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Texto-3-DP-II---Das-Penas-Restritivas-de-Direito

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DISCIPLINA: DIREITO PENAL II
PROFESSOR: GUSTAVO TUPINAMBÁ
NOME: ____________________________________________________________________________ Nº ______________
 
PERÍODO: 3º – ANO: 2014/ 1 – TURMA: ______________ – TURNO: ___________________ – DATA: _____/_____/_____
Texto 2 – Penas Restritivas de Direito
1. Aspectos Gerais
- Surgem como instrumentos alternativos às penas privativas de liberdade, posto que a experiência quanto à aplicação destas restou questionada no que tange à reintegração do executado à sociedade, tanto que os índices de reincidência chegaram em alguns lugares à margem de 80 %.
- De outro lado, é reconhecido o receio que uma pessoa que praticara um crime com conseqüência penal menor, sujeito à privativa de liberdade, seja colocado em contato com outros condenados por prática de crime de maior gravidade, face a possibilidade de influência negativa.
- A origem deste modelo de sanção penal remonta ao início do século passado (séc. XX), sobretudo em sistemas penais como o russo, o alemão e o inglês. Entretanto, há quem sugira que o próprio Beccaria, já teria concebido a aplicação destas penas.
- As penas alternativas, gênero do qual são espécies as restritivas de direito, podem ser classificadas em consensuais e não consensuais, em que a primeira se verifica quando sua aplicação depende da aquiescência do agente (Ex.: multa ou restritiva de direito quanto à transação penal, conforme art. 76, Lei nº 9.099/ 95) e, em que a segunda independem do consenso do agente. As penas alternativas não consensuais, por sua vez, podem ser diretas ou substitutivas, em que as primeiras são aplicadas imediatamente pelo juiz, sem que tenha sido fixada uma pena privativa de liberdade, ao passo que as segundas, o juiz inicialmente fixa pena privativa de liberdade e, depois, atendidos os requisitos legais, converte em pena alternativa.
- No sistema penal brasileiro, as penas alternativas vão ganhar força e importância com o advento da Lei nº 9.714/ 98, que se propunha: diminuir a lotação dos presídios, bem como o custo do sistema; favorecer a ressocialização do autor, evitando o convívio com o ambiente de cárcere; reduzir a reincidência e; preservar os interesses da vítima.
- Vislumbram, sobretudo, aplicação sobre os crimes de menor (crimes com pena de até 2 anos de prisão e todas as contravenções) e médio (crimes punidos com pena mínima não superior a 1 ano e os crimes culposos e dolosos punidos com pena de até 4 anos, excluídos aqueles praticados com violência ou grave ameaça) potencial ofensivo.
2. Conceito
- São penas alternativas às privativas de liberdade, para fins de evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais de ofensividade reduzida, onde se é proposta a recuperação através de restrições a certos direitos.
- Consistem em sanções penais substitutivas e autônomas, substitutivas porque decorrem de permuta após aplicação de pena privativa de liberdade por sentença penal condenatória e, autônomas porque subsistem por si mesmas após sua aplicação.
3. Espécies de Penas Restritivas de Direito – Penas Alternativas (art. 43, CP)
- Perda de bens e valores – perda em favor do Fundo Penitenciário Nacional de bens e valores adquiridos licitamente e integrados ao patrimônio do condenado em face de conduta criminosa, tendo como teto, o montante do prejuízo causado pelo ilícito penal.
- Prestação pecuniária – decorre de pagamento feito à vítima e/ ou dependentes ou a entidade pública ou privada, com destinação social, de importância fixada pelo juiz, entre os valores de 1 a 360 salários mínimos.
- Prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas – consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado junto a entidades assistenciais, hospitais e similares, em programas comunitários ou estatais.
- Limitação de fim de semana – é a obrigação em que o condenado tem que permanecer aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou lugar adequado, para participar de cursos, ouvir palestras e desenvolver atividades educativas.
- Interdição temporária de direitos – destina-se a impedir o exercício de determinada função ou atividade por um período determinado, como punição ao agente do crime.
	- Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como mandato eletivo
- Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependem de habilitação especial de licença ou autorização do poder público
	- Suspensão da autorização para dirigir veículos
	- Proibição de freqüentar determinados lugares
	- Proibição de realizar concursos, seleção e processos seletivos
- Prestação de outra natureza (art. 45, § 2º, CP)
- Multa substitutiva (art. 60, § 2º, CP)
4. Requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito (art. 44, CP)
- Requisitos objetivos
- Aplicação de pena privativa de liberdade não superior a 4 anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça á pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime é culposo.
	- Não haver reincidência em crime doloso.
- Requisito subjetivo
- A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente, com base no art. 59, CP.
5. Duração das penas restritivas de direito (art. 55, CP)
- De acordo com referido dispositivo legal, a duração das penas restritivas de direito terão a mesma duração da pena privativa de liberdade que venha ser substituída, salvo o disposto no art. 46, § 4º, CP.
- Esta comutação tem cabimento nas penas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana.
6. Pena alternativa de prestação pecuniária
- Pagamento de importância pecuniária compreendida entre 1 a 360 salários mínimos.
- Na existência de vítima direta, esta tem prioridade de recebimento quanto a entidade pública ou privada, ao passo que na inexistência, recairá em favor destas; o valor pago em prestação pecuniária será deduzido do montante concedido em face de ação de reparação civil.
- Sua aplicação depende da existência de dano, quer de ordem material ou moral.
- o art. 45, § 2º, CP estabelece a possibilidade de prestação de outra natureza, caso o beneficiário da prestação pecuniária assim consentir (oferta de mão-de-obra e doação de cestas básicas), por outro lado a quem a compreenda como inconstitucional, por ferir o princípio da legalidade.
7. Pena alternativa de perda de bens e valores
- Reverter-se-á em favor do Fundo Penitenciário Nacional e decorrerá do montante do prejuízo causado ou do proveito obtido em decorrência da conduta criminosa.
- Os bens submetidos à perda podem ser móveis ou imóveis, ao passo que os valores podem decorrer tanto da moeda corrente em depósito em conta bancária como papéis que representam importância negociável em bolsa de valores.
- Perda de bens e valores é diferente de confisco, posto que este recai sobre o proveito dos instrumentos do crime e dos produtos do crime.
- Consiste em um efeito da condenação que poderá ser declarado.
8. Pena de prestação de serviços à comunidade ou à entidades públicas
- Tal modalidade terá aplicação nos casos de condenação superior a 6 meses de privação de liberdade, sendo que nos casos em que a condenação for de até 6 meses, aplicar-se-á as modalidades de prestação pecuniária, perda de bens e valores, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana, conforme art. 43, I, II, V e VI, LEP.
- Decorre na realização de serviços e tarefas gratuitas pelo condenado em favor de entidades assistenciais e congêneres, a ser cumprida na razão de 01 hora/ dia, durante todo o período de cumprimento de pena (art. 46, §§ 1º, 2º e 3º, CP).
- Convertida a pena pelo juízo de conhecimento, caberá ao juízo de execução: designar a entidade a ser beneficiada pelo serviço do executado; intimá-lo para que
fique ciente de como se processará o cumprimento da pena e; alterar a forma de execução para que não implique na jornada de trabalho do executado.
- Admite-se ao executado a possibilidade de cumprimento da pena, desde que esta não venha se desenvolver em tempo inferior à metade da pena que fora submetida a conversão (art. 46, § 4º, CP).
- O início dar-se-á com a primeira visita a entidade, nos termos do art. 149, § 2º, LEP, sendo que a entidade beneficiada deverá encaminhar relatório circunstanciado ao juízo de execução, bem como comunicar a qualquer tempo, qualquer ato de indisciplina ou ausência (art. 150, LEP).
9. Pena de interdição temporária de direitos
- Divide-se em quatro modalidades:
-proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como mandato eletivo
- proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependem de habilitação especial de licença ou autorização do poder público
	- Suspensão da autorização para dirigir veículos (Lei nº 9.503/ 97)
	- Proibição de freqüentar determinados lugares
- O art. 181, § 3º, LEP dispõe os casos em que a interdição temporária de direitos será convertida em privativa de liberdade:
	- quando o condenado, injustificadamente, exercer o direito interditado;
	- não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido;
	- desatender a intimação por edital;
	- sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja a execução não tenha sido suspensa.
10. Limitação de fim de semana
- Consiste na obrigação de permanecer, aos finais de semana, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
- O início da pena dar-se-á nos termos do arts. 48, CP e, 151 e seguintes da LEP
ASSOCIAÇÃO TERESINENSE DE ENSINO – ATE
FACULDADE SANTO AGOSTINHO – FSA
DIRETORIA DE ENSINO
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