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17 CSA T2

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Universidade de São Paulo
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Trabalho Interdisciplinar	
Imigrantes Latino Americanos na Cadeia Têxtil, no Estado de São Paulo
João Vitor Veiga de Castro 	9299000 
Luiza de Arruda Rodrigues 	9815843
Marco Antonio Abello 	9814693
Matheus de Carvalho Meloni 	9815648
Natália Zen Fujita 	9815374
Vinicius Lombardi Alves 	9814950
Sumário
Relação com as matérias....................................................................Página 3
Introdução..........................................................................................	Página 4
Organização analisada.......................................................................	Página 5
Problemática......................................................................................	Página 6
Desenvolvimento...............................................................................	Página 8
Considerações Finais.........................................................................Página 13
Referências........................................................................................Página 14
	 8. Anexos...............................................................................................Página 15
Relações com as matérias
Fundamentos de Administração
	Desenvolvimento, página 8 (parágrafos 2 a 4)
Fundamentos de Marketing e Comportamento do Consumidor
	Desenvolvimento, páginas 9 e 10 (parágrafos 8 a 10)
Introdução às Ciências Sociais
	Desenvolvimento, páginas 8 e 9 (parágrafos 5 a 7)
Introdução à Psicologia
	Desenvolvimento, páginas 10 e 11 (parágrafos 11 a 16)
Introdução
	Em busca de melhores condições de vida, diversas pessoas migram de seus países para procurar novas oportunidades. A presença de imigrantes latino-americanos no Brasil é um fenômeno muito recorrente e que deve ser analisado com atenção. Fugindo da situação de extrema pobreza e em busca de empregos, os sul-americanos que procuram uma vida melhor na maior economia da América Latina muitas vezes lidam com condições de trabalho sub-humanas, consideradas análogas à escravidão. Em sua maioria, bolivianos, tais imigrantes são empregados em grande escala na indústria têxtil, recebendo uma remuneração irrisória concomitantemente a uma longa jornada de trabalho em lugares sem a devida estrutura e condições básicas; a cidade de São Paulo, maior metrópole do país e seu polo econômico, é o principal destino deles. O bairro do Brás é tradicional na área têxtil, possuindo grandes oficinas de produção de roupas e uma concentração considerável de imigrantes latinos que se encontram nas condições anteriormente citadas – muitos deles menores de idade. 
	A condição análoga à escravidão no mercado de trabalho não é rara no Brasil. De acordo com a ONG Walk Free Foundation, o maior país da América do Sul possui mais de 161 mil pessoas em tal situação. Isso corresponde a quase 0,1% da população total do país, número que parece irrelevante e que é desconhecido ou, ainda, ignorado, pela mente daqueles que apenas avaliam o produto final que compram, desconsiderando totalmente o processo produtivo do mesmo. No entanto, essa quantidade absoluta é preocupante em pleno século XXI, ainda mais se levando em conta a história e tradição escravocrata de opressão trabalhista que o Brasil possui. 
	Tendo noção desse contexto em que os imigrantes se encontram ao vir para o Brasil e dos problemas que eles passam a enfrentar como trabalhadores no país, buscamos trabalhar com a perspectiva de organizações e movimentos sindicais, para saber como eles atuam para solucionar o problema e representar tais trabalhadores. Nosso trabalho se pautou em entrevistas com Confederación Sindical de Trabajadores de las Américas, a CSA. Esta organização representa a voz do trabalhador na América do Sul, e acreditamos que ela é uma instituição capaz de nos transmitir com maior fidelidade e conhecimento os problemas com os quais os trabalhadores latinos que imigram ao Brasil têm de lidar, quais empresas os exploram de maneira análoga à escravidão, o porquê da situação persistir e qual é o possível caminho para a extinção dessa condição. 
Organização analisada
	A Confederación Sindical de Trabajadores Y Trabajadoras de las Americas (CSA), fundada em 2008, é a organização regional da Confederación Sindical Internacional (CSI), a maior federação internacional de sindicatos, presente em 155 países. Seus objetivos são o respeito e a promoção dos direitos humanos em geral, dos direitos sindicais e dos interesses dos trabalhadores, a igualdade e a equidade entre gêneros, a melhoria das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores e a integração econômica, cultural e social entre as nações para um desenvolvimento sustentável e equilibrado. Esta organização formula políticas e procura espaço, mas não atua diretamente nos países.
A CSA possui uma plataforma de desenvolvimento, a Plataforma de Desarrollo de Las Americas (PLADA), dividida em quatro dimensões: política, econômica, ambiental e social. Por meio desta última, onde se encaixam os imigrantes, a CSA combate a informalidade e a precarização do trabalho, e busca a erradicação do trabalho forçado, do trabalho análogo à escravidão e do trabalho infantil, defendendo que o Estado garanta a legalidade e a proteção das normas de trabalho, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A Plataforma busca ainda o reconhecimento de direitos para os migrantes, como a livre circulação, o direito a migrar e a não migrar (ou seja, tenham em seu país de origem as condições necessárias para uma vida digna, sem precisar migrar para outro por questão de sobrevivência), o direito da permanência ou de retornar dignamente. Os migrantes, regularizados ou não, devem gozar de direitos iguais aos demais cidadãos. Além disso, deve haver a ampliação, consolidação e articulação de serviços públicos para os migrantes, como trabalho e ofertas de emprego, informação e tramitação de documentos e alternativas de formação profissional, com a finalidade de simultaneamente combater a informalidade laboral e desacelerar a proliferação de agencias privadas de emprego para migrantes que operam de maneira ilegal.
O grupo tentou, inicialmente, contato com a Central Única dos Trabalhadores, a CUT, mas não obteve sucesso. A organização não respondeu aos e-mails e nem retornou as ligações. Assim, segundo instruções, o trabalho foi realizado exclusivamente com a CSA.
Problemática
	Os imigrantes Latino-Americanos que se deslocam para o Brasil em busca de melhores condições de vida acabam muitas vezes se sujeitando a condições ilegais e precárias de trabalho e de vida. É o que acontece com diversos trabalhadores na região central da cidade de São Paulo, que trabalham em oficinas de costura, em sua grande maioria bolivianos e peruanos.
	Um dos países mais carentes da América do Sul, com um índice de pobreza que alcança 60% da população, a Bolívia apresenta um Índice de Desenvolvimento Humano médio de 0,662. Com uma indústria pouco desenvolvida, com suas principais atividades econômicas sendo a agricultura, petróleo, gás natural e tecelagem, seu PIB per capita em 2014 foi de apenas U$3030. Assim, sua população majoritariamente desfavorecida dispõe de poucas oportunidades e emigram em busca de melhores condições de vida.
	Com um PIB per capita de U$7135 em 2013, o Peru possui 34,8% de sua população em situação de pobreza. Sua economia é centrada em pesca, serviços, mineração e agricultura. Mesmo com um IDH considerado alto pelo PNUD, de 0,734, 18,1% de suas crianças menores de 5 anos apresentam desnutrição crônica, o que expõe as péssimas condições de parte da população.
	A cidade de São Paulo, que abriga o maior aglomerado de bolivianos no Brasil, é o mais forte ponto de atração de imigrantes. Estes são atraídos pelo Brasil principalmente pelo potencial
econômico e oportunidades de trabalho do país, pela maior facilidade de adaptação e distância relativamente curta até seus países de origem. Com altos indicadores socioeconômicos, o principal centro financeiro da América Latina é um polo tradicional de indústrias têxteis, como o bairro do Brás. Essa atividade oferece oportunidades aos imigrantes que chegam ao Brasil, pois não requer alta especialização e apresenta uma demanda de trabalhadores maior do que a oferta nacional.
	Esses imigrantes, frequentemente, trabalham em oficinas de costura terceirizadas e em péssimas condições. Submetidos à baixíssima remuneração, por volta de R$0,30 por peça costurada, os andinos necessitam de longas jornadas de trabalho de até 16 horas diárias, geralmente em lugares pequenos e pouco arejados, para conseguir um ganho mensal médio de R$500, um valor inferior ao salário mínimo brasileiro. Assim, trabalham de forma irregular e sem direitos trabalhistas.
	 Muitas vezes, os imigrantes já vêm para o país com um emprego prometido, pois já são aliciados em seus próprios países de origem, onde é comum a veiculação de anúncios de empregos no Brasil (vide anexo ao final do trabalho), o que envolve uma questão de tráfico humano. Nessas situações, os donos das confecções e das oficinas de costuras comumente arcam com os custos de viagem desses trabalhadores, oferecem oportunidades falsas e os submetem à servidão por dívida. Os outros imigrantes, que chegam ao Brasil sem emprego, normalmente começam a trabalhar nesse ramo por meio de contato com outros compatriotas que estão na mesma situação.
	Ao longo da cadeia têxtil, essa problemática é intensificada. As peças costuradas, que rendem um mísero valor aos costureiros, são vendidos a confecções e a grandes lojas por preços muito maiores. Num caso descoberto em 2010, envolvendo as lojas Marisa, o dono de uma oficina pagava R$1,33 por peça aos seus trabalhadores. Em depoimento, o proprietário disse receber efetivamente R$4 por peça, e a nota fiscal revela o valor de R$7. Já as revendedoras, ou "intermediárias", recebiam da loja, conforme outra nota fiscal, R$21 por peça. Nas lojas, o estágio final da cadeia têxtil, as mesmas peças eram vendidas por R$49,99. Desse modo, o costureiro recebia menos de 3% do valor final da peça. 
	O fato das grandes marcas terceirizarem sua produção em dezenas de pequenas oficinas dificulta a fiscalização e o pagamento de salários justos, uma vez que muitos agentes dessa longa cadeia visam o lucro e desconsideram a maioria dos direitos trabalhistas. Além disso, muitos dos trabalhadores imigrantes das oficinas de costura não exigem seus direitos trabalhistas por simples desconhecimento ou por estarem em situações irregulares. 
	Muitos dos trabalhadores não percebem a grave situação em que estão inseridos e são gratos à oportunidade de trabalho, já que, mesmo em condições sub-humanas e vulneráveis, o trabalho aqui no Brasil é melhor do que a situação de extrema pobreza em que os mesmos estariam submetidos em seus países de origem. Segundo os imigrantes, em alguns meses do ano, é possível enviar remessas de dinheiro para seus familiares que permaneceram em seus países. Apesar de os imigrantes não serem escravos, suas situações certamente são análogas à escravidão.
Desenvolvimento 
Inseridos em um contexto de vida precário, os imigrantes latinos americanos chegam ao Brasil em busca de melhores oportunidades. Porém, muitas vezes, enfrentam grandes dificuldades na busca por trabalho e acabam submetidos a condições de trabalho análogas à escravidão. A esta situação, podemos relacionar alguns fatores. 
Um deles, por exemplo, consiste no sistema de produção industrial. Este sistema busca reduzir os custos de fabricação para aumentar o lucro, e com a sociedade mais globalizada vigente na atualidade, é mais fácil a importação de mão de obra de países mais pobres, com trabalhadores que aceitarão trabalhar por um salário inferior ao de trabalhadores locais. 
Os trabalhadores latinos recebem em diversos casos uma remuneração indevida, mas que acaba sendo a única alternativa possível para eles no momento. Com isso, enfrentam jornadas de trabalho longas e pesadas por um salário incondizente, e que os coloca em uma situação análoga à escravidão. 
Por parte das empresas, há um corte de gastos que em termos percentuais representa um ganho potencial, que acaba afetando gravemente a vida dos seus assalariados envolvidos diretamente na cadeia produtiva. Isso comprova que existe uma crise ética entre a busca pelo lucro máximo a todo custo e o respeito pelos direitos humanos e dos funcionários da empresa. 
Outro fator, e que acaba se tornando um grande problema, é a imigração em si, que deve ser vista como uma questão pessoal ou coletiva. De acordo com a imaginação sociológica, na estrutura atual dos povos, um cidadão deve tentar se enxergar na sociedade de maneira mais ampla e mais vasta. Dessa forma, com uma diferente perspectiva, um cidadão pode se situar no problema do outro visando uma solução socialmente ideal. Se considerarmos a situação dos imigrantes uma questão pública, esta deve ser tratada no ideal de Wright Mills, um problema social em rede deve levar uma solução em rede.
Ainda na questão sociológica, Marx e Engels dissertam sobre a Teoria da Sociedade Capitalista (TSC). Ambos afirmam que ela é categorizada pela exploração do trabalho e pela contradição entre trabalho e capital. O Estado Capitalista não segue o ideal democrático, e sim surge como uma expressão de poder e uma exaltação da relação entre as classes. Esse Estado teme os sindicatos, o símbolo da luta de classes, que leva à luta econômica e politica. Nessa visão capitalista, os imigrantes são apenas outros trabalhadores sendo explorados. Com a terceirização comum da indústria têxtil, o consumidor e o vendedor se sentem isentos da culpa de como se deu a produção. Os imigrantes são excessivamente explorados por inúmeras razões. Mesmo estando legalizados, eles são pouco informados sobre os direitos que lhe devem ser oferecidos, trabalham sob pouca fiscalização e sentem-se afastados da situação de luta de classes, já que acreditam que é dever apenas dos trabalhadores nacionais buscar tais direitos. Quando na ilegalidade, esses migrantes convivem com o medo de buscar os sindicatos e serem deportados, enfrentam uma grande burocracia para serem legalizados e não possuem documentação legal que garanta seus direitos a serviços básicos e públicos.
Na tese da TSC, a resolução desses conflitos deve vir a partir de uma revolução no modo de produção das mercadorias. O papel dos sindicatos é procurar essa solução e lutar por ela. O consumo excessivo rege que as indústrias estejam sempre se renovando e produzindo mais. Enquanto essa lógica permanecer a mesma, o sistema capitalista continuará explorando trabalhadores pra suprir a demanda constante e excessiva de cada habitante.
Atualmente o trabalho análogo à escravidão realizado por imigrantes ocupa grande espaço na mídia, gerando conscientização por parte dos consumidores. Isso é negativo para as empresas que contratam tais serviços, uma vez que afeta a imagem desta na percepção dos consumidores. Quando a mídia descobre que uma empresa utilizou-se de serviços que exploram os imigrantes na sua cadeia de produção, as consequências são grandes e difíceis de reparar, levam-se anos para se reconstruir a reputação da empresa e reconquistar a confiança do consumidor. 
As empresas buscam, de várias maneiras, atrair novos clientes e manter os clientes atuais. Um dos métodos é criar uma imagem positiva, atribuindo qualidades a si mesma; características como “sustentável”, “ecológica” e “respeitadora dos direitos humanos” são sempre bem-vindos. No caso da confecção de roupas, depois de alguns recentes escândalos com marcas deste setor, as empresas buscam deixar claro para o consumidor que o fato das roupas terem um baixo preço não significa que eles exploram trabalhadores durante o processo produtivo de seus produtos. Porém, é necessário levar em consideração
que, às vezes, quando o serviço é terceirizado, por exemplo, as empresas não possuem total controle do que ocorre em sua cadeia produtiva. Independentemente de terceirizarem os serviços ou possuírem produção própria, as companhias deveriam garantir que o processo de produção está de acordo com seus valores e com a imagem que buscam transmitir aos seus consumidores.
Com a grande cobertura da mídia neste assunto, os consumidores estão mais informados sobre o assunto e sentem a responsabilidade ao comprar peças de marcas relacionadas a denúncias de trabalho análogo à escravidão. Isto é a causa da criação de um novo tipo de consumidor que, antes de adquirir um novo produto, procura se informar sobre a cadeia produtiva da marca e incentiva a não aquisição de marcas associadas a denúncias passadas. Estes consumidores, quando confiam em uma marca, tornam-se compradores fiéis e, portanto, menos sensíveis à mudanças de preços, uma vez que preferem pagar mais do que comprar de uma marca não confiável, que pode utilizar trabalho explorado de imigrantes.
Referente ao campo da psicologia social, conclui-se que imigrantes não são tratados como seres humanos.
Para a psicologia social, o ser humano compreende matéria, organismo e “psicológico”. Matéria é compreendida como as coisas fisicamente falando, sendo assim o corpo humano, no seu sentido mais raso, órgãos e partes. Organismo refere-se aos animais, que, instintivamente, prezam por manter sua integridade física, cuidando das necessidades fisiológicas. Observa-se também a estima pela manutenção da espécie como um todo. O “psicológico” refere-se a capacidades únicas e intrínsecas dos humanos, como o amar, o estudar e a necessidade de estímulos além dos biológicos. Para a pauta do trabalho análogo à escravidão, este último conceito é de extrema importância. 
Saciar as necessidades fisiológicas nunca é suficiente para os humanos, como é para os outros animais. Se alimentar-se fosse o bastante, não existiria a culinária, que se esforça para fazer pratos saborosos. Não existiria grande parte dos estudos científicos por não haver incentivos ao conhecimento. O ato de estar em contato com outra pessoa não preenche nenhuma necessidade fisiológica. Portanto, não haveria amor. De forma geral, se o ser humano fosse apenas organísmico, não realizaria tarefas não relacionadas à conservação de seu corpo, ou seja, não realizaria tarefas que são incontestavelmente humanas.
Além do conceito de ser humano, os conceitos de Desejo e Necessidade são importantes para a análise em questão. 
Necessidade é o impulso que tem sua matriz no indivíduo, na descarga ou sobrecarga do organismo. É um impulso centrípeto, que opera no sentido de integração do outro ao corpo do organismo. Fome, sede e sono são exemplos de necessidade. Já o Desejo, que é uma característica intrínseca à humanidade, é o impulso que tem sua matriz em um signo denso, em um objeto externo ao organismo. Na psicologia social, o desejo entra no campo de estudos do erotismo, que estuda o regime de satisfação ou prazer especial. O desejo assume inclinação centrífuga, é conquistado pelo objeto, devotado ao objeto e entrega o sujeito ao objeto.
Dessa forma, devido às péssimas condições de trabalho, considera-se que os trabalhadores imigrantes na cadeia têxtil no estado de São Paulo não têm condição de humanos. Os seres humanos precisam satisfazer minimante seus impulsos organísmicos e psicológicos, suas necessidades e desejos. Esses trabalhadores mal conseguem satisfazer suas necessidades organísmicas por terem que trabalhar por longas jornadas em locais insalubres, com acesso restrito a alimentação, água e banheiro. Como é de se esperar, eles também não realizam seus desejos, por não terem tempo e dinheiro para fazerem outra coisa senão trabalhar, e quando têm, precisam se preocupar em satisfazer suas necessidades básicas. É necessário frisar a importância da realização dos desejos dos seres humanos, que é uma característica essencialmente humana que não pode ser ignorada. Se os imigrantes não são capazes de saciar seus impulsos organísmicos e psicológicos, pode-se concluir que não são tratados como seres humanos.
Além de tudo isso, os imigrantes enfrentam como dificuldade o tratamento que o Estado renega aos mesmos. A Polícia Federal é a responsável pela investigação e cuidado dos casos envolvendo imigrantes ilegais, o que torna a situação um caso de polícia e dificulta a integração entre esses trabalhadores, os órgãos representativos dos direitos dos mesmos e o Estado. 
Assim, podemos apresentar possíveis soluções para toda essa preocupante situação, tanto provindas do governo, quanto da população. 
Por parte do governo, uma possível solução, talvez a mais importante e a mais acessível, é a criação de um órgão público para cuidar dos assuntos relacionados aos imigrantes - com não mais a Polícia Federal sendo a responsável por esses casos-, tratando essas pessoas como cidadãos e não mais como casos de polícia. Além disso, o maior investimento em fiscalização sobre condições de trabalho e legalização faz-se fundamental e urgente. Mudanças na Constituição, com leis mais avançadas e modernas nos tópicos de imigração e trabalho também são importantes. 
Já por parte da população, é necessária a conscientização social, tanto dos cidadãos quanto das empresas, acerca do assunto. As pessoas devem estar cientes sobre as condições de trabalho e serem incentivadas a denunciar e não comprar produtos de marcas que fazem uso de mão de obra explorada. Os imigrantes também devem ser conscientizados sobre seus direitos e não temer a busca deles. 
A efetuação dessas medidas anunciadas anteriormente traz benefícios à sociedade, com o respeito aos direitos humanos e uma melhor inserção de um segmento que hoje é marginalizado no Brasil. A importância disso independe de ideologias, sendo uma preocupação que deve caber a todos para o bom funcionamento do sistema e evitar que haja trabalho escravo, algo que trouxe apenas malefícios à conjuntura brasileira. A história brasileira comprova empiricamente que o regime de trabalho escravo, além de oprimir os trabalhadores nele inseridos, traz complicações sociais difíceis de serem revertidas, com o surgimento de segmentos sociais excluídos do sistema e grandes bolsões de pobreza - as favelas brasileiras são uma consequência direta da escravidão no país. Portanto, além da preocupação humana com a situação dos trabalhadores, é de extrema importância o combate a um modelo de trabalho que se provou ineficaz e gerou inúmeros problemas sociais no Brasil. A perpetuação disso, mesmo que em pequena escala, é ineficiente para a sociedade e traz resultados negativos, beneficiando apenas seus exploradores. 
Considerações Finais
Como visto, portanto, alguns imigrantes enfrentam muitas dificuldades, tanto em seus países de origem, quanto em sua chegada ao Brasil. Com péssimas condições de vidas, a única solução para fugir da pobreza e da miséria é abandonar a terra natal e procurar oportunidades em países mais desenvolvidos, como o Brasil, no que se refere ao contexto da América Latina. O principal polo econômico do país, a cidade de São Paulo, concentra grande parte desses estrangeiros. Muitos destes, porém, encontram-se em situação ilegal e irregular de trabalho, ocupando cargos de trabalho que os próprios brasileiros negam.
Um dos principais setores que contratam esses imigrantes é o de confecções e costura, que faz uso intenso de mão de obra barata e explorada e proporciona condições precárias de trabalho e de vida. Assim, os trabalhadores se tornam vulneráveis ao sofrerem com a baixa remuneração, longas jornadas de trabalho em locais insalubres e, em alguns casos, até mesmo punições. Desse modo, as circunstâncias que os imigrantes encontram aqui no Brasil não é muito diferente das de seu país de origem, mas isso não os faz querer retornar, uma vez que não acreditam que estão sendo explorados. Vale reforçar que esses trabalhadores não são e nem se consideram escravos, mas certamente, muitas vezes,
trabalham em condições análogas à escravidão. O escravo é tratado como mercadoria e não como ser humano. Assim, se os imigrantes também não são tratados como humanos, podem ser aproximados aos escravos. 
Finalmente, este projeto enxerga toda essa problemática e visa propor algumas soluções viáveis para resolvê-la. As principais respostas encontradas foram a criação de um órgão regulador para conduzir os casos relacionados à imigração, a intensificação da fiscalização, a conscientização da população, das empresas e do próprio migrante acerca do assunto. Acreditamos que, com a devida atenção, este problema pode e deve ser resolvido. 
Referências
http://www.globalslaveryindex.org/country/brazil/
http://www.csa-csi.org/Acerca-de-la-CSA-Qui%C3%A9nes-Somos-74
http://www.cnmcut.org.br/conteudo/csa-nasce-a-confederacao-sindical-dos-trabalhadores-das-americas
http://www.suapesquisa.com/paises/bolivia
http://www.suapesquisa.com/paises/peru
http://reporterbrasil.org.br/2010/03/escravidao-e-flagrada-em-oficina-de-costura-ligada-a-marisa/
http://www.ebc.com.br/cidadania/2015/01/producao-segmentada-favorece-trabalho-escravo-no-setor-textil-diz-auditor
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/10/presidente-de-cpi-diz-que-oficinas-exploram-200-mil-imigrantes-em-sp.html
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/04/trafico-de-pessoas-abastece-grandes-empresas-de-moda-em-sao-paulo.html
Anexos
Cartazes com propostas de emprego no Brasil no setor têxtil, veiculados na Bolívia
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