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REIMBERG 2017 Condições de trabalho no campo ainda são preocupantes

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Condições de trabalho no campo 
ainda são preocupantes 
 
 
 
NR 31 trouxe avanços, mas nem sempre a norma 
regulamentadora é cumprida 
 
Por ACS/ Cristiane Reimberg em 08/06/2017 
http://www.fundacentro.gov.br/noticias/detalhe-da-noticia/2017/6/condicoes-de-trabalho-no-campo-ainda-
sao-preocupantes 
 
O que diz a lei e o que mostra a realidade em relação às condições de segurança 
e saúde dos trabalhadores rurais? As palestras da tecnologista da Fundacentro, 
Maria Cristina Gonzaga, e do auditor fiscal do trabalho da Gerência de 
Campinas/SP, Antônio Avancini, refletiram sobre esta questão durante o 
Seminário Nacional de Segurança e Saúde no Agronegócio, em 7 de junho, no 
auditório da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), da Secretaria 
Estadual de Agricultura e Abastecimento, em Campinas/SP. 
A realidade encontrada no campo pela pesquisadora e pelo auditor mostra que 
nem sempre a NR 31 (Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária 
Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura) é obedecida. Mas ambos 
concordam que a norma é um avanço. 
“É uma norma muito complexa, que objetiva olhar o ambiente e a organização 
do trabalho, tornando a atividade mais compatível ao trabalhador rural, com um 
trabalho mais saudável e seguro”, afirma Gonzaga. “As antigas NRRs [Normas 
Regulamentadoras Rurais] tinham 40 itens passíveis de punição por auditores 
fiscais, a NR 31 tem mais de 400”, completa Avancini, que coordena o Grupo 
Móvel Rural da SRT/SP (Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo). 
 
Riscos 
Os trabalhadores rurais estão expostos a riscos químicos (inseticidas, 
herbicidas, maturadores...); físicos (calor, frio, umidade, radiação solar); 
mecânicos (atrito, pressão, vibração, fricção, EPIs inadequados); biológicos 
(bactérias, fungos, vírus e animais peçonhentos); e organizacionais (turno, 
jornada excessiva, pagamento por produção, falta de vínculo empregatício...). 
Os riscos também podem ser classificados como operacionais (postura, força, 
movimento repetitivo e carregamento de pesos) e acidentários (quedas de 
caminhão, carretas e trator, quedas no ambiente de trabalho, perfurações, 
torsões provocadas por agentes mecânicos em todo corpo, intoxicações por 
agrotóxicos, ataque de animal peçonhento). 
 
“Os trabalhadores rurais estão expostos aos riscos, de forma sinérgica, pois o 
trabalho em todas as fases da produção normalmente é executado sem proteção 
física e social”, avalia a engenheira agrônoma Cristina Gonzaga. “É um trabalho 
manual intenso e exaustivo com sobrecarga física e mental”, completa. 
Para a engenheira da Fundacentro, a NR 31 foi criada para minimizar esses 
riscos, criando proteção social, vínculo de trabalho formal, proteção física mais 
adequada, tempo de jornada, pausa, alimentação, hidratação, EPIs adequados. 
Já o auditor fiscal, Antônio Avancini, retratou os desafios para melhorar as 
condições de transporte, alimentação e áreas de vivência. Tudo está disciplinado 
na NR 31, mas no dia a dia da fiscalização são encontradas situações de 
descumprimento como Kombi e ônibus com bancos de madeira adaptados, 
transporte em carrocerias de caminhões, abrigos para refeições e instalações 
sanitárias inadequadas. Há até mesmo o não fornecimento de água potável. 
Também foram apresentados exemplos de atendimento a esses quesitos da 
norma regulamentadora. 
 
Precarização 
Durante o evento, Cristina Gonzaga chamou atenção para o Projeto de Lei n° 
6.442, que institui normas reguladoras do trabalho rural. O PL propõe a extinção 
do acidente de trajeto; remuneração não-salarial: comida (20%) e moradia 
(25%), além de aceitar que o pagamento seja feito com parte da produção e 
concessão de terra; torna facultativo banheiro, água potável e local de descanso 
para frentes de trabalho de difícil acesso; reduz adicional noturno; permite 
trabalho contínuo por até 18 dias. “É a regulamentação da precarização do 
trabalho no Brasil”, critica a engenheira. 
Na avaliação da pesquisadora, o PL 6442 desobriga os empregadores de 
fornecer aos empregados condições salubres para o exercício de suas 
atividades, equipamentos de segurança que garantam a integridade física do 
trabalhador e de cumprir normas sanitárias para o uso de agrotóxicos e 
fertilizantes. 
Também estabelece que as inspeções sobre as condições de trabalho tenham 
um caráter “educativo e preventivo”, observando “o critério da dupla visita em 
todos os casos”. “Na prática significa que se a saúde do trabalhador estiver 
sendo colocada em risco, nada acontecerá com o contratante quando for feito o 
flagrante em uma primeira inspeção”, alerta Gonzaga. 
A engenheira ainda traçou um panorama da fiscalização em relação à NR 31 no 
Brasil. Houve queda no número de regularizações pela ação fiscal, que foi de 
40.116 em 2007 para 4.148 em 2016, e de notificações, de 17.577 em 2007 para 
6.115 em 2016. Os dados são do Sistema Federal de Inspeção no Trabalho, da 
SIT/MT (Secretaria de Inspeção do Trabalho/Ministério do Trabalho). Alguns 
motivos para a queda são: drástica redução no número de auditores do Ministério 
do Trabalho; greve dos auditores; problemas na alimentação de dados; e falta 
de infraestrutura física para realizar a fiscalização rural como carros danificados, 
falta abastecimento e de motoristas. 
Para Avancini, é preciso aumentar número de auditores. Além disso, muitas 
vezes o empregador prefere pagar a multa a fazer a modificação, já que a maior 
multa na área de SST do Ministério do Trabalho é de 6 mil reais, o que ainda 
pode ter desconto de 50%. 
Outra questão ressaltada pela engenheira da Fundacentro é que as condições 
de trabalho encontradas pelo interior do país são ainda mais preocupantes do 
que a do estado de São Paulo. Um exemplo disso é o caso de crianças que 
trabalham na colheita do açaí no Pará, muitas vezes vítimas de acidentes graves. 
 
Consulte a NR 31

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