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Evolução política do Brasil PDF

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1 
EVOLUÇÃO POLÍTICA DO BRASIL 
 
O livro “Evolução Política do Brasil” de Caio Prado Jr. é, como o próprio 
autor diz, um ensaio sobre a história do Brasil que em nenhum momento se propõe 
a total. Publicado em 1933, o autor vai pensar no desenvolvimento político do 
Brasil desde a sua origem até a implantação do Império brasileiro. No entanto, isso 
que parece ser apenas um simples ensaio, tem um enorme valor na historiografia 
brasileira, principalmente pelo fato de Caio Prado ser um dos primeiros autores a 
adotar o pensamento marxista (pensando a história brasileira através da ótica da 
dialética, das lutas de classe e do materialismo histórico) na sua análise, o que 
conseqüentemente resultará numa reformulação – podemos pensar até numa 
revolução - de toda a história brasileira. 
 Na realidade o livro de Caio Prado pode ser visto como uma etapa 
antecessora da formação do que hoje é tido como sua obra prima: “Formação do 
Brasil Contemporâneo” de 1942, onde o autor introduz o famoso sentido da 
colonização; sentido esse que irá justificar todo desenrolar de nossa história. 
 No prefácio da primeira edição de seu livro, o autor deixa muito claro para 
o que veio: em primeiro lugar, o autor mostra que irá realizar uma interpretação 
materialista da história, mas que não se propõe a fazer uma história completa; e 
nesse momento faz sua primeira crítica à analise superficial que muitos 
historiadores tem, excetuando apenas Oliveira Viana. Entretanto muito mais que 
 2 
uma crítica aos historiadores que o antecederam, Caio Prado deixa claro o cuidado 
que irá tomar com as fontes que utilizou, cuidado esse que o leitor percebe no seu 
argumento seguinte quando o autor afirma que não irá mostrar uma História feita 
de heróis e grandes feitos, pois isso que a historiografia tradicional chama de 
História do Brasil (a história tida como oficial), nada mais é do que a concordância 
dos interesses da classe dirigente. 
 No segundo momento, Caio Prado afirma que dará ênfase ao período da 
Menoridade, e o justifica pelo fato dos historiadores não darem a real importância 
que esse momento merece, Aqui explicita mais uma vez a opinião que tem sobre o 
que realmente é a História de um País”e como os demais historiadores fizeram 
análises facilmente refutáveis. 
Mas não é apenas pelo seu fundo crítico que essa obra de Caio Prado pode ser 
classificada como inovadora. A sua forma de encarar os fatos acaba modificando 
absurdamente a dimensão dos mesmos, e o exemplo mais evidente disso é o fato 
do autor afirmar ainda em seu prefácio, que o movimento de Independência do 
Brasil se constituiu numa revolução, que tem como período preparatório de 1808 
(com a chegada de D. João VI no Brasil) a 1822 (Proclamação da Independência), e 
que se consolida em 7 de abril de 1831. 
 Para finalizar a sua introdução, Caio Prado afirma que a Menoridade é a 
fase de ebulição no Brasil, onde há uma constante disputa de poder entre as 
classes, e que a política só irá se acalmar a partir da segunda década do segundo 
Império, onde acontece uma definição do caráter político. 
 3 
CAPÍTULO I : COLÔNIA 
 
 Para justificar a idéia de evolução contida não só no título de sua obra, mas 
em toda ela, Caio Prado inicia sua análise no período colonial, dividindo –o em 
dois momentos: o primeiro até a metade do século XVII e o segundo se inicia nessa 
metade e vai até 1808 com a vinda de D. João VI para o Brasil. 
 No primeiro momento, Caio Prado faz uma síntese histórica do período 
colonial. e para isso retorna à história de Portugal mostrando rapidamente como se 
deu a ascensão da burguesia mercantil e como, a partir dela, se iniciou o 
movimento das conquistas. Em meio a essa época, o descobrimento do Brasil em 
1500 não parece causar grande frenesi nos portugueses, que na época estavam 
muito mais interessados nas suas possessões Asiáticas e africanas, tanto que 
durante os primeiros trinta anos após a sua descoberta o Brasil não passa de uma 
imensidão territorial cujo único atrativo era o Pau-Brasil. Mas, como o início do 
século XVI é marcado pela disputa das grandes potências européias pelo poder do 
descoberto Novo Mundo, Portugal resolveu se precaver, e voltar os olhos para o 
Brasil. Em 1549 o Governo Geral é instituído e a Coroa portuguesa adota o regime 
das capitanias hereditárias que diferentemente de muitos estudiosos da sua época, 
Caio Prado nega o cunho feudal. Não vingando tal regime, Portugal resolve 
resgatar as capitanias e doa-las para quem tivesse o cabedal suficiente. 
 Nesse momento, Caio Prado atenta para a importância de se compreender o 
sistema de distribuição de terras, pois é a partir dele que se constrói a sociedade 
 4 
colonial brasileira. Explica como funcionava o sistema de doações das sesmarias e 
como tal distribuição acarretou na formação dos latifúndios brasileiros, deixando 
claro o caráter mercantil da colonização.Dessa forma as grandes propriedades é 
que irão predominar, necessitando de uma mão de obra em larga escala, daí a 
implementação da escravidão indígena num primeiro momento, e africana. Mas 
não foi apenas o sistema de distribuição o responsável pela formação dos 
latifúndios; parecia que tudo conspirava contra a pequena propriedade. Em 
detrimento da história Norte Americana (citada pelo autor) no Brasil os pequenos 
proprietários não tinham nenhum incentivo por parte da metrópole que conseguia 
ser opressiva até mesmo na legislação. Sem pequena propriedade, sem nenhuma 
forma de comercialização ou industrialização sistemática, os latifúndios vão 
constituir a unidade econômica básica da colônia, e como afirma o próprio autor, a 
“sociedade colonial brasileira é o reflexo fiel da sua base material: a economia 
agrária”1, ou seja: a sociedade vai se moldar de acordo com a economia, e dessa 
forma se torna óbvio pensar que o senhor rural – o senhor dos latifúndios - irá 
monopolizar as riquezas e conseqüentemente terá prestígio e domínio sobre a 
massa popular composta por poucos homens livres, índios, mestiços e negros 
escravizados. Nesse momento em que Prado afirma que a sociedade se molda à 
economia fica explícita a sua concepção marxista de ver a história, onde a 
economia é o que define o restante e que originará a luta de classes. 
 
1
 Caio Prado Junior, Evolução da Política do Brasil, ed. Brasiliense pg. 23. 
 5 
 Logo após definir os senhores rurais como o topo da pirâmide social, Caio 
Prado se atem à questão indígena, condenando ferrenhamente as entradas 
bandeirantes, chamando-as de caçada do homem pelo homem, e mostrando como 
a Companhia de Jesus foi importante para frear tal movimento, mesmo se 
constituindo na vanguarda que preparou a domesticação dos índios2. O autor fala 
rapidamente da escravidão africana, mostrando apenas que os escravos eram 
tratados como bestas pelos seus senhores; esse assunto que normalmente serve 
para longos debates recebe de Caio Prado nada mais do que um parágrafo, e 
mesmo assim, um parágrafo de constatação, o que deixa confuso para o leitor qual 
é a real importância dada pelo autor ao tema: ou ele considera a escravidão como 
algo não muito importante, ou ele trata da questão como se fosse algo suis generis 
da nossa história, como se a escravidão fosse óbvia. Por fim o autor fala sobre os 
agregados: homens livres e pobres que prestam serviços para os grandes 
proprietários e finaliza a sua análise afirmando que a sociedade colonial era algo 
extremamente simples, o que parece mostrar que Caio Prado tem a idéia de uma 
sociedade colonial estratificada, onde não havia conflitos – e tal idéia me parece 
um tanto quanto contraditória com a luta declasses proposta por Marx; pois a 
impressão que se tem é de cada elemento sabia o seu lugar e a sua função dentro 
da sociedade e que não havia nenhuma forma de conflito pertinente entre esses 
estratos sócias, fato que atualmente sabemos não ser verdade. 
 
2
 Nesse momento, a crítica que Caio Prado afirmar ter da História do Brasil vista como uma epopéia cheia de 
heróis fica claro, pois é um dos primeiros estudiosos que condena as Bandeiras e o processo civilizatório pelo 
 6 
 A determinação que a economia exerce na sociedade parece também 
transparecer na forma como a política vai se organizar nesse momento. Segundo o 
autor, a autoridade vai ser exercer de forma rudimentar. Graças a certa falta de 
interesse da Metrópole, que acaba deixando a cargo dos colonos a organização 
política, vão se formar as Câmaras Municipais que constituem a verdadeira 
administração da colônia, e obviamente, serão administradas pelos senhores 
rurais, tidos como a “nobreza”colonial, ou os homens bons. Dessa forma, o Estado 
colonial até o século XVII apresenta-se como um instrumento de classe desses 
proprietários, que muitas vezes contrariavam as próprias leis da metrópole. 
 Mas tudo muda a partir da segunda metade do século XVII, marcada pela 
expulsão dos holandeses. Nesse mesmo momento, Portugal perde muitas de suas 
possessões asiáticas e na África resta apenas o tráfico negreiro; dessa forma o Brasil 
resta como única saída, cujas riquezas ainda tinham que ser exploradas. No 
entanto, havia um movimento paralelo e ao mesmo tempo oposto ao que a 
metrópole caminhava: era o movimento da própria colônia brasileira, que nesse 
século e meio já havia se constituído, atingindo um certo grau de desenvolvimento 
econômico que lhe dava certa autonomia; o caminho de Portugal era o inverso: 
podar toda autonomia e autoridade de sua colônia a fim de defender seus 
interesses, e assim o fez de forma sistemática, estabelecendo um verdadeiro 
monopólio entre ela e o Brasil. Não foram poucas as intromissões dos portugueses 
na economia e política do Brasil, e o auge foi atingido no período aurífero. 
 
qual os inéditos passaram em detrimento da chamada história Tradicional que heroifica tais personagens da 
 7 
 Eis que surge um novo personagem, claramente oriundo dessa mudança 
sofrida pelo Brasil: o comerciante português que, segundo o autor, acaba por 
constituir uma rica burguesia que irá colocar em xeque a “nobreza” dos grandes 
proprietários. Juntamente com esse personagem aparece uma nova local de 
atuação: as cidades, principalmente as litorânea, que se constituem como 
verdadeiros centros populacionais. O Brasil parecia estar virado de cabeça para 
baixo, e o interessante é que nesse momento, Caio Prado assume a existência de 
identidade ou de uma unidade que ele chama de brasileira, como se o Brasil 
existisse enquanto Estado Nacional, ou que já engatinhava para tal caminho e essa 
mudança resultante de uma imposição cerrada da metrópole portuguesa vinha 
para desviar o Brasil de seu rumo certo.3 
 O resultado desse processo é a afirmação da autoridade política da 
metrópole sobre a sua colônia, o que conseqüentemente rompe com que o autor 
chama de equilíbrio político do regime colonial. E nas palavras do próprio autor: 
“o choque das forças contrárias assinala a contradição fundamental entre o 
desenvolvimento do país4 e o acanhado quadro do regime de colônia. Dele vai 
resultar a nossa emancipação”. 
 
 
 
nossa história. 
3
 Essa idéia, que está intimamente ligada com a idéia de evolução, tem que ser vista com muita cautela, pois 
tem uma forte carga de anacronismo. Na realidade Caio Prado pensa a história do Brasil olhando para o seu 
resultado e muitas vezes o seu livro parece ser uma justificativa do que aconteceu e não uma rela análise. 
4
 Interessante percebermos nesse momento que o autor já fala do Brasil, como se fosse um país, ele já assume 
essa identidade, mesmo estando analisando o período colonial. 
 8 
CAPÍTULO III: A REVOLUÇÃO 
 
 Feita a fundamentação de sua idéia de evolução política do Brasil – que 
acontece no período colonial – Caio Prado chega ao ápice da história brasileira, no 
que ele, de uma forma totalmente pioneira intitula de Revolução. Seguindo a linha 
que traçou ainda no prefácio de sua obra, o autor vai falar do período preparatório 
da Revolução brasileira que se encontra entre 1808 e 1822. A vinda de D. João VI 
para o Brasil, torna o processo de Independência brasileiro extremamente singular, 
pois coloca o Brasil numa situação inusitada: ao mesmo tempo em que é a colônia 
se torna a sede da monarquia portuguesa. Essa função dúbia somada com o 
choque das forças contrárias (colonos X portugueses) é que vai resultar na 
Independência do Brasil, movimento esse que aparece de forma totalmente 
diferente que nas outras colônias latino-americanas. 
 Em 1808 chega no Brasil toda a Corte portuguesa que vinha fugida da 
Europa devido à invasão de Portugal por Napoleão. Nesse momento, os 
portugueses haviam recebido forte ajuda da Inglaterra e como “retribuição”de tal 
ajuda, a Corte realiza a abertura dos portos em 1808, o que causa grande 
borbulhiço na colônia pois de certa forma acaba com o monopólio português sobre 
o Brasil. Acontece a revolução do Porto (cidade do Porto) onde segmento da Corte 
revoltada tentam reconduzir o Brasil ao regime colonial , mas já era muito tarde: as 
contradições formadas durante o período colonial vêm à tona com a insurreição, e 
todas as questões explodem. 
 9 
 Aparecem nesse momento movimentos de massas que acompanham a 
derrubada de movimentos locais – a reação recolonizadora será levada e vencida 
porque não era mais possível mudar o curso dos acontecimentos e fazer o Brasil 
voltar no que o autor chama de marcha da História. No entanto, mesmo tendo 
certa importância, os movimentos populares não se encontravam suficientemente 
maduros para fazer prevalecer suas reivindicações e segundo o autor ganham uma 
posição secundária; eles eram totalmente descontínuos e sem um rumo seguro e, 
independentemente de suas amplitudes, nunca propõem soluções e reformas para 
o país. 
 Mesmo inovando a história brasileira, Caio Prado tem consciência de que o 
que ele chama de Revolução foi um movimento que não consegue ultrapassar 
certas barreiras, ou seja: ele só funciona para o que o Brasil estava preparado, que 
no caso era liberdade do jugo colonial e a emancipação política, nada mais. Tanto 
que o autor afirma que a Independência foi feita à revelia das classes inferiores, um 
movimento fruto de uma classe e não da nação tomada em conjunto.5 
 Com manobras políticas, tendo o príncipe regente D. Pedro como principal 
instrumento, os autonomistas conseguem proclamar a Independência em 1822 e 
fazer do príncipe regente, o Imperador do Brasil. Mas essa parte da elite brasileira 
tomou muito cuidado ao tornar um português e mais que isso, o herdeiro da coroa 
de Portugal, o imperador da mais nova “nação”. Esse cuidado fica claro quando o 
autor analisa a Constituição de 1823 e nos mostra como foi tomado cuidado com os 
 10 
portugueses, o que era claro reflexo do medo de uma possível recolonização. 
Também fazem muitas restrições aos estrangeiros e limites ao imperador, que na 
verdade não teria nenhum poder real. Tal Projeto Constitucional reflete muito bem 
as condições políticasreinantes e é principalmente caracterizado por liberdade 
econômica e soberania nacional. Caio Prado mostra como seriam feitas as eleições 
dos deputados e senadores e, algo que é vital para entender o Brasil, define quem 
era e quem não era cidadão do Brasil. Segundo o autor é uma constituição que 
apesar de todo liberalismo não aboliu a escravidão – já que isso não interessava as 
classes dirigentes – o típico liberalismo burguês que é criticado pelo autor. 
 Caio Prado inicia na seqüência o relato do Primeiro Império do Brasil. Nesse 
momento, o autor mostra que o partido português se torna um entrave para o 
desenvolvimento do processo , pois ele queria um sistema absolutista, ou seja, com 
o poder centralizado nas mãos do imperador. D Pedro começa a mostrar o “seu 
lado português”, nativista e se torna um verdadeiro ditador a ponto de fechar a 
Assembléia em novembro de 1823 e criar uma nova Constituição – feita em dez 
dias- onde dava certos privilégios para os estrangeiros (como a fácil concessão da 
nacionalidade) e instaurava o poder moderador, um quarto poder, que na 
realidade legitimava a “ditadura” do imperador. Não foram poucos os que não 
concordaram com as atitudes de D.Pedro e fora isso havia um outro problema: 
com a abertura dos portos e a chegada de bens de consumo luxuosos, a elite 
brasileira se torna cada vez mais ansiosas por luxo – que passa a ser uma das 
 
5
 Nesse momento o autor novamente comete o erro do anacronismo. De que nação ele está falando? Será que 
 11 
formas mais comuns de demonstrar status e que, conseqüentemente, se torna um 
valor para as famílias patriarcais. Mas esse luxo não se limitava apenas à elite: as 
classes pobres vendo tudo aquilo começam a exigir transformações sociais . 
 Tendo gastado uma grande quantidade de dinheiro, D. Pedro se vê 
obrigado a mexer no tesouro nacional, e para isso convoca a Assembléia em 1826 a 
Assembléia que havia desfeito e que era claramente contrária a ele. Os atritos 
foram muitos, D. Pedro não se definia politicamente (entre o partido brasileiro e o 
partido português) e cada vez mais era maior o abismo entre o governo e o resto 
do país. Após a famosa noite das garrafadas (13 de março de 1831) as coisas ficaram 
mais difíceis para o Imperador que abdica em 7 de abril de 1831 em nome de seu 
filho. E para Caio Prado esse é o momento em que realmente a revolução acontece, 
é onde se consolida o “estado nacional”; pois segundo o autor o primeiro reinado 
não passou de uma transição onde os portugueses tentam a todo custo conservar o 
poder. 
 Começa o Brasil como estado nacional, e as coisas começam a mudar: as 
forças que antes eram revolucionárias passam, a partir de 1831, a serem 
conservadoras, pois na sua ótica a revolução já devia ter acabado. Mas Caio Prado 
mostra que as coisas não aconteceram bem assim: a onda revolucionária havia 
somente se desencadeado, e foram muitos os movimentos que persistiram, mesmo 
que desconexos e agora com ampla participação popular. E quando o extremismo 
 
podemos falar de uma nação brasileira nesse momento histórico? 
 12 
revolucionário dessas classes aparece é que a elite anteriormente revolucionaria 
marcha para trás, em busca da reação passiva ou não. 
 Nesse momento, Caio Prado chega ao seu ápice, pois podemos perceber 
toda a construção do seu pensamento: aqui ele expõe explicitamente a luta de 
classes decorrente do movimento que ele chama de revolucionário e mais, justifica 
o porque de dar crucial importância para as revoltas da Menoridade que até então 
não tinham a menor significância na nossa história: elas nada mais são do que 
desdobramentos da grande revolução pela qual o Brasil passou. E pensando dessa 
forma, pode-se até entender que o autor se contradiz ou não deixa claro seu ponto 
de vista, quando diz que as classes inferiores não fizeram parte do movimento de 
Independência; elas podem não ter feito parte, mas foram suficientemente capazes 
de compreender o que se passava e se organizarem em movimentos mesmo que 
esses tivessem os interesses mais díspares. Essa é a grande contribuição que Caio 
Prado nos dá nesse livro, ele nos mostra uma nova ótica pela qual os movimentos 
como a Cabinada, Balaida e Revolta Praieira podem ser pensados. 
 Em meio a esse turbilhão de acontecimentos e esse ambiente de confusão 
instaurado, os "restauradores” tentam dar o golpe chegando a formar em 1832 a 
Sociedade conservadora, núcleo do partido restaurador, o “caramuru”, mas a sua 
atuação não dura muito tempo. 
 Em seguida, Caio Prado vai falar sobre as revoltas das classes inferiores, 
mostrando como as mesmas conseguiram se organizar. Ele descreve a Balaida e a 
Cabanada de uma forma sucinta, mas deixando claro para o leitor o porque do 
 13 
surgimento desses movimentos, e principalmente como elas foram contidas. No 
entanto o autor dá uma maior ênfase à Revolta Praieira, que segundo ele, foi o 
movimento melhor estruturado que sabia muito bem o que queria – podemos 
perceber uma espécie der admiração do autor por esse movimento – e que pode ser 
tomada como exemplo da agonia sentida pelas classes inferiores. 
 Caio Prado mostra, então, aquele que ele chama como o período mais 
reacionário de nossa história, que vai de 1837 a 1849. É nesse momento que os 
movimentos populares são bruscamente freados e que a violência se torna quase 
que usual pelo governo. Esse período também é marcado por uma forte 
insegurança da população; daí a idéia do golpe da Maioridade, onde se anteciparia 
a coroação de D. Pedro II na esperança que a sua figura trouxesse certa unidade 
para o Brasil, e assim foi feito em 1840. A partir de então as massas populares são 
freadas por leis e instituições opressoras tornando-se totalmente passivas na vida 
política do Brasil; daí por diante, a burguesia “indígena” usufrui de toda a nação e 
as lutas e conflitos que aparecem depois, só podem ser entendidos dentro dessa 
burguesia e suas tendências opostas. 
 Para finalizar a sua obra, o autor vai tratar do final do Império Brasileiro, 
colocando como tema central o fim do tráfico negreiro, e mostrando dessa forma 
como o Brasil começa a fazer parte do nascente capitalismo, tendo como principal 
ponto de referencia a Inglaterra. Dessa forma o Império vai se esvaindo, nos dando 
evidentes provas de que era incompatível com o progresso do país e justifica tal 
idéia, mostrando o fim da escravidão – algo que pode ser entendido como 
 14 
“imperial”. O Império sucumbiu à história e “uma simples passeata militar foi o 
suficiente para lhe arrancar o último suspiro...” 
 Ao finalizar seu livro, Caio Prado expõe a sua visão de mundo e sua visão 
de história, na realidade ele justifica o título dado ao seu livro “Evolução Política 
do Brasil”, pois ele realmente acredita na história como um processo que tem como 
objetivo o progresso e que nada pode deter, dessa forma ele acaba por fazer uma 
análise anacrônica da história brasileira, como se ela tivesse um final, um objetivo 
previamente traçado. Claro que essa sua análise em nada afeta a importância de 
seu estudo para o Brasil, importância essa que se manifesta duplamente: em 
primeiro lugar pela inovação que ele propõe no olhar dado para a história 
brasileira no período proposto, ver a história com outros olhos, e em segundo 
lugar – conseqüente do primeiro – é a mudança que faz na História do Brasil ao 
propô-la tão diferente. Caio Prado dá umnovo sentido para a História do Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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