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EA CPCAR EXAME DE ADMISSÃO AO 3o ANO DO CPCAR 2008 – LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA – VERSÃO A 1 Leia atentamente o Texto I para responder às questões de 01 a 08. Texto I 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Muito cedo para decidir Gandhi se casou menino. Foi casado menino. O contrato, foram os grandes que assinaram. Os dois nem sabiam direito o que estava acontecendo, ainda não haviam completado 10 anos de idade, estavam interessados em brincar. Ninguém era culpado: todo mundo estava sendo levado de roldão pelas engrenagens dessa máquina chamada sociedade, que tudo ignora sobre a felicidade e vai moendo as pessoas nos seus dentes. Os dois passaram o resto da vida se arrastando, pesos enormes, cada um fazendo a infelicidade do outro. (...) Antigamente, quando se queria dizer que uma decisão não era grave e podia ser desfeita, dizia-se: “Isso não é casamento!”. Naquele tempo, sim, casamento era decisão irremediável, para sempre, até que a morte os separasse, eterna comunhão de bens e comunhão de males. Mas agora os casamentos fazem-se e desfazem-se até mesmo contra a vontade do Papa, e os dois ficam livres para começar tudo de novo... Pois dentro de poucos dias vai acontecer com nossos adolescentes coisa igual ou pior do que aconteceu com o Gandhi e a mulher dele, e ninguém se horroriza, ninguém grita, os pais até ajudam, concordam, empurram, fazem pressão, o filho não quer tomar a decisão, refuga, está com medo. “Tomar uma decisão para o resto da minha vida, meu pai! Não posso agora!” e o pai e a mãe perdem o sono, pensando que há algo errado com o menino ou a menina, e invocam o auxílio de psicólogos para ajudar... Está chegando para muitos o momento terrível do vestibular, quando vão ser obrigados por uma máquina, do mesmo jeito como o foram Gandhi e Casturbai (era esse o nome da menina), a escrever num espaço em branco o nome da profissão que vão ter. Do mesmo jeito não: a situação é muito mais grave. Porque casar e descasar são coisas que se resolvem rápido. Às vezes, antes de se descasar de uma ou de um, a pessoa já está com uma outra ou um outro. Mas, com a profissão não tem jeito de fazer assim. Pra casar, basta amar. Mas na profissão, além de amar tem de saber. E o saber leva tempo pra crescer. A dor que os adolescentes enfrentam agora é que, na verdade, eles não têm condições de saber o que é que eles amam. Mas a máquina os obriga a tomar decisão para o resto da vida, mesmo sem saber. Saber que a gente gosta disso e gosta daquilo é fácil. O difícil é saber qual, dentre todas, é aquela de que a gente gosta supremamente. Pois, por causa dela, todas as outras terão de ser abandonadas. A isso que se dá o nome de “vocação”; que vem do latim, vocare, que quer dizer “chamar”. É um chamado, que vem de dentro da gente, o sentimento de que existe alguma coisa bela, bonita e verdadeira à qual a gente deseja entregar a vida. Entregar-se a uma profissão é igual a entrar para uma ordem religiosa. Os religiosos, por amor a Deus, fazem votos de castidade, pobreza e obediência. Pois, no momento em que você escrever a palavra fatídica no espaço em branco, você estará fazendo também os seus votos de dedicação total a sua ordem. Cada profissão é uma ordem religiosa, com seus papas, bispos, catecismos, pecados e inquisições. (...) Não fique muito feliz se o seu filho já tem idéias claras sobre o assunto. Isso não é sinal de superioridade. Significa, apenas, que na mesa dele há um prato só. Se ele só tem nabos cozidos para comer, é claro que a decisão já está feita: comerá nabos cozidos e engordará com eles. A dor e a indecisão vêm quando há muitos pratos sobre a mesa e só se pode escolher um. Um conselho aos pais e aos adolescentes: não levem muito a sério esse ato de colocar a profissão naquele lugar terrível. Aceitem que é muito cedo para uma decisão tão grave. Considerem que é possível que vocês, daqui a um ou dois anos, mudem de idéia. Eu mudei de idéia várias vezes, o que me fez muito bem. Se for necessário, 75 80 85 comecem de novo. Não há pressa. Que diferença faz receber o diploma um ano antes ou um ano depois? Em tudo isso o que causa a maior ansiedade não é nada sério: é aquela sensação boba que domina pais e filhos de que a vida é uma corrida e que é preciso sair correndo na frente para ganhar. Dá uma aflição danada ver os outros começando a corrida, enquanto a gente fica para trás. Mas a vida não é uma corrida em linha reta. Quando se começa a correr na direção errada, quanto mais rápido for o corredor, mais longe ele ficará do ponto de chegada. Lembrem-se daquele maravilhoso aforismo de T.S Eliot: “Num país de fugitivos os que andam na direção contrária parecem estar fugindo.” ALVES, Rubem – Estórias de quem gosta de ensinar – O fim dos Vestibulares. SP: Ars Poética, 1995. p.31. 01 - Assinale abaixo o único recurso argumentativo que NÃO foi utilizado no texto. a) Exemplificação. b) Citação de falas alheias. c) Argumento de autoridade. d) Interpelação ao receptor. RESOLUÇÃO: Argumento de autoridade não é utilizado no texto como recurso argumentativo. A citação de T.S. Eliot, que poderia ser confundida com argumento de autoridade, não é usada como “apoio para tratar de um mesmo tema”, ou seja, não é base para a argumentação, além disso, T.S. Eliot não pode ser considerado uma autoridade no assunto abordado no texto. RESPOSTA: opção c 02 - Só NÃO se pode inferir do texto que a a) decisão profissional satisfatória demanda maturidade e conhecimento de opções. b) obrigação de tomar decisões precocemente, as quais afetarão a vida futura, é não só um engano como uma temeridade. c) aproximação entre sagrado e profano está presente no texto por meio de comparações. d) escolha profissional e a conjugal encontram-se em um mesmo patamar de importância. RESOLUÇÃO: De acordo com o quinto parágrafo (linha 32 a 42), a escolha profissional é mais delicada e irreversível, demandando saber que, segundo o autor, leva tempo para crescer. RESPOSTA: opção d 03 - Com base no texto, assinale (V) para as proposições verdadeiras e (F) para as falsas. ( ) O autor critica certa banalização na escolha da profissão, decorrente da pressão imposta pelo ritmo acelerado da sociedade moderna. ( ) O autor faz uso do padrão lingüístico socialmente considerado modelar por se dirigir formalmente aos pais de jovens em fase pré-vestibular. ( ) A ironia é um recurso usado pelo autor para expressar seu ponto de vista acerca da decisão profissional. ( ) O casamento, na atualidade, apresenta o mesmo caráter inexorável de que era revestido no passado. Assinale a alternativa com a seqüência correta. a) V – F – V – F c) F – V – V – V b) V – V – V – V d) V – F – F – F EA CPCAR EXAME DE ADMISSÃO AO 3o ANO DO CPCAR 2008 – LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA – VERSÃO A 2 RESOLUÇÃO: A primeira afirmativa é verdadeira (V) porque, de acordo com as linhas 28, 39, 40 e 41, os jovens são levados a tomar decisões pouco sábias por uma “máquina” que evidencia-se, no penúltimo parágrafo como “uma corrida” em que “é preciso sair correndo na frente para ganhar” (linhas 74 e 75) A segunda afirmativa é falsa (F), pois o autor se dirige não só aos pais, mas também aos filhos informalmente, como em um bate-papo (v. 8o e 9o parágrafo) A terceira afirmativa é verdadeira (V) já que a ironia está presente em alguns momentosdo texto, cito como um exemplo as linhas 66, 67 e 68. A quarta afirmativa é falsa (F), pois o texto deixa claro que atualmente o casamento pode ser facilmente dissolvido (linhas 12 a 17 e linhas 32 e 33), não sendo, portanto, inabalável. RESPOSTA: opção a 04 - Leia o trecho abaixo e analise as proposições. “Naquele tempo, sim, casamento era decisão irremediável, para sempre, até que a morte os separasse, eterna comunhão de bens e comunhão de males.” I - A expressão para sempre refere-se tanto ao substantivo casamento, quanto à expressão adverbial naquele tempo. II - Em “eterna comunhão de bens e comunhão de males” há um trocadilho entre bens e males, já que bens tanto pode se referir a objetos materiais quanto a valores morais. III - O termo sim entre vírgulas é uma marca de oralidade, portanto as vírgulas podem ser suprimidas. IV - No trecho “... até que a morte os separasse...” a expressão até que indica um limite temporal. Estão corretas apenas a) I e II. c) II e III. b) II e IV. d) III e IV. RESOLUÇÃO Na proposição II, o trocadilho se deve ao emprego da palavra bens que tanto pode se referir a bens materiais nas expressões casamento em comunhão de bens, separação de bens quanto a valores em oposição ao vocábulo males. Na proposição IV, a expressão destacada indica o período que se inicia com o casamento e é finalizado com a morte. Na proposição I, a expressão destacada refere-se somente ao substantivo casamento. Na proposição III, o uso das vírgulas serve para isolar o termo que se quer realçar. RESPOSTA: opção b 05 - Assinale a opção cujas palavras destacadas possuem a mesma função morfossintática. a) “A isso que se dá o nome de ‘vocação’; que vem do latim, vocare, que quer dizer ‘chamar’.” “Lembrem-se daquele famoso aforismo de T.S Eliot...” b) “Aceitem que é muito cedo para uma decisão tão grave.” “Que diferença faz receber o diploma um ano antes ou um ano depois?” c) “Não fique muito feliz se o seu filho já tem idéias claras sobre o assunto.” “Quando se começa a correr na direção errada, quanto mais rápido for o corredor , mais longe ele ficará do ponto de chegada.” d) “É um chamado, que vem de dentro da gente, o sentimento de que existe alguma coisa bela...” “Num país de fugitivos os que andam na direção contrária parecem estar fugindo.” RESOLUÇÃO: Em ambos os períodos, foi destacado um pronome relativo que substitui as palavras “chamado” e “os/aqueles” respectivamente. RESPOSTA: opção d 06- Pode-se afirmar que a palavra foi substituída corretamente em a) “Lembrem-se daquela maravilhosa máxima de T.S Eliot ...” (linhas 83 e 84) b) “... no momento em que você escrever a palavra exata no espaço em branco ...” (linhas 53 a 55) c) “O difícil é saber qual, dentre todas, é aquela de que a gente gosta particularmente.” (linhas 44 e 45) d) “Naquele tempo, sim, casamento era decisão previsível, para sempre, até que a morte os separasse ...”.(linhas 13 a 15) RESOLUÇÃO: A palavra “máxima” pode ser substuída por “aforismo” sem prejuízo semântico, já que ambas significam conceito, pensamento ou apoftegma. RESPOSTA: opção a 07 - Assinale a opção em que todas as palavras destacadas retomam um termo ou uma oração já citados anteriormente no texto. a) “Em tudo isso o que causa a maior ansiedade não é nada sério: é aquela sensação boba que domina pais e filhos de que a vida é uma corrida e que é preciso sair correndo na frente para ganhar.”(linhas 74 a 77) b) “Saber que a gente gosta disso e gosta daquilo é fácil.”(linhas 43 e 44) c) “Pois, por causa dela, todas as outras terão de ser abandonadas. A isso que se dá o nome de ‘vocação’; que vem do latim, vocare, que quer dizer ‘chamar.’”(linhas 45 a 48) d) “Um conselho aos pais e aos adolescentes: não levem muito a sério esse ato de colocar a profissão naquele lugar terrível.” (linhas 66 a 68) RESOLUÇÃO: O pronome demonstrativo “isso” retoma a idéia expressa anteriormente: saber o que se gosta supremamente. Nas orações seguintes o pronome relativo “que” substitui, respectivamente, vocação e vocare. RESPOSTA: opção c 08 - Analise as assertivas abaixo. I - Prosopopéia, antítese e gradação são figuras de linguagem exploradas pelo autor do texto. II - A palavra pois (linha 19) não tem valor explicativo, sua função no texto é provocar uma mudança de sentido na argumentação. III - O uso das reticências (linha 18) denota a possível continuidade do ciclo de casar e descasar. IV - O uso da vírgula após o substantivo contrato (linha 2) justifica-se pela elipse de um termo facilmente identificável. Estão corretas apenas a) I e III. c) III e IV. b) I e II. d) II e III. EA CPCAR EXAME DE ADMISSÃO AO 3o ANO DO CPCAR 2008 – LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA – VERSÃO A 3 RESOLUÇÃO: II. A conjunção pois pode ser considerada explicativa quando introduz uma justificativa para o que foi enunciado anteriormente, o que não acontece nesse caso. A conjunção marca uma mudança da argumentação do passado para o presente. III. As reticências são utilizadas para indicar uma interrupção na seqüência normal da frase e, entre outros usos, sugere que o leitor complete o raciocínio, tendo em vista que o contexto anterior aponta para a circularidade casar, descasar, casar novamente e descasar (linhas 16 a 20). RESPOSTA: opção d Texto II Ou isto ou aquilo Ou se tem chuva ou não se tem sol, Ou se tem sol ou não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, Ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, Quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares! Ou guardo dinheiro e não compro doce, Ou compro doce e não guardo dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro! Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranqüilo. Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo. MEIRELES, Cecília. Obra Poética. RJ: Nova Aguilar, 1987. 09 - Analise as proposições abaixo. I - Enquanto Cecília Meireles apresenta uma série de alternativas para se seguir, Rubem Alves nos propõe uma maior reflexão para um plano de vida. II - No poema Ou isto ou aquilo, observa-se o emprego de verbos que necessitam de complementação. III - O emprego de duas expressões com sentido indefinido no título do poema de Cecília Meireles apresenta-nos a dificuldade de se tomar uma decisão. IV - Quando Cecília Meireles diz que “É uma grande pena que não se possa / estar ao mesmo tempo em dois lugares!”, remete-nos a uma certeza de que é muito simples tomar uma decisão na vida. Estão corretas apenas as proposições a) I, II e IV. c) I, III e IV. b) II, III e IV. d) I, II e III. RESOLUÇÃO: As alternativas I e III interpretam corretamente os textos. Cecília Meireles, quando emprega o conectivo ou e, mesmo, os vocábulos de sentido indefinido, já nos demonstra a dificuldade de se fazer uma escolha. Rubem Alves, através das várias situações apresentadas, nos convida a uma reflexão. A alternativa II está correta, porque há vários verbos (no poema) que necessitam de complementação. RESPOSTA: opção d 10 - Sobre os versos de 1 a 4 do Texto II é INCORRETO afirmar que o/a(s) a) ocorrências do termo ou na posição intermediária, nos versos, estabelece uma relação de alternância. b) ocorrência do termo ou na posição inicial, no verso 1, estabelece a idéia de escolha que percorre todo o texto.c) uso de verbos no presente indica condições rotineiras e não ações presentes. d) uso do ponto de exclamação indica a surpresa do eu-lírico ao constatar a situação. RESOLUÇÃO Não ocorre, nos versos citados, na posição intermediária a relação de alternância de opção. A conjunção ou, no contexto, estabelece a idéia de consequência. RESPOSTA: opção a 11 - Sobre o poema de Cecília Meireles, pode-se afirmar que a) há dois momentos marcados pela mudança das pessoas do discurso. b) a ocorrência do termo se em todo o poema estabelece sempre a mesma relação de condição. c) os recursos literários mais empregados pela autora são assíndeto e aliteração. d) o esquema rítmico do poema é composto por rimas, versos curtos e assonâncias. RESOLUÇÃO: Até o 16o verso, observa-se o uso da 3ª pessoa do singular de forma a indicar uma indeterminação, pois se trata de circunstâncias relativas a condições climáticas ou às pessoas em geral. A partir do 17o verso, observa-se o uso da 1ª pessoa do singular, isto é, o eu-lírico passa a indicar circunstâncias relativas a si. RESPOSTA: opção a Leia atentamente o Texto III para responder às questões de 12 a 17. Texto III Filtro Solar 5 10 15 (...) Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esqueça. Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado. Mas pode crer que daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos, e perceber, de um jeito que você nem desconfia hoje em dia, quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente. Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que preocupação é tão eficiente quanto mascar chiclete para tentar resolver uma questão de álgebra. As encrencas de verdade em sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada, e o pegam no ponto às 4 da tarde de uma terça-feira modorrenta. Todo dia, enfrente pelo menos uma coisa que lhe meta medo de verdade. Cante (...) Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. EA CPCAR EXAME DE ADMISSÃO AO 3o ANO DO CPCAR 2008 – LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA – VERSÃO A 4 20 25 As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam aos vinte e dois o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que eu conheço ainda não sabem. (...) Faça o que fizer não se autocongratule demais, nem seja severo demais com você. As suas escolhas têm sempre metade das chances de dar certo. É assim para todo mundo. http://pedro-bial.letras.terra.com.br/letras/138161/ Acesso em 15/05/2007 às 14:09 Adaptado 12 - A partir da leitura do texto, assinale a alternativa INCORRETA. a) O acaso é um fator importante no sucesso ou no fracasso das escolhas, as quais não são inteiramente de nossa responsabilidade. b) Nem todas as coisas podem ser resolvidas no presente, grande parte das opções só poderão ser conhecidas no futuro. c) A certeza sobre metas a serem alcançadas é uma característica da maturidade, fase em que as decisões se tornarão mais fáceis. d) A expressão o máximo que puder é uma oração intercalada que tem por objetivo ratificar a intensificação da ação de aproveitar. RESOLUÇÃO: A maturidade não significa certeza, conforme atestam as linhas 19 e 20. RESPOSTA: opção c 13 - Leia o fragmento abaixo retirado do texto e assinale com (V) verdadeiro ou (F) falso as assertivas. “Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esqueça.” (linhas 1 e 2) ( ) As três formas verbais, que se encontram no fragmento, apresentam o mesmo tempo e modo verbal. ( ) Da última oração, infere-se que o emissor apresenta um certo relativismo em relação às suas convicções. ( ) O termo então, presente no 2º período, não é uma referência temporal. ( ) Se as vírgulas presentes no 2º período forem retiradas, não ocorrerá prejuízo sintático ou semântico. Assinale a seqüência correta. a) V – F – F – V c) F – F – V – V b) V – V – V – F d) F – V – F – F RESOLUÇÃO: A 1ª assertiva é falsa (F), pois as formas verbais aproveite e esqueça estão no modo imperativo e a forma verbal puder encontra-se no futuro do subjuntivo. A 2ª assertiva é falsa (F) porque não há relativismo, ao contrário, o emissor, ao apresentar duas possibilidades – aproveitar ou esquecer –, reafirma sua convicções. A 3ª assertiva é verdadeira (V), pois o termo então, no contexto, indica a ênfase que o emissor dá à 2ª possibilidade. A 4ª assertiva é verdadeira (V) já que as vírgulas nesse caso são usadas para efeito de ênfase. RESPOSTA: opção c 14 - Assinale a alternativa que está de acordo com o padrão culto da língua. a) Faz o que fizeres não se autocongratules demais. b) O poder e a beleza da juventude não serão compreendidas, até apagarem-se, por isso você nunca vai entendê-las realmente. c) Todo dia, enfrenta ao menos uma coisa que lhe meta medo de verdade. d) Não te sintas culpado de não saber o que fazer da vida. RESOLUÇÃO: Os verbos fazer e saber não devem ser flexionados na 2ª pessoa do singular porque o verbo saber funciona como complemento do adjetivo culpado e o verbo fazer é parte de uma locução verbal (vai fazer) cujo auxiliar está implícito. RESPOSTA: opção d 15 - Observe a frase abaixo. “As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam aos vinte e dois o que queriam fazer da vida.” Analise as proposições a seguir. I - A indecisão faz parte da vida, independe da idade da pessoa. II - Os verbos que figuram no excerto necessitam de complementação para efetivarem a comunicação. III - Pode-se estabelecer uma relação sinonímica entre interessante e modorrenta (linha 14) de acordo com o contexto. IV - O vocábulo que em que eu conheço / o que queriam (linhas 19 e 20) figura na frase com a mesma função sintática. Estão corretas apenas a) I, II e III. c) I, II e IV. b) II, III e IV. d) I, III e IV. RESOLUÇÃO: A proposição I está correta, pois, na frase confirma a idéia de que indecisão independe da faixa etária. Na proposição II, todos os verbos que configuram na frase são transitivos. Na proposição IV, o vocábulo que é classificado, nas duas ocorrências, como pronome relativo. RESPOSTA: opção c 16 - Assinale as assertivas abaixo sobre o texto com (V) verdadeiro ou (F) falso. ( ) “Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida.” (linha 18) O termo grifado pode ser substituído por com a sem prejuízo sintático ou semântico. ( ) A ocorrência do verbo saber nas linhas 18, 20 e 22 tem o mesmo complemento. ( ) “Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se, se quiser...” (linhas 8 e 9). Substituindo os termos destacados por te teríamos: não te preocupas e preocupa-te. ( ) “As encrencas de verdade em sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada...” (linhas 11 a 13). As expressões destacadas não constituem complementos verbais de vir e passaram respectivamente. Marque a seqüência correta. a) F – V – V – F c) V – F – V – F b) F – V – F – V d) V – V – F – F RESOLUÇÃO: A primeira assertiva é falsa (F) porque a substituição acarretaria prejuízo semântico. O termo de indica uma noção de destino, enquanto a expressão com a, indica conteúdo. A 2ª assertiva é verdadeira (V) já que nas três ocorrências tem- se como complemento verbal o objeto direto representado por “o que fazer da vida”, “o que queriam fazer da vida” e “o quequeriam fazer da vida”, este último de forma implícita. EA CPCAR EXAME DE ADMISSÃO AO 3o ANO DO CPCAR 2008 – LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA – VERSÃO A 5 A 3ª assertiva é falsa (F), pois as formas encontradas após a substituição são não te preocupes e preocupa-te. A 4ª assertiva é verdadeira (V), pois ambos os verbos, no contexto apresentado, são intransitivos. RESPOSTA: opção b 17 - Marque a opção INCORRETA. a) Se na oração “daqui a vinte anos, você vai evocar as suas fotos...”, a locução verbal for substituída por evocou, também será necessário alterar a circunstância temporal para há vinte anos. b) Em “As encrencas de verdade em sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça...”, o verbo vir pode ser flexionado na 3ª pessoa do plural para concordar com o sujeito encrencas. c) Se a expressão destacada no período “Alguns dos quarentões mais interessantes que eu conheço ainda não sabem.”, fosse substituída por alguns de vós, o verbo saber não sofreria adaptação para manter a correção gramatical. d) No período “As suas escolhas têm sempre metade das chances de dar certo.”, o verbo dar não pode ser flexionado para concordar com chances. RESOLUÇÃO: A locução constitui um todo indivisível; os vários elementos formam um só elemento e cabe somente aos verbos auxiliares a flexão de número. RESPOSTA: opção b 18 - Relacione a 1a coluna à 2a. 1a coluna (1) Texto I (2) Texto II (3) Texto III 2a coluna ( ) O autor utiliza exemplos para embasar seus argumentos. ( ) O emissor enfatiza a inutilidade de viver um presente em função de um futuro. ( ) A vida é feita de escolhas que se alternam e se excluem. ( ) O emissor aparenta angústia e preocupação diante do tema escolha. ( ) É possível associá-lo ao ideal neoclássico Carpe Diem. A seqüência correta é a) 1, 3, 2, 1, 3. c) 1, 2, 3, 1, 2. b) 2, 1, 3, 3, 1. d) 3, 3, 1, 2, 2. RESOLUÇÃO: O texto I usa exemplos (o casamento de Gandhi, a dieta de nabos) para embasar seus argumentos. O texto III aborda a necessidade de viver o presente em função do presente (v. linhas 8, 9, 10 e 15) No texto II, a idéia de alternância e exclusão é marcada pelo uso constante dos conectivos ou e se. O texto III afirma a necessidade de viver o presente, sem mortificações acerca do futuro em consonância com o ideal “Carpe Diem” = “aproveite o dia” bastante utilizado no Neoclassicismo. RESPOSTA: opção a 19 - Assinale a alternativa correta. a) O verbo implicar (1o quadrinho) está empregado de acordo com a norma padrão escrita da língua, sua idéia necessita de complementação introduzida por preposição. b) A tirinha utiliza exclusivamente a denotação, e o humor decorre da constatação de diferenças valorativas entre os personagens. c) As idéias do 1º quadrinho mantêm relação semântica com idéias desenvolvidas da linha 43 à linha 50 do Texto I. d) A tirinha relaciona-se com o Texto III tendo em vista que ambos valorizam a busca de ganhos materiais através das escolhas. RESOLUÇÃO: A relação semântica evidencia-se ao pensarmos em perdas como abandono de todas as outras coisas e ganhos como satisfação, facilmente inferida no contexto, de atender ao “chamado que vem de dentro da gente”. RESPOSTA: opção c Leia abaixo dois poemas de Álvares de Azevedo e, a seguir, responda as questões 20 e 21 Poema I Soneto Pálida, à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar! Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d’alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era a mais bela! O seio palpitante... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti – as noites eu velei chorando, Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo! AZEVEDO, Álvares de. Álvares de Azevedo. SP: Abril Educação, 1982.p.22. Poema II É ela! É ela! É ela! É ela É ela! É ela! – murmurou tremendo, E o eco ao longe murmurou – é ela! Eu a vi minha fada aérea e pura – A minha lavadeira na janela! Dessas águas-furtadas onde eu moro Eu a vejo estendendo no telhado Os vestidos de chita, as saias brancas; Eu a vejo e suspiro enamorado! Esta noite eu ousei mais atrevido Nas telhas que estalavam nos meus passos EA CPCAR EXAME DE ADMISSÃO AO 3o ANO DO CPCAR 2008 – LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA – VERSÃO A 6 Ir espiar seu venturoso sono, Vê-la mais bela de morfeu nos braços! Como dormia! que profundo sono!... Tinha na mão o ferro do engomado... Como roncava maviosa e pura!... Quase caí desmaiado! Afastei a janela, entrei medroso... Palpitava-lhe o seio adormecido... Fui beijá-la...roubei do seio dela Um bilhete que estava ali metido... Oh! de certo... (pensei) é doce página Onde a alma derramou gentis amores; São versos dela... que amanhã de certo Ela me enviará cheios de flores... É ela! É ela! – repeti tremendo Mas cantou nesse instante uma coruja... Abri cioso a página secreta... Oh! Meu Deus! Era um rol de roupa suja! AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas de Álvares de Azevedo. RJ: Ediouro, 1995.p.60. 20 - Assinale as afirmativas abaixo com (V) verdadeiro ou (F) falso e, em seguida, marque a seqüência correta. ( ) Em ambos os poemas, a mulher e o amor são idealizados, o que difere é o cenário em que as mulheres amadas se encontram. ( ) No primeiro poema, mesmo a mulher estando nua, percebe-se um eu-lírico que se coloca diante da amada de forma casta e carregada de sentimentalismo. ( ) O título do segundo poema, pela repetição e pela sonoridade desagradável da expressão “É ela!”, foge dos padrões do Romantismo. ( ) O primeiro poema descreve a mulher amada idealizando-a e apresenta o eu-lírico numa posição antitética como se verifica nos dois últimos versos. ( ) No segundo poema podem ser observados procedimentos típicos do amante do Romantismo, como ousadia, a adjetivação e forte sentimento. a) F – V – F – V – V. c) V – F – V – F – F. b) F – V – V – F – V. d) V – V – V – F – F. RESOLUÇÃO: A primeira afirmativa é falsa (F) porque a mulher não é alvo da idealização romântica. A segunda afirmativa é verdadeira (V), pois a postura do eu-lírico diante da mulher é de recato, verifique-se a linguagem utilizada. A terceira afirmativa é verdadeira (V) já que o som repetido produz um som desagradável que foge aos padrões do lirismo amoroso do Romantismo. A quarta afirmativa é fasa (F), pois, mesmo ocorrendo a idealização, não se verifica a postura antitética do eu-lírico. A quinta afirmativa é verdadeira (V) já que o ato de escalar o telhado e mesmo retirar o rol de roupa suja ao roubar o beijo denotam ousadia. A adjetivação só faz reforçar o sentimento. RESPOSTA: opção b 21 - Sobre os dois poemas de Álvares de Azevedo, só NÃO se pode afirmar que a) a presença da coruja estabelece a relação entre amor idealizado e natureza tão cara à estética romântica. b) a pontuação empregada, em ambos os poemas, com a presença de exclamações e reticências dá vazão aos arroubos de um eu-lírico enamorado. c) a desconstrução irônica que é realizada no segundo poema pode ser percebida também no uso do vocabulário e na forma. d) há uma posição de quase vassalagem do eu-lírico em relação à amada o qual se coloca numa posição de admiração. RESOLUÇÃO: A relação amor idealizado/natureza aparece apenas no primeiro poema e não é marcada pela presença da coruja. Esta apareceapenas no 2o poema e não estabelece tal relação. RESPOSTA: opção a 22 - Leia as afirmativas abaixo. I - A obra de Cruz e Souza, no nosso Simbolismo, apresenta uma evolução importante, uma vez que abandona o subjetivismo e a angústia iniciais em nome de posições mais universalizantes. II - Olavo Bilac sempre comungou plenamente com a estética do movimento parnasiano, pois nunca se distanciou, em suas poesias, dos valores formais impostos por essa escola. III - Na produção poética de Cláudio Manuel da Costa, têm espaço elementos da paisagem local como referência ao ambiente agreste e rústico de Minas Gerais. Pode-se dizer que estão corretos os fragmentos a) I e II apenas. c) II e III apenas. b) I e III apenas. d) I, II e III. RESOLUÇÃO: Embora Bilac tenha comungado plenamente com a estética parnasiana, defendendo-a inclusive em seu famoso poema Profissão de fé, vez ou outra depreende-se de sua obra certa valorização dos sentimentos que lembra o Romantismo. RESPOSTA: opção b 23 - Assinale a alternativa correta em relação aos versos abaixo. Lira I (primeira parte) Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado, De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela. GONZAGA, Tomás Antônio. A poesia dos inconfidentes. RJ: Nova Aguilar, 1996. a) Como Marília é um vocativo, infere-se que esses versos fazem parte de um diálogo entre o eu-lírico e sua amada. b) O fingimento poético, característica do Arcadismo brasileiro, não é percebido nessa estrofe. c) O eu-lírico mostra-se um homem simples, um vaqueiro de poucas posses que aceita a sua sorte, a sua estrela. d) Os versos são compostos dentro de um formalismo estético, o que caracteriza a tendência neoclássica do poema. RESOLUÇÃO: Uma das características da estética neoclássica é o zelo pela forma poética, presente no poema através de rima e métrica apuradas, por exemplo. RESPOSTA: opção d EA CPCAR EXAME DE ADMISSÃO AO 3o ANO DO CPCAR 2008 – LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA – VERSÃO A 7 24 - Do excerto abaixo, só NÃO se pode afirmar que o/a “Capitu olhou para mim, mas de um modo que me fez lembrar a definição de José Dias, oblíquo e dissimulado; levantou o olhar, sem levantar os olhos. A voz um tanto sumida, perguntou-me: – Diga-me uma coisa, mas fale a verdade, não quero disfarce; há de responder com o coração na mão. – Que é? Diga. – Se você tivesse que escolher entre mim e sua mãe, a quem você escolheria? – Eu? Fez sinal que sim – Eu escolhia... Mas para que escolher? Mamãe não é capaz de me perguntar isso.” ASSIS, Machado de: Dom Casmurro. SP: Ática, 2000. a) fragmento pertence à estética realista em que a preocupação em traçar o perfil psicológico do personagem é evidente. b) linguagem caracteriza-se por uma postura analítica e científica diante da realidade. c) trecho evidencia que a personagem Capitu é vista a partir do ponto de vista do narrador que visa reunir vestígios para elaborar uma imagem negativa dessa personagem. d) narrador machadiano, além de narrar os acontecimentos, apresenta ao leitor suas reflexões sobre eles. RESOLUÇÃO: Não há traços de cientificismo na linguagem, uma característica do Naturalismo e não do Realismo, estética a qual pertence o excerto analisado. RESPOSTA: opção b Leia o poema abaixo e responda ao que se pede. As mãos da morte Mãos de finada, aquelas mãos de neve, De tons marfíneos, de ossatura rica, Pairando no ar, num gesto brando e leve, Que parece ordenar, mas que suplica. Erguem-se ao longe como se as eleve Alguém que ante os altares sacrifica: Mãos que consagram, mãos que partem breve, Mas cuja sombra nos meus olhos fica... Mãos de esperança para as almas loucas, Brumosas mãos que vêm brancas, distantes, Fechar ao mesmo tempo tantas bocas... Sinto-as agora ao luar, descendo juntas, Grandes, magoadas, pálidas, tateantes, Cerrando os olhos das visões defuntas... GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesia. RJ: Agir, 1976. 25 - Assinale a alternativa correta. a) Nos versos “Mãos de finada, aquelas mãos de neve, / De tons marfíneos, de ossatura rica,” há o emprego de sinestesia, figura de linguagem amplamente utilizada no Simbolismo. b) É característica da poesia de Alphonsus de Guimaraens, o abandono da temática intimista em favor de temas universais. c) O poeta vale-se da metonímia como o principal recurso estruturador de seu texto. d) O poema apresenta características simbolistas como o registro nebuloso da realidade, aliteração, misticismo e referências à cor branca. RESOLUÇÃO: Observam-se as características listadas, como a seguir: − Registro nebuloso → morte (As mãos da morte), o uso de expressões como: longe, sombra, brumosas, distantes, visões; − Aliteração → longe/eleve, brumosas/brancas, tempo/tantas; − Misticismo → presença de termos como altares, consagram, visões defuntas e idéia de morte; − Branco → em expressões como neve, tons marfíneos, brumosas, brancas. RESPOSTA: opção d
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