixados praticamente à própria sorte. 
Dessa forma, dependiam estritamente do mercado e dos movimentos privados de 
capitais internacionais para o financiamento de seus déficits em transações correntes 
e de seus projetos desenvolvimentistas. Nesse momento, houve um fortalecimento dos 
movimentos anticoloniais e de afirmação nacional em um grande número de países. 
Ganhou destaque a questão do desenvolvimento econômico. Com Vargas de volta ao 
poder pela via democrática, há uma nova tentativa de superação nacionalista dos 
estrangulamentos do PSI e dos entraves à afirmação de um projeto nacional, apesar 
das contradições e limitações da proposta política getulista. 
No início da década de 1950, Getúlio lança uma tentativa de implantar as bases de 
uma indústria pesada no país na forma de empreendimentos estatais, 
consubstanciados na criação da Petrobras, na entrada em operação da Companhia 
Siderúrgica Nacional, na tentativa de pôr em funcionamento a Companhia Nacional de 
Álcalis, na já modesta performance da Companhia Vale do Rio Doce e no projeto da 
Eletrobrás, enviado ao Congresso e apenas aprovado dez anos depois. 
A proposta nacionalista de Vargas restringiu as possibilidades de financiamento 
externo desses projetos eo a participação de capitais estrangeiros na forma de 
investimentos diretos. Era uma acumulação financiada internamente pelas altas taxas 
de lucro das atividades industriais impulsionadas pela política de valorização cambial e 
pela transferência dos excedentes do setor agroexportador para a indústria. 
A criação do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, que ganharia o 
S de “Social” no governo Sarney) em 1952, financiado por intermédio de um adicional 
sobre o Imposto de Renda, foi fundamental para o financiamento de projetos de 
infra-estrutura de transporte e energia e, posteriormente, de projetos de implantação 
industrial. 
Em 1953, a Instrução 70 da Sumoc condicionou as importações aos interesses 
industriais, mediante o leilão de divisas com câmbio diferenciado conforme a 
essencialidade da importação (os leilões passaram a representar uma importante fonte 
de arrecadação do Estado e mantinham a política cambial de favorecimento às 
indústrias substitutivas de importações). 
A tentativa de implementar o departamento I enfrentou dificuldades típicas de um 
projeto nacionalista: aumentaram as divergências políticas entre a base de 
sustentação do governo. Os trabalhadores procuravam participar dos ganhos de 
produtividade e os empresários demonstravam seu descontentamento com a Instrução 
70, em função do aumento dos custos para importação. A nova crise que enfrentaria a 
agricultura cafeeira também seria creditada ao governo e seria capitalizada pela 
oposição. O desfecho da crise foi o suicídio de Vargas e a morte de um projeto 
nacional que não chegou a ser implantado. 
Para Fiori, houve com Vargas um prussianismo desfigurado, em que o Estado 
Nacional não conseguia se articular com a burguesia industrial em prol da construção 
de uma sociedade industrial avançada. 
 
 Descreva a atuação do governo Café Filho e da gestão de Eugênio Gudin no 
Ministério da Fazenda: 
Café Filho, que assumiu após o suicídio de Vargas, executou duas políticas 
econômicas claramente distintas, consubstanciadas em dois ministros da Fazenda, 
Eugênio Gudin, economista ultraliberal e o banqueiro José Maria Whitaker, 
representante da cafeicultura paulista. 
Gudin podia ser considerado a antítese do Governo Vargas: inimigo das propostas 
desenvolvimentistas e defensor de política econômica ortodoxa. Priorizava políticas 
antiinflacionárias baseadas no controle da emissão de moeda e do crédito. Sua 
nomeação deveu-se ao prestígio junto à comunidade financeira internacional, pois 
acreditava-se que isso facilitaria as negociações para desafogo da grave crise cambial 
que o país atravessava, em função de vultuosos compromissos assumidos 
anteriormente. 
Uma das principais ações de Gudin no ministério foi a Instrução 113 da Sumoccomo 
forma de extinguir os obstáculos à livre entrada de capital estrangeiro. 
Além disso, implementou uma política de estabilização notadamente ortodoxa. Para 
ele, a inflação seria resultado da monetização dos déficits públicos e do excesso de 
crédito, que resultava numa exacerbação da demanda. Assim, buscou cortas gastos 
públicos e executou uma forte política de contração monetária e creditícia, cujo 
resultado foi uma falta de liquidez que provocou uma crise bancária (a liquidação de 
dois bancos paulistas e uma corrida aos pequenos e médios bancos) bem como o 
aumento de falências e concordatas. 
A gestão de Gudin, entretanto, contrariando as expectativas de um pensador que 
destacava a vocação agrária do país, não atendeu à cafeicultura, uma vez que não 
extinguiu o confisco cambial. A oposição dos cafeicultores o deixou sem sustentação 
política e ele foi substituido por José Maria Whitaker. 
 
Qual foi a importância da Instrução 113 da Sumoc? Quais eram suas principais 
características? 
A Instrução 113 permitia às empresas estrangeiras instaladas no país importar 
máquinas e equipamentos sem cobertura cambial e classificados nas três primeiras 
categorias de importação, conforme a essencialidade dos produtos. 
A existência de taxas cambiais múltiplas beneficiava duplamente os capitais externos. 
Ao importar bens de capital sem a necessidade de primeiro internalizar as divisas à 
taxa de mercado livre para depois recomprar as licenças de importações por um valor 
mais alto nos leilões de câmbio, o capital estrangeiro estaria recebendo um subsídio 
equivalente ao diferencial entre o custo das divisas na categoria relevante e a taxa do 
mercado livre. Esse subsídio não era concedido às empresas nacionais, que já 
enfrentavam normalmente em condições de inferioridade a concorrência com as 
empresas estrangeiras e quase sempre importavam máquinas e equipamentos de 
segunda mão (resultantes de linhas de produção obsoletas e já desativadas). No 
governo JK, a Instrução foi um dos principais instrumentos para entrada de capital 
externo no país. 
 
Explique o que foi a tentativa de unificação do câmbio, proposta por José Maria 
Whitaker: 
Whitaker encontrou no Ministério uma gravíssima crise bancária resultante da política 
contracionista de Gudin. Imediatamente, a liquidez da economia foi restabelecida por 
intermédio da ação do Banco do Brasil. Além disso, ele sugeriu uma profunda reforma 
cambial, buscando unificar as dez taxas distintas de câmbio (cinco de importação, 
quatro de exportação e a do mercado livre). A proposta foi elaborada sob os auspícios 
do FMI e significaria a derrota de uma política desenvolvimentista impulsionadora do 
PSI e não encontrou apoio político dos principais candidatos à sucessão de Café Filho. 
Com a falta de sustentação politica para suas propostas, Whitaker foi exonerado, sem 
conseguir implementar sua reforma cambial nem defender os interesses da 
cafeicultura 
 
 
 
 
Caracterize em linhas gerais o plano de metas do Governo JK. 
.​ ​No começo do governo, JK apresentou o seu Plano de Metas, cujo lema era 
“cinqüenta anos em cinco”. Pretendia desenvolver o país cinqüenta anos em apenas 
cinco de governo. O plano consistia no investimento em áreas prioritárias para o 
desenvolvimento econômico, principalmente, infra-estrutura (rodovias, hidrelétricas, 
aeroportos) e indústria. Foi na área do desenvolvimento industrial que JK teve maior 
êxito. Abrindo a economia para o capital internacional, atraiu o investimento de 
grandes empresas. Foi no governo JK que entraram no país grandes montadoras de 
automóveis como, por exemplo, Ford, Volkswagen, GM (General Motors). Estas 
indústrias instalaram suas filiais na região sudeste do Brasil. Foi o responsável pela 
construção da nova capital federal, Brasília, executando assim o antigo projeto da 
mudança da capital para promover o desenvolvimento do interior e a integração do 
País 
Os setores de energia, transporte, siderurgia e refino de petróleo receberam a maior 
parte dos investimentos do governo. Subsídios e estímulos seriam concedidos para a 
expansão e diversificação do setor secundário, produtor de equipamentos e insumos 
com alta intensidade de capital e, para a implementação do plano (especialmente nos 
aspectos de responsabilidade do setor privado) foram criados grupos executivos 
colegiados com membros dos setores público e privado, como o GEIA (da indústria 
automobilística) e o GEICON (da construção naval). 
A política econômica do plano dava tratamento preferencial ao capital estrangeiro. 
Financiava os gastos públicos e privados com expansão dos meios de pagamento e 
do crédito, via empréstimos do BNDE, bem como por meio de avais para a tomada de 
empréstimos no exterior. Aumentava a participação do Estado na formação de capital, 
estimulando a acumulação privada. O crédito privado, constituído de empréstimos de 
curto prazo, voltados para o capital de giro das empresas, foi estimulado por meio de 
repasses do Banco do Brasil, o que gerou pressões sobre o déficit público. 
Devido ao tipo de financiamento utilizado para a consecução do Plano de Metas, a 
inflação doméstica manteve-se em taxas elevadas durante o governo JK. Singer e 
Rangel chamam a atenção para o mecanismo inflacionário como forma de 
financiamento das empresas, já que numa estrutura oligopolizada, as empresas têm o 
poder de fixar preços, não apenas se defendendo da inflação, como aumentando a 
participação na renda nacional (houve impacto redestributivo, pois salários 
aumentavam menos que preços). 
 
 Pode-se afirmar que a implementação do Plano de Metas foi bem sucedida? Por 
quê? 
O Plano de Metas estimulou definitivamente o PSI, especialmente no setor de bens de 
consumo duráveis, e mesmo em importantes áreas do setor de bens de capital. Assim, 
pode-se dizer que o Plano de Metas foi bem-sucedido naquilo que se propunha, 
embora já no início da década de 60 Maria da Conceição Tavares considerasse a 
hipótese de esgotamento do PSI, com a diminuição dos seus efeitos na dinâmica 
industrial brasileira. 
Se a produção de bens de capital e de bens intermediários cresceu significantemente, 
não se chegou, porém, a completar a criação de um departamento I que possibilitasse 
a autonomia do processo de acumulação. O desenvolvimento do departamento I 
revelou-se de difícil consecução, porque o mercado brasileiro era ainda relativamente 
pequeno, não sustentando as escalas de produção requeridas para a fabricação de 
bens de alta tecnologia. Assim, as indústrias se dedicavam à produção de bens mais 
leves, deixando as pesadas para as importações (uma das características da nova 
divisão internacional do trabalho), o que implicaria numa nova dependência financeira 
e tecnológica com relação aos países desenvolvidos. 
Essa situação se refletia em desequilíbrios no Balanço de Pagamentos do país (os 
saldos comerciais tornaram-se negativos a partir de 1958 com o novo ciclo de 
deterioração das relações de troca e o crescimento das despesas com o serviço do 
capital estrangeiro, consequência dos investimentos e empréstimos externos 
acumulados na década). A situação se agravou devido aos curtos prazos de 
vencimento dos empréstimos externos, em um contexto de conflitos entre o governo 
JK e tanto FMI como Banco Mundial, que culminou com o rompimento em 1959 
(ambos não aprovavam os pilares – protecionismo e controle de importações – e 
também a condução da política macroeconômica – com grandes déficits fiscais – e 
política monetária expansionsita). 
 
 Explique o tripé em que se apoiou a estrutura industrial brasileira a partir do 
Plano de Metas. Qual foi a importância do capital estrangeiro no Brasil a partir 
do Plano de Metas? 
O crescimento industrial brasileiro durante o governo JK estava estruturado num tripé 
formado por empresas estatais, capital privado estrangeiro e, como sócio menor, pelo 
capitalprivado nacional. 
O objetivo de implantar de chofre o departamento II da economia, sintetizado pelo 
slogan “50 anos em 5″, bem como o obrigatório desenvolvimento complementar do 
departamento I, só seria atingido em um curto espaço de tempo com a participação 
dominante do capital externo (um dos dilemas históricos mais complexos já 
enfrentados pela sociedade brasileira). 
As transformações estruturais que ocorreram na segunda metade dos anos 50 
resultaram na consolidação da oligopolização da economia brasileira (principais ramos 
industrais controlados por um reduzido número de empresas) reproduzindo um 
processo que se iniciara ainda no final do século XIX com as economias 
desenvolvidas. Vale ressaltar que, na época, a estratégia de investimentos das 
grandes corporações estrangeiras havia se modificado, iniciando um processo de 
transnacionalização. O Brasil, pelo tamanho de seu mercado interno, ampliado pelo 
próprio sucesso do PSI, tornou-se um espaço privilegiado para a atuação das 
empresas multinacionais. (É importante ressaltar que, no início do processo, as 
empresas americanas estavam presentes apenas marginalmente no processo. Só 
depois da penetração de empresas de capital japonês e europeu, os americanos se 
engajariam na produção industrial). 
As empresas multinacionais passaram a dominar amplamente a produção industrial 
brasileira, especialmente os setores mais dinâmicos como a indústria de 
transformação. Ao capital privado nacional coube o papel subordinado de fornecedor 
de insumos e componentes, como no caso da relação entre a indústria de autopeças e 
a indústria automobilística (embora em setores restritos legalmente, como mineração, 
financeiro, serviços em geral e agricultura, as EMN tiveram papel bastante restrito). 
 
Qual foi a importância do capital estrangeiro no Brasil a partir do plano de 
metas? E do capital estatal? 
Foi um suporte para o plano de metas, porque financiava os gastos públicos e 
privados com expansão dos meios de pagamentos do credito via empréstimos. 
 
O desenvolvimento industrial durante o período do Plano de Metas estava estruturado 
em um tripé, constituído por: empresas estatais, pelo capital privado nacional e pelo 
capital estrangeiro, sendo este último o agente mais importante. As empresas 
multinacionais passaram a dominar os setores mais dinâmicos da economia brasileira, 
como bens de consumo duráveis e bens de capital. Em contrapartida, a produção 
de bens não duráveis ficou a cargo das empresas privadas nacionais. Houve, nesse 
período, uma clara relação de subordinação do capital nacional em relação ao capital 
estrangeiro 
 
Os investimentos estrangeiros foram fundamentais para o sucesso do Plano de 
Metas. Todavia, quais razões levaram a esse aumento drástico da participação do 
capital estrangeiro no setor produtivo nacional nesse período? Sem dúvida, o nível de 
investimentos exigidos tornava inevitável a supremacia do capital estrangeiro, mas 
houve também um outro fator importante que merece ser analisado. 
Compare as diferentes interpretações sobre a crise econômica de 1962-67: 
Após elevado crescimento entre 1956 e 1962, a economia brasileira sobreu uma 
desaceleração que perdurou até 1967 (o crescimento caiu, a inflação disparou). 
Para os autores de tradição estruturalista, como Tavares e Serra, essa seria um típica 
crise cíclica relacionada com a conclusão do volumoso conjunto de investimentos do 
Plano de Metas. A economia levaria algum tempo para absorvê-lo, uma vez que a 
própria existência de elevadas capacidades ociosas em vários ramos industriais seria 
um freio para a constituidade dos investimentos. Além disso, houve subestimação da 
capacidade competitiva das empresas já instaladas e superestimação das dimensões 
do mercado nacional (a demanda reprimida que o PSI buscou atender esgotou-se 
rapidamente, em função da renda per capita, da elevada concentração de renda no 
país e da inexistência de mecanismos de financiamento a longo prazo). 
Um outro enfoque estruturalista é apresentado por Celso Furtado nas teses 
estagnacionistas. Segundo Furtado, as dinâmicas das economias capitalistas 
desenvolvidas é determinada pelas inovações tecnológicas e pelo contínuo aumento 
da produtividade do trabalho, que permite atender às reivindicações salariais dos 
trabalhadores e manter a lucratividade dos capitalistas. A industrialização do PSI 
deu-se pela produção de mercadorias semelhantes às originárias dos países 
desenvolvidos, adequadas à combinação dos recursos produtivos e às respectivas 
bases técnicas destes países. O problema dos países subdesenvolvidos era adotar 
tecnologia poupadora de MDO e de alta intensidade de capital, em franco antagonismo 
com o baixo nível de acumulação de capital e com a abundância de MDO dos países 
atrasados. Ou seja, emprega poucos trabalhadores, paga baixos salários e não é 
capaz de criar seu próprio mercado consumidor. As características monopolistas das 
empresas que se instalam na periferia subdesenvolvida, utilizando grandes montantes 
de capital, devido à tecnologia sofisticada e larga escala de produção, cria uma 
tendência de grande capacidade ociosa e a vigência de preços elevados, reforçando a 
concentração de renda. 
Ainda segundo Furtado, a estagnação era esperada pois as classes conservadoras 
mantinham uma estrutura agrária operando com técnicas rudimentares de cultivo, 
provocando a exaustão da fertilidade da terra (altos preços dos produtos, baixo nível 
de vida da população). Tampouco se podia esperar muito da demanda do setor 
agrícola. A ascensão inflacionária corroía o poder aquisitivo dos trabalhadores. Esses 
impasses econômicos só poderiam ser superados por uma radical mudança do poder 
político que permitisse o desenvolvimento de um projeto nacional voltado ao conjunto 
da população. 
Para autores de posições políticas conservadoras, como Mário Henrique Simonsen, o 
início da crise se devia à instabilidade política presente no país a partir da renúncia de 
Jânio Quadros, o que teria desestimulado os investimentos. 
Francisco de Oliveira associou a crise e a queda dos investimentos ao aumento da 
atividade sindical e a política dos trabalhadores que durante todo o período populista 
haviam sido os grandes sustentadores do processo de acumulação industrial ao 
participarem marginalmente dos enormes ganhos de produtividade ocorridos na 
economia brasileira nesse período. Depois, Oliveira desenvolveu uma interpretação 
dessa crise a partir das contradições resultantes de um padrão de acumulação 
baseado na produção de bens de consumo duráveis (departamento II) e as fracas 
bases internas do setor produtor de bens de produção (departamento I), uma vez que 
ambos eram controlados pelo capital estrangeiro. 
Paul Singer ressalta a importância do aspecto política e do papel da inflação no 
processo de concentração de renda e de potencialização da acumulação capitalista. 
Outros autores consideravam como causa do início da crise a política de estabilização 
recessiva do Plano Trienal, baseada em forte contração monetária. 
 
 Que aspectos políticos influenciaram a política econômica durante o período 
1962-67? 
O curto governo de Jânio Quadros teve uma gestão econômica conservadora. Após 
sua renúncia, a posse de João Goulart foi marcada pela instabilidade e pela imposição 
do parlamentarismo, resultado de vetos militares. 
Os gabinetes que se seguiram entre setembro de 1961 e janeiro de 1963, diante do 
quadro de indefinição, não conseguiram implementar qualquer política econômica 
consistente, fazendo com que a inflação disparasse. No final de 1962, meses antes de 
um plebiscito restabelecer o regime presidencialista, Celso Furtado, apontado como 
ministro, apresentou o Plano Trienal, com ações antiinflacionárias ortodoxas. 
Rapidamente, as reivindicações sindicais e políticas da base de apoio do governo se 
impuseram, com a recusa dos assalariadosem suportar novamente o peso do ajuste 
antiinflacionário. Fracassado o plano, Furtado deixa o governo e, a partir de então, o 
acirramento dos conflitos sindicais e políticos, com a desetabilização política interna e 
externa do governo democraticamente eleito, impediu a implementação de qualque 
política de gestão econômica mais articulada. O fim do governo ocorreu com o golpe 
militar de 1964. 
A tomada de poder pelos militares em 1964 pôs fim ao chamado populismo (regimes 
políticos que incorporaram amplas massas urbanas em um processo político de que 
haviam sido excluidas secularmente) no Brasil. Os governos populistas eram acusados 
pelo pensamento econômico conservador de serem excessivamente redistributivistas, 
pois buscavam distribuir uma renda ainda não existente, gerando pressões 
inflacionárias e dificultando o processo de acumulação. 
Ao assumir a direção do país em 1964, com uma postura tecnocrático-modernizante, 
comprometido com a superação das políticas populistas de João Goulart, o regime 
militar, entretanto, manteria um discurso desenvolvimentista, comprometido com a 
retomada do crescimento econômico. 
 
 Explique os objetivos do Plano Trienal de Celso Furtado, de Celso Furtado, os 
instrumentos utilizados para sua implementação e seus resultados: 
Ignácio Rangel e Francisco Oliveira apontaram que o plano de ações antiinflacionárias 
ortodoxo (política de contenção de gastos públicos e de liquidez) pretendido pelo 
Plano Trienal demonstrava as próprias limitações do enfoque estruturalista. A tentativa 
de estabilização fracassou, provocou crescimento negativo do PIB per capita e inflação 
atingiu 83,25%. 
 
 Qual o diagnóstico do PAEG sobre as causas da inflação brasileira? 
O diagnóstico do processo inflacionário brasileiro era embasado na ortodoxia 
monetarista: o excesso de demanda seria causado pela monetização do déficit 
público, pela expansão do crédito a empresas e pelos aumentos salariais superiores 
ao aumento da produtividade. 
 
Quais eram os principais objetivos do PAEG? 
O PAEG mantinha os objetivos básicos do discurso desenvolvimentista: retomada do 
desenvolvimento, via aumento dos investimentos; estabilidade de preços; atenuação 
dos desequilíbrios regionais; e correção dos déficits do balanço de pagamentos. As 
prioridades internas eram o controle da inflação e as externas, a normalização das 
relações com os organismos financeiros internacionais. 
A partir do diagnóstico ortodoxo sobre as causas da inflação, foram implementadas 
ações que buscavam controlar as contas públicas aumentando receitas e reduzindo as 
despesas (política monetária restritiva, com controle de emissão monetária e de 
crédito e, especialmente, uma dura política de contenção salarial). 
 
 Quais foram as principais transformações institucionais efetuadas pelo PAEG? 
A reforma bancária de 1965 criou a estrutura básica do sistema financeiro nacional, 
instituindo o BACEN e o Conselho Monetário Nacional, e permitiu a especialização 
desse sistema com a divisão em financeiras (voltadas ao financiamento dos bens de 
consumo duráveis), bancos comerciais e bancos de investimento. Com a criação das 
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), foi instituida a correção 
monetária, que o possibilitou a convivência com taxas de inflação relativamente altas 
durante muitos anos. A reforma bancária estimulou um movimento de fusões e 
aquisições sem precedentes, com o objetivo de desenvolver um sistema financeiro 
forte e competitivo. 
Foram criados o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e o Banco Nacional da 
Habitação (BNH), que possibilitaram o fomento extraordinário da construção 
habitacional e do saneamento básico, utilizando recursos das cadernetas de poupança 
e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS – que surgiu com o objetivo 
político de se contrapor à estabilidade de emprego, vista pelo patronato como 
inrijecedora das relações trabalhistas). 
A reforma tributária de 1967 criou o sistema tributário ainda hoje vigentem aumentando 
a arrecadação e centralizando-a no governo federal. Além dos impostos, deve-se 
destacar os fundos parafiscais como FGTS, PIS e Pasep (os dois últimos voltados a 
propiciar a participação dos assalariados no lucro das empresas). 
Ao longo dos anos, o governo passou a se financiar por meio da constituição de uma 
dívida pública baseada na ORTN e, posteriormente, em Letras do Tesouro Nacional 
(LTN). Incentivos fiscais deram impulso às exportações. 
 
 Pode-se considerar que o PAEG atingiu seus objetivos? 
A avaliação do PAEG é positiva como programa de estabilização, pois reduziu a 
inflação para a faixa dos 20% a.a. e executou um amplo conjunto de transformações 
institucionais fundamentais para o grande crescimento econômico que se seguiria. 
Algumas críticas, como as formuladas por BACHA, centram-se no diagnóstico da 
inflação erroneamente considerada como de demanda, o que resultou em uma política 
recessiva com altos custos sociais. Outras críticas apontam para o projeto como um 
todo, uma vez que fortaleceu oligopólios e aprofundou a desnacionalização da 
economia, enquanto um regime ditatorial promovia o aumento da exploração da força 
de trabalho, agravando ainda mais a perversa distribuição de renda no país. 
 
Faça um breve apanhado sobre o comportamento da economia mundial no 
pós-guerra: 
Eric Hobsbawm chama o período compreendido entre o pós-guerra e a década de 
1970 de Era de Ouro da economia capitalista, referindo-se ao enorme 
desenvolvimento das economias no período, sobretudo as do Japão, Alemanha, 
Espanha e Taiwan. O fenômeno provocou um intenso crescimento dos fluxos mundiais 
de comércio e de capitais financeiros, possibilitando um salto industrial mesmo em 
alguns países subdesenvolvidos. Inclua-se nesse grupo o Brasil a partir de finais da 
década de 1960. 
 
 Qual foi o diagnóstico do processo inflacionário brasileiro elaborado por Delfim 
Netto, que assumiu a direção da economia em 1967? 
À frente da equipe econômica de seguidos governos militares, Delfim Netto entendia 
que, após o ajuste das contas públicas efetuado pelo PAEG e com os salários 
rigidamente controlados, a inflação passou a apresentar um forte componente de 
custos, decorrentes da grande capacidade ociosa existente e dos altos custos 
financeiros. A solução para a continuidade da queda da inflação seria a retomada do 
crescimento econômico, tendência verificada em toda a economia mundial da época. 
Para isso, era fundamental que se adotasse uma política monetária expansiva e que 
houvesse um grande aumento do crédito ao setor privado, estimulando a produção 
para o mercado interno e externo. 
 
 Que departamentos da economia podem ser considerados responsáveis pelo 
crescimento econômico durante o milagre? 
O novo ciclo de crescimento foi comandado pelos setores produtores de bens de 
consumo duráveis (crescimento de cerca de 23%) e de bens de capital (crescimento 
de cerca de 18%). Ou seja, manteve-se a mesma matriz de crescimento implantada 
durante o Plano de Metas, com aumento na abertura estrutural da economia para o 
exterior. 
O crescimento da indústria de bens de consumo não duráveis manteve-se bem abaixo 
das taxas de crescimento dos outros setores, alcançando “apenas” cerca de 9% ao 
ano. A agricultura cresceu dentro de suas taxas históricas (cerca de 4,5%), depois de 
um crescimento medíocre no período 1961-67 – mas deve-se observar que seu 
crescimento foi maior nas culturas voltadas à exportação, enquanto na produção de 
alimentos básicos o crescimento oscilou na faixa de 2%, o que significa que a 
produção desses alimentos cresceu numa taxa inferior ao crescimento da população, 
diminuindo a disponibilidade média de proteínas por habitante. 
 
 O financiamento externo durante o milagre brasileiro era realmente 
imprescindível? Por quê? 
De acordo com as autoridades econômicas da época, o capital externoque entrou no 
país sob a forma de empréstimos teria sido fundamental no financiamento do 
crescimento, justificando assim a intensificação do endividamento, e mesmo autores 
críticos da orientação da política econômica, como notadamente Paul Singer, admitem 
a importância do capital estrangeiro naquela conjuntura. 
A dívida externa é uma das consequências das relações do país com o resto do 
mundo. Contabilmente, o estoque da dívida externa bruta é o resultado acumulado da 
parcela dos déficits em transações correntes não financiados pelo ingresso de capitais 
de risco ou pela redução das reservas internacionais do país. Os dados da balança 
comercial do Brasil no período considerado (1968-73) mostram que ela está 
rigorosamente equilibrada. 
A única explicação para o extraordinário crescimento da dívida externa ao longo do 
milagre seria de origem financeira: o excesso de liquidez internacional diminuiu 
bastante as taxas de juros, tornando os empréstimos muito atraentes. Ao mesmo 
tempo, o sistema financeiro brasileiro, especialmente no setor privado, nunca se voltou 
para o financiamento produtivo de médio e longo prazo. Portanto, o aumento do 
endividamento ocorreu por causa da captação de recursos do exterior e seu repasse 
para empresas de dentro do país, sem uma necessidade estrita de empréstimos 
externos que financiassem grandes déficits em transações correntes. Segundo Paulo 
Cruz, 
“a economia brasileira foi ‘capturada’, juntamente com outras várias economias, num 
movimento geral do capital financeiro internacional em busca de oportunidades de 
valorização” 
Dois terços do aumento de endividamento total foram convertidos em reservas. 
 
 Como evoluíram os indicadores sociais durante o milagre econômico? 
A questão social foi um dos grandes questionamentos do milagre – o que se dizia era 
que “a economia ia bem, mas o povo ia mal”. O intenso crescimento durante o milagre 
trouxe grandes benefícios para as classes de maior renda, incluindo-se aí a parte da 
classe média assalariada que fornecia os quadros técnicos necessários à gestão da 
economia, como engenheiros, economistas, administradores, analistas de sistemas, 
etc. A renda concentrou-se ainda mais em consequência da diminuição do valor real 
do salário mínimo. A apropriação da renda pelos 50% mais pobres passou de 17% em 
1960 para 15% em 1970, enquanto para os 10% mais ricos, evoluiu de cerca de 40% 
para cerca de 48% no mesmo período. 
Houve certa recuperação do salário mínimo em termos reais até 1973, mas a 
retomada inflacionária a partir de 1974, não captada pelo IGP manipulado, infringiu 
uma nova queda. Entre 1964 e 74, o salário mínimo acumulou perdas de poder 
aquisitivo da ordem de 42%. 
As consequências da política de exclusão social desse período foram dramáticas e 
podem ser sintetizadas no agravamento das condições de saúde da maioria da 
população, que se deteriorou a ponto de ocorrerem epidemias como a de meningite e 
no fato de voltarem a crescer as taxas de mortalidade infantil em todo país. 
Essa forma de crescimento da produção industrial e agrícola, especialmente voltada a 
exportação, foi classificada por Fernando Fajnzylber como “competitividade espúria”, 
pois estava baseada no agravamento das questões sociais a partir da deterioração da 
relação salário/câmbio. Já Rui Mauro Marini e Theotônio dos Santos desenvolveram o 
conceito de “superexploração dos trabalhadores” para explicar esse tipo de 
acumulação, similar ao dos períodos de acumulação primitiva, em que não eram 
respeitados os direiros políticos e sociais das classes trabalhadoras. 
 
Quais eram os limites estruturais do crescimento dependente? 
No ápice do ciclio expansivo, em 1973, um conjunto de contradições decorrentes do 
desenvolvimento se manifestaria. A principal delas foi o enorme aumento de 
importação de bens de produção resultante de uma industrialização em grande 
desproporcionalidade departamental, dado que o Departamento I da economia era 
insuficientemente desenvolvida. 
Isso provocou o surgimento de focos de tensão inflacionária e o reaparecimento de 
déficits comerciais. As pressões inflacionárias foram ainda incrementadas pelos 
aumentos dos salários, que começavam a se recuperar em função do enorme 
aumento da demanda por trabalhadores. Além disso, o grande aumento da agricultura 
para a exportação reduziu a produção de alimentos e matérias-primas para consumo 
interno, gerando pressões adicionais sobre os preços. Com o 1o choque do petróleo 
em 1973, essas tensões inflacionárias se amplificaram ainda mais. 
O peso dos serviços na conta das transações correntes também começou a aumentar, 
em decorrência do aumento de juros no mercado financeiro internacional. Esse déficit 
era coberto com crescente endividamento, com base na avaliação de que as 
turbulências da economia mundial seriam passageiras. 
 
Quais eram os principais objetivos do II PND? 
Empossado em 1974, Geisel tinha o desafio de dar continuidade ao crescimento 
econômico, grande fator de legitimidade do regime militar, uma vez que era o 
diferencial do caso brasileiro, frente aos regimes latinoamericanos, que administravam 
economias estagnadas (como Uruguay e Argentina). A fração militar que assumira a 
presidência tinha um projeto geopolítico de consolidar o país como potência, ainda que 
regional, e de abertura política “lenta, gradual e segura”. 
A continuidade crescimento, no entanto, dependia da superação dos chamados 
“estrangulamentos estruturais” presentes historicamente na economia brasileira. Era 
necessário desenvolver o Departamento I (superando a forte dependência externa do 
país com relação a bens de capital, petróleo, produtos químicos, fertilizantes, etc) e 
enfrentar os aspectos da questão social, principalmente com o incentivo à agricultura 
voltada para a produção de alimentos. 
Elaborado sob a orientação de João Paulo dos Reis Velloso, o II PND foi a mais ampla 
e articulada experiência brasileira de planejamento desde o Plano de Metas. A 
avaliação era de que a crise e os transtornos da economia mundial não eram 
passageiros e que as condições de financiamento eram favoráveis (taxa de juros ​ex 
ante​reduzidas e longo prazo para amortização). Assim, o II PND propunha uma “fuga 
para frente”, assumindo os riscos de aumentar provisoriamente os déficits comerciais e 
a dívida externa, mas construindo uma estrutura industrial avançada que permitiria 
superar conjuntamente a crise e o subdesenvolvimento. 
Tratava-se de uma alternativa ao ajuste recessivo como aconselharia a sabedoria 
econômica tradicional. As prioridades recairiam sobre o setor energético, por meio do 
aumento da prospecção de petróleo e da produção de energia elétrica e nuclear; sobre 
os setores siderúrgico e petroquímico; e sobre a indústria de bens de capital. Para tal, 
o governo contaria com o auxílio de empresas estatais como produtoras e como 
grande mercado para as indústrias do setor privado. O governo federal procuraria 
transferir boa parte dos fundos públicos via BNDE para o financiamento de grandes 
empresas de bens de capital do setor privado nacional. As EMN (empresas 
multinacionais) participariam do projeto agora como coadjuvantes das empresas 
nacionais, pois não estavam interessadas em realizar grandes investimentos numa 
conjuntura de grandes incertezas no mundo todo. 
 
 Os financiamentos externos tiveram grande importância durante o II PND? 
Houve uma grande participação de empréstimos externos de financiamento dos 
programas de investimento. No período, houve intenso debate sobre a reciclagem de 
divisas auferidas pelos países exportadores de petróleo (petrodólares) e que passaram 
a apresentar grandes superávits em suas contas externas. Mesmo a proposta de fazer 
esta reciclagem sobre a supervisão do FMI não teve apoio, tal que a reciclagem se 
deu pelos bancos privados (a discussão só foi retomada a partir da crise das dívidasna década de 1980). 
Quem ocupava o centro do palco da industrialização brasileira nesse momento eram 
as grandes empresas estatais (Petrobras, Eletrobras, Embratel, etc). Essas empresas 
estavam impedidas de recorrer ao crédito interno por determinação governamental, só 
tinha acesso ao crédito internacional. Com seus imensos ativos, eram o mercado ideal 
para o sistema financeiro internacional, já que havia grande liquidez num momento 
adverso da economia. O governo brasileiro e suas estatais passaram a ser 
praticamente os únicos grandes tomadores de recursos do mundo. 
Os recursos entrariam para financiar nossos déficits em transações correntes, 
causados por sua vez pelo aumento dos déficits das balanças comercial e de serviços. 
A deficiência desse tipo de financiamento está no fato de que os empréstimos eram 
concedidos a taxas de juros flutuantes, em uma economia mundial em que já não se 
efetuavam taxas de juros reais praticamente negativas da década de 60. 
 
 Quais foram os limites e as contradições do II PND? 
Segundo Lessa, o II PND era impossível de ser implantado em função de seu 
gigantismo e da crise econômica mundial, uma vez que se tratava de um verdadeiro 
projeto de Nação-Potência, não apoiado pelas bases sociais de sustentação do regime 
militar. Já para Antonio Barros de Castro, os grandes projetos do II PND, por sua 
complexidade e longo prazo de maturação, teriam começado a produzir resultados 
visíveis somente a partir de 1983 e 84. 
Politicamente, o II PND sofreu fortes ataques da imprensa conservadora que 
desencadeou uma ampla campanha contra o que chamavam de estatização da 
economia. Os grandes empresários, mesmo que sócios estratégicos do plano, 
passaram à oposição ao regime. Após a conclusão da instalação de vultuosas plantas 
industriais com financiamentos subsidiados pelo governo, refreou-se o ritmo de 
implementação do Plano e transferiu-se parte das prometidas encomendas de bens de 
capital para o mercado externo, aproveitando-se os financiamentos dos fornecedores 
(​suppliers’ credits​). Essa nova posição política do setor de bens de capital, engrossou 
o coro da oposição empresarial que, em 1978 lançaram o I Manifesto dos Empresários 
com críticas a política econômica. 
Para José Luis Fiori, tratou-se de mais uma tentativa prussiana rejeitada de afirmação 
de um projeto nacional. Para Castro, a continuação do crescimento na forma do II PND 
foi feita em “em marcha forçada”. 
A política econômica do Governo Geisel manteve o crescimento, embora em taxas 
mais modestas. A onda de investimentos, entretanto, refletiu-se em déficit em 
transações correntes e em crescimento da inflação, o que levou às autoridades 
econômicas a optar pela diminuição das taxas de crescimento industrial. A 
desaceleração da implantação do II PND adiou o início dos grandes projetos. A partir 
de 1983, contudo, seus resultados apareceram na forma de um superávit comercial de 
US$ 6,5 bilhões, que atingiram US$ 13 bilhões em 1984. O debate na época girou em 
torno da polêmica se esses resultados se deviam à maturação do II PND ou ao ajuste 
recessivo promovido por Delfim Netto no biênio 1981-83.

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