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1Escoamento Superficial

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Escoamento Superficial
1. GENERALIDADES
O escoamento superficial é o segmento do ciclo hidrológico que 
estuda o deslocamento da água na superfície da terra. Tem origem, 
fundamentalmente, nas precipitações e constitui, para o 
engenheiro, a mais importante das fases do ciclo hidrológico, uma 
vez que a maioria dos estudos está ligada ao aproveitamento da 
água superficial e à proteção contra os fenômenos provocados pelo
seu deslocamento (erosão do solo, inundação, etc.).
2. FATORES QUE INFLUENCIAM O ESCOAMENTO SUPERFICIAL
a) Fatores Climáticos
- intensidade da chuva
- duração da chuva
- chuva antecedente
b) Fatores Fisiográficos
- área da bacia
- forma da bacia
- permeabilidade do solo
- topografia
2. FATORES QUE INFLUENCIAM O ESCOAMENTO SUPERFICIAL
c) Obras Hidráulicas
- Barragem
- canalização ou retificação
- derivação ou transposição
Observações interessantes
� Em uma dada seção transversal de um curso d’água, as variações das vazões 
instantâneas são tanto maiores quanto menor a área da bacia hidrográfica;
� Para uma mesma área da bacia de contribuição, as variações das vazões 
instantâneas no curso d’água serão tanto maiores e dependerão tanto mais das 
chuvas de alta intensidade quanto:
- maior for a declividade do terreno;
- menores forem as depressões retentoras de águas;
- mais retilíneo for o traçado e maior a declividade do curso d’água;
- menor for a quantidade de água infiltrada; e
- menor for a área coberta por vegetação.
3. GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS
a) Vazão (Q)
A vazão ou deflúvio, isto é, o volume de água escoado na unidade de 
tempo, é a principal grandeza que caracteriza um escoamento. As 
unidades normalmente adotadas são o m3/s ou o l/s.
Ainda, como elemento comparativo entre bacias costuma-se referir à
vazão por unidade de área da bacia, ou vazão específica : q = Q / A . 
Para esta grandeza, as unidades usuais são m3/(s.km2), l/(s.km2)
É comum também exprimir o escoamento ou deflúvio superficial em 
termos de uma altura de lâmina d’água escoada, dada pela razão do 
volume escoado no tempo ∆t pela área da projeção horizontal da 
superfície considerada: hs=Qsx∆t/A, também chamada precipitação 
efetiva.
Esta altura de lâmina d’água escoada é normalmente medida em mm.
3. GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS
b) Coeficiente de Escoamento Superficial (C)
O coeficiente de escoamento ou deflúvio superficial, ou coeficiente de
run off, é definido pela razão do volume de água escoado 
superficialmente por ocasião de uma chuva, Vols, pelo volume de água 
precipitada, VolT:
T
S
Vol
VolC =
Este coeficiente pode ser relativo a uma chuva isolada ou a um intervalo de tempo 
no qual várias chuvas ocorreram. É um conceito usado na previsão da vazão de 
enchente, provocada por uma chuva intensa. Na prática, conhecido o run off para 
uma determinada chuva intensa de certa duração, determina-se o escoamento 
superficial de outra precipitação intensa de intensidade diferente da primeira, mas 
de mesma duração.
3. GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS
c) Precipitação Efetiva (ou Precipitação Excedente), Pef ou ief
A precipitação efetiva (ou precipitação excedente) é a medida da altura,
Pef, ou intensidade, ief, da parcela da chuva caída que provoca o 
escoamento superficial. É normalmente referida a um determinado 
intervalo de duração de uma chuva (ou à duração da chuva total, em 
eventos complexos).
A
VolP Sef =
PCPef ×=
3. GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS
d) Tempo de concentração (tc )
O tempo de concentração relativo a uma seção de um curso d’água é o 
intervalo de tempo, contado a partir do início da precipitação, necessário 
para que toda a bacia hidrográfica correspondente passe a contribuir com 
a vazão na seção em estudo. Corresponde, pois, à soma do tempo de
encharcamento da camada superficial com o tempo que uma partícula da 
água de chuva que cai no ponto mais distante da seção considerada leva 
para, escoando superficialmente, atingir esta seção.
385,02
c S
L57t 





=
onde tc é obtido em minutos, para
L = comprimento do rio, em km, e
S = declividade do curso d’água principal, em m/km
3. GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS
e) Frequência e Tempo de Recorrência
Para um dado intervalo de tempo de observação das vazões em uma 
seção de um curso d’água, a frequência de uma vazão Q0 é o número de 
ocorrências da mesma neste intervalo. Na análise do escoamento 
provocado por chuvas intensas, a frequência, mais propriamente, 
representa o número de vezes que a vazão de magnitude Q0 foi igualada 
ou superada no intervalo de tempo considerado.
Nas aplicações práticas a frequência é, em geral, expressa em termos do 
tempo de recorrência, T, ou período de retorno. Este, então, corresponde 
ao tempo médio, em anos, em que um evento de magnitude Q0 é igualado 
ou superado pelo menos uma vez.
[ ]OQQP
1T
≥
=
3. GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS
f) Nível de Água, Cheia e Inundação
O nível d’água é a altura atingida pela água na seção em estudo, em 
relação a uma determinada referência. Pode ser um valor instantâneo ou 
corresponder a uma média em um determinado intervalo de tempo. Em 
seções especiais de cursos d’água, o nível d’água, normalmente medido 
por uma régua, pode ser relacionado à própria vazão do escoamento –
estas seções são ditas “seções de controle” e a curva que graficamente 
relaciona a leitura da régua com a vazão é conhecida como “curva-chave”.
4.1 Componentes do Hidrograma
- tempo de retardo (ou resposta): tempo de deslocamento da água na bacia e das 
perdas iniciais (interceptação, retenção nas depressões e infiltração) 
- início do escoamento superficial direto = ponto A
- fim do escoamento superficial direto = ponto I (de inflexão) 
4. HIDRÓGRAFA ou HIDROGRAMA
A contribuição total para o escoamento registrado na seção considerada é
devido:
i) à precipitação recolhida diretamente pela superfície livre da água;
ii) ao escoamento superficial dito direto (incluindo o sub-superficial); e
iii) ao escoamento básico (contribuição do lençol d’água subterrâneo).
- início da chuva – tempo t0
4.1 Componentes do Hidrograma
4.2 Fatores que influenciam a forma do Hidrograma
� Relevo e Forma da bacia
A influência do relevo se faz sentir, por exemplo, através da drenagem e da 
declividade da bacia. Em uma bacia com boa drenagem e grande declividade o
hidrograma é íngreme e apresenta pouco escoamento de base.
Esta característica é típica de cabeceiras de bacias.
4.2 Fatores que influenciam a forma do Hidrograma
� Cobertura Vegetal da bacia
A influência da cobertura vegetal sobre a forma do hidrograma se faz sentir por 
diferentes razões. A cobertura vegetal tende a retardar o escoamento superficial, 
facilitar a infiltração e aumentar as perdas por evapotranspiração. Em bacias 
urbanas, onde a cobertura é alterada (tornam-se mais impermeáveis) e a rede de 
drenagem é mais eficiente, vêem-se antecipada a ocorrência do escoamento 
superficial e aumentados o volume do escoamento superficial e a vazão de pico.
4.2 Fatores que influenciam a forma do Hidrograma
� Modificações Artificiais no rio
Visando o uso mais racional da água, o homem produz modificações no rio. Um 
reservatório construído para a regularização da vazão tende a reduzir o pico e a 
distribuir o volume (Figura 6), enquanto a canalização do rio tende a aumentar o 
pico de vazão (como mostrado na Figura 5, para a bacia urbana).
4.2 Fatores que influenciam a forma do Hidrograma
� Distribuição, Duração e Intensidade da Chuva
A distribuição da precipitação não é uniforme sobre toda a bacia. Quando a 
precipitação se concentra na parte inferior da bacia e tem seu “epicentro”
deslocando-se para montante, ohidrograma pode ter até dois picos. Para uma 
precipitação de intensidade constante e duração suficientemente grande (para que 
sejam superados a capacidade de armazenamento do solo e o tempo de 
concentração da bacia), o valor da vazão de pico é estabilizado. Após o término da 
precipitação, o hidrograma entra em recessão (Figura 7).
4.2 Fatores que influenciam a forma do Hidrograma
� Solo
O tipo, a natureza e o nível de umidade do solo têm influência na forma do
hidrograma.
Quando forem baixos a umidade da camada superior do solo e o nível do lençol 
freático, parcela ponderável da precipitação poderá ser retida, tornando o 
escoamento superficial (e, portanto, o hidrograma) reduzido.
4.3 Análise do Hidrograma – Separação das Componentes
� Método 1
Por este primeiro método de separação, prolonga-se inicialmente a tendência do
hidrograma anterior à chuva (a partir do ponto A) até o ponto B, na vertical que 
passa pelo pico do hidrograma. Partindo de B, desenha-se uma curva suave de 
concordância até o ponto I (Figura 8).
Figura 8 – Método 1 de separação dos escoamentos superficial e de base. Qb e Qs
representam, respectivamente, ordenadas dos escoamentos básico e superficial. 
A área em cinza representa o volume escoado superficialmente.
4.3 Análise do Hidrograma – Separação das Componentes
� Método 2
Este procedimento consiste em extrapolar a tendência anterior à chuva até a 
vertical do pico, encontrando o ponto B, como no método anterior. Ligando-se B 
e I através de um segmento de reta, completa-se a separação do escoamento 
(Figura 9).
Figura 9 – Método 2 de separação dos escoamentos superficial e de base. 
4.3 Análise do Hidrograma – Separação das Componentes
� Método 3
É o mais simples dos métodos de separação. Consiste em ligar os pontos A e I 
por um segmento de reta, conforme se visualiza na Figura 10.
Figura 10 – Método 3 de separação dos escoamentos superficial e de base. 
4.3.1 Obtenção dos pontos A e I
O ponto A é facilmente determinado, pois corresponde a uma mudança brusca 
na inclinação da curva de vazão.
O ponto I é de determinação mais difícil, existindo vários critérios na literatura 
para a sua obtenção.
Segundo Linsley, Kohler & Paulhus (1975), o tempo N (Figura 11), 
contado a partir do pico do hidrograma até o ponto I pode ser avaliado 
pela expressão empírica:
2,0A827,0N ×= N – diasA – km2
Uma outra forma de obtenção do ponto I baseia-se na estimativa do intervalo de 
tempo contado desde a última precipitação que cai na bacia até o instante da 
ocorrência do ponto I (Figura 11). Este intervalo é o tempo de concentração, tc. 
Para obter tc existem na literatura várias equações empíricas.
4.3.1 Obtenção dos pontos A e I
4.3.1 Obtenção dos pontos A e I
Um terceiro critério, mais simples, aqui tratado como método de inspeção 
visual, baseia-se no modelo matemático para a depleção da água do solo e no 
lançamento em gráfico dos dados da vazão, em escala logarítmica, em função 
do tempo. O método fundamenta-se na consideração de que a depleção da 
água do solo segue uma lei exponencial, do tipo:
( )0tt
0 eQQ −α−⋅=
sendo Q a vazão no tempo t (para t ≥ tI), Q0 a vazão no tempo de referência t0 = 
tI, e α = coeficiente de recessão. Num gráfico de Q versus t, com os valores de Q 
em escala logarítmica, a equação tende para uma reta para t ≥ tI. Para valores de t 
< tI ocorre modificação substancial da declividade da reta, permitindo que o ponto I 
seja graficamente identificado.
4.3.1 Obtenção dos pontos A e I
Gráfico de Q (escala log) para obter o ponto I (final do escoamento superficial)
Modelo matemático do escoamento de base
Adota-se um modelo linear simples de representação da contribuição do lençol subterrâneo
para a calha do rio:
bb VolQ ⋅α=
Qb = parcela da vazão na seção exutória da bacia, proveniente apenas da contribuição 
subterrânea,
Volb = volume armazenado na bacia (subterrâneo),
α = coeficiente de recessão, com a dimensão de tempo-1.
Supõe-se, portanto, que a vazão na seção exutória da bacia, decorrente da contribuição 
subterrânea, é diretamente proporcional ao volume armazenado no subsolo da bacia. 
Desta hipótese, deduz-se que
dt
dVolQ bb −= dt
dQ1Q bb
α
−= ( )0
0b
b ttQ
Qln −α−=





4.4 Obtenção da precipitação efetiva e do coeficiente de run off
Volume escoado superficialmente, precipitação efetiva e curva de depleção da água do solo.
4.4 Obtenção da precipitação efetiva e do coeficiente de run off
Exemplo 1
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
Na engenharia, em estudos hidrológicos, há interesse em se conhecer o
hidrograma de projeto associado a um período de retorno especificado: Q(t,T). 
Isto é, deseja-se determinar o hidrograma associado a uma chuva de projeto, 
através da transformação chuva-vazão, expressa por
As maneiras de se obter a mencionada transformação com base em modelação 
matemática são várias, sendo, adiante, selecionadas algumas: o método racional, 
o método do hidrograma unitário e o método do hidrograma unitário sintético.
( ) ( )T,tQT,ti sef ⇒
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
O método racional utiliza uma equação simples que exprime o estado permanente 
da transformação da chuva em vazão, que ocorre quando a chuva tem intensidade 
constante e toda a área passa a contribuir com a vazão na seção do curso d’água, o 
que se dá quando a duração da chuva é superior ao tempo de concentração, tc. 
Assim, se ocorre uma chuva intensa uniforme, com duração t ≥ tc, a vazão 
resultante de acordo com o método é dada por
AiC278,0Qp ⋅⋅⋅=
5.1 Método Racional
sendo Qp (vazão de pico) em m3/s; i = intensidade da chuva, em mm/h para t = tc; 
A = área de drenagem em km2.
385,02
c S
L57t 





=
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
5.1.1 Coeficinte C no Método Racional
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
5.1.1 Coeficinte C no Método Racional
( )∑
=
⋅=
n
1i
ii ACA
1C
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
5.1.1 Coeficinte C no Método Racional
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
5.1 Método Racional
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
5.1 Método Racional
5.1.1 Método das Isócronas
)t(A)t(iC278,0)t(Q ⋅⋅⋅=
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
5.2 Hidrograma Unitário (HU)
O Método do Hidrograma Unitário (Método do HU) foi apresentado por Sherman
em 1932 e foi mais tarde aperfeiçoado por outros. Segundo Sherman, para chuvas 
efetivas de distribuição uniforme e intensidade constante sobre toda a bacia, tem-
se a seguintes proposições básicas:
i ) em uma dada bacia, para chuvas de uma mesma duração, as durações dos 
escoamentos superficiais diretos correspondentes são iguais;
ii ) duas chuvas de mesma duração, mas com volumes escoados diferentes, 
resultam em hidrogramas cujas ordenadas são, a cada tempo, proporcionais aos 
correspondentes volumes escoados;
iii ) considera-se que as precipitações anteriores não influenciam a distribuição no 
tempo do escoamento superficial decorrente de uma dada chuva. O hidrograma
total referente a duas ou mais chuvas efetivas é obtido adicionando-se as 
ordenadas de cada um dos hidrogramas em tempos correspondentes.
5.2 Hidrograma Unitário (HU)
i ) Constância do tempo de base
0
2
4
6
8
10
12
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (h)
V
a
z
ã
o
 
(
m
3
/
s
)
0
10
20
30
40
50
60
P
r
e
c
i
p
i
t
a
ç
ã
o
 
(
m
m
)
5.2 Hidrograma Unitário (HU)
ii ) Proporcionalidade das vazões
0
2
4
6
810
12
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (h)
V
a
z
ã
o
 
(
m
3
/
s
)
0
10
20
30
40
50
60
P
r
e
c
i
p
i
t
a
ç
ã
o
 
(
m
m
)
P2
P1
2
1
2
1
P
P
Q
Q
=
Q2
Q1
2
1
2
1
P
P
Q
Q
=
5.2 Hidrograma Unitário (HU)
0
2
4
6
8
10
12
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (h)
V
a
z
ã
o
 
(
m
3
/
s
)
0
10
20
30
40
50
60
P
r
e
c
i
p
i
t
a
ç
ã
o
 
(
m
m
)
0
2
4
6
8
10
12
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (h)
V
a
z
ã
o
 
(
m
3
/
s
)
0
10
20
30
40
50
60
P
r
e
c
i
p
i
t
a
ç
ã
o
 
(
m
m
)
P
1
q
1
P
1
q
2
P
1
q
3
P
1
q
4
P
1
q
5
P
1
q
6
P
1
q
7
P
2
q
1
P
2
q
2
P
2
q
3
P
2
q
4
P
2
q
5
P
2
q
6
P
2
q
7
P1 P2
iii ) Sobreposição ou Aditividade
5. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE Q A PARTIR DE DADOS DE P
5.2 Hidrograma Unitário (HU)
O conceito de hidrograma unitário, associado às três proposições básicas acima 
enunciadas, fornece a possibilidade de considerá-lo como uma característica da 
bacia. Com efeito, dado o hidrograma unitário, a qualquer chuva de intensidade 
uniforme e duração igual àquela que o gerou, pode-se calcular as ordenadas do
hidrograma do escoamento superficial direto correspondente.
Com base nas duas primeiras proposições de Sherman, pode-se estabelecer a 
formulação básica do Método do HU:
]cm1[
P
)t(Q
)t(Q ef
u
s
=
sendo Qu(t) a vazão do escoamento superficial correspondente à chuva efetiva de 
altura unitária (ordenada do hidrograma unitário no tempo t) e Qs(t) a vazão do 
escoamento superficial, para uma chuva isolada de altura efetiva Pef em cm.
5.2.1 Duração da chuva
Basicamente, para cada duração de chuva tem-se um hidrograma unitário. Quanto 
menor a duração da chuva, maior será a vazão de pico do HU, visto que o volume 
escoado é dado por Vols=1cm×A, e o tempo de base do hidrograma é tanto menor 
quanto menor a duração da chuva.
Em projeto de drenagem, a duração da chuva a ser normalmente adotada seria 
igual à da chuva crítica para o cálculo da enchente, isto é, o mínimo valor para o 
qual toda a bacia contribui para o escoamento superficial. Entretanto, quando não se 
dispõe desta informação, pode ser adotado um tempo da ordem de 1/3 do tempo de 
pico do hidrograma. No Brasil, quase sempre dispõe-se apenas de registros de totais 
diários de chuva e vazão. Isto reduz o campo de aplicação do método do HU, pois 
condiciona um período unitário mínimo de 24 horas. Neste caso, de acordo com 
indicação de Johnstone & Cross, o método do HU deve ser limitado a bacias 
hidrográficas com área superior a 2500 km2.
5.2.2 Expressão para Qs com base no HU conhecido
[ ] [ ] [ ] 1nunpef1ps QPQ ××× ⋅= 1mnp −+=
5.2.2 Expressão para Qs com base no HU conhecido
n = 10 ; m = 3 ; p = 10 + 3 – 1 = 12
Exemplo 5
[ ] [ ] [ ] 110u1012ef112s QPQ ××× ⋅=
Exemplo 5
Verificação
Exemplo 5
5.2.3 Estimativa para Qu com base em dados históricos
[ ] [ ] [ ] 1nunpef1ps QPQ ××× ⋅= 1mpn +−=
Este sistema possui p equações e n incógnitas, e como n < p, o sistema tem 
infinitas soluções. Entre as soluções possíveis, apresentam-se a seguir 
algumas delas.
5.2.3 Estimativa para Qu com base em dados históricos
i) Substituição progressiva ou crescente
ii) Substituição regressiva ou decrescente
iii) Inversão de Matriz
5.2.3 Estimativa para Qu com base em dados históricos
iv) Convolução ou Mínimos Quadrados
∑
=
=
p
1i
2
iT eE n,...2,1i0Q
E
ui
T
==
∂
∂
( )
unmspp
1u22u12s2
1u11s1
QPQe
QPQPQe
QPQe
⋅−=
⋅+⋅−=
⋅−=
M
Sistema linear determinado
n equações e n incógnitas
5.2.3 Estimativa para Qu com base em dados históricos
Exemplo 6
Solução:
Exemplo 6
Solução:
5.2.3 Estimativa para Qu com base em dados históricos
Obs. 1: Normalmente, dispondo-se de dados históricos, defronta-se com o 
“problema” de existir mais de um par de conjunto de dados de precipitação e vazão 
observados, ou seja, mais de um evento observado. Neste caso, a seleção do melhor 
evento para o cálculo do HU deve ser criteriosa, cuidando-se de evitar a possibilidade 
de tendenciosidade na estimativa do HU da bacia. Por exemplo, os eventos de 
pequena magnitude tendem a subestimar a previsão de cheias maiores.
Assim, para escolher eventos adequados deve-se procurar atender aos objetivos do 
estudo.
Se, no caso, o estudo é voltado para cheias de grandes intervalos de recorrência, 
deve-se procurar trabalhar com os maiores hidrogramas disponíveis.
5.2.3 Estimativa para Qu com base em dados históricos
Obs. 2: Selecionados alguns eventos que atendam aos objetivos do estudo, é de 
se esperar que cada evento produza um HU diferente em magnitude e distribuição 
temporal, o que é consequência da não-uniformidade da precipitação no espaço e 
no tempo, bem como das características não-lineares do escoamento. É
necessário, contudo, sintetizar um único HU para a bacia.
Para sintetizar vários HU’s num único, tem-se dois métodos principais:
1) Posicionam-se os HU’s em uma origem comum e tomam-se as médias das 
ordenadas de cada tempo. → Este procedimento tende a reduzir o pico de vazões 
de cheia.
2) Posicionam-se os HU’s com base nos picos, obtendo-se a média das ordenadas 
em cada tempo.
5.2.4 Conversão do HU para diferentes durações
Caso 1: t’ > t e t’ é múltiplo de t
O procedimento a ser adotado para obter o novo HU consiste em :
a) deslocar o HU conhecido (t’/t –1) vezes;
b) somar as ordenadas em cada tempo;
c) dividir as novas ordenadas do hidrograma obtido por t’/t.
5.2.4 Conversão do HU para diferentes durações
Caso 1: t’ > t e t’ é múltiplo de t
5.2.4 Conversão do HU para diferentes durações
Caso 1: t’ > t e t’ é múltiplo de t
5.2.4 Conversão do HU para diferentes durações
Caso 2: t’ < t ou t’ > t e t’ não é múltiplo de t
O procedimento a ser adotado para obter o novo HU consiste em :
a) obter o hidrograma S(t) [ou curva S(t)];
b) deslocar o hidrograma S(t) de t’ → S(t-t’);
c) Subtrair o hidrograma S(t) do hidrograma S(t-t’); 
d) dividir as ordenadas do hidrograma obtido por t’/t.
5.2.4 Conversão do HU para diferentes durações
Caso 2: t’ < t ou t’ > t e t’ não é múltiplo de t
5.2.4 Conversão do HU para diferentes durações
Caso 2: t’ < t ou t’ > t e t’ não é múltiplo de t
Exemplo 8
Exemplo 8
5.2.5 Determinação da distribuição de Pef
PIFPP TotalTotalef −−=
onde,
F = infiltração total, medida em termos de altura da lâmina d’água infiltrada;
PI = perdas iniciais = interceptação + retenções superficiais.
Método do índice φφφφ
=
+
=φ
m
FPI
chuvasdenúmero
sTotal AVolP −
=
Método do índice φφφφ
Observação:
Pode existir intervalo i em que φφφφ > Pi. Neste caso, faz-se Pefi = 0 e, para 
que o volume da precipitação efetiva seja igual ao do escoamento 
superficial, é necessário distribuir a diferença φφφφ − Pi para os demais 
intervalos de tempo.
♦ Separação dos escoamentos básico e superficial
h60t I =
h18tA =
t0714,0714,26Qb ⋅+=
)t(Q)t(Q)t(Q bs −=
Exemplo 9
♦ Obtenção do índice φφφφ e da precipitação efetiva
Exemplo 9
36
ss m1083,9tQVol ×=∆⋅=∑
36
iT m1024,32APVol ×=⋅=∑
Exemplo 9
Exemplo 9
5.3 Método do Hidrograma Unitário Sintético
Os métodos conhecidos para a construçãodo HU sintético baseiam-se, em 
geral, na determinação de valores de alguns tempos característicos do
hidrograma, como o tempo de pico e o tempo de base, e na determinação da 
vazão de pico do hidrograma. A partir da regionalização destas variáveis com 
base em características físicas, tem-se permitido estabelecer o HU para um 
local sem dados observados.
5.3.1 Método do HUS Triangular – Soil Conservance Service (SCS)
5.3.1 Método do HUS Triangular – Soil Conservance Service (SCS)
bupu tQ2
1Acm1Vol ⋅=×=
0pb0pe t67,2tt67,1t ⋅=∴⋅=
( ) ( ) ( )[ ]h,km,s/m
t
A08,2Q 23
0p
up
×
≅
pd0p tt5,0t +⋅= cp t6,0t ⋅= cd0p t6,0t5,0t ⋅+⋅=
0pd t2,0t ⋅= cd t133,0t ⋅=
a) Estimativa de tp0
b) Duração da chuva unitária
5.3.1 Método do HUS Triangular – Soil Conservance Service (SCS)
5,0
ivii SCv ⋅=
c) Estimativa do tempo de concentração
Procedimento 1
Determina-se, inicialmente, o caminho entre o ponto mais extremo da bacia, do 
ponto de vista hidráulico, e a seção em estudo. Para cada trecho desse caminho 
com características físicas diferentes (rugosidade e declividade), calcula-se a 
velocidade segundo:
sendo vi a velocidade em m/s, Si a declividade do trecho, em %, e Cvi um 
coeficiente Tabelado.
5.3.1 Método do HUS Triangular – Soil Conservance Service (SCS)
i
i
i
v
L
t =
c) Estimativa do tempo de concentração
Procedimento 1
∑
=
=
N
1i
ic tt
Procedimento 2
5,0
7,0
8,0
p S
9
CN
1000L344,0
t






−⋅⋅
=
com tp em h, para
L = comprimento hidráulico, em km;
S = declividade média da bacia, em %;
CN = parâmetro do método do SCS, denominado “número da curva”. 
Exemplo 11
Exemplo 11

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