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Anfíbios e Répteis Primos Chegados ou Afastados

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ANFÍBIOS E RÉPTEIS: 
PRIMOS CHEGADOS OU AFASTADOS 
���� PARQUE DE MONSERRATE  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 BIOLOGIA NO VERÃO 2008 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
BIOLOGIA NO VERÃO – PROGRAMA CIÊNCIA VIVA 
 
A Biologia no Verão é uma iniciativa do programa Ciência 
Viva do Ministério da Ciência e da Tecnologia, na qual 
participam várias instituições portuguesas, que durante 
alguns dias abrem as portas para ensinar o que é a biologia 
a todos os que tiverem curiosidade. 
 
Neste âmbito, a Parques de Sintra – Monte da Lua, S.A. 
convida-vos a fazerem uma viagem ao mundo da Biologia 
através da realização de um workshop no Parque de 
Monserrate, orientado por biólogos. Ao longo desta 
actividade serão abordados vários aspectos da vertente 
natural da Serra de Sintra, em que se destaca a exuberante 
vegetação, as áreas abertas, as áreas rochosas e os vários 
e diferentes planos e linhas de água cujo importante papel 
permite a existência da grande variedade da herpetofauna 
(anfíbios e répteis). O visitante terá a oportunidade de 
conhecer melhor as espécies da herpetofauna que se 
encontram presentes no Parque de Monserrate mas também 
no Convento dos Capuchos, no Castelo dos Mouros e no 
Parque da Pena através de palestras e estudos laboratoriais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
A SERRA DE SINTRA 
 
1. A ORIGEM GEOLÓGICA DA SERRA DE SINTRA 
 
Ao contemplarmos a magnífica Serra de Sintra, tudo nos 
leva a crer que este imponente e luxuriante monumento 
natural sempre existiu na forma que hoje conhecemos. Não 
é essa a realidade, porém. A serra de Sintra formou-se há 
cerca de 60-70 milhões de anos, e deve a sua origem a um 
fenómeno geológico denominado intrusão magmática. 
Este processo consiste no aprisionamento de uma bolha de 
magma no interior da crosta terrestre que solidifica 
lentamente, permitindo a formação dos cristais que 
constituem o granito. Devido às movimentações da crosta 
terrestre, esta massa de granito acaba, eventualmente, por 
emergir à superfície, formando, no caso de Sintra, uma 
serra. 
 
2. UM CLIMA MUITO ESPECIAL 
 
Por se erguer perpendicularmente à linha de costa, a Serra 
de Sintra é o primeiro obstáculo natural que os ventos 
carregados de humidade, vindos do oceano Atlântico, 
encontram a interceptar o seu percurso. Este facto permite 
a existência neste local de um microclima mediterrânico de 
feição oceânica, com níveis de humidade característicos dos 
climas subtropicais. A evapotranspiração gerada pela 
floresta e a protecção constante proporcionada pelas suas 
copas, bem como a manta morta gerada pela queda das 
folhas e dos ramos, contribuem para a manutenção de 
temperaturas e de níveis de humidade no solo propícias ao 
desenvolvimento da grande diversidade de espécies que 
aqui podemos encontrar. 
 
3. A VEGETAÇÃO EXUBERANTE 
 
A vegetação exuberante da Serra de Sintra está longe de 
ser um vestígio da floresta primitiva que cobria 
praticamente toda a área que viria a ser Portugal antes das 
 
4 
modificações de paisagens impostas pela acção do Homem. 
De facto, devido às intervenções ao longo dos tempos, 
como as explorações agrícola, florestal e a utilização da 
terra para pastagens, a serra encontrava-se, em pleno 
século XIX, praticamente despida de vegetação. Foi com a 
chegada do Romantismo a Sintra que a situação se 
inverteu. 
 
4. SIR FRANCIS COOK 
 
Em 1856, um rico comerciante inglês, Francis Cook, adquire 
Monserrate e inicia a transformação da propriedade. A 
antiga vivenda é transformada num singular palácio de 
traços orientais, e o espaço rural é modificado num exótico 
jardim, com a plantação de muitas espécies de plantas 
exóticas, provenientes de todos os continentes. O arquitecto 
responsável pela criação do palácio foi James Knowles Jr., 
enquanto que para a concepção dos jardins, Francis Cook 
chamou a Portugal um jardineiro inglês de nome Burt. 
 
A sensibilidade de Sir Francis Cook conseguiu fazer de 
Monserrate, um harmonioso e exuberante conjunto artístico 
e ambiental onde se sente, de uma forma viva e marcante, 
o «glorioso Eden» que Lord Byron tão bem soube cantar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
FIGURA 1 – Cascata de 
Beckford 
O PARQUE DE MONSERRATE 
 
O domínio das forças da natureza sobre o homem é a 
essência e o espírito do exótico jardim de Monserrate criado 
no século XIX por Sir Francis Cook. Este milionário Inglês 
procurou recriar em Monserrate ambientes de várias partes 
do mundo aproveitando as extraordinárias condições 
naturais e as possibilidades cénicas oferecidas. A paisagem, 
assim construída, levou a que o Parque fosse considerado 
um dos mais notáveis Jardins Românticos do mundo, no 
período vitoriano. 
 
A exploração do Parque de 
Monserrate transporta-nos numa 
viagem no tempo e no espaço à 
medida que se descobre os recantos 
e a larga diversidade de ambientes 
onde podemos encontrar espécies 
provenientes de diferentes climas e 
zonas geográficas. Ao longo do 
percurso proposto no âmbito deste 
programa pretende-se dar a 
conhecer algumas espécies botânicas 
notáveis, exóticas e autóctones, 
aspectos da sua biologia e 
curiosidades etnobotânicas e 
culturais. No que respeita à fauna, a 
grande diversidade de ambientes deste Jardim proporciona 
habitats para muitas espécies que é possível aqui encontrar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 2 – Imagens do Parque de Monserrate 
 
6 
A HERPETOFAUNA NO PARQUE NATURAL DE SINTRA-CASCAIS 
 
São referenciadas para o Parque Natural de Sintra-Cascais 
cerca de 71% das espécies de anfíbios e 77% das espécies 
de répteis que existem em território nacional, confirmando a 
importância da zona em termos de diversidade e riqueza. 
No entanto, as áreas do Parque têm sofrido um aumento 
crescente de pressão por parte do turismo e por algumas 
intervenções e práticas de gestão dos habitats que podem 
ter influenciado as comunidades herpetológicas nos últimos 
20 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
A HERPETOFAUNA DO PARQUE DE MONSERRATE 
 
1. OS ANFÍBIOS 
 
1.1. ENTRE A ÁGUA E A TERRA 
 
Não há dúvida que a vida na água precedeu a vida na terra 
firme e que muitos grupos de animais passaram de um 
elemento para o outro, obrigados por factores diversos. Os 
animais que dispunham de uma maior capacidade de 
adaptação, ou seja, que possuíam órgãos mais facilmente 
modificáveis para se adaptarem às novas condições, 
conseguiram conquistar o habitat terrestre. Há mais de 350 
milhões de anos, os anfíbios foram os primeiros animais 
vertebrados que se atreveram a sair da água para 
conquistar a terra. Porém não conseguiram tornar-se 
completamente independentes da água e a sua maioria 
necessita de água para se reproduzir. 
 
1.2. CARACTERÍSTICAS DOS ANFÍBIOS 
 
Os anfíbios são animais de sangue frio, o que quer dizer que 
a sua temperatura interna varia em função da temperatura 
do meio exterior. Possuem pele nua, ou seja, não têm a 
revesti-los pêlos, penas ou escamas, o que possibilita a 
respiração cutânea. Possuem muitas glândulas na pele 
secretoras de substâncias químicas para se protegerem dos 
predadores e que ajudam a manter a humidade do corpo. 
 
 
Tabela I – Principais grupos de anfíbios 
 
Ordem Característica 
principal 
Exemplo 
Anuros Sem cauda Sapos, rãs e relas 
Urodelos Com cauda Tritões e 
salamandras 
Ápodes Sem membros Cecílias 
 
 
8 
1.3. A METAMORFOSE 
 
Os anfíbios são os únicos animais vertebrados que se 
desenvolvem por metamorfose.Isto significa que durante a 
sua vida sofrem uma série de transformações que fazem 
com que o seu corpo de adultos seja completamente 
diferente da forma que tinham quando nasceram. Estas 
transformações são tão incríveis que, em muito pouco 
tempo, um organismo que antes vivia como um peixe 
converte-se num animal muito diferente, que é capaz de 
viver e respirar fora de água. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 3 – Esquema ilustrativo do processo de metamorfose dos 
anfíbios 
 
9 
No caso dos Anuros os ovos são postos na água, onde 
nascem os jovens girinos, que possuem cauda e brânquias 
externas, mas não têm pernas. Com o crescimento e 
desenvolvimento do girino as brânquias desaparecem e 
vão-se formando os pulmões, surgem os membros 
posteriores e os anteriores e a cauda encolhe, chegando 
mesmo a desaparecer nalguns casos. Para além disso, 
enquanto vivem na água os anuros são normalmente 
herbívoros e convertem-se depois em carnívoros quando 
passam a viver fora dela. 
 
No caso dos Urodelos os ovos são também depositados na 
água mas nalgumas espécies, como as salamandras, nem 
sequer chega a haver esta fase, ou seja, a fêmea deposita 
as larvas na água e estas são muito semelhantes aos 
adultos, com excepção da coloração e da ausência de 
brânquias. Por seu lado os tritões são muito semelhantes 
aos Anuros com excepção do desaparecimento da cauda e 
do aparecimento dos membros posteriores e anteriores 
muito cedo (logo quase após a eclosão dos ovos), e ao 
mesmo tempo. 
 
1.4. OS PREDADORES 
 
Apesar de produzirem uma enorme quantidade de ovos, 
nem todos os girinos dos anfíbios conseguem atingir com 
sucesso a idade adulta. Entre os seus inimigos encontram-
se animais muito diferentes: peixes, répteis, insectos, 
mamíferos e aves. Há ainda muitas espécies de anfíbios em 
que os indivíduos adultos devoram tranquilamente os 
girinos e mesmo alguns pais que comem os seus próprios 
filhos (canibalismo), como por exemplo a salamandra-de-
pintas-amarelas. 
 
1.5. MEIOS DE DEFESA CONTRA OS PREDADORES 
 
Nos adultos, o principal meio de defesa consiste na 
ocultação e na confiança na sua capacidade de 
permanecerem completamente imóveis e na sua coloração 
 
10 
críptica, coloração que pode modificar-se pela influência de 
determinados factores. Por outro lado, a pele segrega uma 
substância mucosa que os torna escorregadios e difíceis de 
apanhar. Além disso muitas das espécies possuem 
glândulas secretoras de um veneno que pode ser mais ou 
menos tóxico. 
 
1.6. FACTORES DE AMEAÇA 
 
Os que mais incidem sobre os anfíbios são a perda, 
fragmentação e degradação dos habitats por acção do 
Homem, como por exemplo a destruição da vegetação dos 
habitats circundantes dos rios e ribeiras, a actividade 
agrícola intensiva (perda de locais de reprodução – charcos 
e tanques) e poluição dos cursos de água. 
 
Existem outros factores também relevantes como os 
atropelamentos na altura das migrações para os locais de 
reprodução, os incêndios que provocam a perda de recursos 
e a introdução de espécies exóticas predadoras em 
particular os peixes (e.g. lúcio Exos lucius, perca-sol 
Lepomis gibbosus e achigã Micropterus salmoides), e o 
lagostim-vermelho da Louisiana Procambarus clarckii, que 
se alimenta dos ovos e larvas, pondo em causa a 
sobrevivência das populações. 
 
São também conhecidas ameaças à escala planetária que 
contribuem para o declínio dos anfíbios, como o progressivo 
aumento da temperatura, devido ao aumento das radiações 
ultra-violeta e ainda, mais ou menos directamente 
associado a estes fenómenos, a aparente diminuição das 
defesas imunitárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
1.7. BIOLOGIA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS 
 
1.7.1 SALAMANDRA-DE-COSTELAS-SALIENTES OU SALAMANDRA-
DOS-POÇOS 
 
Classe: Amphibia 
Ordem: Caudata 
Família: Salamandridea 
Género: Pleurodeles 
Espécie: Pleurodeles waltl – 
– Michahelles, 1830 
 
 
 
 
 
 
Descrição: É o maior urodelo ibérico podendo passar dos 30 
cm de comprimento. Tem cerca de 7-9 protuberâncias em 
cada um dos flancos, amarelas ou alaranjadas. A pele é 
tipicamente rugosa e apresenta uma coloração dorsal muito 
variada. 
 
Hábitos: 
• Espécie de hábitos aquáticos encontrando-se activa 
maioritariamente à noite ou no crepúsculo. Pode ser 
encontrada ocasionalmente em terra debaixo de 
pedras ou troncos; 
• É bastante resistente à secura e à poluição; 
• Pode passar por períodos de estivação entre 
Novembro e Fevereiro; 
• Pode migrar para outros locais de água quando os 
locais onde estão secam ou começam a secar. 
 
Habitats: Prefere águas temporárias com fundos de 
natureza arenosa; 
 
 
 
 
Figura 4 – 
Salamandra- de-
costas-salientes 
 
12 
Alimentação: 
• Adultos – larvas de insectos, crustáceos e outros 
invertebrados aquáticos, larvas de anfíbios (incluindo 
a própria espécie), animais mortos, pequenos peixes 
e tritões; 
• Larvas – pequenos insectos aquáticos e crustáceos. 
 
Defesa: Morder e fazer ruídos profundos, libertar um cheiro 
característico e segregar substâncias tóxicas. 
 
Reprodução: 
• Entre Setembro e Julho. Pode também ocorrer de 
meados de Outono aos primeiros meses de Inverno; 
• Sem dimorfismo sexual. Ao fim de 2-3 dias a fêmea 
põe entre 150-1300 ovos, consoante o tamanho, em 
pequenos grupos de 9-20 unidades em plantas 
aquáticas, pedras submersas e no fundo dos 
charcos; 
• A eclosão ocorre após 1-2 semanas e as larvas 
sofrem a metamorfose 4 meses mais tarde. 
 
Distribuição: Um pouco por todo o país, mas mais comum a 
sul da Serra da Estrela. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie quase 
ameaçada (NT). Está incluída no anexo III da Convenção de 
Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
1.7.2. SALAMANDRA-DE-PINTAS-AMARELAS 
 
Classe: Amphibia; 
Ordem: Caudata; 
Família: Salamandridea; 
Género: Salamandra 
Espécie: Salamandra salamandra – Linnaeus, 1758 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição: Espécie grande, até 25cm, de cores vivas no 
dorso com um padrão muito variável (amarelo, laranja ou 
vermelho). A pele é lisa e brilhante e está 
permanentemente húmida. 
 
Hábitos: 
• Sobretudo nocturna e maioritariamente terrestre; 
• Os adultos são péssimos nadadores – afogamento de 
fêmeas; 
• Utilizam o meio aquático somente para fins 
reprodutores; 
• Encontra-se activa todo o ano sendo mais comum 
entre Setembro e Maio, podendo ficar inactiva nos 
meses mais frios nas regiões mais altas. 
 
Habitats: Massas florestais caducifólicas (castanheiros e 
carvalhos, por exemplo) e zonas agrícolas com oliveiras e 
gramíneas. 
 
 
FIGURA 6 – Larvas em 
Metamorfose 
FIGURA 5 – Indivíduo 
adulto 
 
14 
Alimentação: 
• Adultos – escaravelhos, formigas, caracóis, lesmas, 
minhocas, centopeias e aranhas; 
• Larvas – insectos aquáticos, crustáceos, pequenos 
vermes e larvas de outros anfíbios incluindo a 
própria espécie. 
 
Defesa: Secreções tóxicas esbranquiçadas das glândulas 
parótidas ou adopta uma postura defensiva baixando a 
cabeça e arqueando o corpo. 
 
Reprodução: 
• Entre Setembro e Maio. Possível ocorrência de 2 
épocas – Outono e Primavera; 
• Pouco dimorfismo sexual; 
• Espécie ovovivípara ou vivípara. As fêmeas dão à luz 
entre 8-70 larvas, uma vez ou em várias ocasiões 
sucessivas ao longo da época. 
 
Distribuição: Um pouco por todo o país. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
1.7.3. TRITÃO-DE-VENTRE-LARANJA 
 
Classe: Amphibia; 
Ordem: Caudata; 
Família: Salamandridea; 
Género: Triturus 
Espécie: Triturus boscai – Lataste, 1879Descrição: Machos mais pequenos que as fêmeas com 6.5-
7.5cm e 7-10cm de comprimento, respectivamente. 
Coloração dorsal variável do amarelo-acastanhado ao 
cinzento-acastanhado escuro e ventre geralmente do 
laranja-amarelado ao laranja-avermelhado, com manchas 
escuras dispersas. 
 
Hábitos: Espécie geralmente aquática todo o ano, mas pode 
ter uma fase terrestre. Actividade maioritariamente diurna 
na fase aquática e geralmente nocturna na fase terrestre. 
 
Habitats: Florestas de coníferas e de folhosas caducifólias e 
meios lênticos de água doce – pequenas poças, ribeiros, 
lagoas e poças dentro de cavernas. 
 
Alimentação: Adultos e larvas – invertebrados aquáticos, 
ovos e larvas da própria espécie e de outras espécies de 
urodelos. 
 
FIGURA 7 – Macho FIGURA 8 – Adultos e larvas 
 
16 
Defesa: Fuga e emissão de secreções tóxicas das glândulas 
cutâneas. 
 
Reprodução: 
• Dimorfismo sexual – machos mais pequenos com 
cloaca redonda evidente e com uma linha branca na 
extremidade inferior da cauda; 
• Entre Novembro e Junho, dependendo da região 
geográfica; 
• Complexo comportamento de corte dentro de água; 
• As fêmeas põem 100-250 ovos ao longo da época 
que são fixados individualmente a plantas aquáticas 
ou a outros objectos no fundo da água e eclodem 
entre 1 a 3 semanas. 
 
Distribuição: Mais comum no norte e centro do país 
(interior) e junto ao litoral centro e sul. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
1.7.4. TRITÃO-MARMORADO 
 
Classe: Amphibia; 
Ordem: Caudata; 
Família: Salamandridea; 
Género: Triturus 
Espécie: Triturus marmoratus – Latreille, 1800 
 
 
 
Descrição: Os adultos chegam aos 16cm de comprimento. A 
coloração dorsal é sobretudo verde, claro ou escuro, e o 
ventre é escuro, normalmente preto e com pequenas 
manchas brancas. 
 
Hábitos: Espécie aquática, sobretudo durante a época de 
reprodução, e terrestre fora da última. Activa normalmente 
todo o ano, podendo ficar inactiva nos meses mais frios do 
Inverno e nos meses mais quentes do Verão. 
 
Habitats: Meios lênticos de água doce (permanentes ou 
temporários). 
 
Alimentação: 
• Adultos – larvas de insectos aquáticos, minhocas, 
lesmas, caracóis e larvas de outros; 
• Larvas – pequenos insectos aquáticos e crustáceos – 
cladóceras e copépodes. 
 
Defesa: Fuga, secreções cutâneas tóxicas e tentativa de 
morder o agressor. 
FIGURA 9 – Macho, fêmea e larvas 
 
18 
Reprodução: 
• Com dimorfismo sexual – as fêmeas e juvenis têm 
uma risca vertebral alaranjada e os machos uma 
crista no dorso; 
• Entre Outubro-Maio dependendo da região 
geográfica; 
• Ocorre à noite e dentro de água; 
• A fêmea deposita 150-400 ovos que são envolvidos, 
individualmente, em plantas aquáticas. A eclosão dá-
se 8-14 dias depois da postura; 
• A metamorfose ocorre na Primavera ou até ao final 
do Verão. 
 
Distribuição: Mais comum a norte e centro do país e 
também no litoral centro. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna e no anexo IV da Directiva Habitats. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
1.7.5. RÃ-DE-FOCINHO-PONTIAGUDO 
 
Classe: Amphibia; 
Ordem: Anura; 
Família: Discoglossidae; 
Género: Discoglossus 
Espécie: Discoglossus galganoi – Capula, Nascetti, Lanza, 
Bullini & Crespo 1985 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição: Pode ter 6-8cm de comprimento. A cabeça é 
achatada, o focinho pontiagudo, as pupilas redondas e 
possuí uma “máscara” na cabeça, entre os olhos e a 
extremidade do focinho. A pele é lisa com algumas verrugas 
e a coloração muito variável (desde o cinza ao castanho) 
sendo o ventre esbranquiçado. 
 
Hábitos: Geralmente crepuscular, podendo também ser 
diurna em dias húmidos e chuvosos. Permanece activa 
geralmente todo o ano mas com pouca actividade nos 
meses mais frios e também nos mais quentes. 
 
Habitats: Encontra-se nas imediações das massas de água 
em qualquer tipo de biótopo, preferindo terrenos 
encharcados, prados e lameiros. 
 
 
 
 
FIGURA 10 – Indivíduos adultos 
 
20 
Alimentação: 
• Adultos – insectos, aranhas, caracóis, lesmas, 
minhocas ou até mesmo juvenis da própria espécie; 
• Larvas – matéria vegetal e detritos. 
 
Defesa: Fuga. 
 
Reprodução: 
• Ocorre no Inverno e na Primavera dentro de água; 
• O amplexo é inguinal; 
• A fêmea acasala com vários machos e põe 20-50 
ovos de cada vez, podendo pôr cerca de 1500 num 
único dia em pequenos grupos no fundo das massas 
de água ou nas plantas aquáticas. A eclosão dá-se 2-
9 dias depois; 
• A metamorfose ocorre ao fim de 4-9 semanas. 
 
Distribuição: Ocorre em todo o país mas é mais comum no 
litoral, o que corresponde a 25% da área global. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo II da Convenção 
de Berna e nos anexos II e IV da Directiva Habitats. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
FIGURA 11 – Indivíduo adulto 
1.7.6. SAPO-COMUM 
 
Classe: Amphibia; 
Ordem: Anura; 
Família: Bufonidae; 
Género: Bufo 
Espécie: Bufo bufo – Linnaeus, 
1758 
 
 
 
 
Descrição: É o maior sapo da Europa podendo atingir os 
15cm de comprimento. Apresenta uma pupila horizontal de 
cor cobre-dourado e uma pele muito rugosa, normalmente 
acastanhada, com glândulas parótidas bastante evidentes e 
oblíquas. 
 
Hábitos: Espécie de hábitos aquáticos e terrestres, 
essencialmente crepusculares, mas também diurnos em 
dias húmidos e chuvosos. Activa todo o ano, ocorrendo uma 
diminuição da actividade no Inverno. 
 
Habitats: Cursos de água, charcos temporários, florestas, 
habitats rochosos e arenosos, matos, terrenos agrícolas e 
águas estagnadas. 
 
Alimentação: Espécie muito voraz. 
• Adultos – centopeias, escaravelhos, moscas, 
borboletas, lesmas, minhocas e ainda outros 
anfíbios; 
• Larvas – matéria vegetal. 
 
Defesa: Incham o corpo e libertam secreções cutâneas 
esbranquiçadas das glândulas parótidas. Também podem 
expelir urina. 
 
 
 
 
22 
Reprodução: 
• Apresenta dimorfismo sexual – fêmeas muito 
maiores que os machos; 
• Entre Novembro-Abril ou final do Inverno em zonas 
mais frias ; 
• Migrações até aos locais de reprodução no Outono; 
• O amplexo é axial ocorrendo competição entre os 
machos – amplexos de vários machos e uma só 
fêmea; 
• As fêmeas depositam 
2000-8000 ovos 
esféricos em cordões 
gelatinosos com 5-
10mm de espessura e 
até 5m de comprimento. 
A eclosão dá-se após 2-
3 semanas. 
• A metamorfose ocorre 
2-4 meses depois a 
eclosão. 
 
 
Distribuição: Comum em todo o país. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 12 – Ovos agrupados 
em cordões gelatinosos 
 
23 
1.7.7. RÃ-VERDE 
 
Classe: Amphibia; 
Ordem: Anura; 
Família: Ranidae; 
Género: Rana 
Espécie: Rana perezi – Seoane, 1885 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição: Geralmente com 8,5-10cm de comprimento. A 
coloração varia de verde, cinzento e castanho, com 
manchas irregulares mais escuras sendo muito frequente 
uma risca vertebral esverdeada. Tem pregas dorso-laterais 
castanhas e ventre esbranquiçado com reticulações 
cinzentas. 
 
Hábitos: Espécie activa de noite e de dia, altamente 
aquática e abundante. É boa nadadora e óptima saltadora, 
atingindo em salto distâncias até 2 metros. Pode sobreviver 
em algumas águas salobras e poluídas. 
 
Habitats: Ocorre numa grande variedade de massas de 
água, encontrando-sefrequentemente a apanhar sol nas 
margens. 
 
Alimentação: Espécie muito voraz. 
• Adultos – insectos, aranhas, minhocas, crustáceos, 
moluscos, peixes e anfíbios, incluindo os da própria 
espécie, pequenas rãs e pequenos roedores; 
FIGURA 13 – Adulto e Juvenil 
 
24 
• Larvas – matéria vegetal e detritos. 
 
Defesa: Fuga para dentro de água. 
 
Reprodução: 
• Ocorre na Primavera; 
• O amplexo é axilar e dá-se sobretudo de noite; 
• As fêmeas depositam 800-10.000 por época em 
grandes aglomerados flutuantes; 
• A eclosão dá-se passados alguns dias e os girinos 
sofrem a metamorfose 2-4 meses depois. 
 
Distribuição: Encontra-se uniformemente distribuída por 
todo o país. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna e no anexo V da Directiva Habitats. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
2. OS RÉPTEIS 
 
A rastejar pelo Parque de Monserrate podemos, igualmente 
encontrar diversas espécies de répteis (do latim reptare que 
significa rastejar) cujo nome deriva da principal 
característica do seu modo de locomoção. Algumas das 
espécies que aqui existem são protegidas, pelo que é 
importante conhecê-las. 
 
2.1. A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DOS RÉPTEIS 
 
Os répteis foram os primeiros vertebrados a tornarem-se 
independentes do meio aquático e a dominaram a Terra 
durante a era Mesozóica, que começou há 225 milhões de 
anos e durou cerca de 150 milhões de anos. Muitos 
chegaram a atingir tamanhos gigantescos, como os 
dinossauros, que no final da era Mesozóica se extinguiram. 
No processo de evolução da vida animal, ocupam uma 
posição entre os anfíbios – anteriores – e as aves e os 
mamíferos – tendo estas duas classes evoluído a partir dos 
répteis. 
 
2.2. CARACTERÍSTICAS DOS RÉPTEIS 
 
Os répteis constituem a primeira classe de animais 
vertebrados a conquistar definitivamente o meio terrestre. 
Para isso foi necessário que sofressem uma série de 
adaptações. Possuem, pois, uma pele grossa impermeável, 
seca e sem glândulas, apresentam uma espessa camada de 
queratina coberta por escamas epidérmicas (cobras e 
lagartos) ou placas córneas (crocodilos e caimões) que, nas 
tartarugas, se unem sobre a pele formando uma carapaça 
protectora. Em muitos casos ocorrem mudas, com a 
eliminação das camadas mais superficiais da epiderme para 
permitir o crescimento do animal. Não são capazes de 
controlar a temperatura de seu corpo por processos 
internos, logo precisam de adaptações comportamentais 
para manter sua temperatura em níveis adequados à 
actividade (são animais de sangue frio ou pecilotérmicos). A 
 
26 
principal causa do sucesso dos répteis no ambiente terrestre 
está na sua reprodução, que se tornou completamente 
independente da água. Em primeiro lugar, a fecundação é 
interna. Os répteis são, na sua maioria, ovíparos. 
Depositam ovos em ninhos sob folhas, em buracos feitos no 
solo, na areia de praias ou às margens de rios. Após algum 
tempo de incubação, nascem os filhotes, já independentes 
para se deslocarem à procura de alimento. 
 
Tabela II – Resumo das principais adaptações dos répteis 
que permitiram a colonização do meio terrestre 
 
Adaptação Descrição 
Impermeabilização da pele 
(carapaças, escamas e 
placas córneas) 
Para a protecção do animal 
contra o atrito durante a 
locomoção e evitar que o 
ambiente seco, o vento e o 
sol desidratem o corpo 
Respiração pulmonar 
Os pulmões são os órgãos 
que possibilitaram aos 
vertebrados a respiração em 
ambiente gasoso 
Esqueleto mais forte, 
sistema muscular mais 
complexo e sistema nervoso 
central melhor desenvolvido 
O desenvolvimento destes 
três sistemas possibilita o 
equilíbrio e a sustentação do 
animal em ambiente terrestre 
Excreção urinária 
concentrada 
Adaptação necessária para 
evitar a perda de grande 
quantidade de água através 
da excreção. 
Reprodução com fecundação 
interna e desenvolvimento 
directo. Ovos com casca e 
anexos embrionários. 
A desova ocorre em ambiente 
terrestre e os filhotes saem 
dos ovos com a forma adulta, 
não passando por estágios 
intermediários de 
desenvolvimento. 
 
27 
2.3. ALIMENTAÇÃO DOS RÉPTEIS 
 
Na sua maioria os répteis são carnívoros, procurando as 
suas presas na água, no solo e até nas árvores. Muitos 
répteis têm dentes (como o crocodilo), utilizados para 
capturar e matar as presas, mas não para as mastigar, pois 
geralmente engolem-nas inteiras ou em grandes pedaços. 
Existem, no entanto, alguns que não têm dentes, como a 
tartaruga, que é herbívora. A sua boca, porém, possui 
bordos cortantes que desempenham uma função 
semelhante à dos dentes. Os dentes podem igualmente 
estar modificados para injectar veneno, como acontece 
nalgumas serpentes que utilizam veneno para paralisar ou 
para matar os animais de que se alimentam. 
 
2.4. MEIOS DE DEFESA 
 
Tal como muitos outros animais, os répteis desenvolveram 
numerosos métodos de defesa contra os seus inimigos. Os 
menos elaborados consistem na utilização de alguma parte 
do corpo como arma (ex.: dentes, mandíbulas ou garras). A 
cauda é frequentemente utilizada para golpear os 
adversários como faz, por exemplo, o crocodilo. Os 
quelónios, por possuírem carapaça, não desenvolveram 
outros meios de defesa, embora possam demonstrar uma 
grande agressividade quando se sentem ameaçados. Os 
escamosos desenvolveram métodos de defesa muito mais 
sofisticados, como o ataque através de venenos ou o 
abandono de um fragmento do corpo que é regenerado 
rapidamente. 
 
2.5. FACTORES DE AMEAÇA 
 
Os factores que mais incidem sobre os répteis são a perda, 
fragmentação e degradação dos habitats por acção do 
Homem, como por exemplo a urbanização, os incêndios e a 
expansão da rede viária que potencia a fragmentação dos 
habitats e a mortalidade por atropelamento. 
 
 
28 
Outros factores relevantes são a perseguição directa por 
aversão, nomeadamente a serpentes e osgas e a captura de 
exemplares para comércio e coleccionismo, como é o caso 
de espécies como os cágados e a víbora-cornuda, cuja 
cabeça é utilizada como amuleto e para a preparação de 
“medicamentos” tradicionais. 
 
São ainda pouco conhecidas as evidências quanto a um 
declínio dos répteis à escala mundial. No entanto este 
apresentam características que os tornam bastante 
susceptíveis às alterações ambientais, tal como o aumento 
da temperatura, o que poderá levar à restrição da zona 
climática temperada e à consequente redução dos habitats 
para as espécies adaptadas a esse tipo de clima (lagarto-
de-água Lacerta schreiberi e cobra-de-água-de-colar Natrix 
natrix, por exemplo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
2.6. BIOLOGIA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS 
 
2.6.1. CÁGADO 
 
Classe: Reptilia; 
Ordem: Testudines; 
Família: Emydidae; 
Género: Mauremys 
Espécie: Mauremys leprosa – Schweigger, 1812 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição: É uma tartaruga de água doce de pequenas 
dimensões cujas carapaças atingem 201 mm nos machos e 
os 228 mm nas fêmeas. A coloração é uniforme – oliváceo, 
acinzentado ou pardo – por vezes com tons alaranjados ou 
manchas claras difusas dispersas pela carapaça. Existem 
exemplares com quilha longitudinal na linha média dorsal. O 
ventre é normalmente amarelado e as escamas no pescoço, 
cauda e patas amareladas. O nome “leprosa” provem da 
presença das algas que vivem na sua carapaça. 
 
Hábitos: Hábitos semi-aquáticos. Activo de Fevereiro/Março 
a Outubro/Novembro hibernando nos meses mais frios. 
FIGURA 14 – Cágados (adaptado de 
http://pdubois.free.fr/reptil_batra/images/reptiles/90
92MauremysLeprosa.jpg e 
http://www.cheloniophilie.com/Images/Photos/Mauremys-leprosa/Grande-taille/Mauremys-leprosa1.jpg, 
respectivamente) 
 
30 
Habitats: Ribeiros de montanha de fundo rochoso, ribeiros 
temporários de fundo lodoso ou arenoso, tanques, lagoas, 
canais de irrigação, barragens e locais costeiros de elevada 
salinidade. Suportam índices relativamente elevados de 
poluição. 
 
Alimentação: Espécie omnívora. Alimenta-se de anfíbios 
(larvas e adultos), peixes, insectos, moluscos e crustáceos, 
algas e outras plantas aquáticas. Pode ser necrófilo e 
coprófago (excrementos). 
 
Defesa: Fuga ao menor sinal de perigo. Expelem um líquido 
nauseabundo pela cloaca. 
 
Reprodução: 
• Cópulas em Março-Abril e preferencialmente dentro de 
água; 
• 1-2 Posturas por ano ocorrendo 15-68 dias após a cópula; 
• A fêmea põe 1-13 ovos, geralmente em Abril-Junho. A 
eclosão dá-se 56-108 dias após a postura. 
 
Distribuição: Bastante comum no sul e centro do país e 
também no interior norte. 
 
Estatuto/Legislação: Espécie incluída no anexo III da 
Convenção de Berna e nos anexos II e IV da Directiva 
Habitats. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
2.6.2. LAGARTO-DE-ÁGUA 
 
Classe: Reptilia; 
Ordem: Sauria; 
Família: Lacertidae; 
Género: Lacerta 
Espécie: Lacerta schreiberi – Bedriaga, 1878 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição: Espécie com 12-13,5cm de comprimento do 
corpo, cauda com 2x o comprimento do corpo. Machos 
predominantemente verdes com pequenas manchas pretas, 
maiores no dorso do que nos flancos e fêmeas geralmente 
acastanhadas ou esverdeadas com flancos verdes ou 
castanhos e com o mesmo tipo de manchas dos machos. O 
ventre é às manchas nos machos mas não tão marcado nas 
fêmeas, a garganta é branca ou azul nos machos na época 
de acasalamento e também em algumas fêmeas, podendo 
esta cor cobrir toda a cabeça. Os juvenis são acastanhados 
ou pretos com manchas redondas ou em barras, brancas ou 
amareladas debruadas a preto, com a cauda geralmente 
laranja ou amarela; estas manchas podem ficar retidas nos 
sub-adultos. 
 
Hábitos: Espécie relativamente ágil mantendo-se activa com 
hábitos diurnos de Março a Outubro. 
 
Habitats: Zonas húmidas e frescas, geralmente ao longo de 
cursos de água com uma certa corrente e vegetação ripícola 
FIGURA 15 – Juvenil FIGURA 16 – Macho e fêmea 
adultos 
 
32 
densa, como silvas e urtigas podendo surgir no leito ou nas 
margens rochosas. Os juvenis podem deslocar-se para 
meios mais secos. 
 
Alimentação: Moscas, escaravelhos, gafanhotos, abelhas, 
larvas diversas, aranhas, caracóis e frutos maduros, como 
amoras. 
 
Defesa: Geralmente fogem, podendo morder se capturados. 
 
Reprodução: 
• Acentuado dimorfismo sexual – machos mais coloridos e 
mais robustos que as fêmeas; 
• Cópulas em Março-Abril e por vezes violentas (ocorrência 
de feridas nas fêmeas); 
• Espécie ovípara. Porém a fêmea pode reter os ovos dentro 
dela durante 3 semanas antes da postura. Enterra 5-25 
ovos e a incubação demora 65-110 dias. 
 
Distribuição: Todo o país acima do rio Tejo, na Serra de S. 
Mamede e na Costa Vicentina. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie quase 
ameaçada (NT). Está incluída no anexo II da Convenção de 
Berna e nos anexos II e IV da Directiva Habitats. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
2.6.3. LAGARTIXA-IBÉRICA 
 
Classe: Reptilia; 
Ordem: Sauria; 
Família: Lacertidae; 
Género: Podarcis 
Espécie: Podarcis hispanica – Steindachner, 1870 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição: Atinge 6,5cm sem contar com a cauda e tem um 
padrão de desenho e coloração muito variáveis geralmente 
castanho ou esverdeado. O ventre pode ser branco, rosado 
ou vermelho e ocasionalmente amarelo. O padrão dorsal é 
geralmente às riscas, em que a risca vertebral está mais 
difusa que as dorso-laterais. As fêmeas tem riscas regulares 
e as dos machos são mais às manchas. 
 
Hábitos: Espécie ágil, desconfiada e esquiva encontrando-se 
activa praticamente todo o ano desde que as temperaturas 
sejam superiores a 13ºC. É unimodal – observada da parte 
da manhã. 
 
Habitats: Rochas, muros, amontoados de pedras, paredes, 
parapeitos, afloramentos e troncos de árvores nalguns 
locais. 
 
Alimentação: Artrópodes tais como moscas, mosquitos, 
centopeias, aranhas, formigas, gafanhotos e escaravelhos, 
FIGURA 17 – Macho FIGURA 18 – Fêmea 
 
34 
indivíduos mais pequenos da própria espécie, detritos e 
restos de alimentos em zonas urbanas. 
 
Defesa: Fuga. Emite sons quando capturada tentando 
mordiscar o agressor. 
 
Reprodução: 
• Começa em Fevereiro podendo prolongar-se até Abril e as 
posturas podem ir até Julho (Almeida et al, 2001). 
• Fêmeas põem 1-5 ovos que são chocados em 8 semanas. 
Podem realizar até 3 posturas por ano sendo o tempo 
entre cada postura de 22-34 dias. 
 
Distribuição: Por todo o país mas mais abundante no norte 
e litoral centro. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupante (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
2.6.4. LAGARTIXA-DO-MATO 
 
 
Classe: Reptilia 
Ordem: Sauria 
Família: Lacertidae 
Género: Psammodromus 
Espécie: Psammodromus 
algirus 
algirus – Linnaeus, 1758 
 
 
 
 
 
Descrição: Espécie de lagartixa de tamanho grande e 
relativamente larga. Os machos medem, da cabeça ao 
corpo, 91mm e as fêmeas 93mm. A cauda mede cerca de 
230mm, sendo 2-3 vezes o tamanho do corpo. Tem 
escamas dorsais grandes e planas – imbricadas – 
terminadas em ponta e fortemente aquilhadas. A coloração 
dorsal é parda podendo variar do oliváceo ao cobre. Tem 
duas linhas laterais esbranquiçadas (entre as linhas 
apresenta uma tonalidade escura). A zona ventral é 
sobretudo esbranquiçada com tons avermelhados ou 
alaranjados em especial na zona da cauda e apresenta 
ainda ocelos azulados atrás dos membros anteriores. As 
fêmeas têm 1-3 ocelos e machos têm 2-7 ocelos. 
 
Hábitos: Espécie extremamente ágil e bastante heliófila – 
retira-se quando os últimos raios de sol desaparecerem. 
Activa desde finais de Fevereiro a Outubro, sendo 
estritamente diurna (máximos de actividade durante a 
manhã e tarde). 
 
Habitats: Zonas de arbustos baixos com grande cobertura 
de ervas ao nível do solo e evita substratos arenosos, sendo 
bastante abundante em pinhais. 
 
FIGURA 19 – Lagartixa-do-mato 
 
36 
Alimentação: Aracnídeos, hemípteros, formicídeos, 
coleópteros, homópteros, artrópodes e dípteros. 
 
Defesa: Imobilizam-se por completo ao escutarem ruídos 
estranhos e se algo se aproxima fogem velozmente. Quando 
capturados emitem um grito agudo e curto (audível), 
tentando morder o agressor. 
 
Reprodução: 
• Com dimorfismo sexual – macho com coloração vermelha; 
• Machos reproduzem-se com 1-3 fêmeas e as fêmeas com 
1-2 machos; 
• Cópula pouco ritualizada. O macho faz escolta à fêmea 
durante 1-3 dias; 
• Espécie ovípara – fêmea pode realizar várias posturas por 
ano. Esta ocorre 30-40 dias após a cópula, na qual são 
postos 1-11 ovos, dependendo do tamanho da fêmea. A 
incubação demora cerca de 35-45 dias. 
 
Distribuição: É comum em todo o país. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
2.6.5. COBRA-DE-FERRADURA 
 
Classe: Reptilia; 
Ordem: Serpentes; 
Família: Colubridae; 
Género: Coluber 
Espécie: Coluber hippocrepis – Linnaeus, 1758 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição: O seu nome deve-se à mancha escura na parte 
superior da cabeça em forma de ferradura. Mede entre 80-
150cm de comprimento podendo chegar aos 180cm de 
comprimento. Cabeça bem diferenciada, pupilas redondas e 
escamas suaves cujo padrão dorsal consistenuma série de 
grandes manchas pouco espaçadas normalmente pretas ou 
castanhas escuras. Os flancos têm uma ou mais filas de 
pequenas manchas pretas e a cor de fundo varia do 
castanho ao cinzento com uma pigmentação escura que faz 
com que pareça preta. O ventre é amarelo-alaranjado com 
algumas manchas escuras. Serpente aglifa, ou seja, não 
possui colmilhos (dentes venenosos). 
 
Hábitos: Espécie tímida e rápida de hábitos diurnos, 
podendo apresentar hábitos crepusculares e nocturnos nas 
épocas mais quentes do ano. Está activa todo o ano excepto 
nas zonas mais frias da sua distribuição, passando por um 
período de inactividade em Novembro-Março Pode escalar 
bastante bem a arbustos, em declive e em paredes 
rochosas. 
FIGURA 20 – Cobra-de-ferradura 
 
38 
Habitats: Prefere locais secos, muitas vezes rochosos, 
colinas arbustivas, planícies costais com pouca vegetação e 
zonas agrícolas como amendoeiras, alfarrobeiras, oliveiras e 
vinhas, sendo frequente em zonas urbanas junto a 
habitações, edifícios e paredes rochosas. 
 
Alimentação: Pequenos mamíferos, ocasionalmente 
morcegos, répteis como a osga, lagartixa e sardão, aves 
como o pardal, a andorinha e o pintassilgo. 
 
Defesa: Foge e quando encurralada enrosca e dilata 
ligeiramente a cabeça, incha o corpo, sopra ruidosamente e 
morde o agressor caso seja manejada. 
 
Reprodução: 
• Decorre ao longo da Primavera e início do Verão; 
• As fêmeas põem até 29 ovos alongados depositados 
debaixo de pedras ou troncos ou até mesmo em tocas de 
roedores. As posturas ocorrem em Junho e a eclosão dá-se 
após 1-2 meses de incubação. 
 
Distribuição: Localizada em vários pontos do país mas mais 
comum no centro e sul. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo II da Convenção 
de Berna e no anexo IV da Directiva Habitats. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
2.6.6. COBRA-DE-ESCADA 
 
Classe: Reptilia; 
Ordem: Serpentes; 
Família: Colubridae; 
Género: Elaphe 
Espécie: Elaphe scalaris – Schinz, 1799 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição: Espécie robusta e de grande tamanho podendo 
atingir os 1570 mm de comprimento. Caracteriza-se pelo 
seu padrão dorsal, que está na origem do seu nome, com 
duas faixas longitudinais castanhas escuras ligadas por 
bandas transversais da mesma cor, formando o desenho de 
uma escada (mais evidente nos juvenis pois os adultos 
costumam perder as bandas transversais). Dorso amarelado 
ou acastanhado claro e ventre esbranquiçado com manchas 
escuras dispersas, tendo sido registados casos de albinismo 
nesta espécie. Serpente aglifa – sem colmilhos (dentes 
venenosos). No entanto aplica uma mordida dolorosa. 
 
Hábitos: Activa praticamente todo o ano, sendo a actividade 
mais reduzida em Outubro-Fevereiro. É essencialmente 
diurna mas também tem actividade nocturna, 
principalmente nos meses mais quentes. É muito heliófila 
(gosta muito de sol), além de apresentar notáveis 
capacidades trepadoras. 
FIGURA 21 – Juvenil 
(Fotografia de Daniel James 
Phillips e Jan Van Der Voort - 
http://www.herp.it) 
FIGURA 22 – Adulto 
(Fotografia de Daniel James 
Phillips e Jan Van Der Voort - 
http://www.herp.it) 
 
 
40 
Habitats: Bastante comum em vários biótopos, geralmente 
semi-áridos. 
 
Alimentação: Espécie extremamente voraz e constritora 
alimentando-se de micromamíferos (pequenos roedores), 
sáurios (lagartos), pequenas aves e artrópodes. 
 
Defesa: Relativamente agressiva quando perturbada não 
hesita em atacar e morder quando molestada (enche-se de 
ar e sopra fortemente projectando a cabeça para morder o 
agressor). Porém o mais usual é colocar-se em fuga. 
Quando capturada pelo Homem enrola-se à volta do braço 
apertando-o fortemente, além de tentar morder. 
 
Reprodução: 
• Acasalamento na Primavera; 
• As cópulas podem ser agressivas e ocorrem em Maio-
Junho; 
• As posturas ocorrem em Junho e consiste em 4-14 ovos, 
dependendo do tamanho da fêmea que são depositados 
debaixo de pedras, tocas de micromamíferos ou noutros 
locais apropriados. A incubação demora 55-69 dias. 
 
Distribuição: Um pouco por todo o país 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
2.6.7. COBRA-DE-CAPUZ 
 
Classe: Reptilia 
Ordem: Serpentes 
Família: Colubridae 
Género: Macroprotodon 
Espécie: Macroprotodon 
cucullatus 
ibericus – Geoffroy 
Saint-Hilaire, 1827 
 
 
 
 
 
 
Descrição: Cobra de tamanho médio alcançando os 598-679 
mm de comprimento. Tem uma cabeça diferenciada e um 
corpo cilíndrico e a coloração de fundo é cinzenta ou 
castanha (após a muda). Apresenta manchas castanhas 
dispersas e ainda um colar grosso castanho na parte 
posterior da cabeça e que se pode prolongar por esta – o 
que lhe dá o nome. Possui ainda duas bandas estreitas 
laterais mais escuras, uma de cada lado, desde os orifícios 
nasais, atravessando os olhos e terminando na comissura 
bocal. O dorso é geralmente esbranquiçado ou amarelado. 
Serpente opistoglifa – colmilhos (dentes venenosos) 
encontram-se na parte detrás da boca – possuindo um 
veneno neurotóxico. 
 
Hábitos: Activa anualmente mas mais comum em Março-
Novembro, maioritariamente diurna, podendo também ser 
nocturna. 
 
Habitats: Encontra-se num grande número de habitats, 
sobretudo em maciços montanhosos e o seu biótopo natural 
consiste no bosque mediterrânico seco e bem exposto. 
 
FIGURA 23 – Cobra-de-capuz 
(adaptado de 
http://darwin.icn.pt/sipnat_ima
ges/repteis/m_cucull.jpg) 
 
42 
Alimentação: A cobra-cega (Blanus cinereus) é a presa mais 
comum, lagartos, osgas, cobras da mesma espécie, aves e 
mamíferos – nomeadamente o rato-das-hortas (Mus 
spretus). 
 
Defesa: Não foge ao ser descoberta e em vez disso enrola e 
incha desmesuradamente o corpo. Quando capturada é 
extremamente agressiva mordendo insistentemente o 
agressor. 
 
Reprodução: 
• Apenas 50% das fêmeas se reproduzem por ano; 
• Espécie ovípara – põe 3-5 ovos, no máximo até 7 ovos 
depositando-os em lugares húmidos e solarengos. A 
incubação demora 49-63 dias. 
 
Distribuição: Sobretudo no sul do país mas mais localizada 
nos Parques Naturais de S. Mamede, Sintra-Cascais e Vale 
do Guadiana; pequenos focos no Alentejo e Trás-os-Montes 
(Godinho et al, (1999). 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
2.6.8. COBRA-DE-ÁGUA-VIPERINA 
 
Classe: Reptilia 
Ordem: Serpentes 
Família: Colubridae 
Género: Natrix 
Espécie: Natrix maura 
– Linnaeus, 1758 
 
 
 
 
 
Descrição: Cobra aglifa de tamanho médio com 762 mm de 
comprimento podendo atingir até 1 metro de comprimento 
máximo. Apresenta uma cabeça triangular com um focinho 
aplanado e tem uma coloração dorsal muito variada sendo o 
castanho-escuro a cor predominante. O desenho dorsal 
consiste numa série de manchas escuras de forma e 
tamanho variáveis ao longo do dorso na forma de um zig-
zag escuro – mimetismo batesiano com as víboras) – o que 
lhe dá o nome. Apresenta um padrão em “V” na cabeça e o 
ventre é normalmente esbranquiçado ou avermelhado, com 
manchas escuras quadrangulares. 
 
Hábitos: Espécie de hábitos aquáticos permanecendo activa 
de Março a Outubro e inactiva de Novembro a Fevereiro. 
Apresenta actividade diurna e nocturna. É ágil em terra e 
ainda mais na água, podendo trepar pedras e arbusto. É 
frequentemente avistada a aquecer-se sobre pedras nas 
proximidades de água, semi-submersa ou ainda sobre 
plantas aquáticas. 
 
Habitats: Encontrada na proximidade de qualquer massa de 
água – rio, ribeiro, poço,tanque, charco, etc. 
 
Alimentação: Larvas e adultos de anfíbios, peixes (água 
doce ou salobra), micromamíferos (mais raro) – Arvicola 
sapidus (Salvador e Pleguezuelos, 2002) – anelídeos 
FIGURA 24 – Cobra-de-água-viperina 
 
44 
(minhocas e sanguessugas), répteis – osga ou até mesmo 
exemplares da própria espécie. 
 
Defesa: Normalmente foge para a água. Quando 
encurralada enrosca-se, sopra fortemente e avança a 
cabeça para morder, fazendo-o de boca fechada. Quando 
capturada regurgita a última vítima e liberta uma substância 
nauseabunda que esfrega no agressor com movimentos 
corporais. 
 
Reprodução: 
• Tem duas épocas de reprodução – Primavera e Outono 
(no Outono não ocorre postura – a fêmea só os põe na 
Primavera seguinte); 
• A fêmea põe 1-14 ovos podendo chegar a 20 ovos (Crespo 
dependendo do seu tamanho. Estes são depositados na 
proximidade de água, sob pedras, entre raízes de arbustos 
ou entre restos de decomposição. A incubação demora 
cerca de 40-45 dias. 
 
Distribuição: É comum em todo o país. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco 
preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção 
de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
2.6.9. COBRA-DE-ÁGUA-DE-COLAR 
 
Classe: Reptilia 
Ordem: Serpentes 
Família: Colubridae 
Género: Natrix 
Espécie: Natrix natrix 
astreptophora – Linnaeus, 
1758 
 
 
 
 
 
Descrição: Os machos medem 1053mm e as fêmeas 
1190mm, podendo ultrapassar os 2m de comprimento. A 
coloração dorsal varia do acinzentado ao verde oliváceo e 
ao acastanhado, com manchas escuras dispersas 
irregularmente. A cabeça é redonda e bem definida, as 
pupilas também são redondas e apresentam um colar 
amarelado debruado a preto logo atrás da cabeça o que 
está na origem do nome que lhe foi atribuído. 
 
Hábitos: Geralmente de hábitos aquáticos, pode também ter 
hábitos terrestres. Está activa em Março-Outubro. Espécie 
essencialmente diurna e um pouco nocturna e crepuscular 
nos meses mais quentes. É ágil, nada bastante bem e caça 
frequentemente dentro de água. 
 
Habitats: Biótopos húmidos encontrando-se sobretudo em 
campos orvalhados e bosques, mas no sul, ocorre 
usualmente perto de água. 
 
Alimentação: Sapos, rãs, tritões, girinos, peixes, pequenos 
mamíferos, aves, outras cobras e lesmas. Em média ingere 
uma presa a cada 20 dias. 
 
Defesa: Quando encurralada enrola, incha o corpo e sopra 
com violência; depois achata a cabeça e projecta-a como se 
FIGURA 25 – Cobra-de-água-de-
colar 
 
46 
fosse morder (muito raro). Liberta substâncias 
nauseabundas pela cloaca ou vomita o conteúdo estomacal. 
Pode ainda finge-se de morta permanecendo imóvel de 
costas com a boca aberta e a língua de fora. 
 
Reprodução: 
• Entre a Primavera e o Outono – acasalamentos em Abril-
Maio podendo ocorrer também no final do Verão e do 
Outono; 
• Cópulas demoram cerca de três horas e as fêmeas 
frequentemente só copulam uma vez; 
• A fêmea deposita 2-105 ovos, normalmente 30 para uma 
fêmea madura, 2-5 semanas após a cópula; 
• Os ovos são depositados em buracos, tocas de mamíferos, 
debaixo de troncos e pedras e em montes de estrume e a 
incubação demora 6-10 semanas. 
 
Distribuição: Um pouco por todo o país mas mais comum no 
norte e centro. 
 
Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie de baixo 
risco (LR/lc). Está incluída no anexo III da Convenção de 
Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Teixeira J. & Almeida F.F. (2001). Anfíbios e Répteis de 
Portugal. Guia FAPAS – Fundo para a Protecção dos Animais 
Selvagens. Porto. 
 
Cabral M.J. (coord.), Almeida J., Almeida P.R., Dellinger T., 
Ferrand de Almeida N., Oliveira M.E., Palmeirim J.M., 
Queiroz A.I., Rogado L. & Santos-Reis M. (eds.) (2006). 
Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 2ªed. Instituto 
da Conservação da Natureza/Assírio &Alvim. Lisboa. 
 
Crespo E.G. e Oliveira M.E. (1989). Atlas de distribuição 
dos Anfíbios e Répteis de Portugal Continental. Serviço 
Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza. 
Lisboa. 
 
Crespo E.G., Pargana J.M. & Paulo O.S. (1996). Anfíbios e 
répteis do Parque Natural da Serra de S. Mamede. Parque 
Natural da Serra de S. Mamede/ICN. Portalegre. 
 
Forey P & Forey P (1997). Répteis e Anfíbios – Colecção 
Pequenos Guias da Natureza. 1ª edição. Plátano Editora. 
Lisboa. 
 
Godinho R., Teixeira J., Rebelo R., Segurado P., Loureiro 
A., Álvares F., Gomes N., Cardoso P., Camilo-Alves C. & 
Brito J.C. (1999). Atlas of the continental Portuguese 
herpetofauna: an assemblage of published and new data. 
Rev. Esp. Herp, 13: 61-82. 
 
Ovenden D. & Arnold N. (2004). A field guide to the 
Reptiles and Amphibians of Britain and Europe. 2ªed. Colins. 
London. 
 
48 
Pargana J. M., Paulo O. S., Crespo E. G. (1998). Anfíbios e 
Répteis do Parque Natural da Serra de S. Mamede. Instituto 
da Conservação da Natureza, Portalegre. 
 
Salvador A. & Pleguezuelos J.M. (2002). Reptiles Españoles 
– Identificatión, historia natural y distribuición. 1ªedição. 
Espagnos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
CONSULTAS ON-LINE 
 
• http://curlygirl2.no.sapo.pt/repteis.htm 
• http://www.amphibiaweb.org 
• http://www.club100.net 
• http://www.chelonia.org/byspecies.htm 
• http://www.herp.it/indexjs.htm?SpeciesPages/Pleur
Waltl.htm 
• http://www.infotortuga.com 
• http://www.uga.edu/srelherp/jd/jdweb/Herps/specie
s/usturtles/Psenel.htm 
• http://www.vertebradosibericos.org/ 
• http://www.whose-tadpole.net 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
LEGISLAÇÃO 
 
• Convention on the Conservation of European Wildlife 
and Natural Habitats (1979). European treaty series 
– No. 104. Council Of Europe. Bern, 
www.conventions.coe.int/Treaty/EN/Treaties/Html/1
04.htm 
 
• Council Directive 92/43/EEC of 21 May 1992 on the 
conservation of natural habitats and of wild fauna 
and flora. Consolidated version 1.1.2007, 
www.ec.europa.eu/environment/nature/legislation/h
abitatsdirective/index_en.htm 
 
• IUCN 2007. 2007 IUCN Red List of Threatened 
Species. www.iucnredlist.org 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
GLOSSÁRIO 
 
• Amplexo axial – forma de pseudocópula no qual um 
anuro macho se coloca no dorso de uma fêmea, 
agarrando-a com as suas patas na zona das axilas, 
enquanto esta faz a postura dos ovos. 
• Amplexo inguinal – forma de pseudocópula no qual 
um anuro macho se coloca no dorso de uma fêmea, 
agarrando-a com as suas patas na zona da cintura, 
enquanto esta faz a postura dos ovos. 
• Anfíbio – Pequeno animal de pele mole, permeável, 
geralmente húmida e sem escamas que podemos 
encontrar na água e em locais húmidos. Possui, 
geralmente, a capacidade de respirar dentro e fora de 
água. 
• Autóctone – Originário do local onde se encontra. 
• Biodiversidade – Variedade de organismos vivos de 
todas as origens, compreendendo, entre outros, os 
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas 
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem 
parte. Compreende, ainda, a diversidade dentro de 
espécies, entre espécies e de ecossistemas. 
• Biologia – Ciência que estuda a vida. 
• Canibalismo – Relação entre organismos da mesma 
espécie em que um se alimenta do outro. 
• Córnea (placa) – Estrutura de consistência rija, 
semelhante a uma escama, que cobre a pele de alguns 
répteis. 
• Cúspides – pontas formadas na extremidade dos 
dentes. 
• Desovar – Fazer uma postura. 
• Dimorfismo sexual – ocorrência de indivíduos do sexo 
masculino efeminino de uma espécie com 
características físicas não sexuais marcadamente 
diferentes. 
• Ecossistema – Sistema ecológico formado pelo 
ambiente e pelos seres vivos que nele vivem e com o 
qual se relacionam. 
 
52 
• Endemismo – Fenómeno que consiste na ocorrência de 
espécies ou de subespécies animais ou vegetais numa 
única área restrita e relativamente isolada. 
• Epidérmico – Relativo à pele. 
• Espécie – Conjunto de organismos anatómica e 
fisiologicamente semelhantes e que, em condições 
naturais, se cruzam entre si, dando origem a 
descendentes férteis. 
• Evapotranspiração – Libertação de vapor de água 
pelos organismos vegetais. 
• Exótico – Animal ou planta que não é natural do local 
para o qual foi transportado. 
• Habitat – Local que oferece as condições apropriadas à 
vida de um ser vivo. 
• Intrusão magmática – Aprisionamento de uma bolha 
de magma no interior da crosta terrestre, que depois de 
solidificar emerge à superfície. 
• Magma – Material fundido, rico em gases, que se 
encontra no interior da Terra. 
• Meios lênticos – Águas eutróficas (bem nutridas) 
permanentes, paradas ou lentas. 
• Metamorfose – Conjunto de transformações que ocorre 
no corpo de alguns animais desde que nascem até à 
fase adulta. 
• Microclima – Conjunto de condições climatéricas 
específicas de um local, geralmente devido às condições 
geográficas existentes. 
• Mimetismo batesiano – relação de semelhança nas 
características – morfológicas, etológicas, biológicas, 
etc. – entre uma espécie que é a modelo e outra que é 
a cópia. 
• Nutriente – Substância que constitui os alimentos e 
que é necessário à vida. 
• Ovíparo – Animal que se desenvolve fora do corpo 
materno, dentro de um ovo que lhe fornece as 
substâncias necessárias ao seu desenvolvimento. 
• Ovovivíparo – Animal que se desenvolve dentro de um 
ovo, no interior do corpo materno. 
• Pecilotérmico – Animal de sangue frio. 
 
53 
• Plastron – parte ventral da estrutura da carapaça (ao 
que vulgarmente se chama barriga) de um cágado ou 
tartaruga. 
• Predação – Relação entre organismos de espécies 
diferentes em que um sai beneficiado e o outro sai 
prejudicado a ponto de ser eliminado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parques de Sintra – Monte da Lua, SA 
Núcleo de Programação e Ambiente 
Parque de Monserrate, 2710 – 405 Sintra 
Tel.: 21 923 73 15 l Fax: 21 923 73 60 
E-mail: npa@parquesdesintra.pt

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