Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GRUPOS SIMÉTRICOS Christiane Buffo Rodrigues 03/10/2006 1. GRUPOS SIMÉTRICOS Chama-se permutação de um conjunto A a uma função bijetiva α que leva A em A, ou seja, AA →:α . Um grupo de permutações de um conjunto A é um conjunto de permutações de A que, com a composição, forma um grupo. Vamos interessar-nos, sobretudo pelo caso em que A é um conjunto finito e definido por { }nA ,...,2,1,0= , para um inteiro positivo n. Considere, agora, um conjunto nSA = . Se nS∈α é uma aplicação bijetiva, então α é uma aplicação do conjunto A nele mesmo o que nos permite escrever α na forma matricial como segue: = )(...)2()1( ...21 n n ααα α Na matriz, )(iα , i =1, 2, ..., n representa a imagem de cada i sob a ação da aplicação α , ou seja, )1(1 α→ , )2(2 α→ , etc. Além disso, é possível notar que a ordem do conjunto nS é dada por !1.2)...1()( nnnSo n =−= já que para )1(α tem-se n escolhas possíveis; para )2(α tem-se 1−n , etc. Exemplo 1: Os elementos do grupo 3S são representados matricialmente por: ; 3 3 2 2 1 1 =e ; 1 3 3 2 2 1 =α ; 2 3 1 2 3 12 =α ; 2 3 3 2 1 1 =β ; 3 3 1 2 2 1 =α β ; 1 3 2 2 3 12 =βα Tem-se βαβ α 2 1 3 3 2 2 1 2 3 3 2 1 1 = = . Note também que este grupo possui 6 elementos, ou seja 6!3)( 3 ==So , como foi dito anteriormente. Ao conjunto das permutações de A com a composição dá-se o nome de grupo simétrico de grau n o qual é denotado por nS . Além da forma matricial, podemos expressar permutações de uma forma mais conveniente através da notação cíclica. Mas antes de introduzir essa notação, definiremos o conceito de ciclo de uma permutação. Para isso, considere S um conjunto e )(SA∈θ , onde )(SA é definido como o conjunto das aplicações bijetivas do conjunto S nele mesmo. Dados dois elementos Sba ∈, , definimos iabba θθ ≡⇔≡ para algum inteiro i , que pode ser positivo, negativo ou nulo. Exigimos também que a relação acima definida seja uma relação de equivalência em S . Assim, 1. aa θ≡ já que aeaa =≡ 0θ ; 2. Se ba θ≡ , então iab θ= tal que iba −= θ , sendo ab θ≡ ; 3. Se cbba θθ ≡≡ , , então iab θ= , jijij aabc +=== θθθθ )( o que implica que ca θ≡ . Esta relação de equivalência induz uma decomposição de S em dois subconjuntos disjuntos, as chamadas classes de equivalência. Nós chamamos de classe de equivalência de um elemento Ss ∈ à órbita de s sobre θ . Assim, tal órbita consiste de todos os elementos do tipo isθ , =i 0, ± 1, ± 2, .... Em particular, se S é um conjunto finito e Ss ∈ , existe o menor inteiro positivo )(sll = dependendo de s tal que ss l =θ . A órbita de s sobre θ consistirá então de todos os elementos 12 ,...,,, −lssss θθθ e a esse conjunto ordenado, dá-se o nome de ciclo de θ . Para fixar essas idéias, considere o próximo exemplo: Exemplo 2: Considere a seguinte permutação = 465312 654321 θ Aqui, S consiste dos elementos 1, 2, 3, ..., 6. Então, podemos primeiramente tomar o elemento 1 e calcular o seu ciclo. Começando com 1, então sua órbita consiste dos elementos 11 0 =θ , 21 1 =θ , 121 2 == θθ . Portanto, a órbita de 1 é o conjunto de elementos 1 e 2. Isto nos diz que a órbita de 2 é o mesmo conjunto.; a órbita de 3 consiste somente de 3, já que o elemento 3 permanece invariante na permutação; já a órbita de 4 consiste dos elementos 4, 54 =θ , 654 2 == θθ , 464 3 == θθ . Portanto, os ciclos de θ são (1,2), (3), (4, 5, 6). Obs: Um ciclo pode ser pensado como sendo uma permutação que fixa todos os elementos exceto os que aparecem no ciclo. Tendo sido definido o ciclo de uma permutação, podemos então introduzir a notação cíclica a qual será apresentada através de um outro exemplo: Exemplo 3: Considere a permutação = 48257613 87654321 σ Através da notação matricial, vemos queσ atribui a 1 o valor 3, a 3 o valor 6, a 6 o valor 2 e a 2 o valor 1. Fecha assim o ciclo iniciado em 1. Considerando agora o valor 5, percebemos que este é deixado invariante pela permutação σ . Depois, temos o 4 que é enviado por σ em 7, o qual por sua vez, é levado em 8 e por fim este último é levado em 4. Mais claramente, o que ocorre pode ser expresso por um grafo orientado como segue: Tal grafo é composto por três subgrafos disjuntos que representam o fechamento dos ciclos iniciados em 1, 4 e 5, respectivamente, ou seja, Assim, pode-se ver que a permutação σ se decompõe em ciclos de ordens 4, 3 e 1, respectivamente e então a notação cíclica de σ fica dada por ( )( ) ( )87452631=σ . Vemos, portanto, que a notação é bem mais simplificada que a forma matricial, como era pretendido. Um outro conceito a ser considerado sobre permutações é a composição delas. A composição, τ σ , de duas permutações σ e τ é feita da seguinte forma: Fica então, definida a composição das permutações e com isso observa-se que a composição de ciclos ocorre pela multiplicação das permutações que elas representam. Disso, resulta o seguinte lema: Lema 1: Toda permutação é o produto de seus ciclos. Obs: O lema acima é usualmente escrito da seguinte forma: “Toda permutação pode ser unicamente expressa como um produto de ciclos disjuntos”. Dessa nova formulação, segue um próximo lema: Lema 2: Toda permutação é um produto de 2-ciclos. Obs: Iremos nos referir a 2-ciclos como transposições. A demonstração do lema 1, pode ser encontrada na referência bibliográfica [1], página 78. Uma permutação também pode ser classificada em par ou ímpar. Então, segue a próxima definição: Definição: Uma permutação nS∈θ é dita ser uma permutação par se ela pode ser representada como um produto de um número par de transposições. A definição dada acima reforça que θ possui uma representação como um produto de um número par de transposições. Talvez ele possua outras representações como um produto de um número ímpar de transposições. Chama-se permutação ímpar àquela que não é uma permutação par. Decorrente dessa definição, conclui-se que: 1. O produto de duas permutações pares é uma permutação par; 2. O produto de uma permutação par com uma permutação ímpar é ímpar (o inverso também vale); 3. O produto de duas permutações ímpares é uma permutação par. A demonstração desses fatos pode ser encontrada em [1], pág.79. Considere agora nA sendo um subconjunto de nS , consistindo de todas as permutações pares. Já que o produto de duas permutações pares é par, então nA deve ser um subgrupo de nS . Exigimos que ele deva então ser um subgrupo normal em nS . Talvez o melhor jeito de se vir isto seja da seguinte forma: seja W um grupo dos números reais 1 e -1 sobre a operação de multiplicação. Defina WSn →:ψ por 1)( =sψ se s é uma permutação par e 1)( −=sψ se s é uma permutação ímpar. Pelos itens 1, 2 e 3 ψ é um homomorfismo sobre W. O núcleo de ψ é exatamente nA e, portanto, nA é um subgrupo normal de nS . O subgrupo nA é chamado de grupo alternante de grau n. Segue então que Lema 3: nS tem como subgrupo normal de índice 2 o grupo alternante, nA , consistindo de todas as permutações pares. Portanto, fica aqui definido o conceito de Grupos Simétricos de grau n. 2. BIBLIOGRAFIA 1. Topics in algebra; I. Herstein, Wiley, 1975; 2. Wikipedia/Permutación y grupo simétrico;
Compartilhar