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DIREITO CAMBIARIO_TITULOS DE CREDITO

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DIREITO CAMBIÁRIO/TÍTULOS DE CRÉDITO: LETRA DE CÂMBIO, NOTA 
PROMISSÓRIA, DUPLICATA E CHEQUE – VI (ADE) 
1. Letra de Câmbio: 
a) Legislação: 
- A iniciativa da diplomacia internacional de se adotar um direito comum para o título cambial, 
deu origem à Convenção de Genebra, assinada em 1930 com a adoção da Lei Uniforme - LU, 
sobre a letra de câmbio e a nota promissória, nos paises signatários da Convenção, dentre os 
quais o Brasil, o qual a introduziu no nosso sistema legal somente em 1966, com o Decreto 
57.663; 
b) Saque: 
- Em sendo a letra de câmbio uma ordem de pagamento, à vista ou a prazo, que alguém dirige a 
outro para pagamento a terceiro. Ao ser emitida ela estabelece uma relação entre três pessoas 
que ocupam no ato de sua criação (saque ou emissão) as seguintes posições no título: a do 
sacador (subscritor ou emissor) que a assina, ordenando o pagamento; a do sacado ou aceitante 
para quem a ordem do pagamento foi dirigida, a fim de que a mesma seja aceita e cumprida; e a 
do tomador, o qual é o beneficiário da ordem; 
- Exemplo do funcionamento da letra de câmbio: Antonio (sacador) emite ou saca a ordem de 
pagamento contra João (sacado). Esta pessoa, a quem a ordem de pagamento é dirigida, 
recebendo e se dispondo a cumprir a ordem estabelecida na letra de câmbio, aceita-a, nela 
firmando a sua assinatura, configurando este ato a aceitação ou o aceite, transformando o sacado 
em aceitante, tomando-se este obrigado principal. Por sua vez, Pedro o beneficiário da ordem de 
pagamento (tomador), o primeiro portador do título, passa a ser o seu credor originário; 
c) Aceite: 
- Embora conste o nome do sacado na letra de câmbio, como requisito para a sua constituição, 
não está o mesmo obrigado a aceitar o título e conseqüentemente de pagá-lo, uma vez que o 
aceite é facultativo. O aceite somente será considerado como tal se lançado pelo sacado na letra 
de câmbio, com a sua assinatura no anverso do título, ou no verso, acompanhada da expressão 
"aceito". A recusa do aceite exclui a responsabilidade cambial do sacado em relação ao título, 
nada podendo reclamar o sacador, o tomador e as demais pessoas envolvidas no título, 
operando-se o vencimento antecipado do mesmo, se emitido a prazo, tornando-o exigível de 
imediato; 
d) Endosso: 
- Através do endosso da letra de câmbio se possibilita a circulação e por consequência a 
transferência do crédito nele estabelecido, resguardando, a outro sujeito de direito, da 
insolvência do devedor originário ou de eventuais vícios anteriores na criação e circulação do 
documento. O endosso introduz no título duas novas situações jurídicas, ou seja, a do 
endossante, credor do título que o transfere a outra pessoa, e a do endossatário, para quem o 
crédito foi transferido; 
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- A cláusula à ordem, implícita nos títulos de crédito, admite a circulação dos mesmos, 
sujeitando-os à disciplina jurídica cambiária. Para que um título não possa circular sob as regras 
do direito cambiário se faz necessária a inclusão da cláusula não à ordem, a ser inserida pelo 
sacador ou endossante, a partir da qual a circulação do crédito se opera pelo regime do direito 
civil; 
e) Aval: 
- Consiste o aval numa garantia prestada por alguém (avalista) no título, o qual se compromete 
a pagá-lo, nas mesmas condições do seu devedor (avalizado). Lança-se o aval mediante 
aposição no título da assinatura do avalista, sob a expressão "por aval" (aval em branco) ou 
outra equivalente, ou "por aval de .... " (aval em preto). 
- O aval é autônomo e equivalente à obrigação do avalizado. Desta forma se o credor não puder 
exercer o direito contra o avalizado, por qualquer motivo (como em razão da sua incapacidade), 
isto não compromete a responsabilidade do avalista, como também os direitos imputados ao 
devedor avalizado não beneficiam o avalista, como os direitos daquele que se encontra em 
regime de recuperação judicial; 
f) Protesto: 
- O protesto constitui o ato praticado pelo credor, perante o cartório de protesto, para que fique 
configurado no título de crédito a prova de fatos considerados relevantes para as relações 
cambiais, como a falta de aceite ou de pagamento; 
 
2. Nota Promissória: 
- Constitui a nota promissória uma promessa de pagamento, cujo saque gera, de quem o pratica 
(subscritor, sacador, emitente, promitente), a promessa de pagar quantia determinada, ao 
beneficiário (tomador) da promessa, ou a quem este ordenar; 
- Quem concorda em emitir uma nota promissória está implicitamente consentindo com a 
circulação do crédito nela estampado, de acordo com o regime cambiário, e assim o tomador 
poderá negociar o seu crédito com terceiros, e uma vez negociado, estes passam a ser titulares 
de direito creditício autônomo, em relação ao negócio jurídico fundamental, originário da 
dívida; 
- O regime jurídico da letra de câmbio é aplicável à nota promissória, observadas as 
especificidades deste título de crédito. Assim algumas disposições específicas da letra de 
câmbio não são aplicadas à nota promissória, como a de constituir uma promessa de pagamento 
e não uma ordem de pagamento, e as da apresentação para o aceite ao sacado e os efeitos 
derivados da não aceitação. 
 
 
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3. Duplicata: 
 
- A duplicata constitui um título de crédito que tem origem no Direito brasileiro. Este 
título de crédito é regulado pela Lei de Duplicatas, de nº 5.474, de 18.07.1968, 
modificada pelo Decreto-lei nº 436, de 27.01.1969. São duas as duplicatas: a mercantil e 
a de prestação de serviços; 
 
- O regime do aceite constitui o diferencial entre a duplicata e a letra de câmbio, uma vez 
que é facultativa a vinculação do sacado à cambial, enquanto que para a duplicata a sua 
vinculação é obrigatória, o que torna a figura do aceite obrigatório; 
 
- Como qualquer outro título de crédito a duplicata mercantil está sujeita ao regime do 
direito cambiário, desta forma admite-se o endosso e o aval e outras situações próprias 
do regime cambiário; 
 
- Nos termos do art. 2º/LD somente pode ser emitida duplicata pelo comerciante para 
representar o crédito originário de compra e venda mercantil, não sendo admitido 
qualquer outro título de crédito. O comerciante não está obrigado a emitir a duplicata, 
mas caso venha a efetuar o saque deverá escriturar no Livro de Registro de Duplicata 
(art. 19/LD). A falta de escrituração, no caso da falência do emitente, caracteriza crime 
falimentar (art. 178/LF); 
 
- O art. 172 do Código Penal, alterado pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990, define como 
crime: “emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à 
mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.” 
Estabelece a pena de detenção de 2 a 4 anos, e multa; 
 
- Nos termos do art. 1º/LD, o comerciante ao realizar qualquer venda de mercadoria, com 
prazo não inferior a 30 dias, contados da data de entrega ou despacho da mercadoria, 
emitirá fatura numerada, discriminando as mercadorias vendidas, informando 
quantidade, preço unitário e total, ou somente o número e valores da nota de entrega ou 
da nota fiscal expedida por ocasião da venda, para apresentação ao comprador, em todo o 
contrato de compra e venda mercantil. O prazo de 30 dias caracteriza, na presunção 
legal, a venda a prazo, uma vez que as efetuadas com prazo menor sempre foram 
consideras venda à vista. Nos termos do art. 3º, § 2º/LD, é possível a emissão da fatura e 
da duplicata, em venda com prazo inferior a 30 dias; 
 
- O Sistema nacional Integrado de Informações Econômico-Fiscal, convênio assinado em 
14.12.1970, entre o Ministério da Fazenda e as Secretarias de Fazenda estaduais, permite 
que a Nota Fiscalpossa servir como fatura, contendo a mesma discriminação exigida 
para a fatura, caso em que se passa a denominar Nota Fiscal-Fatura; 
 
- A duplicata, diferentemente da fatura, poderá ou não ser extraída, por ocasião da 
emissão deste documento, o qual constituirá a base da duplicata. Desta forma, extraída a 
fatura, o vendedor poderá sacar a duplicata correspondente, para circular como título de 
crédito. 
 
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4. Cheque: 
 
- Cheque é uma ordem de pagamento à vista emitida por uma pessoa (emitente ou 
sacador) contra um banco (sacado), para que este pague uma determinada importância a 
uma pessoa (beneficiário ou tomador), importância esta que o emitente tem junto ao 
sacado, derivada de contrato de depósito bancário ou abertura de crédito. A Lei nº 7.357, 
de 02.09.1985, dispõe sobre o cheque, respeitando a Lei Uniforme de Genebra; 
 
- O cheque deverá ser apresentado ao sacado para pagamento nos seguintes prazos: a) se 
houver coincidência entre o local da emissão com o da agência pagadora (mesma praça), 
no prazo de 30 dias seguintes ao da emissão; b) se não coincidir o prazo é ampliado para 
60 dias; 
 
- Também está sujeita ao regime do direito cambiário, admitindo-se, portanto, o endosso 
e o aval e outras situações próprias do regime cambiário; 
 
- Constituem as principais modalidades de cheques: 
1º) Visado: neste o sacado declara a existência de fundos para a liquidação do valor 
estampando no título, mediante lançamento de declaração neste sentido seguida da 
assinatura a ser lançada no seu verso, desde que nominativo e ainda não endossado; 
2º) Administrativo ou bancário: é o emitido pelo sacado para que seja pago em uma de 
suas agências, assim o Banco figura como emitente e sacado, ordenando o pagamento ao 
beneficiário; 
3º) Cruzado: neste caso é efetuada a aposição de dois traços paralelos no anverso do 
título (art. 44/LC), pelo emitente ou portador, afim de que ele venha a ser pago somente 
a um Banco, assim o beneficiário terá que depositá-lo em um Banco.

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