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Solucoes Navier Stokes

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Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Soluções das equações de Navier-Stokes
para escoamento laminar
J. L. Baliño
Escola Politécnica - Universidade de São Paulo
Apostila de aula
2018
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 1 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Sumário
1 Introdução
2 Soluções laminares permanentes
3 Soluções laminares transientes
4 Soluções de inércia desprezível
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 2 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Introdução
Veremos algumas soluções simples das equações de Navier-Stokes para
escoamento laminar. Nestas soluções os termos de aceleração convectiva
(não-lineares) são identicamente nulos ou são desprezados (escoamentos de
baixa inércia), fazendo com que as equações resultantes sejam lineares e
mais simples de resolver.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 3 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Couette
Consideramos o problema de escoamento bi-dimensional, permanente entre
duas placas paralelas separadas uma distância h, onde o perfil de velocidade
não depende da posição ao longo do canal ( u = u (y), escoamento
completamente desenvolvido) (Maurice Couette, 1890). A placa inferior está
fixa, enquanto a placa superior se desloca com velocidade u (y = h) = U.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 4 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Couette
Da Eq. de continuidade:
�
��∂u
∂x
+
∂v
∂y
+
�
��∂w
∂z
= 0 ⇒ ∂v
∂y
= 0 ⇒ v = cte
Como v (y = 0) = 0, resulta v ≡ 0. Da componente y das Eq. de N-S:
�
��Dv
Dt
= −1
ρ
∂p
∂y
+ ν��∇2v ⇒ ∂p
∂y
= 0 ⇒ p = p (x)
Da componente x das Eq. de N-S:
�
��Du
Dt
= −1
ρ
∂p
∂x
+ ν
(
�
��∂
2u
∂x2
+
∂2u
∂y2
+
�
��∂
2u
∂z2
)
⇒ dp
dx
= µ
d2u
dy2
Como p = p (x) e u = u (y), deve ser dpdx = µ
d2u
dy2 = cte = A.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 5 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Couette
Integrando e aplicando as condições de contorno:
u =
A
2µ
y2 + B y + C
u (0) = 0 ⇒ C = 0
u (h) = U ⇒ A
2µ
h2 + B h = 0 ⇒ B = U
h
− A
2µ
h
⇒ u (y) = U y
h
+ P y
h
(
1− y
h
)
onde P = − h
2
2µ
A = − h
2
2µ
dp
dx
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 6 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Couette
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 7 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Couette
A tensão de cisalhamento resulta:
τ = τyx = µ
du
dy
=
µ
h
[
U + P
(
1− 2 y
h
)]
A velocidade média V resulta:
V =
1
h
∫ h
0
u dy =
1
2
U − h
2
12µ
dp
dx
A vazão por unidade de comprimento na direção normal resulta:
Q = V h =
1
2
U h− h
3
12µ
dp
dx
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 8 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Couette
Se P = 0 ( dpdx = 0):
u =
y
h
U (distribuição linear) τ = µ
du
dy
= µ
U
h
= cte
Se U = 0:
u = P y
h
(
1− y
h
)
(distribuição parabólica)
A velocidade máxima acontece em y = h2 :
umax =
1
4
P = − h
2
8µ
dp
dx
⇒ u
umax
= 4
y
h
(
1− y
h
)
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 9 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Poiseuille
O escoamento de Poiseuille é a solução do campo de velocidade axial
completamente desenvolvido para um duto de raio a (Jean-Louis-Marie
Poiseuille, 1844). Considerando coordenadas cilíndrica e fazendo as
mesmas considerações que no escoamento de Couette podemos deduzir que
uz = u (r), ur = uθ = 0 e
dp
dz = cte.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 10 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Poiseuille
A solução do campo de velocidade resulta:
u (r) = − a
2
4µ
dp
dz
(
1− r
2
a2
)
distribuição em paraboloide)
A tensão de cisalhamento resulta:
τ (r) = −τrz = −µ dudr = −
1
2
dp
dz
r distribuição linear)
A tensão de cisalhamento máxima acontece na parede:
τw = −12
dp
dz
a ⇒ τ (r) = r
a
τw
A velocidade máxima acontece em r = 0:
umax = − a
2
4µ
dp
dz
⇒ u
umax
= 1− r
2
a2
A velocidade média resulta:
V =
1
pi a2
∫ a
0
u 2pi r dr =
1
2
umax = − a
2
8µ
dp
dz
⇒ u
V
= 2
(
1− r
2
a2
)
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 11 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Poiseuille
A vazão resulta:
Q = pi a2 V = −pi a
4
8µ
dp
dz
A expressão anterior é utilizada nos medidores de viscosidade por queda de
pressão em tubo capilar.
O fator de atrito de Darcy resulta, para escoamento laminar:
f =
8 τw
ρV2
=
64
ReD
onde ReD =
V 2 a
ν
=
V D
ν
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 12 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Rayleigh
Trata-se do problema transiente do movimento impulsivo de uma placa
infinita em contato com um semi-espaço de líquido incompressível
(problema bi-dimensional)(John William Strutt ou Lord Rayleigh III,
1842-1919). A análise deste problema é interessante para fixar conceitos
relacionados com a difusão de momento.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 13 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Rayleigh
Consideramos ∂∂z = 0 (bi-dimensional) e
∂
∂x = 0 (infinitamente longo). Da
equação de continuidade:
�
��∂u
∂x
+
∂v
∂y
+
�
��∂w
∂z
= 0 ⇒ ∂v
∂y
= 0 ⇒ v = cte
Da condição de contorno v (y = 0, t) = 0 resulta v ≡ 0 en todo o recinto.
Da componente y das Eq. de N-S:
�
��Dv
Dt
= −1
ρ
∂p
∂y
+ ν��∇2v ⇒ ∂p
∂y
= 0
Da condição de contorno u (y→∞, t) = 0 e v = 0 resulta
p (y→∞, t) = cte; em consequência, p = cte.
Da componente x das Eq. de N-S:
Du
Dt
=
∂u
∂t
+ u
�
��∂u
∂x
+ �v
∂u
∂y
+ �w
�
��∂u
∂z
= −1
ρ �
��∂p
∂x
+ ν
(
�
��∂
2u
∂x2
+
∂2u
∂y2
+
�
��∂
2u
∂z2
)
⇒ ∂u
∂t
= ν
∂2u
∂y2
(equação transiente de difusão uni-dimensional)
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 14 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Rayleigh
A equação tem que ser resolvida com as condições de contorno:
u (y,t ≤ 0) = 0 ; u (0, t > 0) = U ; u (∞, t) = 0
Antes de resolver esta equação faremos uma análise de ordens de grandeza.
Fisicamente esperamos que o momento difunda no transcurso do tempo.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 15 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Rayleigh
Fazendo uma análise de ordens de grandeza dos diferentes termos, temos
que para uma posição fixa, ∂u∂t ∼ Ut , enquanto que para um tempo fixo,
∂2u
∂y2 =
∂
∂y
(
∂u
∂y
)
∼ Uy2 . Da equação diferencial:
U
t
∼ ν U
y2
⇒ y ∼ (ν t)1/2 ; t ∼ y
2
ν
Em particular, se consideramos que δ é a distância de penetração de
momento (distância na qual a velocidade caiu a uma fração de U), então:
δ ∼ √ν t ; t ∼ δ
2
ν
Como o problema não tem nenhum comprimento ou tempo característico,
podemos propor uma variável de auto-semelhança η, de maneira de
transformar a equação em derivadas parciais em outra ordinária:
η =
y
2
√
ν t
∼ y
δ
;
u
U
= f (η)
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 16 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Rayleigh
Resultam:
∂η
∂t
= − 1
2 t
y
2
√
ν t
= − 1
2 t
η ;
∂η
∂y
=
η
y
∂u
∂t
= U f ′
∂η
∂t
= − U
2 t
η f ′ ;
∂u
∂y
= U f ′
∂η
∂y
=
U
y
η f ′
∂2u
∂y2
= −U
y2
η f ′ +
U
y
η f ′′
∂η
∂y
+
U
y
f ′
∂η
∂y
= −U
y2
η f ′ +
U η2
y2
f ′′ +
U
y2
η f ′ =
U η2
y2
f ′′
Substituindo na equação original, resulta:
− U
2 t
η f ′ = ν
U η2
y2
f ′′ ; f ′′ +
y2
2 ν t
1
η
f ′ = 0 ; f ′′ + 2 η f ′ = 0
As condições de contorno se transformam em f (η = 0) = 1,
f (η →∞) = 0.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 17 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamento de Rayleigh
A solução da equação anterior resulta
u
U
= f (η) = 1− erf (η) = erfc (η) ; erf (η) = 2√
pi
∫ η
0
exp
(−p2) dp
onde erf e erfc são respectivamente a função erro e a função erro
complementário.
Para uU = 0, 01 (1 %):
η1 ' 1, 82 = δ12√ν t
⇒ δ1 ' 3, 64
√
ν t
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 18 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamentos de inércia desprezível
São conhecidos também como escoamentos de Stokes ou, na literatura
inglesa, slow flow ou creeping flow. É o tipo de escoamento que se
estabelece quando a força de inércia é desprezível frente à força viscosa;
neste caso, existe um equilíbrio quase-estático entre a força viscosa e a força
de pressão e/ou a força de volume.
O parâmetro adimensional que representa a razão de forças de inércia e
viscosa é o número de Reynolds:
ReL =
ρU L
µ
∼ Força de inércia
Força viscosa
Em consequência, ReL � 1 nos escoamentos de inércia desprezível (baixa
velocidade, pequeno comprimento característico, alta viscosidade ou baixa
massa específica). Aplicações: escoamentos em meios porosos (rochas,
argilas), lubrificação (tribologia), movimento de solos e graciares,
movimento de micro-organismos, etc.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 19 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamentos de inércia desprezível
Adimensionalizando a Eq. de Navier-Stokes (sem tempo característico),
obtemos:
DV′
Dt′
= −∇′p′ + 1
ReL
∇′2V′
r′ =
r
L
; V′ =
V
U
; t′ =
U
L
t ; p′ =
p− p0
ρU2
Desprezando a aceleração, existe um equilíbrio quasi-estático entre as forças
de pressão e viscosa:
∇′p′ ∼= 1
ReL
∇′2V′
Fazendo p∗ = ReL p′ = ρU Lµ
p−p0
ρU2 =
(p−p0)L
µU resulta:
∇′p∗ ∼= ∇′2V′ (sem parâmetros característicos)
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 20 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Escoamentos de inércia desprezível
As variáveis dependentes serão função unicamente da posição
adimensionalizada r′ e do conjunto de parâmetros adimensionais que
definem a geometría {g′) e as condições de contorno {c′}:
V′ = V′ (r′, {g′} , {c′}) ; p∗ = p∗ (r′, {g′} , {c′})
τ ∗ =
L
µU
τ = τ ∗ (r′, {g′} , {c′})
As forças, obtidas como integrais na posição, serão constantes:
F =
∫
CS
[−p′ n˘ + τ · n˘] dA = µU
L
L2
∫
CS
[−p∗ n˘ + τ ∗ · n˘] dA′ = µU LF∗
⇒ F∗ = F
µU L
= F∗ ({g′} , {c′}) (constante, para {g′} e {c′} dadas)
O coeficiente de força resulta:
CF =
F
1
2 ρU
2 L2
=
F
µU L
2
µ
ρU L
= F∗
2
ReL
=
cte
ReL
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 21 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Propriedades matemáticas
Desprezando a aceleração, obtemos uma equação linear, mais simples de
resolver. Tomando o divergente da equação de inércia desprezível:
∇ · (∇p) = ∇2p = ∇ · (µ∇2V) = µ∇ · (∇2V)
= µ∇ · [∇ (∇ · V)−∇× (∇× V)] = 0 ⇒ ∇2p = 0
pois ∇ · V = 0 e ∇ · (∇×) = 0. Em consequência, o campo de pressão é
harmônico. Como V é solenoidal, pode ser obtido de um potencial vector ψ
tal que V = ∇×ψ; o potencial vector está definido a menos de um campo
A irrotacional (∇× A = 0). Tomando o rotacional da equação de inércia
desprezível:
���
��∇× (∇p) = 0 = ∇× (µ∇2V) = µ∇× (∇2V)
= µ∇× {∇ (∇ · V)−∇× [∇× (∇×ψ)]} = −µ∇× {∇× [∇× (∇×ψ)]}
Aplicando a norma ∇ ·ψ = 0, o potencial vector fica definido a menos de
um vector constante. Resulta:
∇× (∇×ψ) = ∇ (���∇ ·ψ )−∇2ψ = −∇2ψ
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 22 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Propriedades matemáticas
Da identidade:
∇× [∇× (∇2ψ)] = ∇ [∇ · (∇2ψ)]−∇2 (∇2ψ)
e considerando a relação anterior, resulta:
∇2 (∇2ψ) = 0
A expressão anterior não é de muita ajuda para problemas tri-dimensionais
(para resolver três componentes de velocidade precisamos resolver as três
componentes do vector potencial e depois tomar o rotacional); porém, para
problemas bi-dimensionais no plano x− y, podemos demonstar que o
potencial vector só tem componente na direção z, ψ = (0, 0, ψ); a equação
anterior se reduz à equação bi-harmônica:
∇2 (∇2ψ) = ∇4ψ = 0
Neste caso, para resolver duas componentes da velocidade precisamos
resolver uma equação escalar para ψ e depois tomar o rotacional.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 23 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Equação de lubrificação
Consideramos o problema de duas superfícies; a superior, fixa, está
representada pela função h = h (x, y) (espessura variável localmente),
enquanto a inferior é o plano x− y e se desloca com velocidade
V = (−U, −V, 0). O escorregamento entre as superfícies gera uma
distribuição de pressão e força de sustentação (Reynolds, 1886).
Consideramos escoamento de inércia desprezível.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 24 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Equação de lubrificação
Consideramos h� X ∼ Y , onde X e Y são dimensões características
respectivamente nas direções x e y. Da equação de continuidade:
∂u
∂x
+
∂v∂y
+
∂w
∂z
= 0
∂u
∂x
∼ U
X
;
∂v
∂y
∼ V
Y
;
∂w
∂z
∼ w
h
⇒ w ∼ U h
X
∼ V h
Y
Como hX ∼ hY � 1 (espaçamento desprezível comparado com as outras
dimensões características), resulta:
w� u ∼ U ; w� v ∼ V
Da componente x da Eq. de N-S:
∂p
∂x
= µ
(
∂2u
∂x2
+
∂2u
∂y2
+
∂2u
∂z2
)
∼= µ ∂
2u
∂z2
pois
∂2u
∂x2
∼ U
X2
;
∂2u
∂y2
∼ U
Y2
;
∂2u
∂z2
∼ U
h2
⇒ ∂
2u
∂x2
∼ ∂
2u
∂y2
� ∂
2u
∂z2
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 25 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Equação de lubrificação
Analogamente:
∂p
∂y
= µ
(
∂2v
∂x2
+
∂2v
∂y2
+
∂2v
∂z2
)
∼= µ ∂
2v
∂z2
∂p
∂z
= µ
(
∂2w
∂x2
+
∂2w
∂y2
+
∂2w
∂z2
)
∼= µ ∂
2w
∂z2
Como ∂
2w
∂z2 � ∂
2u
∂z2 ∼ ∂
2v
∂z2 , resulta
∂p
∂z � ∂p∂x ∼ ∂p∂y , isto é p = p (x, y) (a
pressão não depende de z). Integrando parcialmente em z, com as condições
de contorno u (x, y, 0) = −U, v (x, y, 0) = −V ,
u (x, y, h) = v (x, y, h) = 0 obtemos:
u (x, y, z) = − h
2
2µ
∂p
∂x
z
h
(
1− z
h
)
− U
(
1− z
h
)
v (x, y, z) = − h
2
2µ
∂p
∂y
z
h
(
1− z
h
)
− V
(
1− z
h
)
O escoamento entre as superfícies é localmente Couette.
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 26 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Equação de lubrificação
As velocidades médias resultam:
u¯ =
1
h
∫ h
0
u dz = −U
2
− h
2
12µ
∂p
∂x
v¯ =
1
h
∫ h
0
v dz = −V
2
− h
2
12µ
∂p
∂y
Aplicando a conservação da massa para um volume de controle de base dx e
dy e altura h, resulta:
∂
∂x
(h u¯) +
∂
∂y
(h v¯) = 0
Substituindo as velocidades médias, resulta finalmente a equação de
lubrificação de Reynolds:
∂
∂x
(
h3
∂p
∂x
)
+
∂
∂y
(
h3
∂p
∂y
)
= −6µ
(
U
∂h
∂x
+ V
∂h
∂y
)
J. L. Baliño NDF
Soluções das equações de Navier-Stokes para escoamento laminar 27 / 42
Introdução Soluções laminares permanentes Soluções laminares transientes Soluções de inércia desprezível
Equação de lubrificação
Exemplo de aplicação: rolamento de filme uni-dimensional (V = 0) e
h (x) = h0 +
h1 − h0
L
x = h0
(
1 + m′
x
L
)
; m′ =
h1
h0
− 1
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Equação de lubrificação
∂
∂x
(
h3
∂p
∂x
)
= −6µU ∂h
∂x
Substituindo h (x) e resolvendo para a pressão, com as condições de
contorno p (0) = p (L) = 0 resulta:
p (x) =
6µU L
m′ h20
kp
(
m′,
x
L
)
kp
(
m′,
x
L
)
=
1
m′
[
− m
′ + 1
(m′ + 2)
(
1 + m′ xL
)2 + 11 + m′ xL − 2m′ + 2
]
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Equação de lubrificação
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Equação de lubrificação
A carga suportada pelo dispositivo (por unidade de comprimento na direção
normal ao papel) resulta:
W =
∫ L
0
p (x) dx =
6µU L2
h20
Kp (m′)
Kp (m′) =
1
m′2
log (1 + m′)− 2
m′ (m′ + 2)
Do gráfico a continuação, vemos que a carga não é muito sensível a m′.
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Equação de lubrificação
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Equação de lubrificação
A solução obtida é aproximada, pois desprezamos os termos de inércia.
Fazendo uma análise de ordens de grandeza, acharemos um parâmetro
adimensional que estime a razão de forças:
u
∂u
∂x
∼ u¯ ∂u¯
∂x
Q = u¯ h = cte ⇒ ∂u¯
∂x
h + u¯
dh
dx
= 0 ⇒ u ∂u
∂x
∼ U
2
h
dh
dx
ν
∂2u
∂z2
∼ ν U
h2
Para que a solução de inércia desprezível seja válida, deve ser:∣∣∣∣∣ u ∂u∂xν ∂2u∂z2
∣∣∣∣∣ ∼ U
2
h
∣∣ dh
dx
∣∣
ν Uh2
=
U h
ν
∣∣∣∣dhdx
∣∣∣∣� 1
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
Consideramos o problema de uma esfera em uma corrente uniforme de
fluido incompressível com inércia desprezível (George Gabriel Stokes,
1851). A velocidade e a pressão a montante é respectivamente u0 e p0.
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
Considerando coordenadas esféricas e simetria azimultal (uφ = 0, ∂∂φ = 0,
as equações de continuidade e momento resultam:
∂ur
∂r
+ 2
ur
r
+
1
r
∂uθ
∂θ
+
uθ
r
cot θ = 0
∂p
∂r
= µ
(
∂2ur
∂r2
+
2
r
∂ur
∂r
− 2 ur
r2
+
1
r2
∂2ur
∂θ2
+
cot θ
r2
∂ur
∂θ
− 2
r2
∂uθ
∂θ
− 2 uθ
r2
cot θ
)
1
r
∂p
∂θ
= µ
(
∂2uθ
∂r2
+
2
r
∂uθ
∂r
− uθ
r2 sin θ
+
1
r2
∂2uθ
∂θ2
+
cot θ
r2
∂uθ
∂θ
+
2
r2
∂ur
∂θ
)
Condições de contorno:
ur (a, θ) = uθ (a, θ) = 0 (superfície da esfera)
ur (∞, θ) = u0 cos θ ; uθ (∞, θ) = −u0 sin θ (longe da esfera)
p (∞, pi) = p0 (a montante, longe da esfera)
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
O escoamento é bi-dimensional no plano r − θ, de maneira que o potencial
vector só tem componente na direção φ:
ψ = ψφ φ˘
O campo de velocidade resulta do rotacional do potencial vector:
∇×ψ = 1
r sin θ
∂
∂θ
(ψφ sin θ) r˘− 1r
∂
∂r
(rψφ) θ˘
⇒ ur = 1r sin θ
∂
∂θ
(ψφ sin θ) ; uθ = −1r
∂
∂r
(rψφ)
Escolhendo
ψφ =
ψ
r sin θ
⇒ ur = 1r2 sin θ
∂ψ
∂θ
; uθ = − 1r sin θ
∂ψ
∂r
verificamos que a equação de continuidade é satisfeita.
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
Fazendo ψ (r, θ) = f (r) g (θ) e substituindo na equação bi-harmónica,
podemos resolver ψ com as condições de contorno:
∂ψ
∂r
(a, θ) =
∂ψ
∂θ
(a, θ) = 0
ψ (r →∞, θ)→ 1
2
u0 r2 sin2 θ + cte
O resultado é:
ψ (r, θ) =
1
4
u0 a2
(
a
r
− 3 r
a
+ 2
r2
a2
)
sin2 θ
ψφ (r, θ) =
1
4
u0 a2
(
a
r
− 3 r
a
+ 2
r2
a2
)
sin θ
r
Notar que resulta ∇ ·ψ = 0.
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
A solução resulta:
ur (r, θ) =
(
1− 3
2
a
r
+
1
2
a3
r3
)
u0 cos θ
uθ (r, θ) = −
(
1− 3
4a
r
− 1
4
a3
r3
)
u0 sin θ
p (r, θ)− p0 = −32 µ u0 a
cos θ
r2
As tensões viscosas resultam:
τrr (r, θ) = 2µ
∂ur
∂r
= 3
µ a
r2
(
1− a
2
r2
)
u0 cos θ
τθθ (r, θ) =
2µ
r
(
∂uθ
∂θ
+ ur
)
= −3
2
µ a
r2
(
1− a
2
r2
)
u0 cos θ
τrθ (r, θ) = µ
[
r
∂
∂r
(uθ
r
)
+
1
r
∂ur
∂θ
]
= −3
2
µ a3
r4
u0 sin θ
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
Para calcular as forças na esfera, as tensões viscosas e a pressão na
superfície resultam:
τrr (a, θ) = 0 ; τθθ (a, θ) = 0 ; τrθ (a, θ) = −32
µ u0
a
sin θ
p (a, θ)− p0 = −32
µ u0
a
cos θ
O elemento de área de integração e resulta:
dA = 2pi a sin θ a dθ = 2pi a2 sin θ dθ
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
As contribuições do arrasto viscoso e de pressão resultam:
dDV = −τrθ (a, θ) sin θ dA = 3pi µ u0 a sin3 θ dθ
⇒ DV = 3pi µ u0 a
∫ pi
0
sin3 θ dθ = 4pi µ u0 a
dDp = − [p (a, θ)− p0] cos θ dA = 3pi µ u0 a cos2 θ sin θ dθ
⇒ Dp = 3pi µ u0 a
∫ pi
0
cos2 θ sin θ dθ = 2pi µ u0 a
Arrasto total: D = DV +Dp (o arrasto de pressão é um terço do arrasto total)
Coeficiente de arrasto: CD = D1
2 ρ u
2
0 pi a
2 =
24
Re , onde Re =
2 a u0
ν .
A solução de inércia desprezível é válida para Re < 1, segundo medições em
viscosímetros de esfera descendente; para Re maiores, o arrasto é maior que
o predito.
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
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Escoamento lento ao redor de uma esfera
É importante notar que a influença viscosa se extende a grandes distâncias
do corpo; por isto, um tubo de Pitot não pode ser usado em regime laminar
ou de baixa velocidade. Para que a velocidade na perpendicular à esfera
chegue a um fator 1− � da velocidade da corrente livre deve ser:
uθ (pi/2, r)
u0
> 1− � ; 1− 3
4
a
r
− 1
4
a3
r3
> 1− �
⇒ � > 3
4
a
r
+
1
4
a3
r3
Para � = 0.0075 (0.75 %), deve ser ar <
1
100 (r > 100 a).
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