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O Segundo Governo Vargas (1951-54) Eduardo F. Bastian Economia Brasileira I Referências da aula: Leituras obrigatórias: -Ordem do Progresso (capítulo 5) - Economia Brasileira Contemporânea (capítulo 1) - Fonseca ( 2010) Leitura complementar: - M.A. Leopoldi, ‘O difícil caminho do meio’. 2 Roteiro Introdução: campanha política 1 Política Econômica Interna : diretrizes 2 Medidas e resultados 3 3 • Eleições de 1950: Principais candidatos Getúlio Vargas (PTB) Eduardo Gomes (UDN) Cristiano Machado (PSD) 4 •Discurso da campanha de Vargas: - Crítica à política de comércio exterior liberal do início do governo Dutra. -Suposto desperdício de divisas ocorrido durante o governo Dutra. 5 •Discurso da campanha de Vargas: - Defesa da industrialização. - Resolver o problema energético (petróleo e energia elétrica). 6 • Herança deixada pelo governo Dutra: Contexto Interno -Volta do crescimento econômico. - Desequilíbrio das finanças públicas. - Recrudescimento da inflação. 7 • Herança deixada pelo governo Dutra: Contexto Externo - Expectativas favoráveis decorrentes da elevação dos preços do café. - Mudança de atitude do governo norte-americano em relação ao financiamento dos programas de desenvolvimento do Brasil. 8 • Estratégia do governo Vargas: Governo em 2 fases (Campos Salles/ Rodrigues Alves): 1) Estabilização da economia: 2) Empreendimentos e realizações 9 • Estratégia do governo Vargas: Na fase de Empreendimentos e Realizações, o papel da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos seria crucial. 10 • Estratégia do governo Vargas: 1) Estabilização da economia: - Contenção dos gastos públicos - Tentativa de aumentar a arrecadação - Políticas monetária e creditícia contracionistas - Taxa de câmbio real sobrevalorizada 11 •Medidas Fiscais: 1951 - Corte dos gastos públicos, em particular dos investimentos públicos que decresceram 3% em termos reais. - Arrecadação aumentou em 42% em relação a 1950 em função do crescimento real e da inflação. - Resultado: primeiro superávit global da União e estados desde 1926. 12 •Medidas Fiscais: 1952 - O superávit da União foi quase igual, mas insuficiente para compensar o déficit dos estados, Distrito Federal e municípios (impulsionado pelo estouro do déficit de São Paulo) 13 •Políticas monetária e creditícia: - Política monetária ortodoxa. - Política creditícia na direção oposta. 14 •Políticas monetária e creditícia: - Ricardo Jafet na presidência do banco do Brasil conduzindo a política creditícia de maneira distinta das diretrizes traçadas pelo Ministério da Fazenda. - A redução dos empréstimos do Banco do Brasil ao Tesouro Nacional foi mais do que compensada com a expansão do crédito às atividades econômicas. 15 Empréstimos do Banco do Brasil às Atividades Econômicas (saldos em 31 de dezembro em Cr$ milhões): Saldos Var (%) 1950 14.901 1951 24.737 66,0 1952 34.254 38,5 Fonte: Malan et. al. (1980) 16 Desempenho da economia 1951-52: Do ponto de vista do combate à inflação, o plano fracassou. Dados do IGP (dez/dez): 1950: 12,4 1951: 12,4 1952: 12,7 17 Desempenho da economia 1951-52: Por outro lado, o PIB teve um bom desempenho: 1950: 6,8 1951: 4,9 1952: 7,3 18 Desempenho da economia 1951-52: O PIB foi puxado pelo setor de serviços, impulsionado pelo comércio importador. A produção industrial – afetada pela concorrência dos importados – teve seu pior desempenho desde 1947. 19 Política Econômica Externa 1951-52: - Taxa de câmbio real sobreapreciada. - Liberalização progressiva das licenças para importação. 20 Resultados: 1) Aumento das importações. 2) Queda das reservas em dólar Em março de 1951, as reservas eram de US$ 162 milhões. Em julho de 1951, estavam em US$ 43 milhões. 21 -Agosto: o conselho da SUMOC determinou que a CEXIM reintroduzisse um regime de licenciamento mais severo. - Todavia, as importações continuaram em alta. (a questão da validade das licenças) - Em dezembro, as reservas em dólar tornaram-se negativas. . 22 1952: O sistema de licenciamento é novamente apertado (volta do sistema do final do governo Dutra) Ainda assim, as importações continuam em alta. . 23 1952: As exportações caem 20% em relação a 1951. Razões: 1) Câmbio sobrevalorizado. 2) Crise da indústria têxtil mundial. 24 Balança Comercial Área de Moedas Conversíveis (US$ milhões de dólares correntes) . 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 Exportações Importações Fonte: Elaboração própria a partir de Malan et. al. (1980 25 A combinação destes fatores leva a uma crise cambial em 1952. . 26 Síntese do biênio 1951-52: 1) Políticas de combate à inflação tiveram poucos resultados. 27 Síntese do biênio 1951-52: 2) Crise cambial em 1952 No início de 1953, os atrasados comerciais acumulados somavam mais que US$ 600 milhões. 28 - O quadro iria piorar com o encerramento das operações da CMBEU. - Do total de US$ 387 milhões aprovados pela CMBEU, apenas US$186 milhões rseultaram em financiamentos - 1/3 deste valor foi apenas para uma companhia. 29 1953: ajustamentos 1) Empréstimo de US$ 300 milhões obtido junto ao Eximbank para fazer frente aos atrasados comerciais. 2) Lei do Mercado Livre (lei 1807) 30 Lei do Mercado Livre (lei 1807) -Na prática, instituiu taxas de câmbio múltiplas. - As importações sofreram grande queda no primeiro semestre de 1953. - Todavia, as exportações tiveram um desempenho ruim. - Assim, os atrasados comerciais continuaram aumentando. 31 -Além da crise cambial, havia dificuldades nos planos social e político. - Março de 1953: paralisação de 300 mil operários em São Paulo. - Derrota do candidato do governo na eleição municipal de São Paulo. 32 Reforma Ministerial em 1953: - João Goulart no Ministério do Trabalho. -Osvaldo Aranha no lugar de HorácioLafer. Aranha irá tentar uma nova estratégia de estabilização. 33 Instrução 70 da Sumoc : (09/10/53) Diretrizes gerais: 1) Restabelecimento do monopólio cambial do Banco do Brasil. 2) Extinção do controle quantitativo das importações e a instituição de leilões de câmbio. 3) (para as exportações) substituição das taxas mistas por um sistema de bonificações incidentes sobre a taxa oficial. 34 Para as importações, havia múltiplas taxas de câmbio: 1) Para importações especiais (como trigo e papel de imprensa), taxa oficial sem sobretaxa, 2) Para importações diretas dos diferentes governos (além de petróleo e derivados), taxa oficial acrescida de sobretaxas fixas. 3) Para todas as demais importações, taxa oficial acrescida de sobretaxas variáveis (definidas em lances feitos em leilões de câmbio). 35 Sistemática dos leilões: - As importações eram classificadas em cinco categorias em ordem decrescente de essencialidade. - A oferta disponível de cada moeda era alocada pelas autoridades monetárias entre as dieferentes categorias. - As categorias I, II e III absorviam geralmente 80% da oferta total de cada moeda. - Para cada categoria, foram fixados valores mínimos, que eram crescentes de acordo com a menor essencialidade da categoria. 36 - As taxas múltiplas de câmbio – através do sistema de leilões – permitiram a realização de amplas desvalorizações cambiais. - Além disso, permitiram a continuidade de uma política seletiva de importações, posto que as taxas de câmbio eram diferenciadas por produto. - Por fim, o ágio obtido com as sobretaxas nos diferentes mercados tornou-se importante fonte de receita fiscal para o governo. 37 Todavia, as demais políticas macroeconômicas não caminharam no sentido da estabilização. Política fiscal: -Aumento dos gastos do governo em obras públicas como tentativa de adequar a infra-estrutura do país. - abonos concedidos ao funcionalismo civil. 38 Balanço de 1953: - A indústria cresceu 9,3%. - O resultado do crescimento do PIB foi o pior desde 1947 (4,7%) em função do desempemho ruim da agricultura (crescimento de 0,2%). - A inflação acelerou-se, saltando para 20,5%. 39 1954: Quadro Geral: -Setor externo já não preocupava tanto. - O problema da inflação e do reajuste do salário mínimo. 40 A questão do salário mínimo -O ministro João Goulart queria um aumento de 100% no mínimo. - O ministro Osvaldo Aranha e o Conselho Nacional de Economia queriam um aimento de 33%. - O aumento requerido para recompor o pico do reajuste anterior era de cerca de 53%. 41 A questão do salário mínimo Crise política: -Pressões da UDN. - Manifesto dos Coronéis - Ministro da Guerra afastado do cargo 42 A questão do salário mínimo Vargas apoiou o aumento de 100%. Ainda assim, Goulart foi destituído do cargo em 22 de junho. 43 Salário Mínimo Real: 50,0 70,0 90,0 110,0 130,0 150,0 170,0 190,0 210,0 230,0 19 46 .01 19 46 .05 19 46 .09 19 47 .01 19 47 .05 19 47 .09 19 48 .01 19 48 .05 19 48 .09 19 49 .01 19 49 .05 19 49 .09 19 50 .01 19 50 .05 19 50 .09 19 51 .01 19 51 .05 19 51 .09 19 52 .01 19 52 .05 19 52 .09 19 53 .01 19 53 .05 19 53 .09 19 54 .01 19 54 .05 Fonte: Ipeadata 44 A questão do salário mínimo Vargas apoiou o aumento de 100%. Ainda assim, Goulart foi destituído do cargo em 22 de junho. 45 Dificuldades econômicas: -Choque de custos em função: 1) desvalorizações cambiais associadas à Instrução 70 da Sumoc. 2) aumento do salário mínimo. -Risco de nova crise cambial: Boicote dos consumidores norte americanos ao café brasileiro. 46 Desfecho: Crise política e suicídio do presidente. 47 A questão do populismo no Segundo Vargas: (Fonseca, 2010) Populismo político X Poulismo econômico 48 Populismo Econômico: Aspectos Gerais: -Manipulação das massas. - ênfase no crescimento econômico e na distribuição de renda. - negligência em relação à inflação. 49 Populismo Econômico: -Livro The Macroeconomics of Populism in Latin America de Rudiger Dornbusch e Sebastian Edwards. - O paradigma populista seria caracterizado por 4 fases. 50 Populismo Econômico: Fase 1) -Altas taxas de crescimento do produto, dos salários e do emprego. - expansão da demanda é compensada pela redução dos estoques e aumento das importações. 51 Populismo Econômico: Fase 2) - Começam a aparecer os gargalos na produção. - estoques reduzidos leva a ajustes de preços, desvalorizações e controles cambiais e protecionismo. - inflação aumenta. - déficit público piora. 52 Populismo Econômico: Fase 3) - oferta insuficiente de bens e serviços. - aceleração da inflação. - problemas cambiais. - déficit público piora. - salários caem. 53 Populismo Econômico: Fase 4) - sob um novo governo, políticas de estabilização ortodoxas são implementadas. 54 Populismo Econômico: Em síntese: Os governos populistas são curto prazistas. Suas políticas geram uma série de problemas no médio prazo. Assim, mais tarde, a sociedade paga pelos excessos cometidos na fase populista. 55 O Segundo Governo Vargas pode ser considerado populista? 56 - Fonseca acha que não. - As políticas macroeconômicas tornaram-se mais frouxas apenas no final do governo. - A primeira fase estava voltada para a estabilização. 57 Ao mencionar a política de estabilização do começo do governo, Fonseca (2010) indagou: “Como associá-lo ao populismo economico, cujo fundamento é a negativa de opção pela estabilidade e pelo combate à inflação, quando justamente isto é que foi feito?” (Fonseca, 2010: 40). 58 Outra questão: - A dificuldade de detectar projetos de longo prazo analisando apenas as políticas instrumentais. 59 Esforço de Planejamento durante o Segundo Vargas: (M. A. Leopoldi) Vargas concentrou os esforços de planejamento em 2 áreas: 1) Assessoria Econômica 2) Ministério da Fazenda 601) Assessoria Econômica - Conjunto de técnicos de orientação nacionalista não-ortodoxa e leais ao presidente. - Caberia a eles formular os projetos de criação da Petrobrás e da Eletrobrás. 61 2) Ministério da Fazenda - Foram criadas duas agências para elaborar projetos voltados para a industrialização e a infra- estrutura energética. a) CMBEU b) Comissão de Desenvolvimento Industrial (CDI) 62 b) Comissão de Desenvolvimento Industrial (CDI) Criada em julho de 1951. Objetivos: - planejar uma política abrangente de desenvolvimento industrial. - política protecionista para atrair indústrias (locais e estrangeiras) em áreas estratégicas, oferecendo uma série de benefícios. 63 b) Comissão de Desenvolvimento Industrial (CDI) Fase inicial: projetos de grande porte, ligados ao petróleo, energia elétrica e à siderurgia.
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