Buscar

22.07.2017 MAICOL COELHO MATERIAL DPM PARTE GERAL SDPMDF (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
1 
 
maicolcoelho@gmail.com 
EDITAL DO CONCURSO DE SOLDADO PMDF. 
DIREITO PENAL MILITAR: 1- Aplicação da lei penal militar. 2- Do 
Crime. 3- da imputabilidade Penal. 4 Concurso de agentes. 5 Das 
penas principais. 6 Das Penas acessórias. 7 Efeitos da condenação. 8 
Ação penal. 9 Extinção da punibilidade. 10 Dos crimes militares em 
tempo de paz. Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar. Dos 
crimes contra o serviço e o dever militar. Dos crimes contra a 
Administração Militar. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR 
1- Fórmula para descobrir o crime militar: 
Olá? Tudo bem? Tenho certeza que os senhores e 
senhoras vão se apaixonar por essa disciplina que é muito fácil e 
empolgante e se parece muito com o direito penal e processo penal 
comum. Vamos estudar essas disciplinas de uma forma simples, pois 
sabemos que o direito guarda muitos entendimentos doutrinários e 
jurisprudenciais, assim, vamos buscar ser o mais objetivo possível e 
somente em alguns casos vamos mencionar a divergência doutrinária 
e jurisprudencial. 
Antes de começar a tratar sobre o aspecto legal, 
presente no código penal militar e no código de processo penal militar, 
vale a pena ressaltar a existência de uma fórmula, idealizada pelo 
doutrinador e estudioso Cícero Robson, para descobrir o crime militar, 
onde depois de obter a resposta às três perguntas que são feitas ao 
fato, e sendo essas respostas, 1) sim, 2) sim e 3) sim, o fato será 
considerado como crime militar, mas se tiver um não o fato não será 
considerado como crime militar. 
Quem é o Cícero Robson? Cícero Robson Coimbra 
Neves é um doutrinador do Estado de São Paulo que já foi capitão da 
Polícia Militar do Estado de São Paulo e atualmente é Promotor de 
Justiça do estado do Paraná. 
Agora meus alunos, vamos às perguntas da fórmula: 
Pergunta 01: O fato está previsto como crime no 
Código Penal Militar? 
Pergunta 02: O fato está previsto no artigo 9º do 
Código Penal Militar, se o crime foi praticado em tempo de paz, ou 
no artigo 10 do Código Penal Militar, se o crime foi praticado em 
tempo de guerra? 
Pergunta 03: O autor do fato pode ser julgado pela 
justiça militar estadual ou justiça militar federal. 
Observação: Depois de ter a resposta às 03 perguntas 
da fórmula, deve ser feita a análise do artigo 9º, parágrafo único, do 
código penal militar, exceção, em que o fato deixa de ser considerado 
como crime militar, vide código anexo. 
Espero que com essa análise geral e rápida, os senhores estejam 
empolgados para o próximo passo, que será o estudo da 1ª pergunta. 
2) Estudo da primeira pergunta: “O fato está previsto 
como crime no código penal militar?” 
De acordo com a Constituição Federal de 1988, artigo 
124, “Compete à justiça militar processar e julgar os crimes militares 
definidos em lei”. A Constituição Federal recepcionou o código penal 
militar de 1969. 
Assim, a lei que a Constituição Federal de 1988 se refere 
é o código penal militar. O crime militar é previsto no código penal 
militar, decreto-lei 1.001 de 1.969. O código penal militar se divide em 
parte geral e parte especial. A parte geral trata sobre assuntos como o 
conceito de superior, conceito de militar, o crime doloso e culposo, 
sobre os crimes praticados em tempo de paz, crimes praticados em 
tempo de guerra, tempo do crime, lugar do crime, entre outros 
assuntos. 
O critério adotado no código penal militar para a 
caracterização do crime militar, como regra geral, foi o critério em 
razão da lei, ratione legis, assim considera-se crime militar os fatos que 
estiverem definidos no código penal militar. Então, não foram adotados 
pelo direito penal militar brasileiro, como regra, os critérios: 
a) Em razão da pessoa, “ratione persona”; 
b) Em razão da matéria, “ratione materie”; 
c) Em razão do lugar, “ratione loci”; 
Observação: Vale Ressaltar que depois que o crime militar se encontra 
definido no código penal militar, adequando-se a regra do critério 
“ratione legis”, o código penal militar pode adotar como, exceção, para 
a caracterização do crime militar, o critério em razão da pessoa, 
exemplo, Art. 9º inciso II, alínea “a”, do CPM, como também pode 
adotar como exceção o critério em razão do lugar, art. 9º inciso II, 
alínea “b”, como também o critério em razão da matéria, art. 9º inciso 
III, do código penal militar. 
Exemplo: Um PM de ativa subtrai um aparelho celular do seu amigo, 
que é PM da ativa. 
1) ”Ratione Legis”: O crime de furto está previsto no código penal 
castrense. E depois: 
2) ”Ratione persona”: Está previsto na lei essa possibilidade do crime 
militar, quando cometido por Militar da ativa contra militar da ativa, 
artigo 9º, inciso II alínea “a”. 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
2 
 
Meus alunos, para entender a primeira pergunta é 
importante uma rápida visualização do código penal militar, 
especificamente na parte especial do código, dos crimes militares em 
tempo de paz, dos artigos 136 ao 354. Não será tema do nosso estudo 
os crimes militares em tempo de guerra. Vale a pena ressaltar alguns 
fatos que não estão previstos no código penal militar, portanto não 
poderão ser considerados como crime militar. 
As seguintes condutas não são crimes militares, pois não 
estão previstas no código penal militar: 
 Abuso de autoridade, só está definido na lei 4.898 de 1965: 
Exemplo: Se um policial militar, de serviço, praticar um abuso 
de autoridade, limitando o direito de ir e vir de uma pessoa, 
sem autorização legal, não será considerado como crime 
militar de abuso de autoridade, porque não tem previsão no 
código penal militar. 
 Tortura, só está definida na lei 9.457 de 1997. Se um policial 
militar, de serviço, constranger alguém mediante violência, 
com intuito de obter uma confissão sobre ocorrido, não será 
caracterizado como crime militar, porque não está previsto no 
código penal militar. 
 Crime de disparo de arma de fogo em via pública, ou qualquer 
crime do estatuto do desarmamento, só estão definidos na lei 
10.826 de 2.003. Exemplo: Se um policial militar dentro do 
quartel disparar sua arma de fogo para o alto, o fato apesar de 
ser praticado por militar de serviço, dentro do quartel, com 
armamento militar, não será crime militar, porque a conduta 
não tem previsão no código penal militar. 
 Crimes ambientais, estão definidos na lei ambiental, lei 9.605 
de 1998. Se um PM, dentro do quartel, matar o melhor cavalo 
do regimento de polícia militar montada, não será considerado 
como crime militar, porque não tem definição no código penal 
militar. 
 Aborto, só está definido no código penal comum. Exemplo: Se 
uma policial militar feminina com auxílio de um tenente policial 
militar, médico, em concurso de pessoas, realizar um aborto 
em local sujeito à administração militar, o fato não será 
considerado como crime militar, porque não existe previsão no 
código penal militar, mas será o fato definido como crime 
comum. 
 Infanticídio, só está definido no código penal comum. 
 Assédio sexual, só está definido no código penal comum. 
Exemplo: Se o policial militar Setembrino constranger a 
policial militar feminina a sair com ele para um motel, sob 
pena de caso não aceite, prejudicá-la funcionalmente, assim o 
fato não será considerado como crime militar, porque não tem 
previsão no C.P.M. 
 Contravenções penais, estão definidas na L.C.P (Leis de 
Contravenções Penais), decreto-lei 3.688 de 1941e outras 
leis. Exemplos: Policial Militar que faz apontamentos do jogo 
do bicho com outros Pms, dentro do quartel, não será crime 
militar, mas contravenção penal. 
Todas às vezes que os senhores se depararem com um 
fato, e tiver dúvida em saber se o crime é militar ou comum, o primeiro 
passo é saber se a conduta está definida no código penal militar. 
Exemplo 1: Policial Militar, em local sujeito a 
administração militar, quartel, dispara sua arma de fogo para o alto. 
Analisando a 1ª pergunta da fórmula, observa-se que 
essa conduta não está definida no código penal militar, portanto, 
simplesmente, o fato não é crime militar, mas sim crime comum, pois 
tem definição no Estatuto do desarmamento. 
Exemplo 2: Policial Militar ameaça, verbalmente, outro 
policial militar. 
Analisando a 1ª pergunta da fórmula, observa-se que 
essa conduta está definida no código penal militar, art. 223, crime 
militar de ameaça, vide códex, portanto, pode ser que o fato seja 
considerado como crime militar, falta somente analisar a 2ª e 3ª 
pergunta da fórmula, e se a resposta for sim, sim e sim o fato será 
considerado como crime militar. Para saber se o fato é crime militar, 
precisamos estudar as outras perguntas da fórmula. 
Exemplo 3: Policial militar de serviço, dolosamente, 
mediante violência, dá tapa na mão de um civil que estava filmando a 
abordagem policial com um aparelho celular, vindo ao chão o aparelho. 
Analisando a 1ª pergunta da fórmula, observa-se que 
essa conduta está definida no código penal militar, art. 222, vide códex, 
crime militar de constrangimento ilegal, portanto, pode ser que o fato 
seja considerado como crime militar, falta somente analisar a 2ª e 3ª 
pergunta da fórmula, e se a resposta for sim, sim e sim o fato será 
considerado como crime militar. Para saber se o fato é crime militar, 
precisamos estudar as outras perguntas da fórmula. 
Exercícios: 
1) Policial militar, da ativa, vendeu sua arma particular, revólver 
calibre .38, em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para outro policial militar, da ativa, pode-se 
afirmar que eles cometeram o crime militar de porte ilegal de 
arma de fogo de uso permitido. 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
3 
 
 
a) ( ) certa b) ( ) errada 
2) Os crimes militares estão definidos no código penal militar. 
a) ( ) certa b) ( ) errada 
3) Todo crime que for cometido por militar, mesmo sem ter 
previsão no código penal militar, será considerado como crime 
militar, pelo critério em razão da pessoa, ratione persone. 
a) ( ) certa b) ( ) errada 
4) Todo crime que for cometido em local sujeito à administração 
militar será considerado como crime militar, em razão do 
critério do lugar, ratione loci. 
a) ( ) certa b) ( ) errada 
5) Todo crime que envolver assunto militar será considerado 
como crime militar, em razão da matéria, ratione materie. 
a) ( ) certa b) ( ) errada 
6) Os crimes militares estão definidos no código penal comum e 
também em outras leis como os regulamentos disciplinares. 
a) ( ) certa b) ( ) errada 
7) O código penal militar não é a única lei que trata sobre os 
crimes militares, pois o código penal comum também define 
crime militar. 
a) ( ) certa b) ( ) errada 
 
8) Os delitos previstos no CPM, praticados entre militares e 
contra superior, exigem o conhecimento da condição de 
superior por parte do subordinado. Nesse caso o sujeito ativo 
deve manifestar o dolo de atuar contra a autoridade militar, 
portanto, a necessidade de conhecer que a vítima é seu 
superior hierárquico. 
 
3) Estudo da 2ª Pergunta da Fórmula: “O fato está 
enquadrado em algumas das hipóteses do artigo 9º, 
do Código Penal Militar ? 
O artigo 9º do código penal militar trata sobre os crimes 
militares em tempo de paz e é um dos principais artigos do código 
penal militar, uma vez que traz quais as hipóteses de incidência ou de 
enquadramento do crime militar praticado em tempo de paz. 
O artigo 9º divide-se em 03 (três) incisos e um parágrafo: 
Art. 9º, Crimes militares em tempo de paz: 
Art. 9º, Inciso I: Crimes militares previstos somente no C.P.M ou 
previstos de forma diversa na legislação penal 
comum. 
Art. 9º, Inciso II: Hipóteses dos crimes militares previstos no C.P.M 
e na Leg. Penal comum. 
Art. 9º, Inciso 
III: 
Hipóteses dos crimes militares cometidos pelo 
militar Inativo e pelo civil, contra as instituições 
militares federais. 
Art. 9º, 
Parágrafo 
único: 
Exceção que não configura crime militar, quando o 
autor militar praticar um crime doloso contra à vida 
de civil. 
 Vamos lá senhores! Estudar o Artigo 9º, do código penal 
militar. 
CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I - os crimes de que trata este código, quando definidos de modo 
diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o 
agente, salvo disposição especial; 
 
Comentário: veja que o código penal militar define o crime militar, 
quando diz: “considera-se crime militar.” 
Logo, vem o inciso I, trazendo as hipóteses de incidência, vejamos: 
 
 
A) O inciso I, do artigo 9º, primeira parte: Trata de crimes 
militares que estão definidos no código penal militar e têm 
correspondente na legislação penal comum, porém definidos 
de modo diferente, no que tange a natureza da conduta: 
 
CÓDIGO PENAL MILITAR CÓDIGO PENAL COMUM 
Crime militar de desacato a 
militar, art. 299. 
“Art. 299. Desacatar militar 
no exercício de função de 
natureza militar ou em 
razão dela”. 
Pena: detenção, de seis 
meses a dois anos, se o 
fato não constitui outro 
crime. 
Previsão no código penal do 
crime de desacato, art. 331. 
“Art. 331. Desacatar funcionário 
público no exercício da função ou 
em razão dela. 
Pena: Detenção, de seis meses a 
dois anos, ou multa. 
 
Crime militar de omissão 
de socorro, art. 201. 
Art. 201. Deixar o 
comandante de socorrer, 
sem justa causa, navio de 
guerra mercante, nacional 
ou estrangeiro, ou 
aeronave, em perigo, ou 
náufragos que hajam 
pedido socorro: 
Pena: Suspensão do 
exercício do posto, de um 
a três anos ou reforma. 
 
Previsão no código penal do 
crime de omissão de socorro art. 
135. 
Art. 135. Deixar de prestar 
assistência, quando possível fazê-
lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à 
pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparo ou em grave e 
iminente perigo; ou não pedir, 
nesses casos, o socorro da 
autoridade pública: 
Pena: Detenção, de um a seis 
meses, ou multa. 
 
Importante ressaltar que a natureza do crime é diferente, 
apesar de possuírem semelhanças, no nome jurídico da conduta 
criminosa. 
 
O inciso I, do artigo 9º, segunda parte, trata de crimes 
militares que estão definidos no código penal militar e não têm 
correspondente na legislação penal comum: 
 
CÓDIGO PENAL MILITAR CÓDIGO PENAL COMUM 
Crime militar de motim, art. 
149. 
Não existe previsão no código 
penal. 
Crime militar de desrespeito 
a superior, art. 160. 
Não existe previsão no código 
penal. 
Crime militar de abandono 
de posto, art. 195. 
Não existe previsão no código 
penal. 
Crime militar de deserção, 
art. 187. 
Não existe previsão no código 
penal. 
Crime militar de embriaguez 
em serviço, art. 202. 
Não existe previsão no código 
penal. 
Crime militar de Recusa de 
obediência, art. 163. 
Não existe previsão no código 
penal. 
Crime militar de 
descumprimento de missão, 
Não existe previsão no código 
penal. 
 DIREITO PENAL MILITARProfº MAICOL COELHO LOURENÇO 
4 
 
art. 196. 
Crime militar de violência 
contra superior, art. 157. 
Não existe previsão no código 
penal. 
Crime militar de furto de 
uso, art. 241. 
Não existe previsão no código 
penal. 
 
A identificação desse crime militar é mais simples e de fácil 
constatação, uma vez que não gera dúvida ao intérprete, por não 
existir figura semelhante na legislação penal comum, ausente o conflito 
aparente de normas. 
 
O artigo 9º, inciso II, do código penal militar, trata sobre 
crimes que estão previstos nas duas legislações: 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em 
tempo de paz: 
II- os crimes previstos neste código, 
embora também o sejam com igual 
definição na lei penal comum, quando 
praticados: 
 
CÓDIGO PENAL 
MILITAR 
CÓDIGO PENAL 
COMUM 
Homicídio, art. 205. Homicídio, art. 121. 
Furto simples, art. 240. Furto simples, art. 155. 
Ameaça, art. 223. Ameaça, art. 147. 
Calúnia, art. 214. Calúnia, art. 138. 
Lesão corporal, art. 209. Lesão corporal, art. 129. 
Difamação, art. 215. Difamação, art. 139. 
Injúria, art. 216. Injúria, art. 140. 
Constrangimento ilegal, 
art. 222. 
Constrangimento ilegal, 
art. 146. 
Roubo, art. 242. Roubo, art. 157. 
Apropriação indébita 
simples, art. 248. 
Apropriação indébita 
simples, art. 168. 
Estelionato, art. 251. Estelionato, art. 171. 
Extorsão mediante 
sequestro, art. 244. 
Extorsão mediante 
sequestro, art. 159. 
 
 
Ao se deparar com uma situação de crime que tem definição 
na legislação penal comum e no código penal militar, o intérprete tem 
dúvida em qual enquadramento ser o mais correto. Esse fato 
denomina-se no direito penal e penal militar, como conflito aparente de 
normas: 
O Conflito aparente de normas penais ocorre quando há 
duas ou mais normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato. 
Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma pretende 
regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma é aplicada 
à hipótese. Existem princípios para solucionar esse conflito e evitar o 
“bis in idem”, e o que nós vamos usar para solucionar esse conflito 
aparente de normas será o princípio da especialidade, que traz que a 
norma especial deverá prevalecer sobre a geral. 
Para identificar se o crime é militar ou crime comum, de 
acordo com o princípio da especialidade, o fato será considerado um 
crime militar, quando a conduta se enquadrar em uma das situações 
elencadas nas alíneas que se seguem: 
 CPM = CP. COMUM 
É necessário que o delito comum aos dois códigos se 
enquadre em uma das situações que se seguem, para que seja 
caracterizado o crime militar. 
Esse dispositivo busca evitar um conflito aparente de 
normas, esclarecendo qual o diploma legal que deve ser aplicado no 
caso concreto. 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em 
tempo de paz: 
II- os crimes previstos neste código, 
embora também o sejam com igual 
definição na lei penal comum, quando 
praticados: 
 
 
1ª POSSIBILIDADE DO CRIME MILITAR, PREVISTO NO 
C.P.M E NA LEGISLAÇÃO PENAL COMUM: 
Art. 9º Inciso II, alínea a: “Por militar em situação de atividade ou 
assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado”; 
 
NOTA: O termo assemelhado não tem mais validade, pois não foi 
recepcionado pela constituição federal de 1988. 
 
Sujeito Ativo X Sujeito Passivo 
Militar da Ativa X Militar da Ativa 
 SÓ vale para militares da mesma esfera, ainda que 
de Estados diferentes. 
Sujeito Ativo X Sujeito Passivo 
MILITAR ESTADUAL X MILITAR ESTADUAL 
MILITAR FEDERAL X MILITAR FEDERAL 
 
Exemplo 1: Policial militar, da ativa, mata outro policial militar, 
da ativa, após uma discussão dentro do quartel. 
Exemplo 2: Policial militar, da ativa, subtrai um aparelho 
celular do colega policial militar da ativa. 
Exemplo 3: Policial militar do Goiás, da ativa, pratica uma 
lesão corporal em policial militar da PMDF, da ativa, após uma 
discussão, em clube da cidade de Caldas Novas. 
Exemplo 4: Policial militar, da ativa, pratica crime militar de 
calúnia contra policial militar, da ativa, através da rede Whatsap, em 
grupo do aplicativo, da turma de soldado. 
Observação: Nessa hipótese, não é necessária que o crime 
ocorra em local sujeito à administração militar, exemplo, quartel. 
Observação: De acordo com o código penal militar, não é 
necessário que o militar tenha conhecimento prévio da condição do 
outro ser militar, esse também é o entendimento da maioria dos 
tribunais da justiça militar, como também do STM, Superior Tribunal 
Militar, porém o Supremo Tribunal Federal, tem precedentes em que 
entende que para existência do crime militar que esteja nas duas 
legislações é necessário o conhecimento prévio ou anterior da 
condição de militar do outro militar da ativa, no caso do art. 9º inciso II, 
alínea “a” do C.P.M. 
Exemplo dessa decisão que só gera efeito entre as partes, ou 
seja, “inter partes”, porém é um precedente. Julgado de Habeas 
Corpus, HC 99.541 do Rio de Janeiro, STF: “Lesão corporal grave 
(C.P.M, art. 209 § 1º) Crime praticado por militar contra militar em 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
5 
 
contexto em que os envolvidos não conheciam a situação funcional de 
cada qual. Não estavam uniformizados e dirigiam carros 
descaracterizados, hipótese que não se enquadra na competência da 
Justiça Militar, definida no artigo 9º, inciso II, alínea “a” do código Penal 
Militar. 
 
Observação importante: Em relação ao artigo 9º, inciso II, 
alínea “a”, o militar da ativa Estadual em relação ao militar federal, de 
acordo com entendimento jurisprudencial, um vai ser considerado civil 
para o outro, exceto quando estiverem trabalhando em força conjunta. 
 
AUTOR X VÍTIMA 
MILITAR ESTADUAL (PM 
OU BM) 
X MILITAR FEDERAL ( Forças 
Armadas). 
O AUTOR PERMANECE 
MILITAR 
X A VÍTIMA SE TRANSFORMA 
EM CIVIL 
Para efeito de aplicação da lei penal militar. 
 
E VICE-VERSA. 
AUTOR X VÍTIMA 
MILITAR FEDERAL ( Forças 
Armadas) 
X MILITAR ESTADUAL (PM OU 
BM) 
O AUTOR PERMANECE 
MILITAR 
X A VÍTIMA SE TRANSFORMA 
EM CIVIL 
Para efeito de aplicação da lei penal militar. 
 
Exemplo1: Policial Militar, da ativa, pratica uma lesão corporal 
em militar do Exército, da ativa. Nesse caso, a vítima, militar federal 
será considerada como se fosse civil em relação ao policial militar, daí 
nesse caso não existe crime militar de lesão corporal, pois inexiste 
enquadramento no art. 9º, inciso II, alínea “a”. 
Meus queridos alunos, muito Cuidado! Não pode afirmar que 
não existe crime militar entre militares estaduais e militares federais, 
pois, veremos mais a frente que existe hipótese do crime militar 
cometido por militar contra civil, nas hipóteses a seguir. 
 
 
2ª POSSIBILIDADE DO CRIME MILITAR, PREVISTO NO 
C.P.M E NA LEGISLAÇÃO PENAL COMUM, art. 9º inciso II, alínea, 
“b”: 
 
b) Por militar em situação de atividade ou assemelhado, em 
lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou 
reformado, ou assemelhado, ou civil; 
 
AUTOR X VÍTIMA 
MILITAR DA ATIVA X MILITAR DA RESERVA, 
REFORMADO OU CIVIL 
Local sujeito à administração militar: Exemplo, quartel. 
 
Exemplo1: Policial militar, da ativa, de folga no quartel, 
discutiu com funcionário civil da limpeza e o ameaçou de morte. Nesse 
caso está presente o enquadramento do crime de ameaça, previsto no 
código penal militar, e o enquadramento do art. 9º inciso II, alínea ‘b”, 
das hipótese de incidência do art. 9º.3ª POSSIBILIDADE DO CRIME MILITAR, PREVISTO NO C.P.M E NA 
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM, art. 9º inciso II, alínea, “c”: 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão 
de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à 
administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
AUTOR X VÍTIMA 
MILITAR DE SERVIÇO OU 
AGINDO EM RAZÃO DA 
FUNÇÃO 
X MILITAR DA RESERVA, 
REFORMADO OU CIVIL 
Nesse caso por se encontrar em serviço ou atuando em razão da 
função não exige à lei penal militar que o autor do delito esteja em 
local sujeito à administração militar. 
 
 
Exemplo 1: Policial militar de serviço ameaça de morte 
um civil. 
Exemplo 2: Policial Militar de serviço pratica injuria contra 
abordado no momento da abordagem. 
Exemplo 3: Policial militar de folga, mas agindo em razão 
da função, interfere em ocorrência policial e acaba 
exagerando nos meios empregados, praticando um 
constrangimento ilegal contra civil. 
 
 4ª POSSIBILIDADE DO CRIME MILITAR, PREVISTO NO 
C.P.M E NA LEGISLAÇÃO PENAL COMUM, art. 9º inciso II, alínea, 
“d”: 
 
 d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra 
militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
 
AUTOR X VÍTIMA 
MILITAR EM PERÍODO DE 
MANOBRAS E EM 
EXERCÍCIO 
X MILITAR DA RESERVA, 
REFORMADO OU CIVIL 
OBS: Essa possibilidade está contida na 3ª, pois o militar em 
período de manobras e em exercício está de serviço. 
 
Exemplo 1: Policial militar em treinamento da tocha olímpica 
pratica furto contra um militar da pm da inativa. 
 
5ª POSSIBILIDADE DO CRIME MILITAR, PREVISTO NO C.P.M E NA 
LEGISLAÇÃO PENAL COMUM, art. 9º inciso II, alínea, “e”: 
 
 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o 
patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa 
militar; 
 
AUTOR X SUJEITO PASSIVO 
MILITAR DA ATIVA X PATRIMONIO SOB A 
ADMINISTRAÇÃO MILITAR, 
OU A ORDEM 
ADMINISTRATIVA MILITAR. 
OBS: A lei militar deixa clara a intenção de proteger o patrimônio 
que a ela pertença ou se encontre sob sua administração e ainda 
punir os delitos que afetem a ordem administrativa militar 
 
 
Exemplo: Policial militar da ativa, de folga, pratica crime de 
dano contra viatura da PMDF. 
Exemplo: Policial militar de folga subtrai combustível da 
viatura que estava estacionada no pátio do quartel. 
 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
6 
 
O Título VII do CPM define os crimes contra a administração 
militar, como por exemplo, o peculato, a concussão e a corrupção 
passiva. 
 
A alínea “f”, do artigo 9º, inciso II, foi revogada pela lei 9.299 
de 1996. 
f) revogada. Essa alínea tratava a respeito do militar que estava 
na posse de armamento militar, porém, de forma inteligente foi 
revogada, não podendo ser mais uma possibilidade para caracterizar o 
crime militar. 
 
3.1) Art. 9º III) CRIMES MILITARES PRATICADOS PELO MILITAR 
DA INATIVA E POR CIVIL: 
 
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou 
reformado, ou por civil, contra as instituições militares, 
considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, 
como os do inciso II, nos seguintes casos: 
 
SUJEITO ATIVO X SUJEITO PASSIVO 
MILITAR INATIVO OU CIVIL X Elencados nas alíneas, a, b, 
c, d, do art. 9º III. 
 
 a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a 
ordem administrativa militar; 
 b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em 
situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de 
Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente 
ao seu cargo; 
 c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, 
vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, 
acantonamento ou manobras; 
 d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra 
militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de 
vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou 
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em 
obediência a determinação legal superior. 
 
Resumo dos Casos em que o militar inativo comete crime militar, 
previsto no inciso I e II do código penal militar. 
HIPÓTESES EM QUE O MILITAR INATIVO E O CIVIL COMETEM 
CRIME MILITAR 
1) Contra patrimônio sob administração militar. 
2) Contra militar da Ativa em local sujeito a administração 
militar. 
3) Contra militar de serviço. 
 
OBSERVAÇÃO 01: O civil não comete crimes militares 
contra instituição militar estadual, PM e BM, e nem contra seus 
integrantes, de acordo com art. 125 § 4º da C.F 88, exceto se estes 
estiverem trabalhando em força conjunta com as forcas armadas, ou 
em caso de guerra declarada. O Civil pode cometer crime militar contra 
instituição militar federal. 
Assim se um civil desacatar uma guarnição da polícia militar, 
apesar do fato está tipificado no C.P.M, no art. 299, a guarnição deverá 
dar voz de prisão ao autor e encaminhá-lo a delegacia da polícia civil 
para a lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência, uma vez 
que é uma infração penal de menor potencial ofensivo. 
 
OBSERVAÇÃO 02: De forma Resumida, o militar inativo só 
será autor de crime militar quando cometer um crime previsto no 
C.P.M, contra patrimônio sujeito à administração militar, contra outro 
militar da ativa em local sujeito a administração militar e contra militar 
de serviço, assim é imperioso ressaltar que o militar da inativa não 
comete crime militar contra militar da ativa, de folga e que não esteja 
em local sujeito à administração militar. 
 
 
4) EXCEÇÃO EM QUE O FATO, APESAR DE TER 
ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO PENAL MILITAR, NÃO SERÁ 
CONSIDERADO COMO CRIME MILITAR: 
 
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando 
dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da 
competência da justiça comum, salvo quando praticados no 
contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 
7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de 
Aeronáutica. (Redação dada pela Lei nº 12.432, de 2011). 
 
Esse dispositivo foi (Incluído pela Lei nº 9.299/96) e 
modificado depois pela lei 12.432, de 2011. O art. 9º do CPM refere-se 
aos crimes militares em tempo de paz, portanto, deve analisar os 
crimes contra a vida que constam no Código Penal Militar, praticados 
por militar e dolosamente contra civil. 
O dispositivo em tela tem aplicabilidade quando ocorrer o 
cometimento do crime de homicídio art. 205 e do crime de provocação 
direta ou auxílio a suicídio art. 207, ambos do CPM, que serão 
caracterizados como crime comum, quando forem praticados por militar 
da ativa contra civil e os autores serão julgados pelo código penal 
comum. 
 
A Constituição Federal de 1988, ratificou a aplicação do 
parágrafo único do art. 9º do C.P.M, em seu art. 125 § 4º da C.F, 
derrubando qualquer tese da inconstitucionalidade dessa lei, pois 
alegavam que uma lei infraconstitucional não poderia esbarrar-se com 
a competência determinada pela carta magna, sendo importante 
ressaltar também que esse dispositivo aplica-se somente aos militares 
estaduais, não se aplicando aos militares federais. Caso um militar 
federal, de serviço, mate dolosamente um civil, será um caso de crime 
militar de homicídio. Assim pensam os doutrinadores Cícero Robson 
Coimbra Neves e o Célio Lobão, como também possui julgados 
recentes de 2016, do STM. 
Importante salientar que embora o aborto e o infanticídio 
sejam crimes contra a vida não se encontram definidosno CPM, 
portanto, não constituem crimes militares, sendo exclusivamente de 
competência da justiça comum. 
A lesão corporal, o roubo, a extorsão e o estupro, mesmo 
que tenham como consequência a morte, não são classificados como 
crimes contra a vida, sendo inaplicável o dispositivo em questão. 
 
EXERCÍCIOS: 
Questão 01) Ocorreu no Batalhão Prisional da PMDF, no ano de 2003, 
crime de homicídio doloso praticado por soldado PMDF, de serviço, 
contra Tenente PMDF que estava de serviço. Pode-se afirmar que o 
crime citado a cima, foi crime comum de homicídio, uma vez que o 
código penal militar aduz que quando o crime for doloso contra a vida, 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
7 
 
o crime será comum e será julgado pelo Tribunal do Júri, justiça 
comum. 
a) ( ) certa b) ( ) errada 
 
Questão 02) Os crimes militares definidos no código penal militar 
praticados em tempo de paz tem sua definição no código penal militar, 
no art. 9º. (V) 
 
Questão 03) O militar da ativa de folga nunca será autor de crime 
militar. (F) 
 
Questão 04) O Militar só cometerá crime militar quando estiver de 
serviço ou agindo em razão da função. 
 
Questão 05) Os militares da inativa não cometem crime militar, mas 
somente quando estiverem na ativa. (F). 
 
Questão 06) Os militares da inativa podem cometer crime militar contra 
militar da ativa em local sujeito à administração militar. (V). 
Questão 07) Os crimes dolosos contra a vida praticados por militar 
estadual contra a vida de civil serão considerados como crime militar e 
serão julgados na Justiça comum. (F) 
 
 
MÓDULO III 
 
5) 3ª Pergunta da fórmula para descobrir o crime militar: 
 
“O autor do fato pode ser julgado pela Justiça Militar Estadual 
ou pela Justiça Militar Federal?” 
 
Vamos lá meus alunos, para explicar melhor essa pergunta, 
teremos que entender como funciona a justiça militar: 
DIVISÃO DA JUSTIÇA MILITAR 
JUSTIÇA MILITAR 
FEDERAL 
 
JUSTIÇA MILITAR 
ESTADUAL 
Julga somente 
crime militar 
Julga o crime militar e as 
ações judiciais contra atos 
disciplinares. 
Julga o civil e o 
militar das Forças 
Armadas. 
Julga só PM e BM. 
 
 
5.1.- COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR 
 
5.1.1- JUSTIÇA MILITAR FEDERAL 
A competência da Justiça Militar Federal está disciplinada no 
art. 124, caput, da CF/88 . Dispõe o referido dispositivo que: “à Justiça 
Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.” 
Os crimes militares se encontram definidos no Código Penal 
Militar, portanto, cabe a Justiça Militar processar e julgar os delitos 
previstos nesse diploma legal. 
 Em suma à Justiça Militar Federal tem competência ampla, 
podendo processar e julgar os crimes militares definidos em lei 
praticados por militares (integrantes das forças armadas) e civis. 
 
5.1.2- JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
A Justiça Militar estadual integra o Poder Judiciário dos 
Estados e do Distrito Federal, competindo-lhe processar somente 
policiais militares e bombeiros militares, nos crimes militares definidos 
em lei. Dispõe o art. 125,§ 4º, da CF/88: “Compete à Justiça Militar 
estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes 
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares 
militares ressalvadas a competência do júri quando a vítima for civil, 
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da 
patente dos oficiais e da graduação das praças.” (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 
De acordo com o disposto no texto constitucional nota-se 
que à Justiça Militar Estadual teve sua competência restrita ao 
processo e julgamento de crimes militares cometidos por militares dos 
Estados (policiais e bombeiros militares), dessa forma o civil e os 
militares das forças armadas que a ele são equiparados não serão 
julgados pela Justiça Militar Estadual quando do cometimento de crime 
contra a instituição militar estadual ou contra qualquer dos seus 
agentes, ficando a cargo da Justiça Comum a referida competência ou 
da Justiça Militar Federal no caso de crime militar cometido por militar 
das forças armadas. 
 
Exemplo 1: Civil, de forma clandestina, entra em quartel da 
PMDF e subtrai armas da reserva de armamentos. De acordo com a 
fórmula estudada: 1) O fato está previsto no C.P.M? Resposta: Sim, o 
crime de furto está definido no código penal militar. 2) O fato está 
previsto no artigo 9º do C.P.M? Resposta: Sim, previsto no artigo 9º 
inciso III, alínea, a. 3) O autor do fato pode ser julgado pela Justiça 
Militar correspondente? Resposta: Não, porque a justiça militar 
estadual não julga o civil. Portanto, como a resposta às perguntas da 
fórmula não foram três respostas afirmativas, o fato não é considerado 
como crime militar, e nesse caso é crime comum. 
Exemplo 2: Civil, de forma clandestina, entra em quartel do 
Exército e subtrai armas da reserva de armamentos. De acordo com a 
fórmula estudada: 1) O fato está previsto no C.P.M? Resposta: Sim, o 
crime de furto está definido no código penal militar. 2) O fato está 
previsto no artigo 9º do C.P.M? Resposta: Sim, previsto no artigo 9º 
inciso III, alínea, “a”. 3) O autor do fato pode ser julgado pela Justiça 
Militar correspondente? Resposta: Sim, porque a justiça militar Federal 
julga o civil. 
 
6) Classificação dos crimes militares: 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES MILITARES 
PROPRIAMENTE MILITARES IMPROPRIAMENTE 
MILITARES 
Para a Teoria Clássica, é o crime 
próprio do militar, específico e 
funcional do militar, o crime que 
só o militar comete. Exemplo: 
Deserção. 
Para a Teoria Clássica, é o 
crime que não é específico do 
militar, assim o crime que pode 
também ser cometido por civil 
na esfera federal. Crime de 
oposição a ordem do sentinela, 
art. 164. 
Para a Teoria topográfica ou do 
direito penal, é o crime que só 
Para a Teoria topográfica ou do 
direito penal, é o crime que 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
8 
 
está definido no código penal 
militar e não tem definição na 
legislação penal comum. 
Exemplo: Art. 164, oposição a 
ordem do sentinela. 
está definido no código penal e 
na legislação penal comum. 
Exemplo: Crime de homicídio, 
furto, roubo, calúnia, dentre 
outros. 
 
Existem 04 teorias na doutrina, porém vamos abordar 
somente 02 (duas) teorias que consideramos as mais importantes. 
De acordo com a teoria utilizada o crime terá uma 
classificação diferente, em alguns casos. 
 
 
6.1- CRIMES PROPRIAMENTE MILITARES 
 
Para a teoria topográfica ou do direito penal comum, crimes 
propriamente militares são aqueles que somente se encontram 
definidos no CPM, ou ainda, que estejam previstos na lei penal comum 
e possuem definição diversa. São os crimes com enquadramento no 
art. 9º inciso I, do código penal militar. 
Exemplo: Deserção, Reunião ilícita, Desacato à superior, 
oposição a ordem do sentinela. 
Em outras palavras o art. 9º, I, CPM, trata de crimes 
propriamente militares. 
Para a teoria clássica, o crime propriamente militar é aquele 
crime militar específico e funcional do militar, que só o militar comete. 
 
Observação 1: Classificar o crime militar de insubmissão, previsto no 
art. 183, é uma polêmica, porque é um crime que só está previsto no 
código penal militar, mas que só pode ser cometido pelo civil, e que só 
haverá denúncia e processo se o civil se tornar um militar, ou seja, ser 
incorporado nas Forças Armadas. Amaioria da doutrina o considera 
como sendo propriamente militar, apesar de algumas divergências, 
como por exemplo, o autor Célio Lobão que o considera como 
impropriamente militar. 
 
Observação nº 2: O nome “propriamente militar” foi 
mencionado pelo Constituinte de 1988, no artigo 5º inciso LXI, in 
verbis: 
“LXI - ninguém será preso senão em 
flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária 
competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente 
militar, definidos em lei;” 
 
O constituinte fez menção ao referido termo, em virtude da 
classificação doutrinária que se fundamentou no inciso I do art. 9º do 
C.P.M, desde de 1970, baseado no estudo do direito comparado 
especificamente, o italiano. 
 
6.2- CRIMES IMPROPRIAMENTE MILITARES 
 
Para a Teoria Clássica, é o crime que não é específico do 
militar, assim o crime que pode também ser cometido por civil na 
esfera federal. Crime de oposição a ordem do sentinela, art. 164, crime 
de militar de reunião ilícita, art. 165 dentre outros. 
Para a Teoria topográfica ou do direito penal, é o crime que 
está definido no código penal e na legislação penal comum. Exemplo: 
Crime de homicídio, furto, roubo, calúnia, dentre outros. 
 
 
7- CONCEITO DE SUPERIOR 
 Art. 24 CPM. “O militar que, em virtude da função, 
exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-
se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.” 
A função exercida pelo militar só dará a ele a qualidade 
de superior, quando os militares forem de mesma graduação ou de 
mesmo posto. 
Exemplo1: O soldado policial militar que leciona em 
curso composto por alunos, 3º sargentos, não é considerado como 
superior militar, pois não é de mesma graduação, porém caso o 
instrutor também fosse sargento, ainda que mais moderno, nessa caso 
ele seria considerado como superior. 
Exemplo 2: A função exercida por 2º sargento, adjunto 
do oficial de dia, não concede a ele superioridade em relação ao 1º 
sargento e subtenente, mas pode conceder superioridade em relação 
ao 2º sargento mais antigo que ele, devido à função exercida por ele. 
 
 
7.1) DESCONSIDERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE 
SUPERIOR 
 Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime: 
 I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando 
não conhecida do agente; 
 II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de 
oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, 
vigia, ou plantão, quando a ação é praticada em repulsa 
a agressão. 
 
Exemplo: Policial militar desferiu dois socos no rosto de um 
estranho após discutirem em um bar. Posteriormente ficaram sabendo 
que ambos eram policiais militares, sendo a vítima um capitão e o 
agressor um sargento. Nessa situação o sargento não responderá pelo 
crime militar de violência contra superior, por desconhecer a condição 
de superior do outro. 
O tema que vou expor no exemplo abaixo é bastante 
polêmico: 
Se Soldado Policial Militar da ativa, jogando uma partida de 
futebol, sofre uma entrada mais forte de um desconhecido, e resolve 
dar um murro no rosto do adversário, de forma dolosa e com vontade 
de lesionar, sendo que depois do ocorrido o autor descobre que a 
vítima é Major da policia militar da ativa. 
Como explicado acima, o art. 47 inciso I do CPM exige que o 
militar inferior conheça a situação do militar superior para existência de 
crime militar ligados ao aspectos de ser superior, e vice e versa, como 
por exemplo, art. 157 violência contra superior, 160, desrespeito a 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
9 
 
superior, art. 298, desacato a superior e outros tendo como vítima o 
inferior, art. 175, violência contra inferior e etc. Portanto é claro e sem 
dúvida que o Soldado da PM da ativa não cometeu o crime de violência 
contra superior, pois desconhecia essa qualidade. 
Em relação ao crime militar de lesão corporal, PM da ativa X 
PM da ativa, é crime militar? 
Então, a maioria da doutrina entende que, não é necessário o 
conhecimento prévio da condição de militar da vítima para 
caracterização do crime militar. Sendo assim se um militar comete um 
crime previsto no CPM contra outro militar, será considerado crime 
militar, desde que a conduta esteja descrita no CPM, mesmo que 
desconheça a condição de militar da vítima, porém vale salientar que 
existe posicionamento contrário, de acordo com alguns julgados do 
STF já mencionados na aula e também do S.T.J. 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR 
Princípio de legalidade 
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal. 
Lei supressiva de incriminação 
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de 
sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de 
natureza civil. 
Retroatividade de lei mais benigna 
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, 
aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença 
condenatória irrecorrível. 
Apuração da maior benignidade 
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a 
anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no 
conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. 
Medidas de segurança 
Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo 
da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao 
tempo da execução. 
Lei excepcional ou temporária 
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de 
sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, 
aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
Tempo do crime 
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o do resultado. 
Lugar do crime 
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu 
a atividade criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de 
participação, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar 
em que deveria realizar-se a ação omitida. 
Territorialidade, Extraterritorialidade 
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo 
ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, 
o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça 
estrangeira. 
Território nacional por extensão 
§ 1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão 
do território nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer 
que se encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou 
ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de 
propriedade privada. 
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros 
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo 
de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à 
administração militar, e o crime atente contra as instituições militares. 
Conceito de navio 
§ 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda 
embarcação sob comando militar. 
Pena cumprida no estrangeiro 
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no 
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, 
quando idênticas. 
Crimes militares em tempo de paz 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo 
diverso na lei penal comum,ou nela não previstos, qualquer que seja o 
agente, salvo disposição especial; 
II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com 
igual definição na lei penal comum, quando praticados: 
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar 
na mesma situação ou assemelhado; 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar 
sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, 
ou assemelhado, ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão 
de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à 
administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou 
civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996) 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar 
da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o 
patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa 
militar; 
f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 8.8.1996) 
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por 
civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só 
os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes 
casos: 
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem 
administrativa militar; 
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de 
atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou 
da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, 
vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, 
acantonamento ou manobras; 
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar 
em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de 
vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou 
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em 
obediência a determinação legal superior. 
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos 
contra a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça 
comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar realizada 
na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - 
Código Brasileiro de Aeronáutica. (Redação dada pela Lei nº 12.432, 
de 2011) 
Crimes militares em tempo de guerra 
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra: 
I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra; 
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz; 
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com 
igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, 
qualquer que seja o agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a 
preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer 
outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem 
expô-la a perigo; 
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não 
previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas 
operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado. 
Militares estrangeiros 
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas 
forças armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado 
o disposto em tratados ou convenções internacionais. 
Equiparação a militar da ativa 
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na 
administração militar, equipara-se ao militar em situação de atividade, 
para o efeito da aplicação da lei penal militar. 
Militar da reserva ou reformado 
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as 
responsabilidades e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
10 
 
da aplicação da lei penal militar, quando pratica ou contra ele é 
praticado crime militar. 
Defeito de incorporação 
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei 
penal militar, salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime. 
Tempo de guerra 
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal 
militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de 
guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido 
aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das 
hostilidades. 
Contagem de prazo 
Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do começo. Contam-se 
os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
Legislação especial. Salário-mínimo 
 Art. 17. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos 
incriminados por lei penal militar especial, se esta não dispõe de modo 
diverso. Para os efeitos penais, salário mínimo é o maior mensal 
vigente no país, ao tempo da sentença. 
Crimes praticados em prejuízo de país aliado 
Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os crimes 
praticados em prejuízo de país em guerra contra país inimigo do Brasil: 
I - se o crime é praticado por brasileiro; 
II - se o crime é praticado no território nacional, ou em território 
estrangeiro, militarmente ocupado por fôrça brasileira, qualquer que 
seja o agente. 
Infrações disciplinares 
Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos 
disciplinares. 
Crimes praticados em tempo de guerra 
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição 
especial, aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o 
aumento de um terço. 
Assemelhado 
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos 
Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a 
preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento. 
Pessoa considerada militar 
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, 
qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada 
às forças armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição 
à disciplina militar. 
Equiparação a comandante 
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei 
penal militar, toda autoridade com função de direção. 
Conceito de superior 
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre 
outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito 
da aplicação da lei penal militar. 
Crime praticado em presença do inimigo 
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato 
ocorre em zona de efetivas operações militares, ou na iminência ou em 
situação de hostilidade. 
Referência a "brasileiro" ou "nacional" 
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", 
compreende as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição 
do Brasil. 
Estrangeiros 
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados 
estrangeiros os apátridas e os brasileiros que perderam a 
nacionalidade. 
Os que se compreendem, como funcionários da Justiça Militar 
Art. 27. Quando este Código se refere a funcionários, compreende, 
para efeito da sua aplicação, os juízes, os representantes do Ministério 
Público, os funcionários e auxiliares da Justiça Militar. 
Casos de prevalência do Código Penal Militar 
Art. 28. Os crimes contra a segurança externa do país ou contra as 
instituições militares, definidos neste Código, excluem os da mesma 
natureza definidos em outras leis. 
TÍTULO II 
DO CRIME 
Relação de causalidade 
Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente é 
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou 
omissão sem a qualo resultado não teria ocorrido. 
§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a 
imputação quando, por si só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, 
imputam-se, entretanto, a quem os praticou. 
§ 2º A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e 
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem 
tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; a quem, de 
outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a 
quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de sua 
superveniência. 
Art. 30. Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua 
definição legal; 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Pena de tentativa 
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao 
crime, diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de 
excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na 
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos 
atos já praticados. 
Crime impossível 
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por 
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime, 
nenhuma pena é aplicável. 
Art. 33. Diz-se o crime: 
Culpabilidade 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de 
produzi-lo; 
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, 
atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em 
face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou, 
prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia 
evitá-lo. 
Excepcionalidade do crime culposo 
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser 
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica 
dolosamente. 
Nenhuma pena sem culpabilidade 
Art. 34. Pelos resultados que agravam especialmente as penas só 
responde o agente quando os houver causado, pelo menos, 
culposamente. 
Erro de direito 
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos 
grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente 
contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de 
interpretação da lei, se escusáveis. 
Erro de fato 
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro 
plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o 
constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação 
legítima. 
Erro culposo 
1º Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o fato 
é punível como crime culposo. 
Erro provocado 
2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a 
título de dolo ou culpa, conforme o caso. 
Erro sobre a pessoa 
Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios 
de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, 
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que 
realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e 
qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, 
qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena. 
Erro quanto ao bem jurídico 
§ 1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem 
jurídico diverso do visado pelo agente, responde este por culpa, se o 
fato é previsto como crime culposo. 
 
 
 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
11 
 
Duplicidade do resultado 
§ 2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no 
caso do parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-
se a regra do art. 79. 
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: 
Coação irresistível 
a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir 
segundo a própria vontade; 
Obediência hierárquica 
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em 
matéria de serviços. 
1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem. 
2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato 
manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da 
execução, é punível também o inferior. 
Estado de necessidade, com excludente de culpabilidade 
Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio 
ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco 
ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia 
de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao 
direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível 
conduta diversa. 
Coação física ou material 
Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não 
pode invocar coação irresistível senão quando física ou material. 
Atenuação de pena 
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à 
coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do 
art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, 
o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a 
pena. 
Exclusão de crime 
 Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 I - em estado de necessidade; 
 II - em legítima defesa; 
 III - em estrito cumprimento do dever legal; 
 IV - em exercício regular de direito. 
 Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de 
navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave 
calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar 
serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou 
evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o 
saque. 
Estado de necessidade, como excludente do crime 
Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato 
para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não 
provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, 
por sua natureza e importância, é consideravelmente inferior ao mal 
evitado, e o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo. 
Legítima defesa 
Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente 
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a 
direito seu ou de outrem. 
Excesso culposo 
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, 
excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, 
se este é punível, a título de culpa. 
Excesso escusável 
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável 
surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação. 
Excesso doloso 
 Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por 
excesso doloso. 
Elementos não constitutivos do crime 
Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime: 
I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do 
agente; 
II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de 
serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia, ou plantão, quando a 
ação é praticada em repulsa a agressão. 
TÍTULO III 
DA IMPUTABILIDADE PENAL 
Inimputáveis 
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, 
não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de 
doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
Redução facultativa da pena 
Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, 
mas diminui consideravelmente a capacidade de entendimento da 
ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a 
imputabilidade,mas a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do 
disposto no art. 113. 
Embriaguez 
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez 
completa proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o 
agente por embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior, não 
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de 
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo 
com esse entendimento. 
Menores 
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo 
completado dezesseis anos, revela suficiente desenvolvimento 
psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de 
acordo com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é 
diminuída de um terço até a metade. 
Equiparação a maiores 
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não 
tenham atingido essa idade: 
a) os militares; 
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, 
dispensados temporariamente desta, deixam de se apresentar, 
decorrido o prazo de licenciamento; 
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob 
direção e disciplina militares, que já tenham completado dezessete 
anos. 
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de 
dezoito e maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às 
medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em 
legislação especial. 
TÍTULO IV 
DO CONCURSO DE AGENTES 
Co-autoria 
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas 
penas a este cominadas. 
Condições ou circunstâncias pessoais 
§ 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da 
dos outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não 
se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. 
Agravação de pena 
§ 2° A pena é agravada em relação ao agente que: 
I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade 
dos demais agentes; 
II - coage outrem à execução material do crime; 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua 
autoridade, ou não punível em virtude de condição ou qualidade 
pessoal; 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de 
recompensa. 
Atenuação de pena 
§ 3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no 
crime é de somenos importância. 
Cabeças 
§ 4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se 
cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação. 
§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, 
são estes considerados cabeças, assim como os inferiores que 
exercem função de oficial. 
Casos de impunibilidade 
Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo 
disposição em contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo 
menos, a ser tentado. 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
12 
 
 
 
TÍTULO V 
DAS PENAS 
CAPÍTULO I 
DAS PENAS PRINCIPAIS 
Penas principais 
Art. 55. As penas principais são: 
a) morte; 
b) reclusão; 
c) detenção; 
d) prisão; 
e) impedimento; 
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função; 
g) reforma. 
Pena de morte 
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. 
Comunicação 
Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, 
logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode 
ser executada senão depois de sete dias após a comunicação. 
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de 
guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interesse 
da ordem e da disciplina militares. 
Mínimos e máximos genéricos 
Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de 
trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo 
de dez anos. 
Pena até dois anos imposta a militar 
Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada 
a militar, é convertida em pena de prisão e cumprida, quando não 
cabível a suspensão condicional: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 
30.6.1978) 
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar; 
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada 
de presos que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de 
liberdade por tempo superior a dois anos. 
Separação de praças especiais e graduadas 
Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumprimento da pena de 
prisão, atender-se-á, também, à condição das praças especiais e à das 
graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das que tenham 
graduação especial. 
Pena do assemelhado 
Art. 60. O assemelhado cumpre a pena conforme o posto ou 
graduação que lhe é correspondente. 
Pena dos não assemelhados 
Parágrafo único. Para os não assemelhados dos Ministérios Militares e 
órgãos sob controle destes, regula-se a correspondência pelo padrão 
de remuneração. 
Pena superior a dois anos, imposta a militar 
Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2 (dois) anos, 
aplicada a militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, 
em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito 
ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e 
concessões, também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, 
de 30.6.1978) 
Pena privativa da liberdade imposta a civil 
Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em 
estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a 
legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, 
poderá gozar.(Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) 
Cumprimento em penitenciária militar 
Parágrafo único - Por crime militar praticado em tempo de guerra 
poderá o civil ficar sujeito a cumprir a pena, no todo ou em parte em 
penitenciária militar, se, em benefício da segurança nacional, assim o 
determinar a sentença. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 
30.6.1978) 
Pena de impedimento 
Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no 
recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar. 
Pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou 
função 
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo 
ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou 
na disponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem 
prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será 
contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do 
cumprimento da pena. 
Caso de reserva, reforma ou aposentadoria 
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já 
estiver na reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste 
artigo será convertida em pena de detenção, de três meses a um ano. 
Pena de reforma 
Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de 
inatividade, não podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do 
soldo, por ano de serviço, nem receber importância superior à do 
soldo. 
Superveniência de doença mental 
Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser 
recolhido a manicômio judiciário ou, na falta deste, a outro 
estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada custódia e 
tratamento. 
Tempo computável 
Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de prisão 
provisória, no Brasil ou no estrangeiro, e o de internação em hospital 
ou manicômio, bem como o excesso de tempo, reconhecido em 
decisão judicial irrecorrível, no cumprimentoda pena, por outro crime, 
desde que a decisão seja posterior ao crime de que se trata. 
Transferência de condenados 
Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de uma região, distrito ou 
zona pode cumprir pena em estabelecimento de outra região, distrito 
ou zona. 
CAPÍTULO V 
DAS PENAS ACESSÓRIAS 
Penas Acessórias 
Art. 98. São penas acessórias: 
I - a perda de posto e patente; 
II - a indignidade para o oficialato; 
III - a incompatibilidade com o oficialato; 
IV - a exclusão das forças armadas; 
V - a perda da função pública, ainda que eletiva; 
VI - a inabilitação para o exercício de função pública; 
VII - a suspensão de o pátrio poder, tutela ou curatela; 
VIII - a suspensão dos direitos políticos. 
Função pública equiparada 
Parágrafo único. Equipara-se à função pública a que é exercida em 
empresa pública, autarquia, sociedade de economia mista, ou 
sociedade de que participe a União, o Estado ou o Município como 
acionista majoritário. 
Perda de posto e patente 
Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena 
privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a 
perda das condecorações. 
Indignidade para o oficialato 
Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o 
militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, 
espionagem ou cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 
235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312. 
Incompatibilidade com o oficialato 
Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o oficialato 
o militar condenado nos crimes dos arts. 141 e 142. 
Exclusão das forças armadas 
Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por 
tempo superior a dois anos, importa sua exclusão das forças armadas. 
Perda da função pública 
Art. 103. Incorre na perda da função pública o assemelhado ou o civil: 
I - condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com 
abuso de poder ou violação de dever inerente à função pública; 
II - condenado, por outro crime, a pena privativa de liberdade por mais 
de dois anos. 
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao militar da reserva, 
ou reformado, se estiver no exercício de função pública de qualquer 
natureza. 
Inabilitação para o exercício de função pública 
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública, pelo 
prazo de dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais de 
quatro anos, em virtude de crime praticado com abuso de poder ou 
violação do dever militar ou inerente à função pública. 
 
 
 DIREITO PENAL MILITAR Profº MAICOL COELHO LOURENÇO 
13 
 
Termo inicial 
Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exercício de função 
pública começa ao termo da execução da pena privativa de liberdade 
ou da medida de segurança imposta em substituição, ou da data em 
que se extingue a referida pena. 
Suspensão de o pátrio poder, tutela ou curatela 
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois 
anos, seja qual for o crime praticado, fica suspenso do exercício do 
pátrio poder, tutela ou curatela, enquanto dura a execução da pena, ou 
da medida de segurança imposta em substituição (art. 113). 
Suspensão provisória 
Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz decretar a suspensão 
provisória do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela. 
Suspensão dos direitos políticos 
Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da 
medida de segurança imposta em substituição, ou enquanto perdura a 
inabilitação para função pública, o condenado não pode votar, nem ser 
votado. 
Imposição de pena acessória 
Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106, a imposição da 
pena acessória deve constar expressamente da sentença. 
Tempo computável 
Art. 108. Computa-se no prazo das inabilitações temporárias o tempo 
de liberdade resultante da suspensão condicional da pena ou do 
livramento condicional, se não sobrevém revogação. 
CAPÍTULO VI 
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
Obrigação de reparar o dano 
Art. 109. São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de reparar o dano resultante do crime; 
Perda em favor da Fazenda Nacional 
II - a perda, em favor da Fazenda Nacional, ressalvado o direito do 
lesado ou de terceiro de boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo 
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua 
proveito auferido pelo agente com a sua prática. 
 
TÍTULO VII 
DA AÇÃO PENAL 
Propositura da ação penal 
Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida por denúncia do 
Ministério Público da Justiça Militar. 
Dependência de requisição 
Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal, 
quando o agente for militar ou assemelhado, depende da requisição do 
Ministério Militar a que aquele estiver subordinado; no caso do art. 141, 
quando o agente for civil e não houver co-autor militar, a requisição 
será do Ministério da Justiça. 
TÍTULO VIII 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 Causas extintivas 
 Art. 123. Extingue-se a punibilidade: 
 I - pela morte do agente; 
 II - pela anistia ou indulto; 
 III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso; 
 IV - pela prescrição; 
 V - pela reabilitação; 
VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º). 
Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime, que é 
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de 
outro, não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da 
punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação 
da pena resultante da conexão. 
Espécies de prescrição 
Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à execução da pena. 
Prescrição da ação penal 
Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste 
artigo, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada 
ao crime, verificando-se: 
I - em trinta anos, se a pena é de morte; 
II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não 
excede a doze; 
IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não 
excede a oito; 
V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede 
a quatro; 
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo 
superior, não excede a dois; 
VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano. 
Superveniência de sentença condenatória de que somente o réu 
recorre 
§ 1º Sobrevindo sentença condenatória, de que somente o réu tenha 
recorrido, a prescrição passa a regular-se pela pena imposta, e deve 
ser logo declarada, sem prejuízo do andamento do recurso se, entre a 
última causa interruptiva do curso da prescrição (§ 5°) e a sentença, já 
decorreu tempo suficiente. 
Termo inicial da prescrição da ação penal 
§ 2º A prescrição da ação penal começa a correr: 
a) do dia em que o crime se consumou; 
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
d) nos crimes de falsidade, da data em que o fato se tornou conhecido. 
Caso de concurso de crimes ou de crime continuado 
§ 3º No caso de concurso de crimes ou de crime continuado, a 
prescrição é referida, não à pena unificada, mas à de cada crime 
considerado isoladamente. 
Suspensão da prescrição 
§ 4º A prescrição da ação penal não corre: 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que 
dependa o reconhecimento da existência do crime; 
II - enquanto o

Outros materiais