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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE METEOROLOGIA Disciplina: POLUIÇÃO DO AR (IGT603) Professor Responsável: Luiz Francisco Pires Guimarães Maia (luizmaia@acd.ufrj.br) Texto Complementar UNIDADE 2 - ATMOSFERA 1. A Atmosfera A troposfera é a camada de origem para praticamente todas as mudanças climáticas, sendo uma região de intensa movimentação dos componentes gasosos e está em constante contato com os seres vivos. É nela que ocorrem os fenômenos relacionados com a poluição do ar. A estratosfera também é uma camada de interesse de cientistas de Poluição do Ar por causa do transporte global de poluição, restos de testes acima do solo com bomba atômica, e erupções vulcânicas que expelem cinzas nesta região e também pelo fato de que a absorção e espalhamento da luz solar ocorrem nesta camada. A parte baixa dessa camada contém a camada de ozônio estratosférico que absorve a radiação solar ultravioleta nociva. Cientistas de mudanças globais estão interessados nas modificações dessa camada pela acumulação de longa exposição por clorofluorcarbonos (CFC) e outros gases lançados da superfície ou por aeronaves de altas altitudes. Sua composição pode ser expressa, resumidamente, da seguinte forma: 2 2. Ar não poluído Ar não poluído é um conceito, isto é, qual seria a composição do ar se humanos e seus empregos no existissem na Terra. Nós nunca saberemos com precisão a composição do ar não poluído, pois quando surgiu esse desejo os humanos já haviam poluído o ar por milhares de anos. Agora nem mesmo nos mais remotos locais dos oceanos, nos pólos, nos desertos e montanhas, o ar passa a ser melhor descrito como ar de poluição diluída. A atmosfera real é mais do que uma mistura de gases permanentes. Tem outros componentes como vapor d'água, líquidos orgânicos e material particulado em suspensão. O ar é dito poluído quando ele contém uma ou mais substâncias em concentrações suficientes para causar danos à biota e a materiais. Essas concentrações dependem do clima, da topografia, da densidade populacional e do tipo de atividades industriais locais. 3. Principais fontes de poluição atmosférica As fontes emissoras se classificam como naturais e antropogênicas (fixas e móveis). Fontes naturais compreendem as erupções vulcânicas, decomposição anaeróbica de matéria orgânica, pólen, entre outros. As fontes antropogênicas são dividias em fixas e móveis, onde as fontes móveis são emissões provenientes de fontes em movimento e compreendem os veículos automotores juntamente com os 3 trens, aviões e embarcações marítimas. Fontes fixas são assim denominadas as emissões lançadas à atmosfera por um ponto específico, fixo, como uma chaminé, por exemplo. 4. Poluentes Atmosféricos Poluentes atmosféricos são gases e partículas sólidas (poeiras, pós e fumos) resultantes das atividades humanas e de fenômenos naturais dispersos no ar atmosférico. Desta forma, classificam-se nessa categoria, os gases e partículas expelidos por veículos e indústrias e também aqueles oriundos da degradação da matéria orgânica, vulcanismos e outros fenômenos naturais. Incluem-se nesta lista as substâncias formadas pela reação de certos poluentes com a radiação advinda do sol. Os poluentes são classificados de duas maneiras: Poluentes Primários: são os contaminantes diretamente emitidos pelas fontes para o ambiente, como no caso dos gases dos automóveis (monóxido de carbono, fuligem, óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre, hidrocarbonetos, aldeídos e outros). Poluentes Secundários: resultam de reações dos poluentes primários com substâncias presentes na camada baixa da atmosfera e frações da radiação solar, como, por exemplo, a decomposição de óxidos de nitrogênio pela radiação ultravioleta oriunda do sol na formação de ozônio e nitratos de peroxiacetila. Dióxido de Enxofre (SO2) - é um gás tóxico e incolor, pode ser emitido por fontes naturais ou por fontes antropogênicas e pode reagir com outros compostos na atmosfera, formando material particulado de diâmetro reduzido. Fontes - fontes naturais, como vulcões, contribuem para o aumento das concentrações de SO2 no ambiente, porém na maior parte das áreas urbanas as atividades humanas são as principais fontes emissoras. A emissão antropogênica é causada pela queima de combustíveis fósseis que contenham enxofre em sua composição. As atividades de geração de energia, uso veicular e aquecimento doméstico são as que apresentam emissões mais significativas. 4 Efeitos - entre os efeitos a saúde, podem ser citados o agravamento dos sintomas da asma e aumento de internações hospitalares, decorrentes de problemas respiratórios. São precursores da formação de material particulado secundário. No ambiente, podem reagir com a água na atmosfera formando chuva ácida. Dióxido de Nitrogênio (NO2) - é um gás poluente com ação altamente oxidante, sua presença na atmosfera é fator chave na formação do ozônio troposférico. Além de efeitos sobre a saúde humana apresenta também efeitos sobre as mudanças climáticas globais. Fontes - as fontes podem ser naturais (vulcanismos, ações bacterianas, descargas elétricas) e antropogênicas (processos de combustão em fontes móveis e fixas). As emissões naturais são em maior escala que as antropogênicas, porém, em razão de sua distribuição sobre o globo terrestre, tem menor impacto sobre as concentrações deste poluente nos centros urbanos. Efeitos - altas concentrações podem levar ao aumento de internações hospitalares, decorrente de problemas respiratórios, problemas pulmonares e agravamento à resposta das pessoas sensíveis a alérgenos. No ambiente pode levar a formação de smog fotoquímico e a chuvas ácidas. Material Particulado (MP) - é uma mistura complexa de sólidos com diâmetro reduzido, cujos componentes apresentam características físicas e químicas diversas. Em geral o material particulado é classificado de acordo com o diâmetro das partículas, devido à relação existente entre diâmetro e possibilidade de penetração no trato respiratório. Fontes - as fontes principais de material particulado são a queima de combustíveis fósseis, queima de biomassa vegetal, emissões de amônia na agricultura e emissões decorrentes de obras e pavimentação de vias. Efeitos - estudos indicam que os efeitos do material particulado sobre a saúde incluem: câncer respiratório, arteriosclerose, inflamação de pulmão, agravamento de sintomas de asma, aumento de internações hospitalares e podem levar à morte. Monóxido de Carbono (CO) - é um gás inodoro e incolor, formado no processo de queima de combustíveis. 5 Fontes - é emitido nos processos de combustão que ocorrem em condições não ideais, em que não há oxigênio suficiente para realizar a queima completa do combustível. A maior parte das emissões em áreas urbanas são decorrentes dos veículos automotores. Efeitos - este gás tem alta afinidade com a hemoglobina no sangue, substituindo o oxigênio e reduzindo a alimentação deste ao cérebro, coração e para o resto do corpo, durante o processo de respiração. Em baixa concentração causa fadiga e dor no peito, em alta concentração pode levar a asfixia e morte. Ozônio (O3) – é um poluente secundário, ou seja, não é emitido diretamente, mas formado a partir de outros poluentes atmosféricos, e é altamente oxidante na troposfera (camada inferior da atmosfera). O ozônio é encontrado naturalmente na estratosfera (camada situada entre 15 e 50 kmde altitude), onde tem a função positiva de absorver radiação solar, impedindo que grande parte dos raios ultravioletas chegue à superfície terrestre. Fontes - a formação do ozônio troposférico ocorre através de reações químicas complexas que acontecem entre o dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de radiação solar. Estes poluentes são emitidos principalmente na queima de combustíveis fósseis, volatilização de combustíveis, criação de animais e na agricultura. Efeitos - entre os efeitos à saúde estão o agravamento dos sintomas de asma, de deficiência respiratória, bem como de outras doenças pulmonares (enfisemas, bronquites, etc.) e cardiovasculares (arteriosclerose). Longo tempo de exposição pode ocasionar redução na capacidade pulmonar, desenvolvimento de asma e redução na expectativa de vida. 5. Granulometria das partículas Os poluentes podem ser divididos em partículas finas e grossas. As partículas finas são formadas predominantemente por reações químicas, como a partir da queima de combustíveis fósseis. Consistem principalmente de compostos de enxofre e nitrogênio, onde os compostos de S originam-se do SO2 oriundo, por exemplo, de termelétricas e fundições, e os compostos de N resultam da oxidação de gases nitrogenados (NH3, NO, NO2,...); são partículas predominantemente de 6 fuligem/poeira, sulfatos e aerossois de nitrato. Já as partículas grossas como pólen, cinzas vulcânicas e sal marinho, são caracterizadas por ser de origem natural. 6. Conceitos Os lugares dos quais os poluentes emanam são chamados fontes. Existem fontes naturais bem como as fontes antropogênicas dos gases permanentes considerados poluentes. Estes incluem a respiração de plantas e animais e a decadência do que era matéria viva. Vulcões e incêndios florestais naturalmente causados são outras fontes naturais. Os locais onde os poluentes desaparecem do ar são chamados de sumidouros. Os sumidouros incluem o solo, a vegetação, as estruturas e os corpos de água, particularmente os oceanos. Os mecanismos pelos quais os poluentes são removidos da atmosfera são chamados de mecanismos de limpeza (scavenging mechanisms) e a medida usada para o envelhecimento de um poluente é sua meia vida (half-life) - o tempo que leva para metade da quantidade de poluente que emana de uma fonte desapareça em seus vários sumidouros. Um receptor é algo que é afetado adversamente pelo ar poluído. Um receptor pode ser uma pessoa ou animal que respire o ar e cuja saúde possa ser afetada negativamente, ou cujos olhos possam estar irritados ou pele esteja suja. Pode ser uma árvore ou planta que morre, ou cujo rendimento ou aparência de crescimento é adversamente afetado. Pode ser algum material como papel, couro, tecido, metal, pedra ou tinta que é afetado. Algumas propriedades da própria atmosfera, como sua capacidade de transmitir energia radiante, podem ser afetadas. A vida aquática em lagos e em alguns solos é afetada adversamente pela acidificação através da deposição ácida. Transporte é o mecanismo que move a poluição da fonte ao receptor. O efluente fluirá diretamente da fonte para o receptor quando o vento estiver ao longo da linha que os liga. O vento é o meio pelo qual a poluição é transportada da fonte para o receptor. No entanto, durante o seu trânsito entre a fonte e o receptor, a pluma não permanece num tubo cilíndrico de poluição do mesmo diâmetro que o interior de onde foi emitida. Em vez disso, à medida que se desloca, turbilhões no ar e na pluma movem as parcelas das bordas da pluma para o ar circundante e movem parcelas de ar circundante para a pluma. Se a velocidade do vento for maior que a velocidade de ejeção, o vento esticará a pluma até que a velocidade da pluma seja 7 igual à velocidade do vento. Estes dois processos, mistura por turbulência e estiramento, e mais um terceiro, meandro (o que significa que a pluma pode não seguir uma linha reta entre a fonte e o receptor), tendem a fazer com que a concentração inicial da pluma seja menor do que quando chega ao receptor. A soma de todos esses processos é chamada de difusão. Transporte e dispersão da fonte ao receptor Se a pluma que está sendo transportada estiver acima da altura dos processos convectivos e turbulentos, ela poderá viajar por centenas de kilômetros nessa altura antes de ser trazida para a terra. Isso é conhecido como transporte de longo alcance ou de longa distância.
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