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Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 1 Morfologia Macroscópica da Tireoide e Paratireoides A) Caso Clínico 1 - Doença de Basedow-Graves -Divisão do pescoço em trígonos; A: Região Esternocleidomastóidea B: Região Cervical Posterior C: Trígono Cervical Lateral D: Trígono Cervical Anterior 1- Região esternocleidomastóidea; *O ECOM é um ponto de referência muscular estratégico no pescoço e forma a região esternocleidomastóidea; *O músculo ECOM divide, de modo visível, cada lado do pescoço em regiões cervical anterior e lateral (trígonos cervical anterior e lateral do pescoço); *O ECOM é largo, semelhante a uma alça e tem 2 cabeças; ->Tendão arredondado da cabeça esternal fixa-se ao manúbrio; ->Cabeça clavicular carnosa e espessa fixa-se à face superior do terço medial da clavícula; *Na parte inferior, as 2 cabeças do ECOM são separadas por um espaço, visível na superfície como uma pequena depressão triangular, a fossa supraclavicular menor; *Na parte superior, as cabeças se unem enquanto seguem com trajeto oblíquo em direção ao crânio; ->Fixação superior do músculo ECOM é o processo mastoide do temporal e a linha nucal superior do occipital; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 2 2- Região cervical anterior (trígono cervical anterior); * A região cervical anterior (trígono cervical anterior) tem; ->Um limite anterior formado pela linha mediana do pescoço; ->Um limite posterior formado pela margem anterior do músculo ECOM; ->Um limite superior formado pela margem inferior da mandíbula; ->Um ápice localizado na incisura jugular no manúbrio; ->Um teto formado pela tela subcutânea que contém o músculo platisma; ->Um assoalho formado pela faringe, laringe e glândula tireoide; *Trígono submandibular; ->Área glandular entre a margem inferior da mandíbula e os ventres anterior e posterior do músculo digástrico; ->O assoalho do trígono submandibular é formado pelos músculos milo-hióideo e higlosso e pelo músculo constrictor médio da faringe; ->A glândula submandibular quase preenche todo esse trígono; *Trígono submentual; ->Situado inferiormente ao mento; ->É uma área supra-hióidea; ->Tem como limite inferior o corpo do hióide e como limite lateral os ventres anteriores direito e esquerdo dos músculos digástricos; ->O assolho do trígono submentual é formado pelos dois músculos milo-hióideos, que se encontram em uma rafe fibrosa mediana; ->O ápice do trígono submentual está na sínfise da mandíbula, local de união das metades da mandíbula durante o primeiro ano de vida; ->A base do trígono submentual é formada pelo hióide; *Trígono carótico; ->É uma área vascular limitada pelo ventre superior do músculo omo-hióideo, o ventre posterior do músculo digástrico e a margem anterior do músculo ECOM; ->Esse trígono é importante porque a artéria carótida comum ascende até seu interior; ->Seu pulso pode ser auscultado ou palpado comprimindo-o levemente contra os processos transversos das vértebras cervicais; ->No nível da margem superior da cartilagem tireóidea, a artéria carótida comum divide-se nas artérias carótidas interna e externa; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 3 *Trígono muscular; ->Limitado pelo ventre superior do músculo omo-hióideo, a margem anterior do ECOM e o plano mediano do pescoço; 3- Região cervical lateral; *Limitada anteriormente pela margem posterior do músculo ECOM; *Limitada posteriormente pela margem anterior do músculo trapézio; *Trígono occipital; ->É assim denominado porque a artéria occipital aparece em seu ápice; *Trígono omoclavicular; ->É indicado na superfície do pescoço pela fossa supraclavicular; ->A parte inferior da veia jugular externa cruza a superfície desse trígono; ->A artéria subclávia situa-se na parte profunda dele; ->Esses vasos são separados pela lâmina superficial da fáscia cervical; ->Como a terceira parte da artéria subclávia está localizada nessa região, muitas vezes, o trígono omoclavicular é denominado trígono subclávio; 4- Região cervical posterior; *Posterior às margens anteriores do músculo trapézio; *O músculo trapézio é grande, triangular e plano, recobrindo a face posterolateral do pescoço e do tórax; *Músculo trapézio, ramos cutâneos dos ramos posteriores dos nervos espinais cervicais; *Região ou trígono suboccipital situa-se profundamente à parte superior dessa região; B) Caso Clínico 2 - Bócio Mergulhante -Localização anatômica; *Situa-se profundamente aos músculos esternotireóideo e esterno-hioideo; *Situa-se anteriormente na região inferior do pescoço; *No nível das vértebras C5 a T1; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 4 -Bócio; *Aumento de volume da glândula tireoide; ->Causa uma saliência no pescoço e pode comprimir a traqueia, o esôfago e os nervos laríngeos recorrentes; ->O aumento da glândula pode ser anterior, posterior, inferior ou lateral; ->A extensão subesternal de um bócio também é comum; -Lobos direito e esquerdo; *Situados em posição anterolateral em relação à laringe e a traqueia; *Cada lobo geralmente tem cerca de 5 cm de comprimento; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 5 -Istmo; *Liga as partes inferiores dos dois lobos, embora ocasionalmente possa estar ausente; *Mede cerca de 1,25 cm transversal e verticalmente; *Em geral, é anterior à segunda e à terceira cartilagens traqueais; -Lobo piramidal; *Cerca de 50% das glândulas tireoides têm um lobo piramidal (resquício embrionário, mais comum ao lobo esquerdo); *Varia em tamanho; *Estende-se superiormente a partir do istmo da glândula tireoide; *Em geral, à esquerda do plano mediano; *Uma faixa de tecido conjuntivo, que muitas vezes contém tecido tireóideo acessório, pode continuar do ápice do lobo piramidal até o hioide; *O lobo piramidal e a faixa de tecido conjuntivo se desenvolvem a partir de remanescentes do epitélio e do tecido conjuntivo do ducto tireoglosso (embriologia da tireoide); -Cistos do ducto tireoglosso; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 6 *O desenvolvimento da glândula tireoide começa no assoalho da faringe embrionária, no local indicado por uma pequena depressão, o forame cego, no dorso da língua depois do nascimento; *Em seguida, a glândula em desenvolvimento migra da língua para o pescoço, passando anteriormente ao hioide e às cartilagens tireóideas até chegar à posição final anterolateral à parte superior da traqueia; *Durante essa migração, a glândula tireoide está fixada ao forame cego pelo ducto tireoglosso; *Esse ducto normalmente desaparece, mas remanescentes de epitélio podem formar um cisto do ducto tireoglosso em qualquer ponto ao longo do trajeto de descida; *O cisto geralmente situa-se no pescoço, perto ou inferiormente ao hioide e forma uma protrusão na parte anterior do pescoço; *Pode ser necessária remoção cirúrgica; *A maioria dos cistos do ducto tireoglosso está situada perto ou logo abaixo do corpo do hioide; -Glândula tireoide ectópica; *O tecido glandular tireóideo ectópico pode ser encontrado em qualquer lugar ao longo do trajeto do ducto tireoglosso embrionário; *Embora sejararo, o ducto tireoglosso que leva tecido formador de tireoide em sua extremidade distal pode não chegar a sua posição definitiva no pescoço; *Pode haver tecido tireóideo ectópico na raiz da língua, logo posterior ao forame cego, resultando em uma glândula tireoide lingual ou no pescoço, no nível do hioide ou logo abaixo; *Os remanescentes císticos do ducto tireoglosso podem ser diferenciados de uma glândula tireoide ectópica por cintilografia com radioisótopos; *Em geral, uma glândula tireoide ectópica no plano mediano do pescoço é o único tecido tireóideo presente; *Por vezes, o tecido glandular tireóideo está associado a um cisto do ducto tireoglosso; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 7 *Portanto, ao remover um cisto, é importante diferenciar entre uma glândula tireoide ectópica e um cisto do ducto tireoglosso; *A não diferenciação pode resultar em uma tireoidectomia total, tornando a pessoa permanentemente dependente de medicação tireoidiana; -Vascularização; *Arterial: altamente vascularizada pelas artérias tireóideas superior e inferior, que situam-se entre a cápsula fibrosa e a bainha fascial frouxa; ->Artérias tireóideas superiores: primeiros ramos das artérias carótidas externas, dividem –se em ramos anterior e posterior e suprem principalmente a face anterossuperior da glândula; ->Artérias tireóideas inferiores: originam-se das artérias subclávias, dividem-se em vários ramos que suprem a face posteroinferior, inclusive os polos inferiores; ->Artéria tireoide ima (variação anatômica): em cerca de 10% das pessoas, origina-se uma pequena artéria tireoide ima ímpar a partir do tronco braquiocefálico (pode originar-se do arco da aorta ou das artérias carótidas comum direita, subclávia ou torácica interna), quando presente, ascende na parte anterior da traqueia e emite pequenos ramos para ela, continua até o istmo, onde se divide para irriga-la; OBS: A possível existência dessa artéria deve ser considerada ao realizar procedimentos na linha mediana do pescoço inferior ao istmo devido ao risco de sangramento (por exemplo, traqueostomia); *Drenagem venosa: 3 pares de veias tireóideas geralmente formam um plexo venoso tireóideo na face anterior da glândula tireoide e anterior à traqueia; ->Veias tireóideas superiores: acompanham as artérias tireóideas superiores e drenam os polos da glândula tireoide; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 8 ->Veias tireóideas médias: não acompanham, mas seguem trajetos praticamente paralelos às artérias tireóideas inferiores e drenam a região intermédia dos lobos; OBS: Essas duas veias (superior e média) drenam para a veia jugular interna; ->Veias tireóideas inferiores: geralmente independentes, drenam os polos inferiores, drenam para as veias braquiocefálicas posteriormente ao manúbrio do esterno; *Drenagem linfática (vasos linfáticos): seguem no tecido conjuntivo interlobular, geralmente perto das artérias, comunicam-se com uma rede capsular dos vasos linfáticos, a partir daí, os vasos seguem primeiro para os linfonodos pré-laríngeos, pré-traqueais e paratraqueais / na parte lateral, os vasos linfáticos situados ao longo das veias tireóideas superiores seguem diretamente para os linfonodos cervicais profundos inferiores; ->Linfonodos pré-laríngeos: drenam para os linfonodos cervicais superiores; ->Linfonodos pré-traqueais e paratraqueais drenam para os linfonodos cervicais profundos inferiores; OBS: Alguns vasos linfáticos podem drenar para os linfonodos braquiocefálicos ou para o ducto torácico; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 9 C) Caso Clínico 3 - Rouquidão Pós Operatória -Inervação; [IMAGEM] *A glândula tireoide recebe sua inervação dos gânglios cervicais superior, médio e inferior; *As fibras pós-ganglionares provenientes do gânglio cervical inferior formam um plexo sobre a artéria tireoidea inferior, que acompanha a artéria até a glândula tireoide e se comunica com os nervos laríngeo recorrente e ramo externo do nervo laríngeo superior, com o nervo cardíaco superior e com o plexo sobre a artéria carótida comum; *Essas fibras são vasomotoras, não secretomotoras; *Causam constrição dos vasos sanguíneos; *A secreção endócrina da glândula tireoide é controlada hormonalmente pela hipófise; -Lesão do nervo laríngeo; *Em processos cirúrgicos, o nervo laríngeo inferior, que é a continuação do nervo laríngeo recorrente, pode ser lesionado e causar paralisia da prega vocal, pois o nervo laríngeo inferior inerva os músculos que movimentam a prega vocal; *Os nervos da laringe são os ramos laríngeos superior e inferior dos nervos vagos (nervo craniano X); *O nervo laríngeo superior origina-se do gânglio vagal inferior na extremidade superior do trígono carótico; ->Divide-se em dois ramos terminais na bainha carótica: o nervo laríngeo interno (sensitivo e autônomo) e o nervo laríngeo externo (motor); Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 10 *O nervo laríngeo interno, o maior dos ramos terminais do nervo laríngeo superior, perfura a membrana tireo-hioidea com a artéria laríngea superior, enviando fibras sensitivas para a túnica mucosa laríngea do vestíbulo da laringe e cavidade média da laringe, inclusive a face superior das pregas vocais; *O nervo laríngeo externo, o ramo terminal menor do nervo laríngeo superior, desce posteriormente ao músculo esternotireoideo em companhia da artéria tireoidea superior; *Inicialmente, o nervo laríngeo externo está situado sobre o músculo constrictor inferior da faringe, depois perfura o músculo, contribuindo para sua inervação (com o plexo faríngeo) e continua para suprir o músculo cricotireoideo; *O nervo laríngeo inferior, a continuação do nervo laríngeo recorrente (um ramo do nervo vago) entra na laringe passando profundamente à margem inferior do músculo constrictor inferior da faringe e medialmente à lâmina da cartilagem tireoidea / divide-se em ramos anterior e posterior, que acompanham a artéria laríngea inferior até a laringe; ->Ramo anterior supre os músculos cricotireóideo lateral, tireoaritenóideo, vocal, ariepigloótico e tireoepiglótico; ->Ramo posterior supre os músculos cricoaritenóideo posterior, aritenóideos transverso e oblíquo; *Como supre todos os músculos intrínsecos, com exceção do cricotireóideo, o nervo laríngeo inferior é o nervo motor primário da laringe; ->Entretanto, também envia fibras sensitivas para a túnica mucosa da cavidade infraglótica; *Inicialmente, a voz é insatisfatória, pois não há adução da prega vocal paralisada para encontrar a prega vocal normal, *Em semanas, a prega contralateral cruza a linha mediana quando há compensação pela ação muscular; ->Paralisia bilateral das pregas vocais: voz quase ausente, pregas vocais imóveis em uma posição um pouco mais estreita do que a posição respiratória, não podem ser aduzidas para fonação, não podem ser abduzidas para aumentar a respiração o que resulta em estridor (respiração ruidosa aguda) e acompanhado por ansiedade semelhante ao episódio de asma; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 11 *Nas lesões progressivas do nervo laríngeo recorrente, há perda da abdução dos ligamentos vocais antes da adução; *Durante a recuperação a adução retorna antes da abdução; *A rouquidão é um sinal comum de distúrbios gravesda laringe, como o carcinoma das pregas vocais; *A lesão do ramo externo do nervo laríngeo superior ocasiona voz monótona; ->O músculo cricotireóideo paralisado não consegue variar o comprimento e a tensão da prega vocal; ->Pode não ser notada nas pessoas que não costumam variar muito o tom da fala, mas é crucial para cantores ou pessoas que falam em público; D) Caso Clínico 3 - Adenoma Paratireóideo; -Características; *Geralmente, os indivíduos apresentam 4 glândulas paratireoides; *Cerca de 5% das pessoas têm mais, algumas têm apenas 2 glândulas; -Localização; *Em geral, situam-se externamente à cápsula tireoidea na metade medial da face posterior de cada lobo da glândula tireoide dentro de sua bainha; *As glândulas paratireoideas superiores costumam situar-se um pouco mais de 1 cm acima do ponto de entrada das artérias tireoideas inferiores na glândula tireoide; *As glândulas paratireoides inferiores usualmente situam-se mais de 1 cm abaixo do ponto de entrada arterial; *As glândulas paratireoides superiores, com posição mais constante do que as inferiores, geralmente estão situadas no nível da margem inferior da cartilagem cricoidea; *A posição habitual das glândulas paratireoides inferiores é perto dos polos inferiores da glândula tireoide, mas elas podem ocupar várias posições; *Em 1 a 5% das pessoas, uma glândula paratireoide inferior está situada profundamente no mediastino superior; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 12 -Vascularização; *Geralmente, as paratireoides são irrigadas por ramos das artérias tireóideas inferiores; *Entretanto, também podem ser supridas por ramos das artérias tireóideas superiores, a artéria tireóidea ima ou as artérias laríngeas, traqueais e esofágicas; *As veias paratireóideas drenam para o plexo venoso tireóideo da glândula tireoide e da traqueia; -Inervação; *A inervação das glândulas paratireoides é abundante, é derivada de ramos tireóideos dos gânglios (simpáticos) cervicais; *Assim como os nervos para a glândula tireoide são vasomotores e não secretores, porque as secreções endócrinas dessas glândulas são controladas por hormônios; Riane Wanzeler de Oliveira M3 – 2016.1 Página 13 OBS: Nas tireoidectomias subtotais, a região escolhida para preservação corresponde à parte posterior, com o intuito de proteger os nervos laríngeos recorrente e superior e assim, poupar as glândulas paratireoides.
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