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Parasitologia Humana HELMINTOS Filo Platelmintos (“plati” significa plano; helminto significa verme) são divididos em duas classes: Cestódas (tênias) e Trematoda (fascíolas). Tênias pertencem a classe Cestóda. Essa compreende um interessante grupo de parasitos, hermafroditas, de tamanhos variados, encontrados em animais vertebrados. Apresentam o corpo achatado dorsoventralmente, são providos de órgãos de adesão na extremidade mais estreita, a anterior, sem cavidade geral, e sem sistema digestório. HELMINTOS Os cestódeos mais frequentemente encontrados parasitando os humanos pertencem a família Taenidae, na qual são destacadas Taenia solium e T. saginata. Essas espécies, popularmente conhecidas como solitárias, são responsáveis pelo complexo teníase-cisticercose, que pode ser definido como um conjunto de alterações patológicas causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros. HELMINTOS Didaticamente, a teníase e a cisticercose são duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie, porém com fase de vida diferente. A teníase é uma alteração provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da T. saginata no intestino delgado do hospedeiro definitivo, os humanos; já a cisticercose é a alteração provocada pela presença da larva (vulgarmente denominada canjiquinha) nos tecidos de hospedeiros intermediários normais, respectivamente suínos e bovinos. Em 1697, Malpighi verificou que o agente da canjiquinha, ladrária ou pedra, era um verme. Werner, em 1786, e Goeze, em 1789, verificaram que as formas encontradas nos suínos e nos humanos eram idênticas. Em 1758, Linnaeus descreveu T. solium e T. saginata. HELMINTOS Didaticamente, a teníase e a cisticercose são duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie, porém com fase de vida diferente. Essas patologias são conhecidas desde a Antiguidade pensando-se, durante muito tempo, que eram causadas por fenômenos ou espécies diferentes. Daí os nomes específicos para a forma adulta e para a forma larvária. Em 1800, Zeder cria o gênero Cysticercus para o agente da canjiquinha e, finalmente, Kuchenmeister, em 1885, fazendo infecções em humanos e em suínos, demonstrou que o cisticerco dos suínos originava o verme adulto nos humanos. TENÍASE E CISTICERCOSE Na teníase, como em outras parasitoses intestinais humanas, observam-se manifestações generalizadas do aparelho digestório, nervoso, deficiências nutricionais e, algumas vezes, mudanças comportamentais; a pesquisa do parasito pode ser dificultada pela utilização de técnicas inadequadas. DIAGNÓSTICO ANIMAL NO ABATE. 6 TENÍASE E CISTICERCOSE As técnicas sorológicas e por imagens, ainda não representam a realidade da cisticercose, sobretudo porque são tecnologias caras, o que limita a utilização na população carente e, finalmente, a falta da obrigatoriedade de notificação do complexo teníase-cisticercose pelos órgãos responsáveis. Embora o Ministério da Saúde recomende (Portaria 1.100 de 24/05/1996) a implementação da notificação do complexo teníase-cisticercose, apenas os Estados de Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul e a localidade de Ribeirão Preto (SP) implantaram programas de combate e controle desse complexo. 7 TENÍASE E CISTICERCOSE Agapejev (2003), com objetivo de mostrar as características da neurocisticercose humana no Brasil, realizou análise crítica após extensa revisão da literatura nacional abrangendo o período de 1915 a 2002, relatando a incidência de 1,5% nas necropsias, 2,3% em estudos soro epidemiológicos, 3,0% nos estudos clínicos, correspondendo a 0,3% das admissões em hospitais gerais. O estudo revelou que a letalidade gira em tomo de 15% e que na população psiquiátrica a incidência de neurocisticercose é cinco vezes mais elevada que na população geral. . T. saginata e T. solium Corpo achatado, dorsoventralmente em forma de fita, dividido em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo. São de cor branca leitosa com a extremidade anterior bastante afilada de difícil visualização MORFOLOGIA T. saginata e T. solium MORFOLOGIA T. saginata e T. solium MORFOLOGIA: ESCÓLEX Funciona como órgão de fixação à mucosa do intestino. Apresenta quatro ventosas formadas de tecido muscular, arredondadas e proeminentes. A T. solium possui o escólex globuloso com um rostelo ou rostro situado em posição central, entre as ventosas, armado com dupla fileira de acúleos, 25 a 50, em formato de foice. A T. saginata tem o escólex igual, sem rostelo e acúleos. T. saginata e T. solium MORFOLOGIA: COLO Porção mais delgada do corpo onde as células do parênquima estão em intensa atividade de multiplicação, é a zona de crescimento do parasito ou de formação das proglotes. T. saginata e T. solium T. saginata e T. solium MORFOLOGIA: ESTRÓBILO É o restante do corpo do parasito. Inicia-se logo após o colo, observando-se diferenciação, que permite o reconhecimento de órgãos internos, ou da segmentação do estróbilo. Cada segmento formado denomina-se proglóte ou anel, podendo ter de 800 a 1.000 e atingir 3 metros na T. solium, ou mais de 1.000 proglótes, atingindo até 8 metros na T: saginata. A estrobilização é progressiva, ou seja, a medida que cresce o colo, vai ocorrendo a delimitação das proglótes e cada uma delas inicia a formação dos seus órgãos. Assim, quanto mais afastado do escólex, mais evoluídas são as proglótes. T. saginata e T. solium MORFOLOGIA: PROGLÓTES As proglótes grávidas, são mais compridas do que largas e internamente os órgãos reprodutores vão sofrendo involução enquanto o útero se ramifica cada vez mais, ficando repleto de ovos. A proglote grávida de T. solium é quadrangular, e o útero formado por 12 pares de ramificações do tipo dendrítico, contendo até 80 mil ovos, enquanto a de T. saginata é retangular, apresentando no máximo 26 ramificações uterinas do tipo dicotômico, contendo até 160 mil ovos. Entretanto, apenas 50% dos ovos são maduros e férteis T. saginata e T. solium MORFOLOGIA: OVOS Ovos: medem de 30 a 40 mm de diâmetro. São esféricos e constituídos pelo embrióforo (membrana radiada) e pelo embrião hexacanto com 6 acúleos. T. saginata e T. solium MORFOLOGIA - CISTICERCO É constituído de uma vesícula translúcida com líquido claro, contendo invaginado no seu interior um escólex. A parede da vesícula dos cisticercos é composta por três membranas: cuticular ou externa, uma celular ou intermediária e uma reticular ou interna. Estas larvas podem atingir até 12 mm de comprimento, após quatro meses de infecção. T. saginata e T. solium MORFOLOGIA - CISTICERCO Estágio granular calcificado: o cisticerco apresenta-se calcificado e de tamanho bastante reduzido. No sistema nervoso central humano, o cisticerco pode se manter viável por vários anos. Durante este tempo, observam-se modificações anatômicas e fisiológicas até a completa calcificação da larva: Estágio vesicular: o cisticerco apresenta membrana vesicular delgada e transparente, líquido vesicular incolor e hialino e escólex normal; pode permanecer ativo por tempo indeterminado ou iniciar processo degenerativo a partir da resposta imunológica do hospedeiro. Estágio coloidal: líquido vesicular turvo (gel esbranquiçado) e escólex em degeneração alcalina. Estágio granular: membrana espessa, gel vesicular apresenta deposição de cálcio e o escólex é uma estrutura mineralizada de aspecto granular. T. saginata e T. solium CICLO DE VIDA T. saginata e T. solium As teníases humanas Dores abdominais fugazes Período de incubação 2 a 3 meses. Dor epigástrica, (dor de fome). Simula a dor de úlcera duodenal, melhorando com a ingestão de alimentos. Inapetência Perda de peso Apetite aumentado T. saginata e T. solium As teníases humanas Eosinofilia (entre 5 e 35%) costuma estar presente. Pode haver apendicite, por penetração do parasito no apêndice, ou obstrução intestinal pela massa total datênia. Astenia e perda de peso Dor abdominal, náuseas Cefaleia, vertigens, constipação intestinal Diarreia e prurido anal ASTENIA DIMINUIÇÃO FORÇA FÍSICA 21 Estima-se que 50 milhões de indivíduos estejam infectados pelo complexo teníase/cisticercose no mundo e que 50.000 morrem a cada ano. Cerca de 350.000 pessoas encontram-se infectadas na América Latina. Em Ribeirão Preto, no Brasil, diagnosticou-se a neurocisticercose em 7,5% dos pacientes admitidos em enfermaria de neurologia. As manifestações clínicas incluem crises epilépticas, hipertensão intracraniana, meningite cisticercótica, distúrbios psíquicos, forma apoplética ou endarterítica e síndrome medular. A gravidade da doença pode ser ajuizada pela sua letalidade que varia de 16,4% a 25,9%. O diagnóstico de neurocisticercose baseia-se na análise dos exames de neuroimagem (tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética) e no exame do líquido cefalorraquiano. Recomenda-se, atualmente, o albendazol como o medicamento de primeira escolha no tratamento da doença, geralmente em associação com corticoesteróides. Os autores defendem a notificação compulsória e medidas preventivas no controle da parasitose. No Brasil, na ausência de programa nacional de controle, os projetos de prevenção constituem iniciativas regionais, tendo como lema o alerta da OMS: "Pense globalmente, atue localmente". T. saginata e T. solium As teníases humanas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Print version ISSN 0037-8682On-line version ISSN 1678-9849 Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.34 no.3 Uberaba May/June 2001 A gravidade da Taenia solium está em poder o homem tornar-se ocasionalmente o hospedeiro de sua forma larvária – o cisticerco – que determina os quadros clínicos da doença denominada cisticercose humana. Donde a necessidade de um diagnóstico rápido da espécie de tênia que parasita um paciente e de seu tratamento imediato. ********* Não há cisticercose humana atribuível à Taenia saginata. T. saginata e T. solium As teníases humanas Devido a seus hábitos coprófilos, os porcos costumam infectar-se maciçamente ao ingerir as proglotes desta tênia. Os cisticercos que se formam nos tecidos do deste animal são um pouco maiores que os da T. saginata (pois medem de 5 a 20 mm) e após 60 a 75 dias já são infectantes para o homem. Os cisticercos podem manter-se viáveis, no porco, por muitos anos. T. saginata e T. solium Ciclo da Taenia solium A cisticercose humana é o resultado da infecção de certos indivíduos pelas formas larvárias da tênia do porco ou Taenia solium. As proglotes grávidas dessa tênia (1) contêm, cada uma, 30 a 50 mil ovos já embrionados (2), isto é, com oncosferas formadas. Os pacientes parasitados eliminam quase todos os dias pequenos segmentos do estróbilo com 3 a 6 proglotes, por ocasião das evacuações. T. saginata e T. solium Cisticercose 1 2 A condição para que os ovos eclodam é sua passagem pelo estômago e duodeno, onde agem os sucos digestivos e a bile, o que sucede normalmente no porco. Quando isso se dá no homem, a oncosfera liberada e ativada invade a mucosa intestinal e penetra na circulação, indo localizar-se em algum tecido do organismo. Ela se transforma então em cisticerco. T. saginata e T. solium Cisticercose T. saginata e T. solium Cisticercose Muscular ou Subcutânea T. saginata e T. solium Cisticercose Cardíaca T. saginata e T. solium Cisticercose das Glândulas Mamárias T. saginata e T. solium Cisticercose Ocular T. saginata e T. solium Cisticercose no Sistema Nervoso Central T. saginata e T. solium PROFILAXIA Prevenção da auto-infecção e da hétero-infecção com ovos da Taenia solium. De acordo com os relatórios da OPAS/OMS, a teníase é uma doença infecciosa potencialmente erradicável A profilaxia da cisticercose humana é essencialmente a da prevenção e do controle das teníases. Os portadores de infecção por Taenia solium e todos os casos suspeitos devem ter seu diagnóstico assegurado o mais cedo possível. Eles devem ser tratados imediatamente com algum dos tenicidas. T. saginata e T. solium PROFILAXIA A higiene pessoal é muito importante. Lembrar que as mãos sujas dos portadores de teníase e certas práticas sexuais (como sodomia e felação) podem levar à ingestão de ovos de Taenia solium e causar cisticercose no portador da teníase ou em seus próximos. A educação sanitária deve alertar as pessoas para o perigo de consumir carne crua ou mal cozida, assim como a carne que não passou pelo controle sanitário. E ensinar às pessoas como reconhecer a eliminação de proglotes.
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